Capítulo 1158 - O que foi voltará a ser

Assim que Klein completou essas duas ações, a lua cheia vermelho-sangue ascendeu ao céu. Imediatamente depois, o líquido carmesim que envolvia a lua subiu, coalescendo em uma figura colossal em um instante.

Esta figura emitia uma sucção incrivelmente aterrorizante, atraindo uma névoa branco-acinzentada das alturas infinitas e revelando a lua carmesim e a estranha terra amarronzada. Parecia que esses elementos desejavam retornar ao abraço de sua “mãe”, mas eram impedidos pela névoa cinzenta.

Da mesma forma, a característica de Beyonder da Deusa da Beleza dentro da zona protegida se libertou de seu selo e se aproximou da borda da névoa branco-acinzentada.

Lei da Convergência das Características de Beyonder!

Embora a Deusa Mãe da Depravação tenha sido consideravelmente enfraquecida após acomodar a Colmeia, ela ainda podia utilizar a Lei da Convergência das Características de Beyonder para recuperar diretamente a Singularidade do caminho da Mãe, a Singularidade do caminho da Lua e as características de Beyonder correspondentes da Sequência 1, desde que não houvesse oposição no mesmo nível.

Aproveitando o foco da Deusa Mãe da Depravação em recuperar suas posses, o Lorde dos Mistérios Klein levantou o selo sobre todo o Continente Ocidental, fazendo com que a névoa branco-acinzentada desaparecesse abruptamente.

Agora, apenas cinco observadores de sefirot — o Mestre Celestial, o Monge Sagrado e três outros — permaneciam no Continente Ocidental. Eles não temiam a dispersão natural do poder da Deusa Mãe da Depravação ou o simbolismo que a acompanhava.

Quando Klein removeu o selo do Continente Ocidental, as oito “estrelas” diante dele tornaram-se excepcionalmente enormes, cada uma ansiosa para quebrar a barreira ilusória da névoa histórica e tomar posse da sefirah e da Singularidade que almejavam.

Essa visão despertou uma sensação de desespero e medo tanto no Deus do Vapor e da Maquinaria, Stiano, quanto no Deus do Conhecimento e da Sabedoria, Herabergen. Eles podiam sentir tangivelmente a aura opressiva que emanava dos Grandes Antigos Dominadores.

Naquele momento, a voz de Klein ecoou em suas mentes: — Ainda há uma chance.

Os deuses se voltaram instintivamente para Klein e viram o Lorde dos Mistérios, vestido com uma capa preta, luvas de couro escuro e segurando uma bengala incrustada de estrelas, cercado por uma névoa branco-acinzentada.

Carregando o peso da história, ele atravessou a barreira ilusória para confrontar os oito Grandes Antigos Dominadores, seres tão vastos quanto estrelas. 

O Deus do Conhecimento e da Sabedoria, Herabergen, entendeu que o “ainda há uma chance” de Klein era dirigido a Eles e aos Arcanjos.

Depois que Klein despertou completamente e se tornou o verdadeiro Lorde dos Mistérios, os Beyonders abaixo da Sequência 1 e os humanos comuns não estavam mais em perigo. Se a situação se tornasse verdadeiramente insustentável, Klein poderia abandonar as sefirot, as Singularidades e as características de Beyonder de Sequência 1 e liderar toda a população de raças normais do planeta para um ponto remoto e habitável do universo. Na ausência de conflitos de interesse ou desejos instintivos, nenhum Grande Antigo Dominador se oporia voluntariamente ao Lorde dos Mistérios.

Mas para deuses como Herabergen e Arcanjos fora do caminho do Mistério, a fuga era impossível!

Mesmo que rebaixassem seu status — permitindo que os avatares fugissem —, seus avatares provavelmente seriam corrompidos quando seus corpos principais fossem devorados pelos Grandes Antigos Dominadores. Não haveria meios de preservação.

Essa provavelmente era a última chance deles!

Percebendo que o Lorde dos Mistérios não poderia conter as oito Divindades Exteriores por muito tempo, Herabergen voltou seu olhar para o mundo real, em direção às zonas protegidas. Um líquido de puro caos, abrangendo todas as cores e possibilidades, vazou, formando uma cruz enorme.

Nesta cruz estava pendurada uma figura, formada inteiramente de luz radiante, com uma cabeça que mantinha uma forma humana adornada com uma barba espessa, dourada e pálida. Uma longa sombra com cinco cabeças seguia atrás dele, enquanto um sol dourado pairava silenciosamente atrás de sua cabeça.

A figura abriu os olhos, revelando um par de íris douradas e límpidas, como as de uma criança. Ele acenou com a cabeça em direção ao Deus do Conhecimento e da Sabedoria, Herabergen, e Senhor das Tempestades, Leodero, no mundo astral. 

— Venham, meus Reis dos Anjos.

Em meio à voz reverberante e complexa, Herabergen e Leodero ficaram momentaneamente atordoados. Era como se tivessem retornado ao passado, seguindo a luz e a esperança. O Deus do Conhecimento e da Sabedoria, Herabergen, voou para fora do mundo astral, revelando sua verdadeira forma.

Era um dragão de bronze do tamanho de uma cidade, capaz de se expandir ainda mais. O corpo do dragão parecia uma torre macia e dobrável de livros grossos e ilusórios, cada um com um olho de latão. Quanto mais se aproximava da cabeça do dragão, mais escuras e ameaçadoras se tornavam as camadas de livros e os olhos. Na testa do dragão, um olho vertical de latão quase preto se abriu, fitando a cruz e a figura sobre ela.

O dragão de bronze de repente se inflamou, envolto em chamas incolores e sem forma e em um fogo negro, silencioso e sobrenatural. Arrastando seu corpo alongado e cauda flamejante, o dragão avançou em direção à figura no chão.

Naquele momento, o Deus do Conhecimento e da Sabedoria, Herabergen, escolheu a autodestruição, fundindo-se com Grisha Adam.

Isso não era algo totalmente bom — teve consequências terríveis. Grisha Adam ainda lutava contra a vontade do Deus Primordial Todo-Poderoso e estava em desvantagem, sem chance de se tornar o Onipotente e Onisciente.

A curto prazo, a consciência residual de Herabergen ajudaria Grisha Adam a resistir ao Deus Primordial Todo-Poderoso, formando um novo e frágil equilíbrio. Isso permitiria a Grisha Adam controlar melhor o corpo e fornecer proteção mais forte para as zonas protegidas após os Grandes Antigos Dominadores destruírem a barreira, garantindo que ela permanecesse intocada pelo poder e pela corrupção das Divindades Exteriores até que o Lorde dos Mistérios Klein aproveitasse a oportunidade para transferir todos durante o caos.

No longo prazo, no entanto, integrar a Singularidade do caminho da Torre Branca neste momento aumentaria a vontade e o espírito do Deus Primordial Todo-Poderoso, acelerando sua recuperação, colocando Grisha Adam em desvantagem significativa em sua luta.

Dentro da zona protegida, Herabergen, vestido com uma túnica branca simples com fios de latão, olhou para o céu e suspirou profundamente. No mundo astral, o Senhor das Tempestades, Leodero, apareceu em forma humana: um homem severo de meia-idade, vestido com uma armadura negra e empunhando um tridente.

Ele olhou para o Continente Ocidental, iluminado pelo luar escarlate, com sua entrada selada, e bufou para a Deusa da Noite Eterna, Amanises, e o Deus do Vapor e da Maquinaria, Stiano.

— A tempestade não se destruirá! Nem vai se render!

Estalos irromperam quando o Rei dos Céus, Imperador dos Mares, Senhor da Calamidade e Deus das Tempestades se transformou em camadas de relâmpagos globulares entrelaçados. Ele desceu do mundo astral em velocidade próxima à da luz, direto em direção à lua carmesim e à figura colossal. A tempestade iluminou os céus, iluminando o mundo inteiro.

…

Dentro do espaço da consciência…

Booom!

Lumian e o dragão malévolo ouviram aquela batida de coração peculiar.

Com o primeiro severamente danificado, os rostos esmaecidos de Cheek e Tudor voltaram a ficar claros, e seu rosto central, um vórtice caótico, começou a girar mais rápido. Enquanto isso, as duas cabeças laterais do dragão instintivamente tentaram se fundir, mas foram bloqueadas pela boca de Lumian e seu próprio rosto caótico.

“Agora!”

Aproveitando o momento, Lumian, em sua forma colossal, engoliu à força o corpo negro como ferro do dragão.

Sob essa influência, a bela cabeça que tentava se fundir com sua outra metade parou de resistir e se fundiu com os rostos de Aurore e Jenna. Isso trouxe de volta as marcas dos eus passados ​​de Aurore e Jenna deixadas no espelho, que rapidamente reparou os correspondentes fragmentos de suas almas.

Lumian acomodou completamente o dragão malévolo.

Imediatamente, ele sentiu uma torrente de loucura, ferocidade e intenção destrutiva devastando-o. Estes foram parcialmente absorvidos pela face do vórtice caótico, parcialmente atraídos pela consciência persistente dos integradores do Dao da Cidade da Calamidade e parcialmente suprimidos pelas vontades combinadas de Lumian, Aurore e Jenna.

Em ambos os lados do corpo de Lumian, protuberâncias começaram a se formar e se contorcer rapidamente, cada uma se desenvolvendo em um novo corpo. Esses novos corpos estavam conectados à sua carne original, firmemente aderidos, e parcialmente fundidos.

À direita, havia uma figura puramente feminina, vestida com um manto branco sagrado, com mãos leitosas e etéreas. Sua cabeça exibia Aurore na frente e Jenna atrás, capaz de girar livremente em qualquer direção, sem a restrição do pescoço.

À esquerda, havia um corpo meio masculino, meio feminino, com uma cabeça composta pela face de Cheek, a face do Vórtice Caótico e a face de Alista Tudor. Ele empunhava uma bandeira carbonizada nas mãos.

No centro estava o próprio Lumian, adornado com longos cabelos vermelho-sangue e olhos negros como ferro. Um desenho proeminente de um verdadeiro dragão do Continente Ocidental estava gravado entre suas sobrancelhas. Suprimindo a loucura e a vontade do dragão malévolo, Lumian virou a cabeça para a direita.

Os cílios de Aurore e Jenna tremeram levemente antes que seus olhos se abrissem em uníssono, revelando sorrisos.

Lumian expirou de repente, uma mistura de alívio, emoção e arrependimento em sua mente enquanto se comunicava telepaticamente: — É realmente possível ressuscitar… desta maneira… Infelizmente, não durará mais do que alguns minutos.

Lumian queria dizer que o equilíbrio dentro de seu corpo não duraria mais do que alguns minutos. Esse equilíbrio se baseava no estado enfraquecido da consciência e da vontade do dragão malévolo. Uma vez que o dragão malévolo se recuperasse, o equilíbrio inevitavelmente entraria em colapso.

Os dois tipos de Singularidade em seu corpo atual estavam intimamente ligados ao Criador Original espelhado, contrabalançados pela face de vórtice caótico correspondente ao Deus Primordial Todo-Poderoso. Essa tríade de forças mantinha um equilíbrio delicado.

Embora os corpos de Lumian, Aurore e Jenna tivessem alcançado níveis de status correspondentes, e suas vontades tivessem sido suficientemente fortalecidas, eles eram apoiados apenas por duas características Beyonder de Sequência 1 cada.

Nessa situação, caso a consciência do dragão malévolo desperte, Lumian, Aurore e Jenna teria poucos meios para resistir, a menos que o Deus Primordial Todo-Poderoso buscasse ativamente a ressurreição dentro da face do vórtice caótico, formando uma estrutura maior e mais estável.

Mas, infelizmente, tal sorte não aconteceria.

Essa foi a consequência de ter sido forçado a chegar até esse ponto. Com o cabelo preto, os olhos restaurados para um castanho profundo e sua aparência e charme, elevada a Acima das Sequências, Aurore ouviu os sentimentos de Lumian. Sua expressão permaneceu calma, e ela sorriu gentilmente, com a voz suave.

— Quando morri na Vila Cordu, me senti injustiçada, com raiva e ressentida. Mas quando você se tornou uma Demônia da Imortalidade e eu comecei a sentir tudo ao meu redor, a perceber o que estava acontecendo, gradualmente me conformei com isso. A morte nem sempre é algo ruim.

— Quando aprendi sobre o Dragão Malévolo e sua história, e quando vi as ações daquelas almas agora, encontrei uma paz ainda maior. Nossos antepassados ​​podiam se sacrificar; eu também posso. A morte pode ser leve como uma pena ou pesada como uma montanha. Estou disposta a aceitar o destino que me aguarda e a agir de acordo.

A cabeça girou, e o rosto cada vez mais radiante de Jenna se voltou para Lumian. Com um sorriso, ela disse: — Quando matei Hugues Artois, pensei: ‘Mesmo que eu morra, devo vingar minha mãe e aquelas vítimas. Aquele desgraçado não deve continuar rindo.’

— Quando me tornei uma Demônia da Imortalidade, pensei: ‘Mesmo que eu morra, devo salvá-lo. Você ainda têm desejos não realizados.’ Agora, isso me traz à mente algo que Franca certa vez brincou: ‘Você prefere ser um covarde por toda a vida ou um herói por cinco minutos?’

— Morrer com você e Aurore para salvar todo mundo. Acho que essa é a coisa mais romântica do mundo.

Enquanto Lumian ouvia, seu coração se acalmou gradualmente, suas tendências autodestrutivas se dissiparam. Ele ergueu a cabeça para contemplar o trono manchado de sangue no alto dos degraus, seu sorriso radiante como ele disse: — Então vamos completar a etapa final da acomodação.

…

No mundo real.

A massa de relâmpagos emaranhados aproximou-se da lua vermelho-sangue e da figura colossal em velocidade próxima à da luz. Ela rasgou o vazio, mas rapidamente congelou ao lado da lua cheia carmesim. Cada fio de sua luz estava manchada de escarlate, ganhando nova vida à medida que se separavam e se dispersavam.

A massa aterrorizante de raios se desintegrou rapidamente.

Seus dois remanescentes mais brilhantes foram guiados por Klein através do Enxerto em direção à cruz acima de uma zona protegida. No momento seguinte, a explosão e a onda de choque do relâmpago se desenrolaram, irrompendo com um rugido ensurdecedor. A luz natural da lua carmesim se estilhaçou e se dissipou, revelando uma brecha.

No mundo astral, a Deusa da Noite Eterna, Amanises, segurando um ornamento dourado em forma de pássaro em suas mãos, deu um passo à frente, deixando um único comentário para o Deus do Vapor e da Maquinaria, Stiano: — É a nossa vez de arriscar nossas vidas.

O Deus do Vapor e da Maquinaria, Stiano, estava prestes a segui-la quando de repente sentiu algo e voltou seu olhar para as alturas do mundo real. Um meteoro vermelho escuro apareceu inexplicavelmente, arrastando uma longa cauda de chamas enquanto mergulhava em direção à lua vermelho-sangue e à figura colossal.

O céu e o mundo inteiro foram engolfados em fogo carmesim.

No ano de 1360, quando julho chegava aos seus últimos dias, uma chuva carmesim caiu dos céus.