Capítulo 52: União Dataísta
Depois de tirar o capacete, Adam estava ocupado demais pensando no que acabara de acontecer para se importar com a gordura no corpo.
Uma pessoa estranha havia tomado controle dos dados de sua consciência no Metaverso para lhe entregar uma mensagem. Alterar a consciência de alguém no Metaverso não era algo que um adaptador pudesse fazer. Era algo que apenas programadores conseguiam e, na verdade, havia uma grande chance de que o programador responsável fosse uma organização inteira, e não um único indivíduo.
— Oh? Você também saiu? — Enquanto Adam ponderava sobre o ocorrido, Gancho também retirou o capacete e voltou ao mundo real. — Vou tomar um banho.
— Espera, preciso te perguntar uma coisa.
— Rápido. Essa sensação pegajosa é horrível!
— É possível invadir o Metaverso?
— É possível, mas muito difícil. O Metaverso contém uma riqueza infinita de dados e diz respeito à vida de bilhões de pessoas. Se fosse fácil invadir, já teria desabado há muito tempo.
— Eu sei que é difícil. O que quero saber é se alguém é capaz de fazer isso.
— Acho que não. Se eu tivesse que apontar alguém capaz, seria a União Dataísta. Não aguento mais essa sensação! Vou pro banho, falamos depois.
As memórias de Adam tinham informações sobre a organização chamada União Dataísta, mas eram superficiais. Uma busca online revelou que ela era ainda mais colossal do que ele imaginava.
Era uma organização global, semelhante aos congressos do norte e do sul.
Reunia incontáveis programadores, hackers e trabalhadores da rede, e seu objetivo principal era monitorar os dados do mundo todo, tornando-os mais abertos e transparentes. Teoricamente, qualquer pessoa podia se juntar à organização.
Ela tinha um número imenso de membros devido às barreiras de entrada praticamente inexistentes, e era justamente isso que garantia sua abertura.
Por exemplo, o código dos policiais da Guarda Mecânica era constantemente monitorado pela União Dataísta. O código era totalmente aberto e transparente, impedindo qualquer manipulação. Se alguém alterasse a programação, a União detectaria e corrigiria imediatamente, garantindo que os guardas atuassem conforme a legislação mais rigorosa.
Graças a esse sistema, a sociedade conseguia funcionar normalmente.
A Guarda Mecânica era brutal e impiedosa, mas não era odiada pelo povo. Na verdade, Adam achava que era a única coisa realmente justa e imparcial no mundo.
Além disso, a União Dataísta também monitorava os dados do Metaverso. Se alguém além da empresa-mãe do Metaverso pudesse alterar seus dados, só poderia ser ela.
“Então, teoricamente era possível, mas extremamente difícil na prática.”
Após alguma pesquisa, Adam compreendeu a imensa dificuldade de invadir o Metaverso.
Para romper o firewall do Metaverso, seria necessário o esforço coletivo de inúmeras pessoas. Mas, como já dito, a União Dataísta era tão grande e aberta que seria impossível manter uma operação desse porte em segredo, especialmente com tanta gente envolvida. Uma ação como essa causaria alvoroço em toda a união.
Mesmo que houvesse grupos de elite ali dentro, seria impossível fazer todos concordarem com uma única missão.
Na prática, era uma tarefa praticamente impossível, e não era de se espantar que Gancho tivesse descartado a ideia como inviável.
“Mas se era impossível… então quem fez?”
Parecia inconcebível, mas os fatos estavam diante dele. Adam analisou vários cenários possíveis, mas nenhum lhe parecia plausível. Após um momento de hesitação, ligou para Aranha Vermelha.
— Haha, vamos nessa! E aí, Adam meu garoto, o que foi?
Sempre que ele a contatava, Aranha Vermelha parecia buscar algum tipo de adrenalina.
— Tô no cassino. Queria me perguntar algo? Beleza, falo com você depois desse jogo. Vai, alto, alto, alto… Alto! Ganhei!
Após a vitória, Aranha Vermelha estava de ótimo humor. Pegou suas fichas e foi para um canto mais silencioso.
— O que é?
— Queria saber se os mutantes psíquicos fizeram algum movimento recente.
Ao invés de contar tudo que acontecera, Adam fez uma pergunta indireta.
Aranha Vermelha normalmente não se abalava com nada, mas sua expressão mudou drasticamente ao ouvir isso.
— De onde tirou essa informação?
— Então é verdade.
— É sim, mas isso só aparece em documentos confidenciais de mais alto nível da Guarda Mecânica. Como soube disso? Você teve contato com outra organização?
— Não tive. Você me vigia todo santo dia. Como eu poderia ter ido a algum lugar sem você saber?
— Verdade. — Aranha Vermelha não teve pudor em admitir sua vigilância constante. — Nesse caso, como você…
— É segredo.
Adam desligou antes que ela pudesse terminar a frase. Depois de ser desligado tantas vezes por ela, finalmente conseguiu revidar.
— Isso foi bom…
Adam ainda não entendia bem a situação, mas decidiu seguir seu plano original e tratar tudo como um dia comum. Fazenda humana, mutantes psíquicos, União Dataísta… Tudo aquilo dava a sensação de que uma tempestade se aproximava.
Parecia que o mundo estava à beira de uma grande revolução.
Adam era apenas uma figura menor que não queria ser arrastado pela maré, mas parecia que essa escolha lhe havia sido tirada. Tudo o que podia fazer agora era se tornar mais forte para aumentar suas chances de sobrevivência durante a revolução. Ao mesmo tempo, precisava desvendar os segredos em torno de sua própria identidade.
Com isso em mente, entrou em seu mundo psíquico e chegou à sua base secreta de vasos de flores.
“A anomalia da dor já foi regenerada!”
Ao chegar, Adam descobriu, surpreso e eufórico, que a Múmia já começara a brotar de um dos vasos, mas, ao contrário da Múmia gigante de antes, esta era minúscula como uma boneca.
“É tão pequena que chega a ser fofa.”
Essa nova anomalia da dor ainda tinha a forma de uma múmia, mas era diferente da anterior, afinal, aquela anomalia já estava morta. Não há fim para a dor que alguém pode experimentar, mas a cada vez, a dor é diferente.
Como essa múmia havia absorvido parte do poder das aberrações viscosas, uma substância pegajosa aderiu às suas bandagens, mas seu corpo já não estava coberto de lâminas. Pelo que parecia, suas habilidades regenerativas haviam melhorado, embora isso tivesse enfraquecido seu poder ofensivo.
O que deixou Adam ainda mais feliz foi que, além do renascimento da anomalia da dor, havia uma nova anomalia em outro vaso. Era uma criatura com o corpo completamente distorcido, como se tivesse sido formada por buracos negros. Não tinha rosto nem pernas, e todo o seu corpo era apenas uma massa retorcida. Sua simples presença distorcia até o ar ao redor, como acontece acima de um lago de magma.
— Vou te chamar de Distorção.
Adam tentou se fundir à nova anomalia enquanto falava, querendo descobrir suas habilidades e seu nível de poder.
No entanto, após a fusão, Adam descobriu que não conseguia mais controlar seu corpo normalmente. Tentou levantar uma mão, mas uma perna brotou no lugar. Quis avançar, mas a criatura apenas recuou. Quando tentou novamente, ela girou no lugar como uma bailarina.
Distorção era completamente caótica, incapaz de obedecer a qualquer comando que exigisse ordem. Adam não conseguia controlá-la de forma alguma.
A boa notícia era que ela possuía várias habilidades de distorção, semelhantes às ciber-feitiços. Além disso, mesmo após se separar de Distorção, Adam percebeu que ainda mantinha uma conexão com ela. A ligação era extremamente forte, mas a anomalia não compreendia nenhum de seus comandos.
Depois de vários testes, ele concluiu que o único comando que a anomalia era capaz de entender era o de atacar inimigos. Porém, não podia indicar um alvo específico nem controlar que habilidade seria usada. Em outras palavras, essa anomalia só entendia instruções muito simples, lutar!
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