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    Ele estava muito curioso para saber como lutas de tão baixo nível conseguiam atrair adaptadores, mas ao chegar à arena, ficou chocado com o que viu.

    “O que é isso?”

    As duas pessoas que estavam prestes a se enfrentar eram extremamente magras e frágeis. Pareciam ter sofrido algum tipo de condição que causava atrofia muscular, eram basicamente pele e osso, dependendo inteiramente de seus membros protéticos para se mover.

    Além disso, usavam um tipo de capacete oco na cabeça, e havia espinhos metálicos no interior desses capacetes, que perfuravam diretamente o crânio para se conectar ao cérebro. A cada descarga elétrica que passava pelos capacetes, os dois se contorciam violentamente.

    — O que são essas coisas? — perguntou Adam.

    Uma adolescente ao seu lado revirou os olhos, depois examinou brevemente sua aparência antes de zombar com um olhar de desprezo:

    — Como você pode ser daqui se nem sabe disso?

    — Er… — Adam não respondeu, percebendo que quanto mais falasse, mais se entregaria.

    Felizmente, a garota era bastante falante, e apontou para os capacetes enquanto explicava:

    — São exploradores neuronais, uma invenção da nossa Cidade das Sombras. Eles estimulam o cérebro para melhorar temporariamente as funções neurais, permitindo que pessoas comuns tenham as mesmas habilidades que um adaptador por um curto período.

    — Sério? — Adam jamais imaginou que existissem invenções tão bizarras na Cidade das Sombras capazes de elevar temporariamente os neurônios de pessoas comuns ao nível de um adaptador.

    No entanto, ao observar o estado físico dos usuários, parecia que obter essa habilidade custava caro demais.

    — Quanto tempo mais essas pessoas conseguem viver? — perguntou Adam em voz baixa.

    — Vai saber? Todos esses combatentes psíquicos sofrem danos irreversíveis no corpo e no cérebro, e geralmente não vivem mais do que sete anos.

    — Eles fazem isso por vontade própria?

    — A maioria sim. Desde que consigam dinheiro suficiente, depois que morrem podem entrar no Metaverso Sombrio.

    — Entendi.

    — Você é um forasteiro, né? Esse disfarce tá ótimo. Se não tivesse falado nada, eu teria acreditado. — A garota era uma moradora local, e estava claro que conhecia muito bem as regras dali, falando com uma maturidade que ia além da idade. — O que você fazia antes?

    — Eu era assassino de aluguel — respondeu Adam, tentando parecer ameaçador na esperança de intimidá-la e fazer com que ela mantivesse o encontro em segredo.

    Para sua surpresa, porém, a garota ficou ainda mais empolgada ao ouvir isso, e até se apresentou por vontade própria.

    — Você é assassino de aluguel? Que incrível! — A garota estendeu a mão para cumprimentar Adam, depois abaixou a voz para que só os dois ouvissem: — Prazer em conhecê-lo, Sr. Assassino. Meu nome é Hailey!

    Adam apenas assentiu em resposta, sem vontade de continuar conversando com aquela tagarela.

    Hailey percebeu que Adam estava ficando impaciente, então foi direto ao ponto:

    — Considerando que você não entende nada da Cidade das Sombras, suponho que tenha chegado aqui faz pouco tempo. Então é bem provável que não tenha nenhum dinheiro limpo pra usar, certo? Tá precisando de grana?

    Adam continuou em silêncio, mas um olhar interessado surgiu em seus olhos.

    Hailey claramente era alguém da base da hierarquia social e havia desenvolvido habilidades de observação excepcionais. Ao notar a mudança na expressão de Adam, percebeu que havia acertado em cheio e continuou com pressa:

    — Eu tenho um jeito ótimo de ganhar dinheiro. Quer saber?

    — Pode falar.

    — Antes, preciso confirmar uma coisa. Você é um adaptador, certo? — Hailey perguntou com cautela. — Hoje em dia, quase não tem mais assassino que não seja adaptador. Afinal, todo mundo tem medo da Guarda Mecânica.

    — Isso mesmo.

    — Ótimo! Se você precisa de dinheiro, pode participar das lutas psíquicas, dá pra ganhar muito, mas muito dinheiro. Meu maior sonho na vida é virar assessora de um combatente psíquico, e venho aqui todos os dias desde os oito anos, mas nunca consegui uma chance. Já estudei um monte de conteúdo profissional e especializado sobre isso. Se a gente se juntar, com certeza vai fazer nome por aqui!

    — Você fala demais! Não tem medo de se envolver com alguém como eu? Estou sendo procurado por crimes bem graves!

    — Eu não conseguiria viver na Cidade das Sombras se tivesse medo de tudo! Todo mundo aqui luta todos os dias só pra sobreviver. Olha em volta… quem é que não tá sendo procurado por algum crime pesado? — respondeu Hailey com um dar de ombros.

    Enquanto Adam e Hailey conversavam, um sino como os de ringues de boxe soou, indicando que a luta estava prestes a começar.

    Naquele momento, os dois combatentes extremamente debilitados já estavam equipados, e foram posicionados lado a lado pelo apresentador. Em seguida, as duas máquinas foram conectadas, e os dois imediatamente entraram no mundo psíquico, perdendo a consciência.

    Ao mesmo tempo, um dispositivo de projeção, usado para fins de vigilância, foi trazido por outro funcionário para exibir a luta que ocorria no plano psíquico.

    Na imagem, os dois combatentes já estavam em um espaço branco. Em contraste com os corpos físicos atrofiados, suas formas psíquicas eram dois homens musculosos. Assim que apareceram naquele espaço, se entreolharam, mas não começaram a lutar de imediato.

    Enquanto isso, o apresentador passou a anunciar os atributos psíquicos dos dois combatentes e a recolher apostas.

    — Nossa banca não participa das apostas… a gente só fica com 10% dos lucros do vencedor. Apostem em quem acharem que vai ganhar, e quem fizer a aposta mais alta escolhe o cenário da luta. Podem começar a apostar!

    — Quem você acha que vai ganhar, Sr. Assassino?

    — Como é que eu vou saber? Os dois parecem iguais, não dá pra saber só de olhar — respondeu Adam, balançando a cabeça. — Mas confesso que estou bem curioso pra ver do que são capazes.

    Era a primeira vez que ele via um confronto entre pessoas comuns no mundo psíquico, então estava bastante intrigado.

    Com o apresentador incentivando a multidão, a arena ficava cada vez mais agitada. A maioria dos espectadores fazia suas apostas e começava a entornar cerveja enquanto torcia por seu lutador.

    Enquanto isso, o apostador de maior valor escolheu o cenário da luta.

    — Muito bem, este cavalheiro escolheu o cenário mais comum e equilibrado: um depósito. Acredito que nem preciso explicar muito… o cenário do depósito é simples. Há poucas armas no local, só algumas ferramentas comuns como chaves inglesas, pás e machados de incêndio. Está claro que este cavalheiro quer ver um verdadeiro teste de força entre os dois combatentes! Vamos à luta!

    Enquanto falava, o apresentador se aproximou da máquina que conectava os dois combatentes e digitou uma série de comandos.

    Instantes depois, a imagem projetada começou a mudar, transformando-se de um espaço branco e sem traços em um depósito.

    O lugar lembrava um armazém industrial do século passado, com caixas de madeira e contêineres quebrados espalhados por todo lado. Além de algum lixo e palha, havia apenas algumas ferramentas comuns no chão.

    No instante em que os dois combatentes chegaram ao depósito, souberam que a luta havia começado, e imediatamente se agacharam para pegar armas do chão.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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