Capítulo 537 - Charme
Combo 49/50
A reação inicial de Franca e Jenna foi ficar longe do recém-chegado. Neste labirinto subterrâneo cheio de cadáveres, elas não podiam se dar ao luxo de serem complacentes com os vivos.
No entanto, suas circunstâncias não permitiam evasão. Elas tinham que empunhar uma vela branca brilhante, uma defesa fraca contra a escuridão invasora das catacumbas. A chama da vela, no entanto, as tornava visíveis, um farol visível nas sombras. A verdadeira ocultação exigia que encontrassem consolo atrás das portas seladas de uma tumba antiga.
A opção de se tornarem invisíveis ou se esconderem nas sombras era arriscada: elas não tinham certeza se isso significava apagar a chama da vela.
Após uma troca silenciosa de olhares, Franca e Jenna escolheram tomar um caminho tortuoso, mantendo uma distância segura da luz distante das velas.
No silêncio opressivo que parecia fazer com que o próprio tempo tivesse parado, as duas Demônias avançaram cautelosamente para o oeste, guiadas pelas placas de trânsito e pelas linhas pretas no teto da caverna.
Ao se aproximarem de um ponto paralelo à chama da vela, Franca virou a cabeça para espiar o corredor entre os túmulos antigos.
Graças à sua visão noturna excepcional, ela identificou a pessoa segurando a vela acesa.
Um homem com uma túnica preta — tons de preto profundo e claro misturados em seu cabelo, um perfil gentil, pele branca-pálida e olhos castanhos escuros, distintos dos intisianos.
“Feynapotteriano? Impressionantemente similar, mas sutilmente diferente. Por que sinto familiaridade? Quando foi que eu já encontrei essa pessoa antes? Ela deixou uma impressão nos recessos da memória do dono original do meu corpo?” Franca sentiu uma vontade inexplicável de se aproximar e iniciar uma conversa.
Ela respirou fundo e reprimiu o ar.
Na escuridão silenciosa das catacumbas, abordar estranhos de forma imprudente poderia facilmente desencadear conflitos desnecessários.
Franca havia dedicado um tempo considerável para investigar as circunstâncias que cercavam a morte do corpo original e as experiências de vida da pessoa. Ela procurou garantir que não houvesse problemas persistentes sobre os quais ela precisasse ser cautelosa com conhecidos do passado.
O homem de túnica preta, tendo observado as duas Demônias e notado sua falta de intenção de se aproximar, continuou seu caminho, eventualmente desaparecendo atrás de uma tumba antiga.
— Ele não parece um estudante universitário. — Jenna desviou o olhar e eliminou uma opção.
“Se o indivíduo não se aventurou no quarto nível das catacumbas apenas movido pela curiosidade e excitação, isso sugere um motivo claro. Ele está em uma busca encomendada por antiguidades, prestando homenagem a um ancestral enterrado neste nível, ou um Beyonder mergulhando no misticismo e na composição do selo das catacumbas? Talvez, como Jenna e eu, ele persiga as revelações dos três pilares da noite.” A mente de Franca correu por várias possibilidades.
No quarto nível das catacumbas, mais dois pilares da noite aguardavam: o Pilar da Noite de Marianne e o Pilar da Noite de Lius.
O primeiro, a papa da Igreja da Deusa da Noite Eterna na Quarta Época, e o último, o Abençoado da antiga Morte. Ambos encontraram sua morte durante a Guerra dos Quatro Imperadores dentro da Trier da Quarta Época.
Tendo compartilhado sua análise com Jenna, Franca gesticulou com sua mão direita, a que não tinha vela, e a tranquilizou: — Não se preocupe com os motivos dele. Isso não afetará nossa busca pela sombra de Krismona.
“Eu também não queria me incomodar. Você era quem estava considerando todas as possibilidades… Eu senti esse impulso em seu coração. Você realmente queria investigar essa pessoa agora?” Jenna, sintonizada com as nuances de Franca, captou os pensamentos de sua companheira, mas escolheu rir, guardando a revelação para si mesma.
Às vezes, Franca podia ser bem orgulhosa!
Depois de caminhar pela trilha por quase quinze minutos, elas chegaram a uma caverna natural chamada Caverna do Cogumelo Louco.
A entrada estava selada por um denso aglomerado de cogumelos branco-claros tingidos de preto.
— Por que há tantos cogumelos? — Franca observou-os com curiosidade.
Antes que Jenna pudesse responder, ela continuou: — Tudo bem, tudo bem, tudo bem. Eu entendi. Agora não é hora para exploração e aventura.
— Droga, eu não te impedi. Talvez a sombra de Krismona esteja na caverna de cogumelos. — Jenna, sentindo-se sufocada desde que entrou no quarto nível das catacumbas, desabafou seu desconforto com linguagem grosseira, como se estivesse confinada em um espaço que a oprimia.
Franca estava prestes a responder quando sua atenção se fixou em uma pessoa parada na esquina à frente.
Vestida com uma túnica branca simples e sem adornos, a pessoa ostentava cabelos pretos e lisos, feições faciais requintadas e uma aura sagrada. Sua beleza transcendia os arredores de escuridão, silêncio e sujeira, como se ela tivesse emergido das profundezas da imaginação humana,
“Krismona!” O nome ressoou simultaneamente nas mentes de Franca e Jenna.
Elas de fato tropeçaram em uma sombra suspeita de ser uma Beyonder de Alta Sequência — a Demônia, Krismona!
Recuperando a compostura, Jenna olhou nos olhos da pessoa e tentou falar no antigo Hermes: — Olá.
A beleza da mulher era sobrenatural, cativando a atenção de todos. Um leve sorriso enfeitava os cantos de sua boca.
Seu encanto foi totalmente liberado.
Encantadas por aquele sorriso, Jenna e Franca se viram perdidas, suas mentes fixadas em um pensamento singular: “Aproxime-se dela, aproxime-se dela…”
Como mariposas atraídas pela chama, plenamente conscientes dos perigos que espreitavam em sua beleza, mas compelidas a se aproximar.
Um passo, dois passos, três passos… As duas Demônias, com os olhos cheios de fascinação, avançaram em direção à mulher de simples túnica branca.
Enquanto caminhavam, Jenna não conseguiu evitar suspirar instintivamente e sentir uma sensação de pena.
“Por que ela suspirou se ela tem um sorriso tão lindo?”
“Ela havia encontrado algo triste?”
“Suspirou…”
Jenna saiu do seu torpor, percebendo que a mulher de túnica branca talvez não fosse a mesma que Krismona, que havia suspirado e as protegido. No mínimo, ela não era inteiramente a mesma!
Sua visão clareou instantaneamente, revelando o cabelo preto e macio da bela figura ondulando. Cada fio havia se tornado anormalmente grosso, e o topo havia se partido, parecendo uma cobra abrindo a boca.
A boca da cobra preta estava voltada para Jenna e Franca, aparentemente pronta para a abordagem.
O coração de Jenna deu um pulo. Ela rapidamente agarrou Franca e sussurrou: — Algo está errado!
Franca, inicialmente surpresa, lutou por alguns segundos antes de se libertar do encantamento.
Parando repentinamente, elas observaram a figura sagrada no manto branco olhando fixamente por um momento antes de se bifurcar em uma forquilha e desaparecer na escuridão.
Ufa… Franca exalou, seu medo persistia enquanto ela comentava: — Por que não há uma regra nas diretrizes das catacumbas que proíba a comunicação com aqueles que não seguram velas?
— Talvez humanos comuns, se entrarem no quarto nível, sejam afetados pelo ambiente, incapazes de suprimir seu medo e saindo rapidamente sem encontrar essas sombras — Jenna ofereceu uma explicação.
Franca olhou para ela com frustração e disse: — Você conseguiu se libertar do encanto do fantasma antes de mim.
Jenna relatou os pensamentos que passaram pela sua mente recentemente.
— Mas também ouvi o suspiro e as palavras de Krismona na Trier da Quarta Época… — Franca levantou a mão direita e tocou o rosto. — Será que realmente me apaixono mais facilmente pela beleza?
Nesse momento, uma repentina perplexidade tomou conta dela.
— Na verdade, sempre achei estranho que o Pilar da Noite de Krismona esteja nas catacumbas.
— Quanto aos outros dois pilares, um pertence à antiga papa da Igreja da Noite Eterna, Marianne, e o outro tem o nome do antigo Abençoado da Morte, Lius. O último é o Cônsul da Morte, que é muito compatível com as catacumbas. O primeiro deve estar no caminho vizinho da Morte. Em outras palavras, eles estão intimamente relacionados à morte, ao lar e aos mortos. Krismona é a Demônia da Catástrofe, claramente distinta deles.
— Eu posso entender por que havia um pilar gigante representando Krismona na Trier da Quarta Época. Isso porque há um mundo espelhado especial lá. Ele contém o poder divino da Demônia Primordial deixado para trás durante a Guerra dos Quatro Imperadores. No entanto, por que o Pilar da Noite de Krismona foi incluído na construção das catacumbas? Naquela época, um Anjo que seguiu o Imperador do Sangue pereceu. Por que tinha que ser Ela?
Jenna balançou a cabeça lentamente e redirecionou seu olhar para o local onde a pessoa sagrada havia desaparecido.
Ela tentou caminhar um pouco naquela direção e de repente percebeu que o local onde a mulher vestida de branco estava era um túmulo antigo.
Ao contrário dos outros túmulos no quarto nível, a porta do túmulo estava aberta.
…
Depois de sair da Rue Aquina, onde ficava o Motel Solow, Lumian encontrou um beco vazio e casualmente jogou o brinco Mentira para Lugano.
— Encontre alguém habilidoso em criar identidades falsas. Mude sua aparência e não use seu visual atual. — Lumian gesticulou em direção à cafeteria diagonalmente oposta. — Estarei esperando por você lá.
— Sim, chefe. — Lugano não demonstrou nenhum sinal de preocupação.
Apesar de não conhecer a cidade, ele tinha vários conhecidos morando aqui.
Além disso, ele era fluente em escocês.
Enquanto Lumian observava o guia-tradutor completando seu disfarce, devolvendo Mentira e seguindo em direção à Rue des Bars, ele levou Ludwig para a cafeteria, onde cada mesa estava adornada com um buquê de flores.
O sol brilhava forte, deixando os transeuntes um tanto lânguidos.
Imperturbável, Lumian, armado com seu conhecimento limitado das palavras e gestos dos nativos, pediu com sucesso duas xícaras de café Torres com leite, um pastel de gema de Papai Noel com creme moldado em forma de torre, leitão assado e pato cozido em suco de pêra.
Ludwig ficou satisfeito.
Bebendo seu café, Lumian examinou a cafeteria. Ele notou que as seis ou sete mesas estavam ocupadas principalmente por casais na faixa dos vinte anos, em encontros. Havia apenas um casal de meia-idade.
Com a audição aguçada de Lumian, não foi desafiador para ele captar trechos de conversas em mesas próximas, mesmo que ele não compreendesse a maioria delas. Apenas algumas palavras se destacaram.
— Oceano… Reze… Indo a bordo… Ilha…
“Será que eles estariam discutindo o ritual de oração do mar no mês que vem?” Lumian refletiu, mudando o olhar para fora da janela.
Na rua, dois jovens com longas espadas nas costas se envolveram em uma discussão acalorada por algum motivo. Sacando suas espadas no local, eles pareciam prontos para um duelo.
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