Capítulo 46: Plano B
— E, acima de tudo, por que uma confissão forçada enfraqueceria a anomalia?
— Uma vez que um farsante diz a verdade, ele deixa de ser um farsante. Em especial, se ele revelar a verdade na frente da vítima, seus atributos fraudulentos serão reduzidos. Isso, por sua vez, alteraria o estado mental da vítima, enfraquecendo assim a anomalia emocional.
— Entendi — só agora Adam compreendeu plenamente a proposta, e ele se virou para Chloe, que estivera ouvindo o tempo todo, e perguntou: — Você é a vítima aqui. O que acha desse plano?
— Estou bem com qualquer coisa.
Nesse momento, o temperamento e a ansiedade de Chloe já haviam se acalmado consideravelmente, talvez pelo fato de sua anomalia emocional ter sido ferida por Adam. Como resultado, suas emoções estavam mais estáveis e positivas, e ela estava se esforçando ativamente para pensar em soluções para o problema atual. Ao mesmo tempo, ela também estava disposta a enfrentar seus problemas de frente.
— Estou definitivamente disposta a cooperar e curar minha condição, mas o que vamos fazer quanto ao fato de isso ser ilegal?
Ninguém queria quebrar a lei.
Essa era uma cidade em que fugitivos enfrentavam imensas dificuldades. Com total liberdade para aplicar a justiça, os policiais da Guarda Mecânica seguiam uma programação extremamente rígida para proporcionar às pessoas um espaço de vida seguro.
— Esse é de fato um problema.
— Discordo. Esqueceu para quem você trabalha?
— Quer dizer a casa de penhores?
— Exatamente. A casa de penhores é a maior autoridade na Cidade Sandrise quando se trata de resolver problemas. Você pertence à casa de penhores, então certamente não é pedir demais solicitar a ajuda dela.
— Vou tentar — disse Adam após um breve momento de contemplação, e então discou o número da Aranha Vermelha. — Ei, pode me fazer um favor?
Adam expôs seu pedido e, depois de ouvi-lo, a Aranha Vermelha disse que não seria difícil de providenciar.
— Cobramos cem mil para rastrear um alvo, trezentos mil por interrogatório e encenação, e um milhão para gravação de confissões. Você é funcionário, então tem desconto de colaborador, que é de 40%. Além disso, também podemos fornecer gratuitamente…
Adam desligou o telefone na hora ao ouvir os valores da Aranha Vermelha.
— Como podem ver, vamos ter que resolver esse problema por conta própria. Para isso, precisaremos de um plano refinado.
Aquela noite.
Tendo já estabelecido uma série de planos, o grupo pegou o trilho do vazio em direção à Área 9.
A Área 9 era uma área antiga. No passado, era uma área industrial, mas desde então havia se tornado ainda mais desolada do que as áreas rurais, e todos os prédios ali eram ou fábricas abandonadas ou casas baratas.
Curiosamente, esses lugares desolados e arcaicos muitas vezes davam origem a certos símbolos culturais nostálgicos. Nessa área, algumas lojas de roupas vintage estavam começando a surgir, assim como diversos tipos de estabelecimentos recreativos underground, um dos quais era o pub Velho Fundidor.
A entrada do pub ficava em um beco escuro atrás de uma fábrica abandonada, e o grupo de Adam seguiu até o fim do beco, passando então por um estranho portão giratório para entrar em um elevador.
Após darem uma pequena gorjeta ao porteiro, desceram cerca de 20 a 30 metros subterrâneo abaixo, chegando a um pub com uma atmosfera bastante peculiar.
Depois de entrar no pub, Adam cobriu os ouvidos ao se aproximar de Chloe e perguntou:
— Tem certeza de que foi aqui que foi atacada?
A música alta no pub exigia que ele se aproximasse bastante de Chloe para que ela pudesse ouvi-lo.
— Com certeza foi aqui — respondeu Chloe.
— Ainda lembra como era o rosto daquele homem?
Adam se recordava de que as feições da anomalia estavam borradas no mundo psíquico dela.
— Lembro, sim.
No mundo real, Chloe era capaz de lembrar claramente da aparência de seu agressor, e era por isso que as coisas vistas no mundo psíquico não podiam ser usadas como evidência legal.
Coisas como fantasias, orgulho e vergonha podiam influenciar subjetivamente o que acontecia no mundo psíquico de uma pessoa.
Após ouvir a resposta de Chloe, eles saíram do elevador e entraram no pub.
No mundo real, a estrutura do pub era igual à do mundo psíquico. No palco havia um DJ e um grupo de dançarinos, e abaixo dele havia uma pista de dança. Havia cadeiras posicionadas à frente da pista, e estandes situados atrás.
Adam e os outros deram uma volta no pub, mas não encontraram nada. Segundo Chloe, já haviam se passado nove meses desde o incidente. Considerando que tinham voltado ao pub tanto tempo depois, as chances de encontrarem o agressor logo na primeira visita eram bem baixas.
Na verdade, talvez nem o encontrassem após dez visitas. Não havia garantia de que o agressor continuaria a agir no mesmo lugar.
— Ele não está aqui. Parece que teremos que seguir para o plano B. Gancho, acompanhe a Chloe de volta ao apartamento.
— Quero ficar aqui.
— Vai conseguir se cuidar caso haja um conflito?
— Tá bom…
Gancho lançou um olhar comprido em direção ao palco e então partiu com Chloe.
Depois disso, Karen fez um aceno com a cabeça para Adam e então pediu um estande e várias doses de bebidas alcoólicas. Após virar os copos de destilado, Karen entrou no ritmo.
Primeiro, ela foi até o centro da pista de dança e começou a mostrar seus passos. Em seguida, subiu no palco enquanto continuava dançando como se estivesse completamente entregue ao momento.
Ao chegar no palco, ela executou seu movimento característico e começou a rebolar vigorosamente.
“Como era de se esperar de alguém que havia ganhado fama até mesmo nos grandes clubes do Metaverso.”
O quadril de Karen saltava e vibrava de forma hipnotizante no palco, e ela praticamente exalava sedução. Era como uma nova estrela, e seu brilho ofuscava instantaneamente todos os outros dançarinos ao seu redor, atraindo toda a atenção para si.
Todos os homens no clube seguiram seus instintos primitivos e voltaram o olhar para o palco.
Abaixo do palco, alguns aplaudiam, outros assobiavam, e alguns decidiram tomar mais umas cervejas para acompanhar a bela visão.
Depois de uma performance de tirar o fôlego, Karen desceu do palco, suando bastante. Assim que chegou perto de Adam, vários homens se aproximaram. Alguns se ofereceram para lhe comprar bebidas, outros queriam puxar conversa, e havia também os que observavam a reação de Adam, tentando deduzir qual era sua relação com Karen.
Era evidente que todos haviam sido atraídos por sua apresentação.
Karen ignorou completamente todos eles até que uma certa pessoa apareceu.
— Olá, sou o gerente deste lugar. Acabei de ver sua apresentação, e devo dizer que você chamou minha atenção. Posso perguntar se você é dançarina profissional?
Com a chegada do gerente, Karen abandonou imediatamente sua postura distante e indiferente, tornando-se subitamente muito calorosa e entusiasmada.
— Meu sonho de infância era me tornar uma dançarina profissional, mas infelizmente, não consegui realizá-lo por certas circunstâncias práticas.
— Isso é realmente uma pena, mas ninguém pode prever o que o destino nos reserva. Se você não pôde alcançar seu sonho, talvez conseguir um emprego muito bem pago possa compensar um pouco essa decepção. Vim aqui para perguntar se teria interesse em trabalhar como performer no nosso pub. Naturalmente, a remuneração será bastante generosa.
— Oh? Parece um ótimo negócio — disse Karen com um sorriso largo enquanto balançava o volumoso traseiro do qual tanto se orgulhava. — Podemos ir a um lugar mais reservado para discutir os detalhes?
— Será uma honra — respondeu o gerente com um sorriso, conduzindo Karen até a área administrativa nos fundos do estabelecimento.
Os dois ficaram fora por cerca de duas a três horas, e Karen ainda suava muito quando voltou.
Adam só conseguia imaginar o que ela teve que sacrificar por sua filha, e isso lhe provocava um turbilhão de emoções. Ele era um quadro em branco, mas ver o quanto Karen estava disposta a fazer por sua filha o fazia querer conhecer seus pais, mesmo sem saber se eles realmente existiam.
No entanto, aquilo não era algo para ele pensar naquele momento. No momento, havia apenas uma coisa na qual ele deveria estar focado.
— Conseguiu a informação?
— Consegui — respondeu Karen, apontando para sua bolsa. — Tem uma cópia de todas as gravações de vigilância deste ano ali dentro, e ele também concordou em me ajudar a rastrear a pessoa que estamos procurando.
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