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    No instante em que Adam detectou a invasão, seu primeiro pensamento foi que tinha encontrado outro assassino.

    Na última vez, ele havia mostrado ao submundo e a todas as organizações de matadores que não era alguém com quem se devia mexer, mas claramente isso ainda não era suficiente, e não era surpresa que outro assassino tivesse aparecido. No entanto, ele não esperava que isso acontecesse tão cedo.

    Mas logo em seguida percebeu que havia algo errado. Observou os arredores e descobriu que não só Gancho havia sido arrastado com ele para o mundo psíquico, Chloe, Karen e todas as pessoas na pista de dança também estavam ali.

    O mundo psíquico era um mundo independente.

    Lembrando-se da última vez em que seu mundo psíquico foi invadido por Oni no Hanzou e Caubói, todas as ruas ao redor estavam vazias, sem ninguém por perto.

    Naquela ocasião, ele era a única pessoa em toda a rua, o que significava que, dessa vez, não era o seu mundo psíquico que havia sido invadido. Em vez disso, todos naquela área haviam sido arrastados para dentro de um mundo psíquico através de algum tipo de dispositivo, ficando presos ali.

    — Por que você tá parado aí? — Gancho ainda não havia treinado telegnose, então não tinha notado nada de errado. — Vamos voltar pra dormir.

    — Fomos arrastados pro mundo psíquico de alguém.

    — O quê?

    Os olhos de Gancho se arregalaram ao ouvir isso, e ele começou a observar cuidadosamente os arredores. Mesmo sem treinamento em telegnose, era aluno da Academia Layton e, além disso, possuía habilidades de batedor que o tornavam bastante atento e observador. Mesmo sem notar de imediato, após inspecionar com mais cuidado, percebeu o problema.

    — Você tem razão. Fomos mesmo puxados pro mundo psíquico… e parece que não fomos os únicos; todo mundo aqui foi! Quão forte tem que ser um dispositivo de transmissão sináptica pra arrastar tanta gente ao mesmo tempo? — Um leve arrepio percorreu a espinha de Gancho ao olhar para todas as pessoas na pista de dança. — Vou tentar achar uma saída.

    Gancho tentou sair, mas foi imediatamente repelido por uma barreira psíquica. Após analisar a espessura dela, concluiu: — Pela grossura dessa barreira, com certeza foi criada dentro do mundo psíquico de um adaptador poderoso. Vou levar pelo menos meia hora pra romper isso e criar uma rota de fuga.

    — Fica aqui e tenta romper a barreira. Vou dar uma olhada lá fora e ver o que tá acontecendo.

    — Beleza.

    Gancho voltou para a sala administrativa e lançou um olhar às pessoas ali dentro.

    — Por que voltou? Esqueceu alguma coisa? — perguntou Karen.

    — Não esqueci nada. Este não é o mundo real. Estamos dentro de um mundo psíquico, e parece que corremos perigo. Não entrem em pânico, apenas fiquem aqui por enquanto…

    Gancho explicou a situação com paciência, enquanto Adam atravessava a pista de dança até a saída.

    Ele não sabia a quem aquele mundo psíquico pertencia, mas achava que talvez tivesse sido construído com base em memórias coletivas.

    Isso porque o cenário era idêntico ao do mundo real, e isso era extremamente estranho. Adam nunca havia visto um mundo psíquico que replicasse perfeitamente seu equivalente real.

    Do lado de fora do pub ainda havia um elevador. Adam o usou para subir até a superfície e, lá em cima, encontrou o mesmo beco escuro da área industrial.

    A cena externa também era exatamente igual à do mundo real. Quanto mais via, mais desconfiado ficava daquela situação.

    — O que é aquilo?

    — Socorro!

    Gritos ecoavam de uma rua mais distante.

    Como precaução, Adam imediatamente invocou o Cão Infernal e se fundiu a ele. Com isso, seus sentidos e capacidades físicas foram amplificados, e ele ativou também sua habilidade de Hipervelocidade.

    Só então saiu do beco às escondidas.

    Ao chegar na rua larga do lado de fora e ver o que estava acontecendo, percebeu que sua cautela tinha sido mais do que justificada.

    “O que são essas coisas? São mutantes psíquicos?”

    Escondido num canto escuro, Adam viu uma série de ‘humanos’ extremamente estranhos pelas ruas.

    Na verdade, pareciam mais aberrações emocionais do que humanos. E ainda mais deformados e monstruosos que as próprias anomalias.

    A maioria das anomalias emocionais se manifestava com formas reconhecíveis, palhaços, espantalhos, etc.

    Mas aquelas ‘pessoas’ na rua pareciam aglomerados grotescos de coisas. Um deles era uma criatura polimérica séptica coberta de rostos humanos. Outro era um monstro louva-a-deus com corpo de larva.

    “Devem ser mutantes psíquicos.”

    Era a primeira vez que Adam via um mutante psíquico ao vivo, mas já tinha lido sobre eles nos livros da escola.

    Quando uma pessoa comum desenvolve problemas mentais, muitas aberrações emocionais surgem em seu mundo psíquico. Se a condição piora ao ponto de uma doença mental grave, essas aberrações evoluem para anomalias emocionais. Se não tratadas, essas anomalias passam a dominar o hospedeiro, levando-o a extremos como homicídio, suicídio ou massacres.

    Se a filha do Porco Desvairado, Kim, não tivesse sido tratada, era provável que tivesse se suicidado. Se Chloe não tivesse sido tratada, talvez se tornasse uma assassina.

    Mas adaptadores eram diferentes. Se um adaptador caísse em doença mental, as consequências eram ainda mais assustadoras. Ele até podia perceber suas anomalias e tentar erradicá-las cedo, mas se não resolvesse a causa verdadeira do problema, elas sempre voltariam.

    Ao exterminá-las repetidamente, o corpo psíquico do adaptador começava a se corromper. Ele passava a compreender suas anomalias, a dialogar com elas… e, pouco a pouco, mergulhava em decadência, até finalmente se transformar num mutante.

    Havia até casos extremos, como o de um adaptador cuja amante fora assassinada. Surgiu uma anomalia emocional, e ao invés de destruí-la… ele a abraçou, e se tornou voluntariamente um mutante psíquico.

    A dor concedia poder, e mutantes psíquicos nascidos da obsessão com pensamentos e emoções dolorosas eram mais fortes do que adaptadores comuns do mesmo nível.

    — Que porra são essas coisas?! Tem monstros aqui! Chamem a Guarda Mecânica!

    — Isso não vai adiantar. Acho que a Guarda Mecânica não pode fazer nada contra esses monstros. Estamos no mundo psíquico agora, não estamos?

    — Mundo psíquico? Isso tem a ver com adaptadores? Achei que gente comum como a gente nunca se envolvia com eles!

    — Pois é! O que isso tem a ver com pessoas normais como nós?!

    Na rua, algumas pessoas que viram os mutantes psíquicos ficaram tão apavoradas que saíram correndo e gritando, enquanto outras ficaram onde estavam, discutindo em pânico.

    Mesmo sendo alta madrugada e a Área 9 uma zona industrial com população relativamente baixa, a Cidade Sandrise era uma metrópole com centenas de milhões de habitantes, uma cidade que nunca dormia.

    Muitos notívagos circulavam pelas ruas, e as velhas luzes de néon industriais ainda piscavam quando a multidão explodiu em caos.

    Em meio à confusão, um enorme mutante psíquico agarrou uma pessoa e a engoliu inteira.

    — Tá muito barulhento aqui…

    Depois de devorar alguém, o gigante pegou um carro e o arremessou no ar, esmagando um grupo de pessoas.

    Em seguida, iniciou uma matança unilateral contra a multidão.

    — Estão matando! Esses monstros estão matando gente!

    As pessoas que ainda estavam discutindo começaram a correr ao ver os corpos ao redor, ampliando ainda mais o pânico.

    — Que foi, estão parados por quê? Não viemos aqui pra matar gente? — gritou o mutante psíquico gigante, continuando sua carnificina impiedosa.

    — Faço o que quiser. Não sigo ordens de ninguém — respondeu outro mutante, de cuja boca saíam incontáveis ratos. Eles invadiram as ruas e começaram a morder qualquer um que vissem. — Dito isso, eu gosto de matar. Se não fosse pela matança, nem teria vindo até aqui!

    O mutante caiu na gargalhada, insano.

    A infestação de ratos cobriu a rua, e o massacre alcançou um novo nível de horror.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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