Capítulo 1140 - Um Novo Equilíbrio

Após um breve momento de expressão congelada, a Demônia Primordial soltou uma risada sedutora. — Certo, certo! Vamos morrer juntos! Todos morrem, o universo inteiro morre!

Em meio às risadas desenfreadas, a velocidade de desintegração do corpo de Cheek acelerou rapidamente.

Lumian, ainda com seu sorriso irônico, não respondeu. Observou-a em silêncio, como se assistisse a uma lunática realizando seu último ato no palco da vida.

Enquanto os ecos de sua risada ressoavam, Cheek regrediu completamente em um aglomerado de características de Beyonder de tamanhos variados, circundando uma estátua de uma mulher aparentemente feita de ossos.

A estátua estava inteiramente nua, cada detalhe intrincadamente esculpido, exalando um encanto extraordinário. Seu rosto se transformava — às vezes desfocado e caótico, outras vezes excepcionalmente vívido —, mas sempre trazia o rosto de Cheek.

Um som nítido de estilhaçamento se seguiu, enquanto o mundo dos espelhos especial, em chamas com o Fogo da Destruição, desmoronou com um rugido ensurdecedor. No Mundo da Ruína, Franca e os outros mal tiveram tempo de reagir antes de sentir a terra tremer violentamente. Perto e longe, montanhas irrompiam do solo, expelindo fumaça densa e magma carmesim.

No céu, faixas brilhantes de meteoros brilhavam, atingindo várias partes dos continentes Norte e Sul. Seus impactos desencadearam explosões violentas e levantaram nuvens de poeira que obscureceram o luar.

Nas terras ígneas, tempestades de neve começaram a rugir. Ao longo das costas, furacões de força sem precedentes atingiram a costa um após o outro. Catástrofes de todos os tipos se abateram indiscriminadamente sobre todos os cantos desprotegidos do mundo, algumas brandas, outras devastadoras.

Um deus verdadeiro, em tudo, exceto no nome, havia caído. O trono divino da Demônia Primordial estava agora vago. 

Escondida dentro da camada protetora da Coroa da Glória, Franca exalou silenciosamente em alívio. De sua Bolsa do Viajante, ela retirou uma esfera de cristal transparente que representava várias cenas de calamidade.

Essa era a característica de Beyonder de uma Demônia da Catástrofe, reestruturada após ser destruída e filtrada pela névoa cinzenta pelo Sr. Tolo.

Franca rapidamente preparou uma poção, um líquido rodopiante que lembrava o céu antes de uma tempestade. Ela engoliu a poção sem hesitar.

Em outro lugar, a Madame Mágica e a Madame Justiça testemunharam a autodestruição da Demônia de Cinza e da Demônia de Amarelo, cada uma comentando silenciosamente sobre o quão difícil era matar demônias de alto escalão.

Se o Sr. Tolo não estivesse ocupado se fundindo com o Digno Celestial durante seu sono, e se Gehrman Sparrow não estivesse preocupado em manter a barreira astral contra os ataques aterrorizantes dos Grandes Antigos Dominadores, a Madame Mágica poderia ter garantido que pelo menos uma das Demônios da Catástrofe não escapasse.

Usando seus poderes de Caminhante Planar, ela podia recriar figuras históricas ou invocar projeções de eventos históricos. Com isso, ela poderia ter “produzido” um Gehrman Sparrow temporário na realidade. Através dessa conexão, o Sr. Tolo poderia ter descido e projetado uma força suficientemente poderosa.

Mas, infelizmente, o Sr. Tolo não pôde descer diretamente em seu estado atual. A figura recriada ou invocada teria apenas uma conexão estabelecida com o Castelo de Sefirah, carregando tênues marcas de sua posição e corrupção.

Era o suficiente para afetar Santos que não fossem Anjos de pleno direito de forma indomável. No entanto, uma Criatura Mítica completa poderia cortar a conexão deles, assim como eles poderiam processar informações relacionadas aos Grandes Antigos Dominadores.

Nesse contexto, se a Demônia de Cinza e a Demônia de Amarelo tivessem tentado escapar para o mundo dos espelhos, não teriam conseguido escapar da perseguição ou da prisão de um Caminhante Planar. No entanto, optaram pela autodestruição.

A Madame Mágica havia preparado uma resposta, pretendendo recriar a parada temporal do Anjo do Tempo, seguida pela manipulação de regras e conexões místicas por um Mentor do Engano. O objetivo era garantir que a autodestruição da Demônia do Cinza e da Demônia de Amarelo se estendesse a seus corpos verdadeiros, seus eus espelhados e seus espelhos adormecidos.

Este plano apresentava um certo risco de fracasso. No entanto, fortalecida por sua benção de boa sorte, a Madame Mágica estava confiante em seu sucesso. Infelizmente, antes que ela pudesse agir, a Demônia Primordial já havia caído. Os desastres subsequentes aceleraram a autodestruição das duas Demônias.

Percebendo a decepção da Madame Mágica, a Madame Justiça inclinou a cabeça com um sorriso.

— Plantei secretamente sementes de peste espiritual nelas. Dadas as psiques distorcidas típicas das demônias, elas, sem dúvida, sofrerão problemas mais tarde, talvez até levando à sua morte.

Audrey usou o termo “talvez”, pois não tinha certeza se a Seita das Demônias possuía um Artefato Selado capaz de curar ou suprimir tais “doenças”.

Em outra frente, Suah e Tirié buscaram com sucesso a ajuda do Deus Acorrentado e escaparam do emaranhado da Madame Eremita, do Anjo do Espírito Santo e do Anjo do Tempo antes da chegada da Madame Mágica e da Madame Justiça. Eles recuaram, derrotados.

No mundo dos espelhos especial em colapso, Lumian, com o rosto ainda exibindo um sorriso irônico, olhou para a estátua feminina e os dois orbes escuros contendo as características de Beyonder absorvidas. No entanto, não permitiu que se fundissem com o rosto de Cheek em seu ombro. Em vez disso, usou todas as suas forças para resistir à atração inevitável da Lei da Convergência das Características de Beyonder.

Ele resistiu até que o Fogo da Destruição começou a consumir sua cabeça original, derretendo os rostos de Cheek e Tudor ao lado do vórtice caótico. Só então os dois bonecos de aço restantes entraram em ação. O rosto compartilhado por Aurore e Jenna não estava amaldiçoado como o de Cheek e só foi afetado pela influência ardente de Lumian mais tarde. Seu derretimento foi menos severo.

O boneco de aço usando luvas escuras estendeu ambas as mãos, extraindo a autoconsciência e as impressões espirituais de Cheek das duas características da Demônia do Apocalipse.

Essa extração, limitada pela patente da marionete, era temporária e incapaz de possuir permanentemente as entidades. Se recipientes adequados não fossem encontrados, a consciência e a impressão extraídas logo retornariam às suas características originais.

Naquele momento, o outro boneco de aço, envolto em um manto ilusório, estendeu sua mão direita e completou o Enxerto.

Ela transferiu a autoconsciência extraída e a impressão espiritual para a estátua feminina — a Singularidade do caminho da Demônia. Como a ressonância mais forte para a autoconsciência e as marcas espirituais de Cheek, a estátua as aceitou prontamente. Mesmo que não o tivesse feito, a Enganação ou o Enxerto aguardavam para garantir a obediência.

Feito isso, os bonecos de aço sucumbiram ao colapso do mundo dos espelhos, e Lumian cessou sua resistência. Ele permitiu que a Singularidade se fundisse com o rosto derretido de Cheek. Suportando uma dor imensa, Lumian sorriu e mergulhou 0-01 no rosto derretido do Tudor, cravando-o completamente.

Então, ele engoliu as duas coroas encharcadas de sangue.

As características de Beyonder agora purificadas da Demônia do Apocalipse foram guiadas para os rostos manchados de sangue de Aurore e Jenna. Por fim, as três características de Beyonder da Sequência 1 e a Singularidade do caminho da Demônia se reuniram dentro de Lumian, tornando-se um todo.

A agregação deles se intensificou, e a cabeça de Lumian, junto com o Fogo da Destruição da maldição, pareceu colapsar em uma singularidade. Suportando uma dor imensa, Lumian sorriu e mergulhou 0-01 no rosto derretido do Tudor, cravando-o completamente.

Então, ele engoliu as duas coroas encharcadas de sangue. As três características de Beyonder de Sequência 1 e a Singularidade do caminho do Sacerdote Vermelho também foram reunidas.

Booom!

Trovões ribombaram enquanto relâmpagos brancos e prateados atingiam várias partes do Mundo da Ruína.

O Enforcado Alger e a Justiça Audrey olharam instintivamente para o céu. Viram as projeções da lua carmesim e das estrelas acesas por uma chama invisível e incolor, trazendo luz ao mundo. Por um breve momento, foi como se eles tivessem retornado à Quarta Época de Trier, antes que o selo fosse quebrado, quando o céu era composto de chamas.

As catástrofes se intensificaram. Audrey notou os enormes carvalhos ao longe curvando seus galhos. Viu a Mágica Fors e a Lua Emlyn alternando entre formas masculinas e femininas, ora andróginas, ora normais.

Tosse e febre afligiam esses semideuses, inexplicavelmente espalhando uma doença estranha, forçando-os a abaixar a cabeça. Uma onda de impulso surgiu em seus corações: rastrear e confrontar as demônias mais uma vez.

Em meio a esse caos, os gritos dos monstros enchiam a floresta de carvalhos enquanto eles se voltavam uns contra os outros. Simultaneamente, à medida que Franca avançava para se tornar uma Demônia da Catástrofe, ela sentiu fragmentos de seus espelhos quebrados formando novos domínios atrás dos espelhos.

O mundo dos espelhos renasceu!

No Mundo da Ruína, manchas de cinza e caos foram consumidas pelas chamas, não deixando nada para trás.

No mundo dos espelhos especial destruído e então renascido, as três cabeças de Lumian se ergueram lentamente enquanto seu corpo se reconstituía. Seu lado direito era feminino, vestido com um vestido branco esquelético, enquanto o esquerdo era masculino, envolto em um manto vermelho-sangue.

A cabeça da direita exibia os rostos purificados de Aurore e Jenna — limpos, cheios de espiritualidade, embora seus olhos permanecessem fechados, incapazes de falar ou transmitir consciência.

A cabeça da esquerda exibia o rosto de Cheek, agora menos maternal e mais sedutor, com um sorriso cativante e lábios ligeiramente entreabertos. O rosto de Tudor parecia mais nítido, com a marca da bandeira vermelho-sangue em sua testa ligeiramente saliente. A face do vórtice caótico continuava a absorver o Fogo da Destruição, girando levemente.

A própria cabeça de Lumian ficou mais bonita, seu cabelo longo ficou da cor de sangue, suas feições exalavam uma masculinidade marcante. Abaixo da axila e das costelas esquerdas, braços adicionais brotavam, segurando uma bandeira queimada e manchada de sangue. À direita, braços idênticos estendiam-se, pálidos como jade branco, mas de mãos vazias.

Um novo Sacerdote Vermelho e Demônia do Caos havia nascido!

Como um deus, algumas Singularidades se manifestavam como partes do corpo ou pertences de alguém; outras permaneciam ocultas. No momento seguinte, Lumian levantou suas três cabeças, olhando para a lua carmesim retornando à região.

— Você ainda está no estágio crítico da fusão, — zombou ele. — Essa pequena interferência… o que ela pode conseguir? Nada antes, nada agora! — Sorrindo ousadamente, Lumian ergueu seus quatro novos braços.

Chamas invisíveis e incolores e um vórtice caótico de possibilidades infinitas surgiram em direção à projeção da lua carmesim.