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    Ryuu acordou com os primeiros raios de sol entrando pela janela, suavemente iluminando o quarto. Ele sentia o calor do corpo de Kira ao seu lado, os lençóis amassados cobrindo apenas parcialmente os dois. Por um breve momento, ele se permitiu ficar ali, imóvel, contemplando o que havia acontecido na noite anterior. Seu coração ainda estava acelerado, mas agora de uma forma tranquila, quase serena.

    Kira estava deitada de costas, os olhos fechados, a respiração lenta e calma. Ela parecia tão vulnerável e ao mesmo tempo tão forte, como se todos os muros que ela tinha erguido ao seu redor tivessem caído, revelando uma parte de si que Ryuu nunca havia conhecido até então.

    Ele se virou na cama, deitando-se de lado para observá-la melhor. Um sorriso involuntário surgiu em seus lábios enquanto ele pensava em tudo o que eles haviam compartilhado. A sensação de seu coração disparando ao estar perto dela agora parecia ainda mais forte, mas não o deixava confuso como antes. Havia uma clareza nova, algo que ele mal podia explicar.

    Por um momento, ele se perdeu em pensamentos. Será que tudo isso era real? Eles estavam juntos agora, mas o que significava de verdade? O futuro deles estava repleto de incertezas, especialmente com as sombras da KairoCorp e da Red Queen pairando sobre suas cabeças. Contudo, ali, naquele instante, nada mais importava além de Kira.

    Ele estendeu a mão lentamente, tocando de leve o rosto dela, os dedos percorrendo sua bochecha. Kira se mexeu levemente ao sentir o toque, e seus olhos se abriram devagar, encontrando os de Ryuu. Por alguns segundos, ela não disse nada, apenas o olhou com uma mistura de surpresa e timidez. Finalmente, ela quebrou o silêncio, sua voz suave.

    — “Bom dia…”, Kira sussurrou, um leve rubor colorindo suas bochechas.

    — “Bom dia”, Ryuu respondeu, ainda sorrindo, sem saber como começar a conversa que rodava em sua mente.

    Eles ficaram assim, deitados, apenas aproveitando a presença um do outro. O silêncio não era desconfortável; na verdade, era reconfortante, como se não precisassem de palavras para entender o que estavam sentindo.

    No entanto, por mais que quisessem permanecer naquele momento, a realidade começou a invadir a mente de ambos. Ryuu sabia que precisavam conversar sobre o que havia mudado, e Kira, apesar de ter se aberto na noite anterior, ainda parecia carregada de pensamentos.

    — “Eu nunca imaginei que algo assim aconteceria entre nós…”, Kira finalmente disse, quebrando o silêncio. Sua voz era baixa, quase como se ela estivesse falando mais para si mesma do que para ele.

    Ryuu assentiu. “Nem eu… Mas não me arrependo.”

    Kira o olhou, surpresa, e depois desviou o olhar, mordendo o lábio inferior. “Eu também não. Só… não sei o que isso significa agora.”

    — “Acho que nenhum de nós sabe”, Ryuu respondeu com sinceridade. “Mas não precisamos descobrir tudo de uma vez. Podemos ir devagar, entender isso juntos.”

    Kira suspirou e se sentou na cama, puxando os lençóis ao redor de si. Ela parecia perdida em pensamentos, mas havia algo mais. Como se ainda existisse uma barreira que ela não conseguia atravessar completamente.

    Ryuu se sentou ao seu lado, observando-a atentamente. Ele sabia que Kira não era o tipo de pessoa que se abria com facilidade, e o que havia acontecido entre eles na noite anterior era um grande passo. Mas ele também sabia que havia mais coisa acontecendo com ela.

    — “Kira, o que está te incomodando?”, Ele perguntou suavemente, tentando aproximá-la.

    Ela hesitou por um segundo antes de responder. “É só… eu nunca estive em algo assim antes. Não sei como lidar com isso, com o que sinto.”

    Ryuu entendeu imediatamente. Ele também estava navegando por águas desconhecidas, mas pelo menos agora tinha uma certeza — o que ele sentia por ela era real, e ele estava disposto a descobrir o que isso significava.

    — “Não precisa ter medo”, ele disse, estendendo a mão para segurar a dela. “Eu também não sei o que estou fazendo, mas estou disposto a descobrir. Com você.”

    Kira olhou para a mão dele segurando a sua, depois ergueu os olhos para encontrar os de Ryuu. Por um momento, parecia que todas as palavras que ela queria dizer estavam presas em sua garganta. Finalmente, ela soltou um suspiro, relaxando levemente ao sentir o toque reconfortante de Ryuu.

    O momento de conexão entre eles era profundo, mas antes que pudessem continuar a conversa, houve um leve som vindo do corredor. Ambos olharam na direção da porta, e Kira corou instantaneamente, lembrando-se de que Jin estava por perto. Ela rapidamente se levantou, evitando o olhar de Ryuu.

    — “Acho melhor a gente se arrumar”, disse ela, sua voz um pouco mais apressada, tentando desviar do clima intenso.

    Ryuu observou enquanto Kira pegava suas roupas e começava a se vestir, ainda com um leve rubor em suas bochechas. Ele se levantou também, mas não conseguia parar de sorrir. Aquela sensação no peito, como se tivesse tido uma daquelas conversas clássicas entre pai e filho com Jin, ainda permanecia viva dentro dele. Ele pensou nisso por um momento, rindo de si mesmo em silêncio.

    Jin, sempre observador, tinha percebido o sorriso bobo de Ryuu e perguntou mais tarde o que havia acontecido, mas Ryuu simplesmente desviou do assunto, escondendo o que realmente havia pensado.

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