Capítulo 1179 - Sonhos
— Quando precisar avançar para a Sequência 3, pode vir até mim. — Franca parou na esquina, tirou o Rosto do Arcano de sua Bolsa do Viajante e o mostrou brevemente. Melissa sorriu e assentiu, acenando para sua entusiasmada irmã mais velha antes de seguir em direção ao instituto de pesquisa da Igreja do Deus do Vapor e da Maquinaria.
Depois de conversar tranquilamente por mais de uma hora na cafeteria, Franca a acompanhou até aqui.
Somente quando a figura de Melissa desapareceu na entrada do prédio, Franca se virou, caminhando tranquilamente sob as sombras das árvores Intis, misturando-se às ruas movimentadas. Ao longo do caminho, ela viu os cidadãos de Trier que, como sempre, adoravam se destacar. Ela também avistou taoístas e monges vindos do Continente Norte, e muitos jovens do Continente Ocidental em intercâmbios de estudos. Alguns mantiveram seus estilos de vestimenta originais, enquanto outros se adaptaram aos costumes locais.
Franca também notou muitas catedrais recém-construídas, pertencentes respectivamente à Igreja do Tolo, à Igreja da Escuridão Eterna e à Igreja do Governante da Calamidade, as três principais religiões do mundo atualmente.
A Igreja da Escuridão Eterna evoluiu da fusão da Igreja da Deusa da Noite Eterna com as Igrejas do Deus do Combate e da Morte. A Igreja do Governante da Calamidade originou-se da Igreja da Doença e da Seita das Demônias.
Entre as igrejas ortodoxas restantes, apenas a Igreja do Deus do Vapor e da Maquinaria manteve sua antiga influência. As Igrejas do Eterno Sol Ardente, Senhor das Tempestades, Mãe Terra e Deus do Conhecimento e da Sabedoria ainda existiam, mas haviam se tornado escolhas secundárias com influência limitada.
Muitos cidadãos de Trier até seguiram tendências, envolvendo-se em práticas taoístas ou meditação zen. Enquanto seus pensamentos vagavam, Franca lançou seu olhar na direção distante da catedral do Eterno Sol Ardente. Mesmo do outro lado de uma praça considerável, os vitrais da catedral projetavam vividamente a cena interior aos olhos de Franca.
No altar havia uma cruz incrustada de ouro e, diante dela, uma figura ajoelhada em silêncio, rezando. A figura tinha longos cabelos prateados e vestia um simples manto de linho. Era ninguém menos que o Anjo do Destino Ouroboros.
Ele havia retornado do Continente Ocidental, fundindo a Ordem Aurora com a Igreja do Eterno Sol Ardente, transformando a Ordem Aurora na sombra sob os raios do sol, lidando com tarefas inconvenientes para o clero e executando atos de punição.
Franca suspirou com sentimentos confusos e desviou o olhar. Naturalmente, ela pensou em outro Rei dos Anjos no domínio do destino: Will Auceptin, que também havia retornado a Backlund.
— Mesmo que Ele possa alcançar a grandeza no futuro, Ele ainda precisa ouvir a mamãe agora, estudar muito e melhorar a cada dia… — murmurou Franca, fazendo um desvio proposital para o Quartier de l’Observatoire. Na entrada de um apartamento, ela viu o irmão de Jenna, Julien, e a Sra. Bella, ex-membro da Ordem Ascética de Moisés. Julien parecia confiante e ambicioso, enquanto Bella parecia calma, livre de preocupações do passado.
Eles se casaram e escolheram se estabelecer em Suhit. Desta vez, retornaram a Trier especificamente para o casamento, com Jenna presente para parabenizá-los. Depois de garantir que Julien e Bella embarcassem em uma carruagem para a estação de locomotivas a vapor, Franca deu um suspiro de alívio e continuou sua caminhada sem rumo, às vezes pelas ruas e às vezes dentro dos espelhos.
Depois de algum tempo, ela retornou ao distrito comercial, onde viu a Rue Anarchie e o Auberge du Coq Doré. Sorrindo, Franca entrou e habilmente se dirigiu ao bar do porão, pedindo um copo de absinto com um tom verde sonhador.
Usando seu boné, ela tomou um gole e balançou a cabeça em desgosto.
“Essa bebida nunca teve um gosto bom!”
— O proprietário do Auberge du Coq Doré mudou de novo? — ela perguntou casualmente ao dono do bar, Pavard Neeson.
Sem olhar para cima, Pavard, de rabo de cavalo, respondeu: — É, ouvi dizer que um magnata comprou todas as propriedades da rua. Mas ele prometeu não mudar o Auberge du Coq Doré, talvez apenas reformá-lo.
— Qual é o nome dele? — Franca perguntou curiosamente, sem fazer nenhuma adivinhação.
Pavard Neeson pensou por um momento. — O nome dele é… Danitz, eu acho.
“Danitz? O oráculo do Sr. Tolo? Já é um Sequência 4: Cavaleiro de Sangue e Ferro e ainda está interessado em comprar propriedades? E por acaso ele comprou um prédio que antes era ocupado pela existência mais elevada do caminho do Sacerdote Vermelho… Não é este mais um exemplo da Lei da Convergência das Características de Beyonders?” A intuição espiritual de Franca rapidamente confirmou isso, e ela achou isso um tanto divertido.
De repente, uma comoção soou atrás dela.
Virando-se levemente, ela viu um jovem de camisa branca e colete preto aberto, segurando uma cerveja e pulando em uma pequena mesa redonda, dirigindo-se alegremente à multidão: — Senhoras e senhores, estou de volta! Embora eu tenha permanecido em Suhit, conseguido outra promoção e aumento, e me tornado um verdadeiro homem civilizado de classe média, meu retorno a Trier só aumentou minha classificação em um, mas ainda assim… estou de volta!
— Você não quer saber por quê? Porque esta é a Trier que nós odiamos e amamos!
— Saúde!
…
À tarde, Franca retornou à vila onde morava.
Era hora do Conselho Divino mensal do Clube de Tarô. Logo, sua figura apareceu acima da névoa cinzenta, sentada ao lado de Madame Temperança, Sharron.
Ela tinha a carta da Imperatriz.
Madame Justiça, Sr. Enforcado, Madame Mágica, Sr. Sol, Madame Julgamento, Sr. Estrela, Madame Eremita e Sr. Lua estavam todos presentes. O Lorde dos Mistérios Klein estava sentado na cabeceira, envolto em névoa cinza, com tentáculos viscosos piscando brevemente na névoa atrás dele.
Madame Justiça se levantou primeiro e fez uma reverência educada.
— Boa tarde, Sr. Tolo~
Os membros formais do Clube de Tarô ainda se sentiam mais à vontade se dirigindo a ele dessa maneira. Após as saudações, a Mágica Fors sentou-se e olhou desajeitadamente para o final da longa mesa de bronze.
— Sr. Tolo, não há muito o que relatar este mês: estivemos principalmente em viagens interestelares.
Lorde dos Mistérios Klein recostou-se na cadeira, riu baixinho e disse calmamente: — Então me conte sobre suas viagens.
Ele acrescentou: — Em detalhes.
A Madame Mágica Fors disse cuidadosamente: — Desta vez, fomos ao Planeta Lorbath, onde até encontramos o Deus do Vapor e da Maquinaria. Ele estava bastante interessado no conhecimento e na tecnologia locais…
Vendo o Sr. Tolo ouvindo atentamente, a Mágica Fors relaxou e falou com mais detalhes.
Com detalhes adicionais do Sr. Enforcado Alger, da Imperatriz Franca e outros, o relato vívido da viagem fez com que a Justiça Audrey e a Estrela Leonard, que a perderam, sentissem como se tivessem estado lá — e se arrependessem ainda mais.
Klein ouviu em silêncio com um leve sorriso, sem nunca interromper.
…
Depois que a Reunião de Tarô terminou e ela voltou à realidade, Franca caminhou em direção ao espelho de corpo inteiro no quarto principal. Relaxada, ela atravessou o espelho, mergulhando em uma estranha sensação de descida rápida, chegando a um planeta desolado e sem vida.
Uma névoa fina surgiu diante dela.
Ela entrou.
O que seus olhos viram foi uma cidade antiga. Havia arranha-céus, carros em alta velocidade, aviões atravessando nuvens e pedestres segurando celulares. De repente, dois faróis ofuscantes brilharam em sua direção, quase a cegando.
Um carro de transporte compartilhado parou na frente dela.
Franca abriu a porta e sentou-se no banco de trás, reclamando com o motorista que usava um monóculo no olho direito: — Você não pode desligar o farol alto?
O motorista apontou para o enfeite de sol dourado no painel e sorriu. — Desde que roubei, não consigo desligá-los.
Franca não disse mais nada, admirando as ruas da cidade do passado enquanto viajava de carro. Havia muitos prédios de Trier. Por fim, sua intuição espiritual atraiu seu olhar para a tela dentro do carro. Uma mulher bonita, porém de aparência pura, anunciou animadamente na tela: — Cidadãos, eu sou a Prefeita Cheek. Meu próximo plano é eliminar semáforos e faixas de pedestres…
Antes que ela terminasse, a tela ficou distorcida com estática forte.
Quando a imagem voltou, a prefeita Cheek disse solenemente: — Ah, isso foi uma brincadeira. Agora, vamos ao assunto principal.
Franca estalou a língua e voltou-se para a janela.
Do lado de fora, havia uma catedral no estilo de Trier, movimentada e cheia de pessoas.
Através da janela e do espelho, Franca viu um homem no altar — cabelo vermelho-sangue, túnica preta manchada de sangue, bonito e másculo, mas não astuto — era Alista Tudor.
Ele era o padre desta catedral. O veículo continuou em frente e logo chegou a uma grande praça. No meio da praça, erguia-se uma estátua peculiar. Parecia um vórtice, mas sua cor era indescritível, como se abrangesse todas as possibilidades.
O veículo continuou dirigindo até chegar aos limites da cidade. Lá, surgiu uma vila com pastos verdejantes e um riacho de fluxo suave. Franca saiu do carro e acenou casualmente para uma garota que pastoreava gansos perto do rio e para o rapaz ao lado dela, servindo como uma saudação.
Como se estivesse voltando para casa, ela seguiu naturalmente a estrada rural até a aldeia. Ao longe, avistou um imponente pilar de terra com várias dezenas de metros de altura. No topo, sentava-se uma figura com três cabeças e seis braços, suportando silenciosamente o vento e a chuva, aquecendo-se ao sol e às tempestades.
Franca foi direto para o Antigo Bar e, sem surpresa, encontrou Lumian sentado no balcão, de camisa branca e colete preto. Uma taça de La Fée Verte estava ao lado de sua mão, enquanto Jenna, com um vestido leve e esvoaçante, cantava apaixonadamente canções animadas para os fazendeiros e suas esposas no meio da taverna.
Um sorriso se espalhou pelo rosto de Franca enquanto observava Jenna se apresentar. Ela caminhou até o bar e sentou-se ao lado de Lumian.
— Uma taça de Kirsch. — Ela estalou os dedos para o barman, depois se virou para Lumian e perguntou: — Onde está Aurore?
Lumian, com seu cabelo ruivo-sangue, riu e disse: — Em casa, escrevendo notas de viagem.
Franca soltou um “oh” e disse alegremente para Lumian: — Estou planejando ficar no Continente Ocidental por um tempo em breve. A Aurore já concordou em vir. Quer se juntar a nós?
— Claro, — Lumian se virou levemente, sorrindo enquanto gesticulava em direção ao centro da taverna. — Você pode perguntar à Jenna se ela quer ir.
Franca seguiu seu olhar bem a tempo de ver Jenna terminando os últimos versos de sua canção. Com um sorriso radiante, Jenna estendeu a mão convidativa para Franca e Lumian.
Seu canto alegre ecoou por toda a taverna.
— Enquanto Trier durar, a alegria e a alegria nunca vacilarão!
(O fim)
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