Capítulo 15: O Peso do Silêncio

Os dias continuavam a passar, e o distanciamento entre Ryuu e Kira apenas se intensificava. Embora ambos morassem sob o mesmo teto, era como se uma parede invisível tivesse surgido entre eles. Ryuu se sentia cada vez mais inquieto com a situação, incapaz de entender o que havia mudado e o porquê daquela frieza. Kira, por sua vez, continuava se isolando, mantendo-se ocupada com seus próprios projetos e raramente trocando palavras com ele.

Certa tarde, Kira decidiu finalmente trazer seus equipamentos para o quarto. Ela havia mencionado, de maneira vaga, que precisava instalar algumas coisas para seus trabalhos, mas não deu muitos detalhes. Ryuu, que estava na sala observando, percebeu quando ela começou a carregar suas caixas e ferramentas de hardware, sempre mantendo aquela postura distante. Ele viu uma oportunidade de se aproximar e, talvez, quebrar o gelo.

— “Posso ajudar com isso?”, Ryuu ofereceu, tentando parecer despreocupado, mas no fundo, sentindo a tensão.

Kira parou por um momento, olhando para ele com uma expressão indecifrável, antes de balançar a cabeça. “Não, eu consigo fazer isso sozinha.”, Sua voz soou fria, quase mecânica, como se não quisesse dar espaço para qualquer tipo de interação.

Ryuu deu um passo para trás, sentindo o peso da rejeição. Observou enquanto ela continuava carregando as coisas para o quarto, uma após a outra, sem sequer olhar para ele. Ele se sentia inútil, como se toda a conexão que eles tivessem construído até aquele ponto estivesse se desfazendo diante de seus olhos.

Os Próximos Dias

Nos dias que se seguiram, a rotina na casa se manteve a mesma. Jin continuava cuidando das tarefas diárias, sempre com seu jeito calmo e observador, enquanto Ryuu e Kira evitavam ao máximo qualquer interação direta. Eles trabalhavam juntos quando necessário, mas a atmosfera era cada vez mais carregada. A tensão estava no ar, e Ryuu não conseguia suportar mais a incerteza.

Ele começou a se perguntar o que Kira estava pensando. Será que ela ainda se lembrava da conversa que ouvira entre ele e Jin? Será que aquilo havia despertado algo nela que ele não conseguia perceber? Essas dúvidas o atormentavam, tirando-lhe o sono.

Ryuu se lembrava de momentos anteriores, quando Kira era mais aberta, mais envolvida. Eles compartilhavam missões, conversas descontraídas e até risadas ocasionais. Mas agora, tudo parecia estar desmoronando, e ele se via impotente diante disso.

À medida que Kira instalava seus equipamentos e se isolava em seu quarto, Ryuu tentava encontrar uma maneira de quebrar aquela barreira. O sentimento de impotência o corroía, e ele sabia que, se não fizesse algo, aquele distanciamento poderia ser irreversível.

A Decisão

Uma noite, enquanto Jin terminava de limpar a cozinha e Kira estava trancada em seu quarto, Ryuu tomou uma decisão. Ele não aguentava mais aquela situação. Se havia algo errado, precisava ser discutido. Ele não suportava a ideia de perder a amizade – ou o que quer que fosse – que tinha com Kira. Então, com o coração acelerado e os pensamentos confusos, ele decidiu agir.

Ryuu foi até o quarto de Kira. Ele sentou-se na cama dela, tentando manter a calma, mesmo que por dentro estivesse em um turbilhão de emoções. O som dos passos dela, abafados pelo corredor, ecoava ao longe. Ele sabia que ela estava prestes a voltar. E, dessa vez, ele não fugiria, não deixaria as coisas continuarem assim.

Ele respirou fundo, seu olhar fixo na porta. Seus pensamentos passavam rapidamente pela mente: “Será que eu estou exagerando? E se eu disser algo que ela não quer ouvir? Será que isso vai piorar as coisas?”, Mas antes que pudesse se afundar mais nessas dúvidas, a maçaneta da porta girou.

A porta se abriu lentamente, e Kira apareceu, surpresa ao ver Ryuu sentado ali, esperando por ela. Seus olhos se encontraram por um breve momento. Ela parecia cansada, tanto fisicamente quanto emocionalmente, mas também intrigada.

Ryuu ergueu os olhos para ela, seu coração disparando.

— “Podemos conversar?“

Kira parou na porta, segurando o ar por um instante, seus olhos fixos nos dele, enquanto o silêncio pesado pairava entre eles.