CAPÍTULO 11: Tempos de Urgência
A volta dos dois guerreiros, um gravemente ferido e outro cansado de tanto carregar seu aliado. Loky usava seus teleportes para chegar mais rápido ao castelo do reino.
Ele sumia e aparecia por cima de torres de vigia, casas e bares, sendo conhecido apenas como um borrão no espaço. Ofegante de tanto usar sua habilidade, ele usou seu último teleporte, para dentro de sua casa.
Mayane estava na cozinha, sentada comendo uma pequena refeição reforçada de pão, leite e algumas frutas como maçã e uvas. A mesa estava repleta de fartura e comida naquela pequena cozinha ocupada por um tanque como pia e um grande balcão com várias gavetas para a armazenagem de comidas, pratos e talheres.
Enquanto ela comia seu café matinal, Loky apareceu por cima da mesa, caindo junto com Nyck e a quebrando no meio, sujando a cozinha de comida. — O quê é isso, irmão, você tá maluco? — falou se levantando da cadeira incrédula e com raiva.
Loky se levantou rapidamente. — Minha irmã me perdõe, mas teria como você levar esse homem até o castelo do general Alfred? — indagou de joelhos, algo como veneração.
Mayane cruzou os braços por um segundo. — E quem é ele? — olhando para o corpo caído do guerreiro.
— É o caçador de elite, Nyck, ele está muito ferido. Por favor, é uma urgência — implorou mais um pouco.
— O quê, Nyck? Meu deus eu nem o reconheci — falou tapando sua boca, incrédula com a cena.
Loky agarrou o corpo tentando levantar o seu aliado. — Eu iria levá-lo, mas com o teleporte é muito mais complicado, é desgastante demais.
— Eu levo, pode deixar. Não deve demorar muito até chegar lá — falou se arrumando, colocando um casaco sobretudo sob suas roupas “formais”.
— Entendo, onde está o seu cavalo? — indagou seu irmão.
— Ele tá lá fora. No estábulo da tia Rose — respondeu.
Loky então com esforço se teleportou ao lado do cavalo, que se assustou ficando de duas patas relinchando alto. — Shh shh… para, sou eu seu palerma, o irmão da Mayane, esqueceu de mim? — cochichou, temendo acordar os vizinhos.
O cavalo se acalmou ligeiramente e se aproximou cheirando o rapaz. — Ai… para com isso, não é hora de ficar de pregação. Aqui, a Mayane vai levar esse homem até o castelo do reino, trate de ser rápido, viu? — cochichou novamente num tom sério e meio irônico.
Ele então colocou Nyck em cima do cavalo. Mayane logo chegou perguntando. — O quê você vai fazer, Loky? — perguntou subindo em cima do garanhão.
— Vou visitar uma pessoa. Vai logo, não podemos esperar — falou num tom grosseiro.
— Tsk, como você é apático, irmão — respondeu Mayane, ordenando o equino a partir.
O cavalo correu velozmente, partindo até o castelo do general. Loky apenas olhou eles ficando cada vez mais longe. Então, o rapaz se teleportou de novo para dentro de sua casa, inquieto ele procurou algumas roupas em seu armário.
— Porra, onde que ta aquele terno preto? — falou jogando as roupas por cima de sua cama, uma bagunça.
Após tanta procura ele encontrou o terno com uma mancha suja no centro do peito, aparentemente de café. — É… tá sujo mas dá pro gasto — falou, se vestindo rapidamente.
Enquanto isso Mayane está comandando seu cavalo velozmente pelas ruas apertadas de Reitz. Pelo amanhecer não estava movimentada, apenas cavaleiros fazendo algumas rotinas diárias. Ela olhou para o centro do reino, observando a imensidão do castelo de aparência gótica.
“É estranho pensar que eu nunca pisei neste lugar antes”, pensou
Loky já estava pronto para uma visita inesperada, ele chegou na entrada da Confederação da Guilda onde foi recebido por um breve bom dia da senhorita Hannah. — Ah… como vai Hannah, é bom te ver — respondeu acenando acompanhado de um sorriso forçado.
— O que o traz aqui? E se me perdõe dizer, o senhor está horrível. Um terno como esse todo sujo de barro e poeira, e esse cabelo? Se quiser, a minha tia faz alguns bicos como barbeira — debochou rindo.
— Não to com tempo de brincadeiras, Hannah. Me diga, onde eu encontro um tal de… Yzael? — indagou se apoiando no balcão.
— Oh… Yzael — falou meio perplexa. — Ele está no calabouço.
— Ai Jesus, mais um lugar asqueroso que eu tenho que meter as mãos… o quê eu não faço pelas pessoas? — falou se virando de costas para Hannah, saindo em direção a saída. — Obrigado pela informação Hannah. Até logo!
— Imagina, até mais — respondeu com um sorriso no rosto.
Loky se teleportou novamente, parando em cima de um cavalo em atividade de um morador idoso próximo a Confederação. — Que porra!!! — falou o homem.
— Me desculpe meu amigo, vou pegar seu cavalo emprestado um pouquinho — falou Loky agarrando o homem pelos ombros e jogando para fora do cavalo branco.
— Ei seu maldito — falou o homem sujo de barro. — Devolve meu cavalo! — gritou tentando acompanhar os galopes do se garanhão.
— Ufa… — falou respirando fundo, esfregando a mão em sua testa para retirar o suor retido de nervosismo. — Tomara que ele não tenha sucumbido pelo calabouço.
JÁ DENTRO DO CASTELO….
— O quê, Nyck. O quê houve com você? — indagou um dos guardas assustados.
Mayane estava curando de seus ferimentos, — cortes profundos na região abdominal e costelas quebradas, junto a seus dois olhos completamente brancos e sobrecarregados.
Nyck mostrou um sinal de fadiga. — O dragão… o dragão está vivo — falou ofegante, com dificuldades em mexer os lábios.
Outro guarda apareceu, se ajoelhou e levantou sua cabeça, dando a ele um copo d’água. — Nyck, eu soube da notícia, você foi um heroi em ter aceitado a missão. Onde estão os outros? — perguntou o guarda real Lam.
Ele se engasgou com a água, vomitando em seguida. Ele limpou sua boca em seguida. — Estão todos… mortos. Loky… loky me salvou.
— Ele está muito doente, e seus ferimentos são graves, não sei se vou conseguir ser útil em curá-lo completamente — falou Mayane, cessando sua magia vendo que os cortes profundos cicatrizaram completamente.
Os guardas olharam assustados. — Meu deus… se até os melhores do reino sofreram para matar aquele dragão… então quer dizer que nós estamos em perigo? — perguntou o outro guarda Yan.
— Tsc… aquele dragão é um demônio… muito inteligente — respondeu.
Os guardas ajudaram Nyck a se levantar se apoiando e segurando seus braços. Ele estava apenas com sua calça de armadura, sem qualquer vestimenta que cobrisse seu corpo do tronco ao pescoço. As cicatrizes expostas, junto a manchas roxas de impactos poderosos eram visíveis. — Vamos até o general Alfred, ele irá redirecionar você para um curandeiro melhor.
Mayane se sentiu meio atacada, mas não disse nada além de dar um olhar meio em dúvida. “Melhor né?, beleza seus patetas”, pensou.
ENQUANTO ISSO NO CALABOUÇO…
Loky chegou ao local, estava vazio, apenas a poeira alta sob o chão. — Que lugar terrível…
Ele parou na frente da entrada que levava até o inferno dos homens e por ali desceu do cavalo. Ele gritou. — Alguém aí embaixo!?
Sua voz ecoou pelos labirintos do Calabouço eternamente até onde não pudesse mais ser escutado. — É… acho que não tem ninguém aqui — Então ele se teleportou para dentro daquele lugar asqueroso e úmido.
Ele pegou uma tocha que estava sob a parede ainda acesa e adentrou mais dentro das salas frias e escuras do local. Adentrando mais para dentro ele viu salas com celas vazias feitas de ferro e cobertas por pregos já enferrujados.
O caçador caminhava devagar sob as poças de água causadas pela penetração da chuva. Com a pouca luz que tinha, ele conseguiu perceber ao fim do corredor de pedras uma porta de madeira.
Ele abriu aquela porta que rangeu alto o bastante para chamar a atenção de alguns “desesperados” que estavam nos cantos das paredes ajoelhados.
Eles olharam para Loky. — Ah… eu estou procurando um homem chamado Yzael! — falou em alto e bom tom.
No fundo do corredor um homem muito magro, sem cabelos, dentes e sem um de seus olhos, o rapaz estava completamente pelado apareceu correndo na direção do caçador. — Eu… eu sou Yzael! — gritou em pânico.
Loky atenuou seus olhos e esperou o homem chegar perto o suficiente para acertá-lo com forte chute em sua barriga, jogando-o para trás. — Eu estou falando sério, onde está Yzael? — falou mais uma vez.
De repente um som de correntes veio do fim do corredor, onde a luz da tocha não alcançava. As correntes pareciam se arrastar pelo chão.
Cada vez mais o barulho foi ficando mais alto, até o momento em que nas sombras, embaixo de um manto vermelho, com cabelos longos, olhos vermelhos tão brilhantes como uma brasa em meio ao breu.
Ele lentamente parou a frente de Loky, a diferença de altura de um para o outro era perceptível. Loky olhou para cima para o rosto do rapaz e falou:
— Realmente, você é bem grande… Yzael.
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