Capítulo 1088 - Divindade e Humanidade
O Sr. Tolo bateu algumas vezes com o dedo na borda da mesa de bronze.
— Para entender a diferença entre divindade e humanidade, precisamos primeiro entender o que é divindade e o que é humanidade. O que é divindade?
Ao ouvir a pergunta do Sr. Tolo, a Madame Mágica respondeu contemplativamente: — A divindade de ‘todas as coisas possuem divindade’?
— Um espírito enlouquecido e caótico, cheio de desejos destrutivos? — Lumian também tentou responder, com base em sua própria situação.
O Sr. Tolo deu uma risadinha. — Isso pode ser dividido em divindade verdadeira, divindade aparente e a vaga concepção de divindade que muitas pessoas têm. A verdadeira divindade advém naturalmente de divindades verdadeiras. Em sentido estrito, apenas o Mais Antigo — o Criador original, as diferentes personas que se separaram dele, seus descendentes diretos e os primeiros seres nutridos pela Grande Mãe podem ser chamados de deuses.
— O espírito indestrutível deixado em suas sefirot e as características de Beyonder correspondentes é a divindade com a qual todo recém-chegado deve lutar… a essência da divindade.
“Sefirot… Separação de diferentes personas…” Lumian tinha muitas perguntas que queria fazer, mas acabou escolhendo a mais importante naquele momento.
— A divindade com a qual nós, que consumimos poções e avançamos no caminho do divino, devemos lutar é o espírito indestrutível e indelével deixado nas características do Beyonder pelo Criador original?
— Para a maioria dos “caminhos do divino”, esse é o caso, pelo menos para você, para ela e para mim também. — O Sr. Tolo olhou para a Madame Mágica, suas palavras tingidas com um toque de diversão, — Mas não totalmente.
Sem dar à Carruagem Lumian e à Mágica Fors a chance de fazerem mais perguntas, o Sr. Tolo, envolto em névoa cinzenta, disse com um toque de sentimentalismo: — O Criador original é o coletivo de todos. Ele é louco, mas também racional; Ele é confuso, mas também lúcido. Ele criou tudo e destruiu tudo. Ele ama todas as coisas e também odeia todas as coisas. Ele tem o mais intenso de todos os desejos, mas é indiferente e não é afetado por nada. Todas as suas ações são aleatórias, nem Ele mesmo pode prevê-las.
— Ele criou o mundo inteiro, criou todas as coisas e, finalmente, se dividiu em seis sefirot, dezesseis Singularidades e inúmeras características de Beyonder. Dessa perspectiva, todas as coisas possuem divindade. A perda extrema de controle para a maioria dos Beyonders ocorre quando a divindade ganha domínio absoluto, transformando-os no estado que acabei de descrever, perdendo completamente o senso de identidade. Mas esta não é a extensão total da divindade com a qual devemos lidar.
Relembrando sua conversa com o Sr. Tolo na cidade dos sonhos, Lumian teve uma vaga ideia do que mais eles teriam que enfrentar.
— As diferentes personas separadas do Criador original, que também são divindades verdadeiras, deixaram suas psiques nas características de Beyonder correspondentes. Singularidades, hum, sefirot, e essa também é a divindade com a qual precisamos lidar, como a do Digno Celestial?
O Sr. Tolo assentiu levemente e disse: — Sim, depois que o Criador original despertou, Ele se desintegrou naturalmente, e antes disso, sua mente e consciência já estavam completamente divididas, com diferentes espíritos controlando diferentes sefirot, Singularidades e características de Beyonder.
— Entre eles, os caminhos do Vidente, do Aprendiz e do Saqueador pertencem ao Digno Celestial; os caminhos do Espectador, do Marinheiro, do Leitor, do Suplicante dos Segredos e do Bardo pertencem ao Deus Todo-Poderoso primordial. Todos são personas do Criador original. Quanto às grandes existências correspondentes às outras personas, não sei seus nomes.
— Só posso dizer que o Digno Celestial é a personificação do Castelo de Sefirah; o Deus Todo-Poderoso primordial é o símbolo do Mar do Caos; e as outras sefirot incluem a Cidade da Calamidade dos caminhos do Caçador e da Demônia; o Rio da Escuridão Eterna dos caminhos do Sem Sono, do Guerreiro e do Colecionador de Cadáveres; o Pântano do Conhecimento dos caminhos do Espreitador de Mistérios e do Erudito; e a Chave da Luz do caminho do Destino… todos eles se originam do Criador original.
— Em outras palavras, a divindade com a qual os Beyonders no caminho do Vidente devem lutar é uma combinação da psique residual do Criador primordial e da psique e espírito residuais do Digno Celestial. Da mesma forma, a divindade com a qual os Beyonders pertencentes a diferentes sefirot devem lidar varia, com focos diferentes, refletindo as características de seus próprios caminhos e sefirah correspondentes.
“A Cidade da Calamidade… por que é um poço antigo e um dragão maligno? E o Sr. Tolo mencionou apenas seis sefirot e dezesseis caminhos…” Ao ouvir isso, Lumian reprimiu suas dúvidas e pediu para confirmar: — A divindade com a qual preciso lidar tem conotações loucas e caóticas, inclinando-se à destruição, à conquista e à união yin-yang? Os Beyonders sob a Grande Mãe podem precisar lidar com os aspectos loucos da fertilidade?
— Entendo… — A Madame Mágica também compreendeu amplamente sua própria situação.
O Sr. Tolo assentiu e respondeu à pergunta de Lumian,
— Sim. Este é o esboço geral, mas ainda há alguns detalhes a serem abordados. Por exemplo, os Beyonders dos caminhos do Rio da Escuridão Eterna precisam, na verdade, lidar com uma mistura da impressão mental do Digno Celestial, porque na era antiga, na Primeira Época, o Digno Celestial acomodou tanto o Rio da Escuridão Eterna quanto a Nação da Desordem.
— É possível acomodar múltiplas sefirot? — O recém-avançado Lumian, mais fraco em autocontrole emocional, exclamou surpreso.
— Para o Digno Celestial, obviamente não. — O Sr. Tolo parecia ter pensado em algo divertido. — Explico esse conhecimento mais tarde.
— Sim, Sr. Tolo. — Lumian se conteve.
— Não consigo ver quem mais acomodou as outras sefirot, mas posso especular que a Cidade da Calamidade já foi acomodada pelo Deus Todo-Poderoso primordial. — O Sr. Tolo continuou: — A divindade com a qual você precisa lidar também incluirá uma parte da psique Dele.
“A Cidade da Calamidade já foi acolhida pelo Deus Todo-Poderoso primordial?” Lumian de repente se lembrou das imagens de Grisha e Peng Deng na cidade dos sonhos, do arranjo que viu através do espelho mágico Arrodes, do fato de que o Imperador de Sangue e a Demônia Primordial foram criados sob a orientação do Anjo da Imaginação, Adam, e de que ele próprio também foi usado por Adam, cuja divindade atual era obviamente dominada pela consciência e psique residuais do Deus Todo-Poderoso primordial!
Pensando nisso, Lumian de repente sentiu um arrepio na espinha. Esse sentimento foi rapidamente suprimido pela coragem de um Feiticeiro do Clima.
A voz do Sr. Tolo voltou a um tom gentil: — O que acabei de falar foi sobre a verdadeira divindade. Quando temos que usar a grande maioria de nossa energia, emoções e sentimentos para lutar e suprimir a verdadeira divindade, a manifestação externa será diferente:
— Alguns são indiferentes, outros são gentis, outros executam com firmeza uma única intenção e eliminam quaisquer obstáculos. É claro que existem outras manifestações também. Isso é o que eu chamo de divindade aparente.
“Divindade aparente…” Lumian de repente sentiu uma sensação de vazio em seu coração, como um punho que havia sido armado e estava esperando para ser desferido, muito provavelmente caindo no espaço vazio.
— Então qual é a vaga concepção de divindade entre o público em geral? — perguntou a Senhora Mágica, curiosa.
Ela parecia bastante acostumada a esse tipo de conversa com o Sr. Tolo.
O Sr. Tolo suspirou e disse: — Deixe-me primeiro explicar o que é a humanidade.
“Isso tem algo a ver com a vaga concepção de divindade?” a Carruagem Lumian supôs silenciosamente.
O Sr. Tolo continuou: — No meu entendimento, a humanidade tem duas camadas. A primeira camada é a mais básica: a autoconsciência do núcleo de um ser vivo e seus vários instintos: egoísmo, ganância, sobrevivência, indiferença, se importar apenas consigo mesmo, fazer apenas coisas benéficas para si mesmo, não ser influenciado ou limitado pela moral do grupo, interações do grupo ou percepções do grupo.
— Essa camada, de fato, as grandes existências como o Digno Celestial também possuem, mas já que os definimos como verdadeiras divindades, não precisamos incluí-los aqui.
— Criaturas Míticas Inatas como Amon, o Sábio Oculto e o Anjo Vermelho Médici também possuem humanidade, que é a primeira camada da humanidade. Se não tivessem sequer autoconsciência, como poderiam competir com a verdadeira divindade? Há muito tempo teriam se tornado confusos, enlouquecidos e extremistas, e seus corpos seriam focos do renascimento de grandes existências como o Digno Celestial, permitindo-lhes ser completamente ocupados.
— A vaga concepção de divindade que muitas pessoas têm é apenas esta primeira camada da humanidade: indiferente, egoísta, utilitária, com o objetivo principal de sua própria continuidade e fortalecimento. Quando as verdadeiras divindades residirem na Sequência 0 por tempo suficiente, desgastadas pela passagem do tempo, vendo as âncoras de suas fortes emoções e experiências importantes do passado desaparecerem gradualmente, sua humanidade também se degradará gradualmente a esta camada.
— Em certo sentido, essa também é a ‘divindade’ com a qual precisamos lidar. E seres de alto nível com apenas essa camada de humanidade provavelmente se tornarão passivos na luta contra a verdadeira divindade, até serem derrotados… esse é um resultado inevitável a longo prazo.
— Nesse sentido, Criaturas Míticas inatas como Amon e o Anjo Vermelho Médici, devido ao seu modo de nascimento, experiência de crescimento, fortes interações relacionais e aos requisitos de equipe e desejos de conquista trazidos por suas próprias características de Beyonder, podem ter alguns aspectos que vão além da primeira camada da humanidade, como o orgulho e o lado inflexível do Anjo Vermelho.
— Em contraste, o Sábio Oculto subitamente ganhou vida, e suas interações com outros seres se resumiam apenas a transmitir conhecimento e aceitar súplicas, de modo que Ele permaneceu, em grande parte, na primeira camada da humanidade. Ele não sentia que implorar por misericórdia fosse vergonhoso, nem sequer possuía o conceito de dignidade e orgulho, algo que os humanos ou grupos e sociedades semelhantes aos humanos possuem… Ele tinha apenas o instinto de sobrevivência e continuidade.
— Como frequentemente lutamos e enfrentamos Criaturas Míticas inatas e seres de alto nível que se degradaram à primeira camada da humanidade, vagamente percebemos isso como divindade.
A Carruagem Lumian e a Mágica Fors entenderam e concordaram com o que o Sr. Tolo tinha acabado de dizer.
O Sr. Tolo soltou outra risada, seu tom parecendo um pouco mais leve. — A segunda camada da humanidade é a humanidade amplamente reconhecida… o amor, a benevolência, a coragem, o sacrifício, a compaixão, a justiça e a preocupação com os outros que aprendemos em nossas breves vidas. É claro que também há aspectos negativos da humanidade nessa camada.
— Entendo, Sr. Tolo, — responderam a Madame Mágica e a Carruagem Lumian em uníssono.
O Sr. Tolo recostou-se na cadeira e voltou-se para o Carro Lumian. — Você ainda quer perguntar o que são sefirot e por que acabei de mencionar os dezesseis caminhos do divino?
— Sim, Sr. Tolo, por favor, esclareça-me. — Lumian intuitivamente sentiu que o que estava prestes a ser discutido era o propósito pelo qual o Sr. Tolo o havia convocado acima da névoa cinzenta.
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