CAPÍTULO 5: Violência e Acordo
Um novo badalar do sino foi escutado por todos os Caçadores próximos, e alguns já estavam se arrumando para o horário de almoço. O Sr. Byron começou a arrumar as mesas, tirar a poeira e colocar a carne assar.
O cardápio do dia seria uma língua de dragão acebolada com urtigas e algumas frutas como maçã e melancia de sobremesa.
O dia estava menos movimentado, havia pelo menos quinze Caçadores presentes no reino. Na última semana, a onda de ataques de dragões aumentou, e alguns dos veteranos junto aos novatos foram convocados para acabar com esses problemas.
O Sr. Byron abriu a porta do bar e foi logo até atrás de sua bancada preparar os copos e as bebidas. Logo um pequeno grupo de três Caçadores apareceu. — Bom dia, Sr Byron!
— Bom dia, mestre Lin — respondeu Byron.
Lin era uma caçadora recém veterana, com mais de oito meses de atividade. Ela era um curandeira, de cabelos cacheados e rosto pálido com olheiras. Suas vestes se baseavam em uma armadura leve sem ombreiras ou braçadeiras.
Seu outro parceiro, Mozarth também cumprimentou Byron. — Como vai Byron, já não perde tempo, me veja aquela bebida doce que só você sabe o segredo.
Mozarth era um novato, um caçador de ataque é considerado um gênio por controlar sua habilidade ocular com quatorze anos. Ele é careca e um pouco magro, mas compensa a falta de físico com inteligência e estratégia. Ele estava presente sem camisa, apenas uma calça de malha de ferro com pequenos espinhos de proteção de mordidas.
— Ora ora, no capricho, meu amigo — falou Byron, pegando alguns copos e preparando o drink com gelo.
O terceiro caçador, com o nome “Shaw” em sua insígnia, questionou. — Onde o senhor aprendeu a ter essas habilidades?
Shaw era o mais forte do grupo em quesito força, não havia uma habilidade ocular, mas ele era mestre com qualquer arma que lhe dessem em suas mãos. Acostumado a vestir-se com uma armadura, hoje estava apenas com uma malha leve.
Os três eram jovens, e muito habilidosos. Logo mais caçadores apareceram ao decorrer da confraternização, e um deles era Yzael. O temido caçador estava com uma calça de malha de ferro emprestada, e uma couraça de couro que estendia sua braçadeira caída até o cotovelo.
Ele se aproximou da bancada e cumprimentou o trio. — Como vai, Yzael — cumprimentou Byron.
— Como está, mestre Byron. Vim me desculpar pelo transtorno daquela dia, trouxe o pagamento da reforma.
Yzael retirou de sua cintura um pequeno saco cheio de moedas. — Acredito que tenha o suficiente, caso contrário você me avisa que eu pago a diferença.
— Ora…Yzael, não precisava disso — falou Byron sem jeito.
Yzael se sentou na bancada. — Aceite, de coração.
— Muito… obrigado. E aliás, bela armadura, vai começar a usá-la? — perguntou o velho, curioso.
— É… Aluguei para uma missão, nada cerimonial.
Um do trio de Caçadores, Shaw, questionou Yzael. — Com licença, por acaso você é o lendário caçador de dragões, que matou o dragão marinho?
— É, fui eu sim.
— Cara você é minha inspiração, eu admiro muito seu trabalho, eu espero ser como você.
Yzael franziu a sobrancelha e encarou Shaw. — Ser como eu? Você tem certeza do que fala?
— Ah… eu… eu só quis dizer que quero ter as mesmas habilidades de caça que você, eu ainda sou um novato, e você tem anos de experiência, então pensei que seria bom me inspirar em alguém — respondeu sem jeito.
— Você está se inspirando em alguém que não tem nada na vida, garoto. Se inspire no Byron, ele tem uma taverna. Eu só sei caçar criaturas.
— Ah, certo…
Quando o almoço foi servido, os Caçadores se dirigiram à mesa para se servirem, incluindo Yzael. Alguns caçadores olhavam com reprovação para Yzael, e outros por medo.
Quando o rapaz estava terminando de comer, uma voz familiar ecoou pelo bar. — Olá a todos, onde eu encontro um tal de Yzael? — falou em alto e bom tom.
Os caçadores pararam de comer e olharam. — Ah, boas vindas Yorr, e boas vindas Nyck — falou Byron.
A Trupe de Elite estava presente. — Deixe as cerimônias para depois, Byron. Onde está o lendário caçador Yzael?
Um dos caçadores da mesa ao lado apontou o dedo para o único guerreiro na bancada. — Bom saber que ele está aqui, o genocida que meia parte admira.
Ninguém lá dentro entendeu nada e alguns dirigiram o olhar direto para Yzael. Nyck segurou o ombro de Yorr, — não precisa disso tudo, faça o quê tem que ser feito.
Yorr retirou a mão de Nyck e o afastou. — Você não tem direito de falar, Nyck.
O futuro comandante se aproximou. — Ei, olhe para mim, seu carrasco imundo.
O rapaz não respondeu, continuou comendo até limpar o prato por completo.
— Eu to falando com você! — alertou Yorr, erguendo sua voz. Seu olho direito, antes da cor verde, se tornou da cor amarelada com uma linha no meio em X, girando no sentido horário.
O banco em que Yzael estava sentado começou a tremer, e em um instante um grande pedaço afiado de pedra apareceu entre as pernas do banco.
Yzael desequilibrado, caiu no chão causando risos para Yorr. — Agora acredito que você esteja me escutando não é, senhor problema.
Yorr então desferiu um chute na cabeça do caçador, jogando ele contra a bancada, junto a um corte em sua testa.
— Vou tentar ser o mais breve com você. Ou você desiste da companhia de caçadores, ou irá para o calabouço, onde vai trabalhar como escravo pela eternidade.
Yzael suspirou, e quando ia responder, uma mão tocou sob o ombro de Yorr. — Tá bom, já chega de problemas, cara.
Mozarth interferiu na discussão, com um sorriso no rosto. — E quem é você? — perguntou Yorr, já irritado.
— Eu sou Mozarth, o futuro gênio dos Caçadores de Dragões. E não vou tolerar o quê você está fazendo com esse cara.
— Ah é, gênio? Eu já escutei algo sobre isso a alguns dias atrás, realmente interessante. Mas não acredito que o gênio que todos falaram, é esse trapo de gente.
— Como é que é? — indagou Mozarth.
— Suma da minha frente, seu lixo! — gritou Yorr. Seu olho ativou sua habilidade novamente.
Sob o joelho do novato, uma estalactite surgiu cortando de um ponto para o outro o membro do rapaz, fazendo agonizar de dor. — Porra, o que é isso?
Nyck interferiu, segurando o braço de Yorr com força. — Já chega!
Yorr encarou Nyck, e quando estava prestes a utilizar sua habilidade contra seu amigo, ele percebeu que o mesmo também estava disposto a isso.
— Vamos embora, você já deu o alerta a ele, não me faça usar a força.
Ele suspirou, e caminhou em direção a saída do bar. — Vocês presenciaram as atitudes de um futuro comandante, comecem a repensar sobre o que serão no futuro.
Os dois da Trupe de Elite se retiraram do local. Lin se levantou depressa para ajudar seu companheiro. Yzael se levantou e retirou o sangue sob a sua testa.
— Senhor Byron, me desculpe o transtorno.
— O quê? Você não fez nada rapaz, vá limpar esse corte imediatamente. Esses caras da Trupe de Elite se acham demais, eu odeio eles tanto quanto você.
— Guarde seu rancor, velho. Eu mesmo vou cuidar disso.
— Você vai realmente fazer o quê ele falou, sair da companhia?
— Se for necessário, e para evitar que os boatos que aconteceram na missão passada se espalhem, sim.
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