Capítulo 21: Ecos no Silêncio

Ryuu estava sentado no sofá, perdido em pensamentos. A leveza do momento com Kira minutos atrás parecia ter sido varrida pela realidade que o cercava. Mesmo que por um breve instante ele sentisse que estava se aproximando de Kira, o mundo ao redor deles nunca permitia que se desligassem por completo. A KairoCorp ainda os cercava, uma presença invisível mas palpável, como um fantasma pairando sobre cada decisão que faziam.

Kira permaneceu ao seu lado, em silêncio, talvez sentindo o mesmo peso. A casa estava incomumente quieta sem Jin, que havia saído há algum tempo. Ryuu suspirou, sentindo o cansaço se acumular, mas havia uma inquietação em seu peito, algo que não conseguia ignorar.

— “Você está pensando na KairoCorp, não está?”, Kira perguntou, a voz suave cortando o silêncio.

Ryuu olhou para ela, surpreso pela pergunta. “Sempre”, ele admitiu. “Eles estão por toda parte, não importa o que façamos. E agora que Akira me contou onde está trabalhando…” Sua voz sumiu, não querendo continuar a linha de raciocínio.

Kira assentiu, o olhar dela fixo no vazio à frente. “A KairoCorp é uma sombra que não desaparece. A cada passo que damos, parece que eles estão um passo à frente.”

Houve um longo silêncio entre eles, mas Ryuu sabia que Kira estava certa. Eles estavam jogando um jogo em que as regras eram ditadas por um inimigo invisível, com peças que não conheciam. A cada movimento que faziam, a KairoCorp parecia estar no controle, observando tudo das sombras.

— “Precisamos entender melhor o que está acontecendo”, Ryuu disse, quebrando o silêncio. “A KairoCorp não é só uma empresa. É algo muito maior. Eu sinto isso, e agora está claro que Akira está envolvido, mesmo que ele não saiba de tudo.”

Kira concordou, mas havia uma tensão no ar. “Você confia nele?”

Ryuu hesitou. Akira era um amigo de infância, alguém com quem ele compartilhava memórias e momentos importantes. Mas a revelação de que ele trabalhava para a KairoCorp havia abalado essa confiança.

— “Eu não sei”, ele finalmente disse. “Quero acreditar que ele está falando a verdade, que ele não está envolvido com o lado mais sombrio da corporação. Mas… é difícil.”

— “Você vai ter que descobrir”, Kira respondeu, sua voz fria mas cheia de compreensão.

Antes que Ryuu pudesse responder, a porta se abriu e Jin entrou, trazendo consigo o frio da noite. Ele parecia relaxado, mas havia algo nos olhos dele, uma seriedade que não costumava mostrar.

— “Então… vocês dois vão adorar o que eu descobri.”, Jin disse, fechando a porta atrás de si.

Ryuu e Kira se endireitaram, trocando olhares de curiosidade. Jin era muitas coisas, mas raramente trazia informações que não fossem importantes. Ele caminhou até a mesa, jogando um pequeno dispositivo holográfico no centro dela.

— “Recebi uma dica de um contato meu. Parece que a KairoCorp tem uma operação secreta em andamento. Algo grande. E não está acontecendo no ciberespaço. Está acontecendo aqui, no mundo real.”

O estômago de Ryuu revirou. “O que você quer dizer com isso?”

Jin ativou o dispositivo, e uma projeção holográfica de um mapa apareceu diante deles, destacando vários pontos pela cidade. “Esses são locais onde a KairoCorp está fazendo movimentações suspeitas. Transportes de materiais, equipamentos que não aparecem nos registros públicos. Eles estão preparando algo, e eu não acho que é pequeno.”

Kira se aproximou, seus olhos fixos no holograma. “E o que isso significa para nós?”

Jin a olhou seriamente. “Significa que, se quisermos entender o que a KairoCorp realmente está planejando, precisaremos entrar nessas operações. E eu tenho uma pista de onde começar.”

Ryuu sentiu a adrenalina subir, a familiar sensação de perigo iminente crescendo dentro dele. As peças estavam se movendo, e a KairoCorp estava prestes a fazer seu próximo movimento. E dessa vez, eles não podiam apenas observar. Precisavam agir.

— “Então, qual é o plano?”, Ryuu perguntou, seu olhar firme nos olhos de Jin.

Jin sorriu levemente, mas o brilho nos olhos dele era sombrio. “Nós vamos onde as garras da KairoCorp ainda não alcançaram. Mas não se engane, Ryuu… essa rede é mais vasta do que você pode imaginar.”

Kira assentiu, já focada. “Precisamos agir rápido antes que seja tarde demais.”

Ryuu olhou para o mapa novamente, sentindo o peso do que estava por vir. Eles estavam prestes a mergulhar em algo muito maior do que haviam enfrentado até agora. E, pela primeira vez, ele sentiu que estava prestes a descobrir o quão fundo a KairoCorp realmente ia.

— “Está bem”, ele disse finalmente, com determinação em sua voz. “Vamos derrubar essa rede sombria.”