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      Depois de passar um bom tempo na estrada a vir sozinho para a capital, finalmente a ela chego.

     Bom, talvez não sozinho. O meu fiel cavalo me acompanhava nesse trajeto. Eu utilizei repetidamente magias de fortalecimento nele para acelerá-lo e diminuir o tempo gasto no percurso.

     Maior resistência, maior velocidade, diminuição de peso. Sinto-me um pouco fadigado por isso, mas é fato que o pobre cavalo deve estar muito mais fadigado do que eu.

     Espero que ele descanse bem enquanto estiver no estábulo, é merecido.

     O local onde será realizado o evento é o maior salão de aparato e festas da capital, claro, além do salão exclusivo da casa real: o «Palácio de Baco» que recebe tal nome por ser relacionado ao deus menor das festas, bebidas e eventos: Baco.

     Esse palácio foi construído com uma parceria entre alguns nobres e o Collegium Mercatoris, mas no final ele acabou a ser um palácio de uso exclusivo do colégio. A não ser em momentos importantes como esse.

     O palácio está ligeiramente afastado do centro da cidade, mas nenhuma distância que boas pernas não consigam cobrir.

     Ao andar e aproximar-se do palácio a sua fachada se torna visível de muito longe, e não é de menos, ele foi construído para lembrar um templo no estilo arquitetônico antigo.

     Seu pórtico possui 4 grandes colunas feitas de mármore de naxos, um mármore extremamente branco, divididas simetricamente com um frontão arredondado sobre as colunas. Há adornos de bronze a terminar a decoração.

     Tudo é muito grande que chega a ser estranho, um exagero. Quando vejo o tamanho dessas colunas eu me pergunto se foram feitas para gigantes.

     Ao chegar à entrada é possível ler uma inscrição da língua antiga em bronze: PRIMI · ET ROMVLVS · CÆSARI · DIVI · FILIVS · PATRI · PATRIAE.«Ao Primus e ao Romulus César, filho de deus, pai da pátria.».

     É claro que algo que está na capital dalguma forma tentaria homenagear os Primus por algo que eles nem sequer financiaram…

     Os guardas que cuidam do monitoramento permitem minha passagem sem nenhuma demora. A face dum marquês é conhecida por todo o Império.

     Só que em contramão… o palácio está cheio com diversas pessoas que eu nunca sequer vi uma vez na vida. Contudo também há alguns rostos conhecidos como o da Serena, que conversa com sua família e alguns outros nobres enquanto tomam vinho.

     Infelizmente no momento em que eu a vi, ela me viu de volta. A sorrir e a acenar para eu ir até lá. Mal cheguei e já sou emboscado pela pior das armadilhas.

     — Aurelius! Que bom vê-lo! Chegaste agora? — Serena diz enquanto me abraça.

     Esse abraço com toda certeza foi algo intencional. No momento em que senti o calor de teu corpo a pressionar sobre o meu, também senti o olhar gélido como o topo duma montanha de seu pai.

     Eu devo ter me encontrado poucas vezes com ele, muito menos trocado algumas palavras. Só que ele sabe que eu sou um Conflagratus. Então a imagem de sua caçula e única filha mulher a abraçar um homem da Domus rival não deve ser tão agradável assim.

     — Sim. Fui o último homem a chegar.

     — Boa tarde, Senhor e Senhora Marinus — sem perder tempo, eu cumprimento os pais da Serena.

     — Oh! Aurelius, não é? Muito boa tarde para ti também! — alegremente responde Cleopatra, a mãe da Serena.

     —Boa tarde — ao total contrário humorístico da sua esposa, responde Caius.

     Ao ver o jeito alegre e até mesmo bobo da sua mãe e o jeito totalmente fechado do seu pai é fácil dizer que a Serena puxou muito mais a Cleopatra.

     Aliás. Está a faltar alguém, o irmão mais velho da Serena: Caius.

     — Onde está o teu irmão? Serena — questiono.

     — Oh! Ele deve ter saído para falar com alguns outros nobres.

     O rito de patriarca de Caius ainda não aconteceu e não creio que irá acontecer tão cedo assim. Diferente do nosso caso, o atual patriarca dos Marinus não aparenta estar disposto a largar o «trono» tão cedo assim.

     — O que estais a avaliar sobre a festa? Adoraria receber um parecer de vós — pergunto a fim de não deixar a conversa morrer e também por educação.

     Não é como se eu estivesse realmente a ligar.

     — Até que bom para um Conflagratus — responde o pai da Serena.

     — Oh! Querido! — Pai! — reprimem as mulheres concomitantemente.

     — Oh! Não ligue para ele, está bem? Aurelius. Está muito agradável, boa comida e boas bebidas.

     — Isso mesmo, Aurelius. Ele só é chato assim mesmo, não liga não!

     — Hahaha… «até que bom» é melhor do que «ruim» ao menos — tento aliviar o clima cinzento do momento.

     O pai da Serena é um dos maiores opositores de nossa casa, todavia não em um sentido ruim.

     É mais um ódio específico que se torna em rivalidade que Caius, o patriarca, tem por meu pai. Pelo o que me contaram, ele e meu pai estudaram ao mesmo tempo no Instituo Magia.

     Isso deveria formá-los como bons amigos, afinal eram dois garotos que viriam a ser os futuros patriarcas de suas respectivas famílias, certo? Certo seria se não fosse errado.

     Por serem os próximos líderes de duas das maiores casas do Império, ambos brigavam o tempo inteiro, a ser fisicamente ou não, para demonstrar superioridade sobre o outro.

     Eram duelos equilibrados, mas aparentemente o meu pai se logrou vencedor no histórico de tais confrontos.

     Serena e sua mãe continuam a dizer cousas, principalmente boas cousas sobre o evento, na tentativa de aliviar o comentário mais ácido de Caius. Após um tempo de conversa eu me despeço de ambos, a agradecer a presença.

     O que eu preciso encontrar agora é a minha própria família e ver como estão as cousas.

     Felizmente não há a necessidade de procurá-los por todo o gigante rol de entrada, eles provavelmente estão na sala aos fundos que antecede o palanque.

     Ao pensar bem, por que não estão aqui no rol de entrada? É cortesia entreter os convidados ao conversar as besteiras típicas de nobres.

     Mesmo que eles tenham feito isso mais cedo, afinal, o evento em si já teve seu inicio há um bom tempo. É correto ficar a pescar ideias junto com essa quantidade absurda de pessoas que aqui se encontrão.

     Até mesmo porque é extremamente provável que os possíveis nobres insurgentes que planejam uma guerra contra a ascensão de Lucius podem estar aqui a utilizar uma prestigiada ocasião para poder livremente arquitetar o ato.

     Mas bem, não é como se houvesse claros concorrentes para essas vagas de «insurgentes». Consigo pensar em inúmeras Domus que podem ter algum motivo, algum lucro a ganhar com uma crise nos Conflagratus.

     É um efeito colateral de ser a Domus mais forte militarmente, acabas por ser o alvo de todos.

     Ao chegar à sala dos fundos eu bato a porta, mas antes de eu sequer completar a segunda batida, a porta se abre. Que rápido.

     Quem abre a porta é o meu pai, mas ao ver-me ele fecha a cara como se pensasse um «Ah, é só tu, Aurelius».

     Não é só ele que fecha a cara, todos de minha família fazem algo parecido. Desde a minha irmã mais velha, Lucia, até a mais nova, Alma. Eu sou tão mal desejado assim?

     E isso me faz rir, elas estão todas sentadas em fileira de modo que se pode observar uma gradiente nas cores de seus cabelos.

     Lucia, que possui seus cabelos num tom de louro escuro é a primeira na ponta direita, seguida por suas irmãs mais novas a ter por Alma, que possui cabelos louros claros, só não mais claros que o de sua própria mãe, sentada na última cadeira da ponta esquerda.

     A mais velha possui os cabelos mais negros, a mais nova possui os cabelos mais claros… Eu vejo o que fizeste aqui, deus Castitas.

     Eu sou o único que herdou de nosso pai uma perfeita cor negra na tonalidade dos meus cabelos, até mesmo Lucius possui um «negro claro», se é que podemos dizer isso, como cor de cabelo. Questiono-me o porquê disso.

     Apesar dos espantos e decepções em suas caras, Cecilia é a única que se levanta para cumprimentar-me como de costume.

     — Irmão! Boa tarde! — Cecilia, a quarta filha, diz enquanto me dá um abraço forte.

     — Boa tarde, Cecilia. Normalmente eu perguntaria como tu estás, mas a ver a cara de todo mundo aqui eu pergunto: o que há?

     Cecilia então se prepara para dizer algo, mas é interrompida por outra voz:

     — Ninguém da casa real chegou ao palácio. Ninguém. Mesmo com nós a estar atrasados em relação ao horário que normalmente seria — Lucia, a mais velha entre as mulheres, diz sentada com as pernas cruzadas no canto da sala.

     — Ei! Eu ia responder! — Cecilia rezinga.

     — Cala a boca, garota lerda. Vá contar as pedrinhas do chão do jardim.

     — Que mal educada! Não é? Aurelius. Pois saiba que eu já contei muito antes de tu pedires, tem 352 pedrinhas!!!

     A conhecer Cecilia eu não consigo dizer se ela realmente contou ou se ela só está a continuar a brincadeira que Lucia propôs.

     — Os Primus mandaram algum mensageiro, alguma carta ou algo do tipo para explicar porque nenhum representante deles não veio? — pergunto para a Lucia.

     — Nada mandaram, nada disseram. A esta altura acho que podemos apenas afirmar que nenhum deles virá.

     Isso é péssimo. Eu não consigo pensar em outra ocasião na qual a casa real não prestigiou quaisquer cerimônias dos Conflagratus. Até mesmo no início do meu noivado, o último filho dos Conflagratus, eles mandaram alguém para acompanhar o evento.

     — Vós já mandastes alguém para ir até o palácio deles ver o que possa ter acontecido? — questiono após receber tal informação.

     — Quem é louco de cobrar pendência da casa real!? Aurelius.

     — Nosso pai até verificou se haviam mandado um convite formal para os Primus, e, sim, foi mandado normalmente.

     — Era a Vossa Alteza que deveria vir, a princesa, não?

     — Era. Era, agora não sei nem mais o que é para ser —Lucia me confirma.

     Ao conhecer o pouco que sei dela, imagino o porquê dela não ter vindo…

     Depois de ouvir a Lucia reclamar, eu tomo atenção para a imagem de nosso pai, ele está sentado com as mãos na cabeça com Flavia ao seu lado a consolá-lo.

     A imagem que ele apresenta é a imagem dum combatente derrotado. Como se soubesse o real significado da ausência da casa real no evento.

     Isso me irrita.

     — Não irás fazer nada? Pai — pergunto passivamente.

     Ele não reage a nenhuma das palavras.

     — Acho difícil alguém fazer algo nessa situação, Aurelius. Só é melhor aceitar a crise que irá instaurar-se em nossa família e depois remediar — Valentina, a terceira filha, comenta no lugar de seu pai.

     — Espero que essa «crise» que tu falas não afete nada a minha vida, Valentina — Quinta, bem, a quinta filha (que criatividade, pais!), diz ao ouvir o que Valentina falou.

     — Podes ficar a esperar, portanto. Isso irá afetar a vida de todo mundo no Império, podes apostar — Valentina retruca.

     Valentina é provavelmente a mais inteligente e entendida sobre os assuntos da nobreza do país dentre todas as mulheres da nossa família. E não que as outras sejam burras, uma marquesa desprovida de inteligência seria uma vergonha eterna para nós. Talvez isso seja um benefício dela usar óculos? Pura brincadeira minha.

     Geralmente pessoas inteligentes e usuários de óculos se coincidem por um motivo simples: livros são fonte de conhecimento e a leitura de livros por muito tempo, no escuro ou com letra miúdas é algo que força e prejudica a visão.

     Já atestei várias vezes livros em seu quarto, ela na biblioteca a ler também. Por isso, mesmo sendo mulher acho que ela deva ser mais competente do que o Lucius. Talvez até mesmo mais competente que ambos os Lucius.

     E eu digo isso enquanto não sei se ela sabe sobre os rumores da possível guerra, mas pelo o que ela fala é possível atestar que ela ao menos imagina um grande confronto a desencadear-se.

     — Esses mimados da casa real são todos uns ingratos! Nós cumprimos todas as nossas obrigações e juramos submissão, o mínimo que eles poderiam fazer é cumprir com as obrigações deles! — revoltada, Alma, a última filha do gênero feminino, adiciona lenha ao fogo.

     — Nenhum superior agradece ao seu inferior, Alma — eu faço questão de minar sua faísca.

     Se isso acontecesse seria uma inversão de valores impassível à nobreza.

     — Eu sei, mas… — abatida pelo meu comentário, Alma se aquieta.

     — Vós sabeis algum motivo razoável para ninguém da casa real vir para cá? — eu pergunto em boa voz para todos.

     Eu sei dum bom motivo para nenhum deles virem, mas espero recolher alguma informação a partir dum ponto de vista diferente. Ou duma mente que saiba dalgo que eu não sei.

     — Deve ser desconfiança. Falta de confiança que eles têm no Lucius.

     — Valentina. Não diga isso sobre o teu irmão — Flavia a repreende imediatamente.

     — Dizer o quê? A realidade? Mãe, tu sabes que essa toda situação é arriscada demais para ser feita sem preparar o terreno previamente.

     O que a Valentina disse é algo crucial nesta situação. A realização dum rito, seja ele qual for, não é algo corriqueiro ou cotidiano. É preparado por anos, avisado previamente para todos para que o coletivo social reconheça a realização da cerimônia como algo válido.

     Não alguma epifania aleatória que meu pai teve para justificar sua aposentadoria. Esse velho maldito só quer farra e diversão.

     — Não quero saber da realidade, quero saber de nossa família. Valentina. Dizer cousas ruins sobre o teu próprio irmão não pode se enquadrar em nenhuma realidade — Flavia adverte Valentina severamente.

     — Argh… entendi, desculpa. Não está mais aqui quem falou.

     — Tu falas isso, mãe, mas o Aurelius até bateu no Lucius e tu não fizeste nada! — Alma entra em defesa de sua irmã.

     De repente eu sou citado, pior: eu sou criticado. Eu franzo a testa para a Alma, mas rapidamente volto à minha expressão casual. Irritar-se agora não é frutífero.

     E bati? Eu bati em ninguém, Lucius que bateu em si mesmo. Se eu realmente o tivesse batido ele não ficaria desmaiado por semanas, modéstia à parte. Utilizando dum bom eufemismo: ele desmaiaria por toda a eternidade.

     — O Aurelius e o Lucius é um caso diferente, Alma… — Flavia explica.

     — E quem disse que eu não fiz? Eu fiz sim! Eu conversei com eles dois a dizer o quão errado foi aquilo que fizeram! Não diga cousas sem saber — irritada Flavia começa a dar bronca na Alma agora.

     A Alma puxou a conversa para si e o resultado foi desastroso. Agora quem deverá baixar a cabeça para a bronca é ela mesma.

     Enquanto leva uma bronca, a Alma me olha diversas vezes de soslaio, a tentar fugir da situação e a dizer pela janela de sua alma que «A culpa é tua!».

     Eu sinto uma leve vontade de rir e provocá-la mais ainda nesta situação, mas uma bronca em público já é o suficiente para ela.

     — Irmão, tu achas que o que a Valentina disse é a verdade? — Cecilia se aproxima de mim e pergunta.

     — Bom, talvez não seja a única verdade. Mas definitivamente é algo a levar em conta.

     — Tadinho do Lucius. Tadinho dele — Cecilia suspira.

     Eu diria que a minha melhor relação com um membro da família é a relação que tenho com Cecilia. Até mesmo porque é impossível pensar em alguém que não tenha boa relação com a Cecilia. Não só de nossa família.

     Serena e Cecilia por seus jeitos parecidos frequentemente conversam. Beatrix, apesar de diferente, gosta de sair com Cecilia. Até o Milan, aquele que nada diz sobre ninguém, já disse que «Ela é gentil».

     Isso é uma prova que ela é… peculiar? Se é o que podemos dizer.

     Num mundo onde irmãos matam irmãos, filhos matam pais e todos os tipos de bestialidade são feitas na natureza dum respirar, Cecilia é o patinho feio desse mundo. Um patinho feio que em puro fato é venusto.

     Ao ouvir isso tu podes pensar: isso na verdade é só um ato, ela está a fingir, ninguém age assim de verdade. E se tu pensas assim tu és normal, eu pensava assim.

     Pensava até o ponto em que eu investiguei a vida de Cecilia por um bom tempo para descobrir a verdadeira face dela. E o que eu descobri foi: ela só é assim mesmo.

     Mesmo em um mundo tão perverso ela ainda demonstra características duma boa mulher, duma boa pessoa.

     Afável, gentil, amorosa, empática. Tal como uma Santa.

     Em realidade nós deveríamos tentar canonizar ela como uma Santa do Império, isso daria uma influência inimaginável para nossa família. «Santa Cecilia». Isso soa bem, não?

     Ou talvez na verdade ela é a líder dum grande movimento oculto para destruir o mundo e instaurar seu reinado do mal. Essa máscara de bondade dela é tudo uma farsa!

     Eu… tenho que parar de pensar cousas estúpidas assim.

     Mas… «Tadinho dele» não irá resolver a situação em nada. E pelo visto agir será a minha obrigação no momento. Agir antes…

     — Dai-me uma caneta e papéis — peço em alto e bom som.

     Todos me olham com uma cara descrente, a ponderar o que eu irei fazer, mas no final Cecilia me entrega o que eu pedi em minhas mãos.

     — O que tu irás fazer? Irmão — Cecilia pergunta.

     — O que vós recusastes a fazer — afirmo.

     — Tu irás mesmo mandar uma carta a solicitar a presença da casa real? — Lucia, perplexa com a situação, me pergunta.

     — Claro. O problema é a ausência dos Primus aqui no recinto, para resolver isso é necessário simplesmente demandar a presença deles.

     — Isso é loucura, Aurelius — Valentina comenta a discordar.

     — Hmph, se eles não querem ser cobrados é só honrarem com os próprios compromissos — Alma concorda (?), eu acho, com a minha ação de braços cruzados.

     — O que tu irás escrever? — Quinta pergunta.

     De repente, sem a minha percepção, eu estou rodeado por minhas irmãs curiosas com o que eu irei escrever. Quem diria que uma carta seria tão interessante assim?

     Eu então me afasto delas e começo a escrever, rapidamente eu acabo. Não precisa ser uma carta formal de um nobre para o outro, é mais como um bilhete.

     Minhas irmãs ficam sem entender, sem saber o que eu escrevi. Fiz questão de ser rápido, afinal.

     — Mostra-me a carta, Aurelius! Deixa de ser chato! — a morrer de curiosidade, Quinta ordena.

     — Calma, calma, Quinta. Qual é a graça de saber o desfecho da história sem acompanhar o desenvolvimento? — a rir eu a provoco.

     Ela faz uma cara de brava, com os braços cruzados, mas aceita o que eu disse.

     Vou-me à gaveta da escrivaninha do meu pai e pego um selo particular da nossa família para selar a carta. Eis cá, a carta está de vez terminada. Pronta para ser entregue.

     — Só isso irá bastar? Uma mera carta — Lucia me pergunta.

     — Acredito que seja mais do que o suficiente, Lucia.

     — Mais do que o suficiente? Sério? Estou curiosa para saber o que essa carta diz — Lucia se surpreende com o que eu disse.

     — Verás. Agora, eu só preciso dum mensageiro para ir lá entregar a carta. Bem, adeus.

     Algumas delas também se despedem de mim, com dizeres ou olhares, outras só ignoram. Mas tenho certeza que todas as minhas irmãs estão curiosas com o que eu escrevi.

     Ao sair da sala eu olho pela última vez o meu pai com a sua esposa. Ambos não esboçam reação a minha ação, seja uma reação positiva ou negativa. Domados.

     Há alguns guardas que servirão de mensageiro no pórtico do palácio.

     Ando até lá, avisto um guarda e o chamo. Dou-o a carta para ser entregue ao palácio dos Primus.

     Não é muito longe daqui, contudo ainda assim dou algumas moedas de cobre para ele como uma cortesia por seu serviço de entrega. E também por um motivo:

     — Entregue essa carta e diga que somente a Vossa Alteza a pode ler.

     Reafirmo mais duma vez que é para ele dizer e garantir o fato que essa é uma carta urgente dos Conflagratus para os Primus, para a princesa. Não quero que a minha carta seja aberta por algum verna dos Primus afinal.

     Agora é só esperar as boas novas…

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