Capítulo 54: Acumulador
Depois de matar a anomalia do palhaço, Adam começou a absorver o poder anômalo que ela liberava, e Distorção também se alimentava com avidez da névoa negra que pairava no ambiente.
“Espera um pouco…”
Olhando para Distorção, Adam teve um estalo e a retirou de volta para dentro do corpo. Segundo Sadou, essas anomalias eram manifestações de sua personalidade e emoções, então, desde que ele tivesse controle suficiente, poderia tanto invocá-las quanto armazená-las novamente.
Após guardar Distorção, Adam absorveu parte do poder anômalo por conta própria. No entanto, sua capacidade digestiva era limitada e ele só conseguia absorver uma certa quantidade de poder anômalo de cada vez. Assim, chamou a Múmia para o banquete.
— Pode comer, pequenina.
Adam tinha um forte apego emocional por essa anomalia. Ela o salvara em diversas ocasiões e possuía uma excelente capacidade defensiva, sendo um recurso valioso em situações perigosas. Mais importante: era muito mais fácil de lidar do que Distorção.
Distorção era muito poderosa, talvez a mais poderosa entre as anomalias de seu nível, mas não entendia comandos, não cooperava bem em combate e nem distinguia aliados de inimigos. Portanto, seria um desperdício deixá-la absorver aquele poder anômalo.
“Parece que alimentar anomalias de forma seletiva é uma boa estratégia. E a capacidade digestiva dela é incrível! Será porque já foi bem mais poderosa no passado?”
Adam segurava a Múmia, do tamanho de uma boneca de pano, enquanto ela devorava o poder anômalo. Durante o processo, seu corpo crescia gradualmente. Ao absorver todo o poder deixado pela anomalia do palhaço, sua altura chegou a quase 1,70m.
Isso já se aproximava da estatura que ela tinha antes da luta contra o Espantalho.
Enquanto examinava a nova Múmia, Adam de repente sentiu algo e invocou outra entidade. Dessa vez, surgiu uma anomalia do palhaço, também no tamanho de uma boneca.
“Temos um novo membro!”
Adam decidiu também invocar Distorção e, em seguida, se separar do Cão Infernal para reunir suas quatro anomalias.
“Tenho um total de cinco anomalias no corpo. O Espantalho é poderoso demais, então não obedece e não pode ser invocado… mas o resto está todo aqui.”
Antes, Adam pensava que o surgimento de uma anomalia derrotada em seu corpo era algo aleatório. Agora, ele tinha certeza de que era uma consequência garantida.
Além disso, descobriu que sua incapacidade de invocar o Espantalho não era porque ele fosse uma anomalia ‘estrangeira’, mas sim porque Adam ainda era fraco demais.
“Essas entidades invocadas não deveriam ser manifestações da minha psique? Por que consigo controlar o palhaço, então?”
Adam tentou se fundir ao Palhaço e conseguiu, transformando-se numa versão atrofiada da anomalia, com cerca de 1,20m de altura.
Ao mesmo tempo, obteve as habilidades Clones Ilusórios e Invisibilidade Efêmera.
“Essas habilidades são ótimas pra fugir, mas ainda está fraco demais. Neste estágio, diria que está no nível infantil.”
Após se separar do Palhaço, Adam começou a classificar suas anomalias por níveis de poder.
“As anomalias do tamanho de bonecas estão no estágio infantil… sem praticamente nenhuma capacidade de combate. Com 1,70m, a Múmia pode ser considerada uma anomalia de nível um. Seu poder é modesto e pode lidar com adaptadores do nível dos estudantes adaptadores ou aberrações emocionais comuns, mas não confiaria nela contra algo mais forte. Ainda assim, quanto mais anomalias eu tiver, melhor. Pode ajudar a lidar com inimigos menores… e ainda tem potencial de crescimento. Cão Infernal e Distorção devem ser anomalias de nível dois. Em termos de poder bruto, são comparáveis a um adaptador comum.”
Adam relembrou os assassinos que o haviam caçado e, excetuando mestres como Caubói e Oni no Hanzou, o nível médio de todos os outros era mais ou menos equivalente ao de Cão Infernal.
“Com base nisso, o Espantalho deve ser uma anomalia de nível quatro ou cinco. Seu poder de combate supera muito o do Cão Infernal. Nesse nível, poderia enfrentar Oni no Hanzou sozinho. Embora, por ser uma anomalia, suas habilidades não sejam tão diversas quanto as de um especialista como Hanzou, ainda assim deve conseguir encará-lo de igual pra igual.”
Olhando para todas as anomalias reunidas, Adam se sentiu seguro e satisfeito. Sentia uma alegria parecida com a de um acumulador ao adicionar algo novo à sua coleção. Ele queria reunir todas as anomalias emocionais nos vasos de flores, cultivando o espectro completo das emoções humanas em guerreiros poderosos que o ajudariam a desvendar seu passado e se vingar daqueles que o haviam ferido.
— Pronto, por enquanto é o suficiente. Voltem todos!
Adam deu um tapinha em uma das cabeças do Cão Infernal e recolheu todas as anomalias antes de sair do mundo psíquico de Chloe.
Assim que abriu os olhos, Karen se aproximou ansiosa.
— Como foi?
— Consegui resolver. Você viu o que aconteceu da outra vez. O que tornava a anomalia problemática eram seus clones e o hábito de fugir. Depois de prendê-la num só lugar, foi fácil cuidar dela — respondeu Adam, então olhou para Gancho. — Como você tá?
— Nada bem depois daquele ataque ‘amigo’… — O rosto de Gancho estava um pouco pálido. Fora tirado da cama antes de recuperar sua energia psíquica, e ainda por cima tinha sido brevemente torturado por Distorção. — Se terminamos aqui, vamos embora logo. Preciso dormir.
— Tem certeza de que a anomalia foi eliminada?
Karen ainda parecia aflita. Afinal, tinha gasto todas as suas economias nesse trabalho, e a saúde emocional da filha, talvez até sua vida, estavam em jogo.
— Tenho certeza. Onde está Kim Hee-cho quando a gente precisa dele? Se ele estivesse aqui, poderia projetar tudo pra você ver.
— Ele disse que tinha outras coisas pra resolver.
— Entendi. Pode ficar tranquila. Está bem claro no contrato: se pegarmos seu dinheiro e não cumprirmos o serviço, você será compensada em cinco vezes o valor que pagou. Se ainda estiver insegura, pode ir a qualquer clínica terapêutica e pedir uma avaliação. Ou, se preferir, posso te visitar com o projetor daqui a alguns dias e fazer um exame completo na sua filha novamente.
— Isso seria ótimo — disse Karen com uma expressão genuinamente agradecida. Ela realmente estava grata a Adam. — Pra ser sincera, eu confio em você. Sei que não é o tipo de pessoa que mentiria por dinheiro. Caso contrário, não teria convencido seu parceiro de negócios a tratar minha filha por um preço tão baixo. Eu sei que estou pagando muito abaixo do valor de mercado.
— Tudo bem. Você é a primeira cliente da nossa clínica, e no oriente é tradição que os negócios comecem com o pé direito.
Adam não era bom de conversa, e depois de trocarem algumas palavras, o clima começou a ficar meio constrangedor. Kim Hee-cho é que deveria cuidar da parte de negociação e relacionamento.
— Em alguns dias, passo no seu apartamento com o aparelho. Já está bem tarde hoje, então vamos indo.
— É, bora dormir — resmungou Gancho com um bocejo cansado.
— Estamos indo.
Adam acenou com a mão e lançou um olhar ao homem bonito que correspondia à anomalia do palhaço no mundo real. Ele se perguntava o que Karen faria com aquele homem depois que ele fosse embora. Talvez o entregasse à Guarda Mecânica, talvez não. De qualquer forma, não queria saber nem se envolver. Afinal, apenas saber de certas coisas já era o bastante para se incriminar.
— Tchau, Tio Adam.
Chloe se levantou e seguiu Adam com os olhos enquanto ele partia. Estava numa idade em que já sabia reconhecer quem realmente se importava com ela.
Sob o olhar grato de Karen e da filha, Adam abriu a porta do escritório, e no mesmo instante, os sons da pista de dança invadiram seus ouvidos. Porém, logo depois, a música titubeou.
Tendo treinado sua telegnose com Sadou por tanto tempo, Adam era capaz de detectar, com os cinco sentidos, as menores alterações em seu ambiente ao fazer a transição entre o mundo real e o psíquico, mudanças no vento, nos sons, e naquele instante, percebeu nitidamente que havia algo errado com a música.
“Alguém invadiu meu mundo psíquico de novo!”
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