As primeiras luzes da manhã começavam a tingir o horizonte enquanto Ryuu e Kira, exaustos e carregados de preocupação, ajudavam a equipe médica da Resistência Secreta a mover Jin para uma ala médica improvisada em uma de suas bases. O transporte foi discreto, e a segurança reforçada garantiu que nenhum traço de sua localização fosse exposto à KairoCorp.

    A sala médica era simples, mas funcional. Máquinas avançadas zumbiam suavemente enquanto os médicos trabalhavam para estabilizar Jin ainda mais. Ele estava conectado a tubos e monitores que exibiam suas funções vitais, e embora sua condição fosse crítica, havia uma esperança silenciosa pairando no ar.

    “Faremos tudo o que pudermos para garantir que ele sobreviva”, disse um dos médicos, com um olhar firme em direção a Ryuu e Kira.

    “Isso precisa funcionar”, Ryuu murmurou, seu tom baixo mas carregado de tensão. “Ele já passou por tanto. Não podemos perdê-lo agora.”

    Kira assentiu em silêncio, sua expressão demonstrando a mesma preocupação. Embora fosse sempre a mais prática e focada do trio, a ideia de perder Jin — alguém que havia se tornado um pilar em suas vidas — era insuportável.

    Depois de horas na sala de espera, um dos membros da Resistência finalmente se aproximou para atualizá-los.

    “Ele está estável por enquanto. Mas precisa de repouso absoluto. Vocês dois devem descansar também. Qualquer tensão a mais vai prejudicar as decisões importantes que precisam tomar.”

    Ryuu olhou para Kira, que suspirou e concordou com um leve aceno. Eles sabiam que não poderiam se dar ao luxo de baixar a guarda, mas a exaustão começava a pesar.

    Planos e Preparativos

    Na manhã seguinte, Ryuu e Kira foram chamados para uma reunião com a líder da Resistência. Eles estavam reunidos em uma sala de comunicações onde mapas holográficos das instalações da KairoCorp eram projetados no ar, cercados por gráficos e relatórios de inteligência.

    “O ataque ao apartamento de vocês não foi um evento isolado”, começou a líder, cruzando os braços enquanto falava. “A KairoCorp está intensificando sua vigilância em todas as áreas. Parece que estão tentando rastrear qualquer atividade associada a nós ou a vocês.”

    “Isso era esperado”, respondeu Kira, os olhos fixos nos mapas. “Eles sabem que estamos nos tornando uma ameaça real.”

    “Mas isso também significa que estão ficando mais desesperados”, acrescentou Ryuu, inclinando-se para frente. “Quanto mais erráticos forem os movimentos deles, maior a chance de cometermos erros também. Precisamos agir com precisão.”

    A líder assentiu, e com um gesto, ampliou um dos mapas holográficos.

    “Estamos nos preparando para uma infiltração em um dos centros de comunicação principais da KairoCorp. Esse lugar é o ponto-chave para as transmissões de vigilância que cobrem boa parte da cidade. Se conseguirmos desativar ou manipular os sistemas daqui, podemos criar um blackout temporário que nos dará tempo para operar em outras áreas.”

    Kira franziu o cenho, avaliando o plano. “E quanto à segurança? Esse lugar deve ser ainda mais protegido do que as instalações anteriores.”

    “É exatamente por isso que precisamos da ajuda de vocês”, respondeu a líder. “Com a experiência que têm, podem ser a chave para superar as defesas. Além disso, a Resistência estará lá para oferecer suporte tático.”

    Ryuu se manteve pensativo por um momento antes de falar. “Estamos dentro. Mas precisamos garantir que Jin esteja em segurança antes de partirmos.”

    A líder concordou. “Ele ficará bem cuidado aqui. Vocês têm minha palavra.”

    Um Momento de Reflexão

    Naquela noite, Ryuu e Kira se revezaram para cuidar de Jin, mesmo com a equipe médica monitorando-o constantemente. A sala onde Jin descansava era silenciosa, exceto pelo som rítmico dos monitores. Ryuu estava sentado ao lado da cama, observando o rosto tranquilo, mas marcado de Jin. Ele ainda não conseguia tirar da cabeça as palavras que Jin havia murmurado antes de cair inconsciente: “Meu filho.”

    Era um mistério que Ryuu nunca havia considerado, mas agora parecia impossível ignorar. Ele sabia que Jin carregava segredos sobre seu passado, mas a menção de um filho sugeria uma profundidade que ele nunca imaginou.

    “Ele vai sair dessa”, Kira disse suavemente, interrompendo os pensamentos de Ryuu. Ela estava de pé na porta, com os braços cruzados, mas sua voz era carregada de preocupação genuína.

    Ryuu suspirou, passando a mão pelos cabelos. “Eu sei. Ele é forte. Mas… aquelas palavras… você ouviu, certo? Sobre o filho dele?”

    Kira assentiu, caminhando até Ryuu e se sentando ao lado dele. “Sim. Acho que todos carregamos cicatrizes que nem sempre compartilhamos. Talvez, quando ele acordar, possamos entender mais.”

    Ryuu olhou para ela, grato pela presença constante de Kira, mesmo nos momentos mais difíceis. “Não sei o que faria sem vocês. Vocês são minha família agora.”

    Kira sorriu levemente, colocando uma mão no ombro de Ryuu. “E você é nossa. Vamos sair dessa juntos, Ryuu. Por ele. Por todos nós.”

    O momento foi interrompido por um leve movimento vindo da cama. Jin mexeu os dedos, e seus olhos começaram a se abrir lentamente. Ele ainda parecia fraco, mas havia um brilho em seus olhos que mostrava que estava presente.

    “Você está bem?” Ryuu perguntou, inclinando-se para mais perto.

    Jin piscou algumas vezes antes de responder, sua voz rouca e fraca. “Ainda… não estou pronto para ir embora. Não até terminar isso.”

    Ryuu e Kira trocaram um olhar, sem saber ao certo o que ele queria dizer. Mas a expressão de Jin logo mudou, como se um pensamento distante tivesse surgido.

    “Ele estaria… orgulhoso de mim”, Jin murmurou, quase para si mesmo. “Eu falhei como pai antes, mas não vou falhar com vocês.”

    As palavras caíram como uma onda silenciosa no ambiente, cheias de peso e mistério. Ryuu abriu a boca para perguntar algo, mas Jin fechou os olhos novamente, voltando a um sono tranquilo.

    O mistério sobre o passado de Jin apenas crescia, e com ele, a determinação de Ryuu e Kira de proteger o que restava dessa família que haviam formado. Eles sabiam que o próximo passo seria crucial, não apenas para a Resistência, mas para tudo o que acreditavam. A KairoCorp ainda era um gigante, mas agora havia rachaduras que poderiam ser exploradas — e eles estavam prontos para fazer isso.

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