Capítulo 25 – Patria potestas – parte 4
Hoje é o dia chato de número 17 do mês chato de Novembro do ano chato de 644.
Neste dia chato irá acontecer o chatíssimo rito de patriarca dos chatos dos Chatogratus.
O chato do meu pai disse que era necessário a minha presença no chatíssimo palácio do Baco para prestigiar o evento.
Segundo o chato, é necessário que a chata relação de nós a eles seja chatamente mantida por motivos chatos de nobres chatos.
Ao ouvir as palavras chatas dele, que eu me esforcei duramente para escutar, eu só pensei «Meus deuses, que chatice.».
E é por isso que eu não irei nesse lugar chato prestigiar um evento de chatos a fazer um monte de chatice. Quero dizer, por que eu deveria ir para um lugar apenas para um bando de chatos ficarem a bajular-me a fim de conseguir algum benefício chato da casa imperial?
«Oh! Vossa Alteza ! Como estás radiante hoje», «Oh! Vossa Alteza! A tua ilustre presença glorifica o ambiente!». Eu não quero ver esses elogios chatos feitos por gentes chatas.
Eles nem sequer acreditam nas chatices que dizem, é puro interesse.
Há chatos em todos os lugares. Até mesmo agora há chatos.
Quem são essas pessoas chatas que estão aqui neste momento? Eu não consigo enxergar seus rostos, eu não escuto as suas vozes. Suas existências são todas chatas, humilham-se por uma conveniência chata.
Eles me tratam como deusa por eu ser a Princesa do Império, é uma chatice.
E não, eu definitivamente não gostaria que eles me tratassem como tratam um aos outros, como tratam gente comum. Esse tipo de clichê tu só vês em ficção, em livros e peças.
«Oh! Plebeu imundo! Tu foste o primeiro a ver-me como eu realmente sou e tratar-me como um ser humano e não a Princesa!», que piada, que chatice.
Eu sou a Princesa do chato Imperium Primarius, nós nunca estaremos no mesmo patamar. Não há porque pensar o contrário.
Mas eu admito: ter a obrigação de agir como a Princesa perfeitinha da casa real é uma grande chatice. Talvez seja por isso que esse clichê exista afinal. É um puro devaneio.
Eu já pensei em maneiras em como fugir dessa chatice, mas com exceção da morte eu nunca encontrei uma solução.
E não consigo afirmar que a morte seria uma solução desse problema chato, afinal, eu ainda estaria preso na chatice do Infernus.
Se o chato do meu pai ou os chatos dos conselheiros vierem aqui para questionar o porquê de eu não ter comparecido ao rito dos Chatogratus é só dizer que eu fiquei doente ou algo assim e não pude ir ao chato rito de patriarca.
«Estou profundamente chateada em dizer que infelizmente não pude comparecer ao prestigiado rito por motivo de força maior: um terrível achaque me atingiu neste belo dia e me deixou realmente mal. Agradeço a compreensão.», algo assim serveria.
O novo patriarca dos Chatogratus parece ser alguém bem chato, a ser sincera. As poucas vezes que eu encontrei não pude atestar nada para mencionar.
É tudo tão chato!
Bom, eu estaria a ser desonesta se a chatice do evento seja o único motivo de eu não querer comparecer.
Há um rumor bem interessante sobre uma possível guerra caso haja a ascensão dum novo patriarca pelos Chatogratus.
Uma guerra poderia quebrar a monotonia diária. Se a ausência de um Primus no local ocasionar ao menos numa faísca para a guerra que alguns chatos nobres procuram…
Não é como se eu fosse má, não desejo a morte do chato povo desse chato Império. Mas também não é como se eu fosse uma Santa e ligasse para cada um deles.
Eu só quero algo que aconteça algo interessante, entretenham-me!
De repente uma escrava invade o espaço em um estado de euforia pura.
— Vossa Alteza, Vossa Alteza! Uma carta chegou dos Conflagratus aos Primus! — a escrava faz um alarde.
— Uma carta? Leia para mim, por favor.
Aliás, por que ela veio trazer essa chatice para mim? Eu tenho certeza que há outros Primus neste palácio no momento.
Deve ser porque em tese era a minha obrigação ir ao rito dos Chatogratus… Que chatice.
— Eu não posso, Vossa Alteza, foram enfáticos que isso é algo que apenas a Princesa pode ler!
Ugh…
— Meus caros, eu peço sinceras desculpas, mas poderíeis gentilmente sair para eu ler essa carta? — digo enquanto tomo a carta em minhas mãos.
— É claro, Vossa Alteza — diz um homem — Sem problema algum — diz outro homem — Compreendido, Vossa Alteza — dizem um bando de homens e mulheres sem rostos ou nomes.
A escrava também se retira e então eu fico sozinha na sala. Hora de ver o que essa charta diz.
Quem a assinou foi Aurelius Conflagratus Avitus. Quem diabos é Aurelius?! Esses nobres acham que eu irei guardar o nome de todos os inúteis como vós?!
Abro a carta e começo a ler.
— Para os Primus eu digo: Vossa presença é solicitada no palácio de Baco para prestigiar o rito de patriarca dos Conflagratus…
Ugh, a mesma chatice de sempre. Segue todas as formalidades e chatices que uma carta deve ter.
Blá, blá blá… Só irei fingir que nunca recebi essa car-
Eu leio a última parte escrita nesta carta.
— O quê? Hahaha…
— Espera? Espera um pouco. Eu li isso corretamente?
Leio novamente a última parte. Não, eu não li errado.
— Hahaha…
— HAHAHAHA! OH, CÉUS!
Isto. É. Interessante.
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