Capitulo 4: O mais forte
O elfo, com o corpo coberto de ferimentos e arranhões, se arrasta pelo chão irregular, tentando, com dificuldade, se erguer. Seu corpo treme, os músculos não respondem como deveriam, e cada movimento é um tormento. No entanto, antes mesmo que consiga recuperar o fôlego, o homem à sua frente avança com brutalidade. Ele corre em sua direção, estica a perna para trás e, num movimento violento, desfere um chute poderoso contra o estômago do elfo.
O impacto do golpe ecoa como o estouro de um trovão abafado. A força descomunal do ataque comprime os órgãos do elfo, causando ferimentos internos severos. Ele é arremessado para longe como uma boneca de trapo, seu corpo girando pelo chão até finalmente parar, inerte.
— Mas que patético, eu só lhe dei um chute e você quase ficou inconsciente. Isso é patético.— A figura imponente observa o elfo com um olhar frio, desprovido de compaixão.
“Esse desgraçado me pegou de jeito… Droga, eu quase desmaiei só com um golpe…” — pensa o elfo, deitado no chão. Ele cospe saliva em abundância, o líquido se mistura à poeira, enquanto tenta reunir forças para se levantar.
— Você não passa de um lixo imundo, mas, como sinal de piedade, deixarei que se levante.
— Não fode, seu… seu lunático de merda! —
O elfo, finalmente se ergue com esforço. Em um surto de raiva e desespero, ele dispara na direção do homem, seus passos rápidos como o vento cortante. Ativando sua magia, convoca uma espada feita inteiramente de luz negra. A lâmina brilha com um brilho opaco e sombrio, pulsando com energia maligna.
Ele lança um golpe cortante sem hesitação, mirando o pescoço do inimigo. No entanto, o homem não demonstra sequer surpresa. Com dois dedos, ele intercepta a lâmina no ar, segurando-a com precisão absurda. Em um movimento ágil, puxa a espada e a arranca das mãos do elfo, desarmando-o instantaneamente.
Sem dar tempo de reação, ele levanta a perna e desfere um chute direto no queixo do oponente. O som do impacto é seco e o golpe é devastador, suficiente para apagar a consciência do elfo por um instante.
— Merda, eu tô perdendo a consciência… Se eu desmaiar agora, eu vou perder…
Aproveitando a brecha, o homem salta e, no ar, troca a posição das pernas. Com um giro veloz, desfere um chute giratório, acertando o lado superior direito do rosto do elfo, fazendo-o cair de joelhos, cambaleante.
Logo em seguida, ele agarra a cabeça do inimigo com as duas mãos. Em um movimento cruel, puxa a cabeça para perto e acerta um chute com o joelho no centro do rosto do elfo, com força brutal.
O corpo do elfo é lançado para trás. Depois de tantos golpes, sua mente volta a clarear por um instante. Com o pouco vigor que lhe resta, ele se lança novamente, pulando no ar e tentando acertar um chute vertical de cima para baixo. Mas seu golpe é completamente bloqueado. O caçador cruza os braços sobre a cabeça, formando uma barreira sólida.
“Eu não posso perder tempo… Eu vou dar golpes nele sem parar até encontrar uma brecha…” — pensa o elfo, tomado pela urgência.
Ao aterrissar, ele inicia uma sequência de cortes em alta velocidade. A cada golpe, sua lâmina de luz negra sibila no ar, forçando o caçador a recuar, com os braços cruzados em forma de “x” para proteger o torso.
— Não adianta se defender. Mesmo que eu não consiga afetar as outras partes do seu corpo, seus braços ainda vão ser totalmente dilacerados pelos meus golpes.
Pequenos cortes começam a surgir nos braços do homem. O sangue escorre lentamente, sinal de que, mesmo com sua força bruta, ele não é invulnerável. Golpes sucessivos, ainda que pequenos, podem se tornar mortais com o tempo… Ou, pelo menos, é isso que o elfo acredita.
— Não se gabe demais. Eu posso sair dessa situação a hora que eu quiser. — responde o caçador, com uma voz gélida e arrepiante.
“Hã? O que ele está dizendo?!”
O pensamento surge como uma pedra no meio da tempestade mental do elfo, distraindo-o. Por breves cinco segundos, ele hesita, interrompendo a enxurrada de golpes.
É o tempo que o caçador precisa.
Cobrindo seu punho com energia de escuridão, ele desfere um soco direto no peito do elfo. O golpe faz o oponente perder o equilíbrio. E, antes que possa cair, o caçador lança mais um ataque, um soco de cima para baixo, esmagando o rosto do elfo contra o chão. O impacto é tão intenso que o som do crânio rachado ecoa pelo campo.
— Magia de escuridão: “Punho do Rei Celeste”.
A cabeça do elfo afunda contra a terra, gerando um som estrondoso. Sangue se espalha, tingindo o chão com vermelho escuro. O caçador se ergue, sua mão banhada em sangue. A visão diante dele é grotesca: a cabeça do inimigo deformada, a mandíbula fora de lugar, os olhos revirados.
Ele então se vira, caminhando na direção de Nina.
Ela sorri, aliviada, acreditando que a batalha finalmente chega ao fim. Mas antes que o homem chegue perto, o impossível acontece: o elfo se levanta mais uma vez.
Mesmo com o crânio esmagado, reunindo os últimos resquícios de sua força vital, ele se ergue. Com os dois braços à frente do peito, prepara um último ataque, lançando-se em um golpe cortante desesperado.
Mas o caçador, em pleno movimento, gira o corpo, já preparado. Seu punho se move com fúria, acertando o peito do elfo com força avassaladora. O soco atravessa o corpo dele, perfurando-o por completo e destruindo seu coração.
O elfo desfalece no ato.
Os demais elfos, assistindo à cena em estado de choque, finalmente reagem. Apavorados, se erguem e correm desesperadamente pela vida, deixando tudo para trás.
O homem volta a caminhar até Nina, mas, a poucos passos de distância, seus joelhos cedem. Ele desaba no chão, exausto.
— O que foi? Você está bem? — Nina se aproxima, com o olhar aflito.
Sem dizer nada, o homem retira sua máscara de demônio. Com os olhos fechados, mas um sorriso calmo nos lábios, ele ergue a mão e acaricia gentilmente a cabeça de Nina. Seus dedos ásperos afundam nos fios sedosos do cabelo preto da garota.
— Não se preocupe. Eu estou bem.
Nina, ao ver que seu salvador está vivo, não consegue conter as lágrimas. Mas, desta vez, não chora de dor. Ela chora de felicidade.
— Uma menina bonita como você não deveria chorar desse jeito, mas sim dar um sorriso. Isso combina muito mais com você.— Ele retira a mão da cabeça dela, mas, em seguida, seu corpo cede, caindo sobre Nina.
— Hã?! Mas o que…? Senhor, você está bem mesmo?!
— Sim, não precisa se preocupar. Eu só preciso descansar um pouco…
— Já que é assim, está bem. Eu te empresto o meu colo. — diz Nina, enxugando as lágrimas. Seu rosto ganha um leve rubor enquanto acomoda a cabeça do rapaz em seu colo.
Sob o céu estrelado, os dois repousam lado a lado. Em silêncio, partilham de um afeto puro e sincero, entrelaçados por um destino indefinido os dois adormeceram ali mesmo.
Em outro lugar, dentro do palácio do reino de Valmire, um ambiente majestoso se revela. O local é esplendoroso: pilastras de mármore ladeiam os dois lados da sala, com paredes brancas ornadas por detalhes dourados que conferem ao ambiente uma aura celestial.
Um homem caminha com passos tranquilos por entre os corredores. Seu visual é marcante, cabelos laranja vibrantes, olhos vermelhos como rubis, armadura dourada reluzente que reflete cada raio de luz, e brincos dourados pendendo nas orelhas. No peitoral da armadura, um dragão está entalhado com detalhes intrincados. Ele exibe um sorriso confiante enquanto avança.
Após alguns passos, ele se ajoelha em reverência. Um joelho toca o chão, enquanto o outro serve de apoio para o braço. Ele baixa a cabeça.
— Olá, vossa alteza. Eu atendo a seu pedido, então, por favor, me diga: o que o grande Rei de Valmire quer com um mero cavaleiro sagrado como eu?
— Não seja tão modesto. Mesmo com suas inúmeras conquistas, como ainda pode se cobrar tanto? Isso não é bom para sua reputação, Arthur Pendragon, futuro rei do reino de Camelot e líder dos cavaleiros sagrados. Eu tenho um favor a te pedir, então, por favor, erga sua cabeça e levante-se desse chão.
— Como desejar, vossa alteza.
Arthur se levanta com elegância e encara o que está à sua frente. Ele vê um trono branco gigantesco, posicionado sobre um grande palco de ouro e pedras preciosas. Nele, repousa um velho de aparência nobre, usando vestes chiques e uma coroa em sua cabeça. Suas rugas e a pele flácida denunciam a idade avançada. O rei encara Arthur e diz:
— Vá até a floresta sombria e elimine um grupo de elfos negros que está causando alvoroço por todo o reino.
— Já sei da situação atual. Pelo que investigo, eles estão sequestrando crianças e adolescentes para fazer um sacrifício de sangue. Estou errado? — Arthur sorri com sarcasmo, seu olhar é frio e penetrante.
— Pelo visto, os boatos são reais. Você realmente é o melhor cavaleiro sagrado do continente. Não espero menos de um homem como você. — diz o rei, sorrindo.
— Quantos elogios… Eu sinto que realmente não os mereço.
“Esse garoto… Ele finge que me respeita, mas se acha melhor do que todos. Realmente, os boatos sobre ele são reais. Esse garoto é um narcisista e sádico, que não apenas se acha melhor que todos, mas também se sente feliz por guerras e destruição. Eu não confio nele, mas não tenho outra escolha, já que, afinal, ele é…”
— O que foi, vossa alteza? Por que está me encarando desse jeito?
“O cavaleiro sagrado… Não… O ser humano mais forte deste continente.” — pensa o rei, engolindo a preocupação.
— Já que você já sabe dos detalhes, então pode ir. Está dispensado.
— Como quiser, vossa alteza. — Arthur se vira e começa a caminhar, saindo da sala real.
Ao sair, algumas damas de honra se aproximam.
— Olha, é o Sir Arthur!
— Olá, Sir Arthur! O senhor gostaria de tomar um chá conosco? — pergunta uma das damas, com o rosto levemente corado.
— Agora estou um pouco ocupado, talvez mais tarde.
— Está bem…
— Está vendo? Eu sabia que ele iria recusar. — diz outra dama.
— É verdade… Afinal, nós somos apenas meras damas de honra…
“O mundo está cheio desse tipo de pessoas, que se aproximam de você pelos seus status, aparência e riquezas. Eu mesmo não me apego a nenhuma dessas características. Afinal, elas são meramente usadas para convívio social com outras pessoas. Se tem uma coisa que eu me importe de verdade, é a minha força.”
“Com ela, eu posso fazer o que eu quiser, já que, no final de tudo, a violência é a arma mais poderosa do mundo. Eu vivo apenas pela minha força e nada mais. Lutar contra oponentes fortes… Essa é a minha única razão de viver. Afinal, os prazeres são temporários.”
Arthur olha para uma janela que reflete o brilho do sol em seu rosto.
— Agora está na hora de caçar alguns elfos negros~
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