Yorr avançou destruindo a mesa a sua frente, com passos firmes criando estalactites de pedras do nada na direção de Alfred.

    O chão estremecia sob seus pés.

    À frente, Alfred rebateu todas as estalactites, lançando uma de volta na direção de sua cabeça. 

    Yorr parou a poucos metros.
    —  Você deveria ter se curvado. Alfred, você sabe das minhas ideias para esse reino — falava, sussurrando várias outras vozes. 

    O velho general respondeu apenas com o som metálico da espada se erguendo. Seus olhos não tremiam. —  Você é a pior espécie de verme: aquele que se arrasta dentro dos próprios irmãos e os devora por ambição. Acha mesmo que me curvarei diante de um cego por poder, quanta petulância! 

    A tensão quebrou como vidro.

    Yorr avançou de novo impaciente, ergueu sua espada e com ela criou um enorme pilar de pedras que subiram até o teto, criando um ponto cego para o general. Alfred analisou assustado, suas pupilas não paravam de ir para direita e esquerda. “De onde virá o próximo golpe?”, pensou.

    Logo o pilar foi quebrado ao meio pela espada de Yorr que foi lançada. Alfred com precisão rebateu o golpe, criando um eco metálico naquela sala.

    O corrompido avançou parando bem a frente do general recuperando a espada. Com um toque de elegância, ele tocou o peito de Alfred, degradando a armadura a cinzas.

    Alfred riu e o soqueou pela barriga de forma poderosa.

    Yorr foi lançado pela potência do soco, se chocando contra a parede.

    Cuspiu sangue. — Velho filho da puta, eu vou acabar com tua raça! — ameaçou irritado, com um olhar determinado a vencer.

    Sua pupila dilatou e brilhou.

    Do chão se criaram diversas rachaduras que se estenderam a lâminas rochosas que se lançavam de baixo para cima.

    Alfred não teve tempo de resposta. Uma rajada de lanças se chocaram e jogaram o general para cima. Ele foi jogado para o andar de cima onde se reequilibrou novamente. Com perfurações preocupantes em sua cintura.

    Yorr apareceu do chão também com sua espada em suas mãos. — Vamos Alfred, mostre que você não é mais um caso perdido no tempo — debochou rindo.

    Riu. — Aha, me tornei general pelo meu enorme poder. Essas brincadeiras de crianças não funcionam comigo — respondeu limpando as ombreiras da armadura de prata.

    O general avançou com uma velocidade poderosa, Yorr até se assustou por um breve momento, mas se jogou para trás. Alfred continuou colocando pressão com sua espada e o corrompido defendia ataque atrás de ataque.

     CLANG!!!

    CRASH!!!

    — RRRRRAAHHH!! — gritava Alfred.

    Yorr deu um salto giratório, lançando lanças de pedras, empunhalando o peito do general. — Glarp! — cuspiu sangue.

    Mas ele não fraquejou. — Você aprendeu bem com os traidores de fora. Mas eu fui forjado no sangue de reis, seu maldito bastardo.

    Alfred avançou.

    Cada golpe era poderoso. Ele atacava com propósito, cortando e encurtando cada brecha de Yorr.

    “Este velho mesmo com grandes ferimentos não cai. Esse é o poder de um general e eu devo ultrapassá-lo”, pensou rindo.

    A esgrima dos dois guerreiros eram afiadas e muito experientes, mas Yorr tinha uma vantagem — sua habilidade ocular —.

    Yorr recuou por um instante, pela primeira vez irritado.

    Ele abriu os braços e murmurou palavras na língua esquecida vindo das vozes de sua cabeça:

    — Yktar dommash vryel…

    Do chão surgiu uma serpente de pedra.

    — Veja Alfred, testemunhe o verdadeiro poder de um verdadeiro general.

    A serpente avançou estremecendo o chão.

    Mas o velho general parado no mesmo lugar gritou:

    —  Pela honra de Reitz!!

    Com um só giro, Alfred cortou a serpente no meio com um só golpe. “Sua força bruta é impressionante”, pensou Yorr.

    Alfred ergueu a espada e sem perder tempo e percebendo a brecha aberta de Yorr, lançou a espada na direção do inimigo.

    A lâmina acertou o peito de Yorr — não letal, mas fundo. O traidor cuspiu sangue e recuou cambaleando. Um clarão dourado explodiu atrás deles. A muralha havia ruído. A guerra do lado de fora rugia com gelos e chamas, junto a um vento frio que entrou no campo de batalha.

    Yorr, rindo enquanto sangrava, sussurrou:
    — O dragão destruiu a muralha, o quão fracos são os defensores desse reino?

    Ele retirou a espada do seu peito e jogou para o lado. — Eu entendi agora Alfred. As ruínas que estão cada dia afunilando nosso reino…

    O general curvou o cenho. — O que quer dizer?

    — Desde que eu te conheci, e fui premiado pela Trupe de Elite, percebi o quão tedioso é ter de aturar pessoas tão fracas. A sobrecarga em nossas costas de ter de fazer tudo por causa que os mais fracos não dão conta. 

    Ele sorriu e falou em voz alta. — Só mostra o quanto você é um general falso venerado. Você é um falso simbolismo de esperança Alfred, um cão em meio aos lobos.

    Ele continuou.  — Eu sou necessário!

    Alfred se aproximou, estralando as mãos. — Você era necessário. Agora é só veneno.

    E parando a frente de Yorr ele desferiu o que parecia o último golpe. Um soco interno com viés em destruir seus órgãos e finalmente matá-lo.

    Crack!! Plastf!..

    Sangue foi derramado…

    A batalha contra o Dragão continuava…

    Nas muralhas externas do reino de Reitz, Logan observava o céu nublado, uma lança firme em mãos, olhos semicerrados. Ao lado dele, Silver afiava calmamente suas adagas com o capuz cobrindo metade do rosto. Mais ao fundo, Magnus ajustava a gola em seu pescoço. 

    — Isso tá me sufocando — brincou.

    — Logan, faça a ordem direta, mantenha o monstro focado nos clones — ordenava Silver seu irmão. 

    Logan deu um passo à frente, criando mais de vinte clones.

    — Vamos acabar com esse monstro — falou as vinte vozes, que correram em partida ao Dragão. 

    Uma onda sônica cortou as nuvens. As montanhas distantes estremeceram. As árvores congelaram num instante — literalmente, em um raio de quilômetros. Pássaros mortos caíram como cinzas. O céu rompeu-se numa espiral azul gélida.

    Suas asas se abriam como véus que taparam o sol. Ele rugiu, causando pavor nos civis que do outro lado do reino, ouviram o barulho do caos.

    Magnus apontou para o monstro. — Mostre seu poder criatura ridícula! — gritou confiante. 

    Os clones de Logan corriam e de seus coldres retiravam adagas envenenadas. — Joguem tudo que tiverem nesse monstro! — gritou o clone.

    A visão deles era distorcida. O dragão visto de baixo para cima mostrava seu imenso poder de superioridade e tamanho.

    A criatura bateu com as patas no chão, causando tremores poderosos. Alguns clones caíram e outros permaneceram de pé, jogando as adagas contra o peito do dragão. 

    As adagas perfuravam levemente seu peito, nenhum dano grave foi aplicado. Mas Magnus tinha um plano. Em seus braços, dos ombros até as mãos havia um sistema de gancho que o lançava para grandes direções. 

    Ele se aproximou até a catedral que ficava próxima a muralha, indo até o topo e de lá inspirou uma imensa quantidade de oxigênio.

    Seus olhos brilharam…

    Sua respiração parou e seu corpo ficou vermelho transparente,  visível nos órgãos internos.

    Ele colocou a frente de sua boca sua mão que formava um círculo com seus dedos. Com um gesto de coragem, inspirou todo aquele poder de uma vez.

    Uma grande bola flamejante partiu de seu corpo em direção ao Dragão. Ao olhar da criatura, era como um meteoro entrando em choque com a terra.

    O fogo se colidiu com o dragão, criando uma explosão em metade de seu focinho. 

    PWOOW!!!

    Magnus viu dali um pingo de esperança, então zarpou com os ganchos em busca da testa do dragão. O gancho encaixou nos olhos da criatura, e o puxou. 

    O monstro enfurecido rugiu e mordeu o ar e lançou um bater de asas poderoso.

    Magnus foi pego pelo vendaval que o jogou para longe até se chocar com a catedral novamente. Junto com ele, o resto dos clones que também foram pegos pelo vento.

    — Puta que pariu, isso vai deixar uma cicatriz — sussurrou tentando se levantar apoiando-se com os joelhos.

     O sangue que escorria nos olhos do dragão era grosso como seiva congelada. Mas o monstro… ainda sorria.

    E então ele abriu a boca.

    Veios de energia azul percorreram o corpo da criatura. A luz brilhou nos olhos do dragão.

    — MAGNUS, ABAIXA!!— gritou um dos clones se levantando entre os escombros.

    O sopro veio.

    Uma rajada de fogo gélido, puro vazio, como se o próprio esquecimento soprasse. As muralhas foram engolidas. Torres congelaram ao mesmo tempo. Magnus foi atingido pela lateral. O clone o puxou, salvando sua vida, mas perdeu o braço direito para o gelo eterno que consumia tudo em seu caminho.

    Logan apareceu segurando uma besta com venenos. — Consegui atingir por sorte as asas dele, mas não sei se esse veneno irá funcionar em pequena quantidade.

    Ele olhou para o fundo do reino, para o castelo Tossindo sangue, mas com olhos ainda firmes.
    — Levem os sobreviventes! Recuem! DIGAM A ALFRED QUE O INFERNO TÁ BATENDO NA PORTA!

    Do alto das ruínas, Logan, sangrando, riu com o canto da boca. — Se esse é o fim… que pelo menos seja bonito.

    O Dragão Gélido rugiu novamente. Mas entre o rugido… um som metálico ecoou no céu.

    Um portal se abriu ao longe. Uma silhueta emergia… era Loky.
    E talvez — algo mais vinha com ele.

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