Índice de Capítulo

    A porta se abre e Lucius dá a cara.

     — … Aurelius… — ele diz de maneira meio decepcionada, ou talvez só esteja irritado?

     Aliás, irritado? Já? Eu nem ao menos adotei a postura duma criança irritante para ele ainda, irritar-se com uma visita na calada da noite é algo pífio.

     — Há algo que precisa ser conversado — eu digo, sem explicar nada.

     — Mas nessa hor-

     — Há algo que precisa ser conversado — eu irritantemente o interrompo, sem deixá-lo concluir a própria frase ou pensamento.

     — O que há para ser conversado?! — ele diz com um leve tom de impaciência em sua voz.

     Que bom. Meu plano está a funcionar.

     — O futuro — respondo de maneira ambígua.

     Lucius me olha desconfiado e confuso, passa a mão na própria cabeça. Ele deve estar a perguntar-se o que diabos eu estou a fazer na frente da porta dele em plena madrugada.

     Bom, o que eu estou a fazer agora é meramente traçar o meu próprio destino.

     Após um momento a pensar, coçar a própria cabeça, ele finalmente se decide e aponta para o canapé vermelho do quarto dele. É um canapé vermelho com os adornos de madeira em cor de ouro, um dos modelos de móvel mais comum na casa de nobres.

     Barões e a nova nobreza em geral adoram de coração esses canapés por eles serem uma das representações mais óbvias de alguém ser ou não ser nobre.

     Eu me sento nele de maneira que meu corpo fique contra a luz da Lua. Sou formosamente iluminado pela bela de prata, mas não totalmente: ela consegue iluminar apenas a metade de meu corpo.

     Coloco meu calcanhar em cima do meu joelho esquerdo e me ajeito para ficar confortável.

     Agora… eu só necessito esperar. Não necessariamente que ele diga algo, mas sim esperar que Lucius fique mais irritado com essa situação. Perturbar alguém em seu sono e nada dizer…

     Céus, até eu ficaria incomodado com isso.

     Ao passar do tempo, Lucius constantemente olha para mim como se dissesse «Vamos, diga algo. O que tu queres falar?» e eu? Apenas me finjo de sonso.

     É hilário, gostaria de poder rir neste momento, mas não posso. Rir deixaria tudo claro como cristais que tudo isso é uma grande piada, ao menos para mim é uma grande piada.

     Meu plano para matar Lucius no final é uma mera peça de comédia.

     Depois de mais ou menos 1 minuto de caras e bocas por parte de Lucius, ele finalmente resolve falar na tentativa fútil de fazer-me dialogar:

     — Rito de patriarca, não é?

     — É importante… — ele diz.

     Ora. O que ele acha que eu vim aqui fazer é conversar sobre o rito de patriarca? Não é necessariamente o que eu vim fazer, mas podemos dizer que em essência é exatamente isso.

     Deixá-lo-ei aprofundar-se nesse tema, creio eu que seja um bom caminho para atingir o meu objetivo. Preciso perturbar a mente e o juízo do meu irmão ao ponto máximo.

     Lucius olha para mim meio perplexo e continua:

     — Eu me preparei para esse momento desde a primeira vez em que descobri que ele ocorreria, mas nunca pensei que eu teria esse sonho realizado tão precocemente.

     — Nosso pai parece preocupado com esse assunto, mais do que eu. Hahaha… — sem graça, ele ri.

     Preocupado? Interessante, poderei usar isso.

      — Tu estás preocupado? — eu o questiono.

     — Estou, é claro que eu estou, quem não estaria nessa situação? É o momento mais importante que pode acontecer numa família.

     — A partir do momento em que a criança nobre começa a visualizar os pormenores do mundo aristocrático ela começa a preparar-se para isso.

     Ora. Ora. Ora. Se é algo tão importante, por que não estás preparado? Isso me faz rir, Lucius, tu me fazes rir. O futuro patriarca dos Conflagratus não pode titubear com algo tão trivial assim.

     — Então por que estás preocupado? Não era para tu estares preparado também? — eu digo com uma risada singela.

     Ao ouvir a minha risada Lucius demonstra uma leve irritação, mas uma irritação que não me é ainda o suficiente.

     Mais e mais… eu preciso que ele se perca ainda mais para o meu objetivo.

      — Preparei-me, é claro que eu me preparei, mas não importa o preparo, ainda é algo imprevisível. Eu aceito o destino e o amo, pois sem ele eu não conseguiria viver de todas as formas.

     — No final são sempre as vontades dos deuses a ser cumpridas das mais diversas formas, resta-nos nelas estarmos.

      Lucius cita a palavra que os homens mais fracos adoram para justificar seus fracassos e suas incapacidades. «Destino».

    — Destino, huh, é o «Destino» que moldou a tua existência a ser assim? — pergunto para ele, a tentar fazê-lo morder a isca.

     — Não sei se posso dizer que foi apenas ele, mas definitivamente ele tem seu papel.

     — Não se lembras da história de Cain e Abel? A existência deles no mundo foi moldada por um destino, um dado, uma virtude, uma fortuna,uma sorte. Era só um deles não ter sido puxado primeiro que tudo seria diferente, só isso — Lucius cita um antigo conto conhecido.

     Por resumir o longo: esse conto é uma história de moral com o foco de fazer os não primogênitos não tentarem usurpar o lugar de futuro patriarca da família.

     Então é uma história adorada pelos primogênitos e odiada pelos os que não são. Mas, para mim, ela guarda um detalhe interessante: desde o princípio há pessoas que não aceitam o próprio destino.

      Cain poderia ter sido um herói, o irmão mais novo que desafia o mais velho por não aceitar o destino. Se ele fosse um pouco mais cauteloso com o seu plano, se ele não anunciasse de antemão o que iria fazer… Quem sabe?

     — Uma história é apenas uma história, não achas?

     — Não se sabe nem se os dois de fato existiram — eu concluo.

     — É uma lenda, mas tem seu valor. Mesmo que a história nunca tenha acontecido, a moral por trás é inegável. — Lucius defende o seu conto de fadas favorito.

     — Mas e quanto aos casos onde o destino não se fez por valor? Não é impossível nomear irmãos, por puro exemplo, que das mais diversas formas roubaram o destino doutro. Não necessariamente o direito do patriarca, mas dalguma forma ainda houve o roubo — dou uma leve remarcada numa palavrinha, apenas para provocar.

     E esses casos eu vejo o que pode ser nomeado de herói.

     — É como eu disse, não sei se ele é tudo, mas ele exerce influência inegavelmente.

     Isto está morno, esta conversa está morna. Do jeito que as cousas andam, não conseguirei mexer suficientemente com a mente do Lucius.

     Preciso que ele demonstre um pouco mais de emoções e se ative para realizar o que eu quero. Pois, se não, isso tudo terá sido inútil até aqui.

     E uma pequena, mas poderosa, ofensa pode fazer esse trabalho. É surpreendente o poder dessa palavra contra o meu irmão.

     — Isso é típico da covardia, do comportamento de covardes — eu digo ao dar uma pequena risada.

      — E O QUE… tu queres dizer com isso?

     E aqui está! Não adianta tentar esconder, Lucius. Não de mim, teu irmão.

     — Alegar a existência de algo só quando me convém. Dizer que algo acontece só quando me convém. É um festival de negações e afirmações estúpidas que covardes adoram viver sobre.

     — Não só covardes, eu diria. Quaisquer inferiores no geral — remarco a ideia com a batida duma palma.

     — Por exemplo, no teu caso, foi convencional para ti o nascimento de 5 mulheres em sequência. Lucia, Valentina, Cecilia, Quinta e Alma, 5 belas garotas que nada poderiam fazer para alterar o teu destino.

     — Que bom! Não é? Meu querido irmão. Mas vamos apenas imaginar que após você um homem nascesse, será que o teu tão amado destino ainda seria válido?

     Lucius se apega extremamente a ideia de destino, porque a situação dele se mostra conveniente nomear um destino. Mulheres nunca desafiariam um homem para obter um direito dum homem e por isso ele se conforma, relaxa-se.

     Mas… Eu existo. Eu sou um homem, eu sou uma ameaça para tudo o que ele pode pretender no futuro. Enquanto eu existir, ele não terá uma verdadeira paz. E o remédio chamado de «destino» é o que ele usa para conter-me.

     Lucius continua a refletir sobre o que eu disse, claramente incomodado por minhas palavras.

     — É… sim, eu reconheço isso. Ao menos agora eu reconheço — Lucius admite sua incapacidade.

     — Embora não haja sentido pensar nisso, não quero viver no «E se» até mesmo em meu devaneio. Não tenho o luxo de pensar em algo que nunca será possível de acontecer.

     «E se»? Lucius… deixa-me mostrar para ti a verdade. E em troca, mostra-me teus sentimentos!

     — Nunca será possível de acontecer? HAHAHAHA! — eu faço questão de dar uma grande risada imprópria à situação.

      — … ?

     — O-O que estás a insinuar? Aurelius — Lucius olha para mim, assustado.

     Eu nada digo, apenas sorrio em sua frente, mesmo que ele não consiga ver-me na escuridão duma madrugada, eu sorrio em sua frente.

     Vamos lá, Lucius, eu sei que tu compreendes o que eu acabei de dizer!

     Lucius avança em minha direção com a cara vermelha. Ele finalmente olha para a minha cara que demonstra um sereno sorriso…

     Lucius, então, pega-me pelo colarinho de minha blusa com força. Isso é irritante, em situações normais eu nunca deixaria isso acontecer, mas agora é permissível. Se fazer isso irá deixa-lo mais enfurecido, então é permissível.

     Ele me xinga, mas não consigo compreender nem sequer uma palavra das quais ele disse. Isso é bom, isso é muito bom. Sim, Lucius, sim! Deixa a tua raiva tomar conta!

     — AURELIUS, TU NÃO IRÁS, EU NÃO… EU NÃO DEIXAIREI!

     — Ora?

     — «ORA?!»

     — Estás certo de que sou eu quem deve escutar tais promessas chulas? — coloco dúvida em sua cabeça tomada pela raiva.

     Ver a cara confusa dele após minha fala é jocoso, portanto eu rio sem conter-me. Pela dúvida em sua cabeça ele enfraquece a pegada em meu colarinho e eu tiro facilmente suas mãos de lá.

     Agora… preciso aproveitar o momento. Preciso ativá-lo mais ainda em cólera, preciso fazê-lo com que sua raiva tome conta e ele me ataque.

     Pois, se assim eu não fizer, nada do que fiz até agora dará certo. Qual o melhor local que instiga visualmente briga motivada por ódio? Um campo de batalha é claro.

     Homens, até mesmo os mais covardes, se transformam a depender da situação e do ambiente em que estão. Já vi o mais fraco dos homens agir como um verdadeiro rei quando em bando, por exemplo.

     Eu ando para fora do quarto dele, mas lentamente, quero dá-lo totais chances de seguir-me ao nosso local especial. Eu preciso que ele me siga.

     — Por que eu faria algo assim com meu querido irmão? Seria uma maldade sem-par.

     Ironia.

     — Ser patriarca da família a matar seu próprio irmão? Que maldade! Que desumano! Eu não poderia! Não há nenhum bom motivo para realizar tais atos nefastos!

     Mais ironia.

     — AURELIUS! — Lucius grita o meu nome.

     — Vejo que me conheces pouco, Lucius.

     Desta vez, uma verdade.

     Continuo a andar despreocupado com a pessoa atrás de mim que tenta alcançar-me e fazer-me parar. Nada importa neste mundo além do que eu quero.

     — Por que eu gostaria de prender-me a um título inútil que no final apenas me manteria preso a essa província?

     — Não é isso que eu quero para mim, não é isso que o mundo reserva para mim.

     — CONTUDO… — aponto para o céu noturno, estrelas me iluminam neste momento remarcável.

     Ao chegar à frente do campo de treinamento eu finalizo a minha caminhada, viro-me para Lucius e olho em sua cara. Ele apresenta raiva, mas ao mesmo tempo dúvida com tudo que está a acontecer.

     — A única existência capaz de mudar teu destino não é única, Lucius, não é apenas eu.

     — Como assim? — Lucius pede por explicação.

     — Desta maneira: eu não sou o único homem neste mundo, igualmente, não sou o único que se beneficiaria de sua queda — levanto os meus braços para os céus ao demonstrar prudência.

     Agora: quanto maior a dúvida, maior a necessidade por esclarecimento. E nem sequer precisa ser um esclarecimento do mais plausível, só precisa ser algo que satisfaça o pobre indivíduo com dúvida em sua mente…

     — Não sabes? Pobre Lucius…

     — Uma coalizão de nobres está a ser feita na capital. Ao exato momento em que tu ascenderes ao posto de patriarca dos Conflagratus desencadear-se-á uma guerra sem proporções.

     — Não, não, não pode ser… — Lucius nega o que eu disse.

     — É inevitável, milhares irão morrer. Não somente de nossa província, mas infelizmente da nação inteira. Civis, militares, magos e não magos, mulheres e crianças. Fortes e fracos — eu o jogo mais ainda em desespero.

     Lucius fica paralisado no lugar, mas ainda não tenho a confirmação de que ele se entregou para mim. E se eu não a tenho, só preciso forçá-lo um pouco mais.

     — E sabes tu por que tudo isso? Lucius. Eles não concordam com a ideia e a existência de nossa família, marqueses, a eles, não devem existir em tempos de paz.

     — M-MAS ISSO NÃO É MINHA CULPA! NOSSO PAI DISSE QUE IRIA EVITAR ISSO, E-ELE DISSE! — Lucius tenta amenizar a própria culpa.

     — Huh?

     Isso genuinamente me irrita, mas mantenho a minha face trajada da mascará indiferente como planejado. Ele acabou de tentar terceirizar o próprio fracasso, pedir ajuda de alguém por sua incompetência como um Conflagratus.

     Tudo o que eu estava a dizer até aqui era um grande teatro, mas após ouvir algo tão patético assim eu irei brincar um pouco. Retirarei por um momento minha mascará e deixarei a minha verdadeira face transparecer um pouco…

     — Para ti o mundo se movimenta em tal engrenagem? Por acaso és uma criança necessitada de amparos e ajuda de seu papai?

     — Isto é patético. O pequeno e covarde Lucius que busca o seu papai para resolver seus problemas — eu o provoco.

     — NÃO! TU ESTÁS ERRADO!

     O jeito em que Lucius está agora, a segurar-se para manter-se em pé é cômico. Ele não irá chorar aqui, irá? Lembra-me uma criança.

     Lucius! Ó, Lucius! Não chores, vamos!

     — Estou eu errado? Mas que chacota, Lucius, tu és uma chacota — eu digo ao aproximar-me dele, quero que ele me ouça claramente.

     — N-Não te aproxima, Aurelius!

     Não me aproximar? Ora, o pequeno Lucius não quer ouvir palavras ruins. Patético. Vamos, Lucius, demonstre-me teu desespero.

     — Lembras tu da maneira em que iniciei nosso encontro? «Há algo que precisa ser conversado», mas por que eu disse isso?

     — Porque eu te conheço, eu te vejo, eu te ouço, eu te observo — afirmo com uma voz ríspida.

     Ao aproximar-me dele eu percebo que ele está a recitar um feitiço. Ahhh! Mas que maravilha, finalmente conseguirei o que eu tanto desejo.

      — E é exatamente por isso que eu sei o quão covarde e incompetente tu és. CO-VAR-DE! — eu grito com Lucius e rio logo após.

     — AURELIUS! NÃO DÊ NEM MAIS UM PASSO!

     — Por quê?

     Eu continuo a andar em sua direção. Vamos, Lucius, realize o que tu desejas. Realize o meu desejo.

     — MEDIUS-IGNIS: [QUEIMAÇÃO]! — Lucius grita o seu feitiço.

     Um feitiço de nível médio, huh? É facilmente evitável ou anulável, mas fazer isso no momento quebraria o estado de espírito dele totalmente. E não é isso que eu desejo, quero quebrar, mas não totalmente.

     O que eu desejo é que Lucius se exauste magicamente, logo eu não posso demonstrar a diferença abismal que há entre nós dois. Se eu demonstrasse a minha superioridade, ele ficaria inibido ao agir.

     Antes do feitiço dele alcançar-me eu recito mentalmente uma pequena proteção: Basic- Æther: Pele resistente. Uma simples magia de proteção deve bastar.

     O feitiço dele me acerta ao meu peito, mas nada de memorável acontece. Sinto uma leve dor, mas nada demais. Sequer sangue é derramado.

     Após ver que eu aguentei o feitiço apenas com o meu corpo Lucius se assusta.

     — É isso? …

     — … ?

     — É SÓ ISSO QUE TU TENS? LUCIUS. UMA MEDÍOCRE MAGIA DE NÍVEL INTERMEDIÁRIO? ÉS TU ALGUM TIPO DE MAGO INICIANTE? A MERDA DUMA CRIANÇA QUE ESTÁ A APRENDER MAGIA?!

     — E-Eu não… eu não queria machucá-lo gravemente!

     Feitiços de nível mediano não irão fazê-lo gastar toda a tua quintessência afinal. Mas… tu não querias machucar-me? Hilário, será que ele sabe para que servem os feitiços de ataque?

     — Lucius, Lucius, Lucius… Até mesmo nisso, até mesmo no teu ataque feito por ódio tu és covarde. Não queria machucar-me? Então qual é o motivo de lançar uma magia? Magias ou matam ou protegem, sei que tu sabes isso. Todavia, até mesmo a tua intenção de matar era fraca e covarde. Justamente como a ti.

     Lucius faz uma cara estranha, mas sei sobre o que ela é: a mais bela e pura cólera. Ele aperta os próprios punhos e após isso começa a preparar mais um feitiço. Pela quintessência envolta eu posso dizer que desta vez é um feitiço avançado.

     — PROVECTUS-IGNIS: [HÁLITO DRACÔNICO]! — Lucius solta seu feitiço, de fato um feitiço avançado.

     Desviar seria possível, mas não quero. Deixe-me mostrar algo interessante sobre feitiços: não importa o nível deles, o mais básico ou o mais avançado, dois feitiços que se colidem frontalmente, desde que ambos sejam dotados de mínimo poder, irão sofrer desvio em sua trajetória.

     Os estudantes de magia do Instituo Magia será que sabem de tal informação? Difícil dizer que sim, são todos uns engessados presos às teorias.

     Eu não sou muito bom em Aer, mas acredito que consigo realizar essa propriedade mesmo com esse elemento inferior.

     Quando o dragão que ele há pouco soltou chega perto de mim eu então conjuro o feitiço:

     — Basic-Aer: [Sopro].

     O dragão que avançava em linha reta então muda de trajetória e vai para cima, a explodir no final.

     — N-Não, não é possível… — incrédulo Lucius lamenta.

     O que será que não é possível? Eu ter desviado o feitiço dele ou ter usado um elemento que tecnicamente eu não possuo para assim fazer?

     Desde que seja um elemento masculino, um homem pode desenvolver aptidão com o elemento do qual não lhe foi dado de nascença. Através de trabalho duro, trabalho duro todo santo dia.

     Apesar do lamento de há pouco, Lucius já volta para seu estado de raiva padrão e começa a conjurar mais feitiços. Isso é bom, não precisarei alterar meu plano.

     — MEDIUS-IGNIS: [INTRALUME II], PROVECTUS-IGNIS: [HÁLITO DRACÔNICO], PROVECTUS-IGNIS: [HÁLITO DRACÔNICO], PROVECTUS-IGNIS: [HÁLITO DRACÔNICO]!

     1 feitiço médio de fortalecimento de fogo e 3 feitiços avançados, isso é problemático. Todavia é muito mais problemático para Lucius em si, o corpo dele não irá suportar esse baque.

     O primeiro dragão avança e eu desvio dele com um pulo para o lado e os outros 2 dragões vem logo em seguida.

     Será que eu consigo repetir o truque em dois dragões ao mesmo tempo?

     — Basic-Aer: [Sopro] — eu solto o feitiço.

     A rajada pega no segundo dragão, mas o desvio ocasionado faz com que ele se choque com o terceiro e aconteça uma explosão de fogo que voa em minha direção. Eu até tento desviar, mas acabo por ser atingido minimamente por ela.

     — Ah, inferno!

     — Consegui… — Lucius comemora, mas o que exatamente?

     Bom, eu darei motivos para ele comemorar agora mesmo:

      — Hahaha… Tu te divertiste, não? Agora é a minha vez, melhor proteger-se disso — realizo um blefe, quero que ele tente proteger-se dum suposto feitiço forte e gastar mais quintessência.

     Lucius não reage, mas tenho certeza de que ele está a conjurar feitiços de proteções mentalmente. Não estás? Lucius. Eu te disse, eu te conheço.

     Eu aponto o meu indicador para ele e centralizo a minha mira. A quintessência em minha volta se torna amarelada. Levanto o dedo indicador para cima, volto-o para a posição original e disparo:

     — Basic-Aer: [Tiro aéreo].

     Uma pequena esfera amarela voa em direção ao Lucius e o acerta em seu peito. A esfera de Aer é fraca, visualmente fraca.

     — É, eu realmente ainda não sei usar feitiços Aer proficientemente assim. Preciso treinar mais — digo ao lamentar a fraqueza do meu tiro.

     Escuto um barulho forte. O barulho dum corpo cair ao chão. É o corpo do Lucius.

     — Ora? Estás a desmaiar? Deixe-me falar algo antes disso.

     Lucius caiu não por conta do impacto da minha magia, definitivamente não foi isso.

     Lucius caiu, pois neste momento o corpo dele está magicamente exausto. Ele usou sua quintessência de forma incauta e o seu próprio organismo se fez vítima dessa situação.

     Eu ando até ele e agacho para ele conseguir escutar-me claramente.

     — Dá-lo-ei a solução para isso tudo, Lucius. Como eu sou bonzinho!

     — A solução é: morte. Ou tu irás matar todos esses nobres revoltosos ou tu irás matar a si mesmo. Simplesmente assim.

     Ao ouvir o meu conselho Lucius estremece e me demonstra que, apesar de estar quase desmaiado, compreendeu cada palavra dita por mim.

     Eu me levanto e observo o corpo mortiço de Lucius ao chão. Ele desmaiou completamente e não creio que será por pouco tempo.

     — O corpo dum homem adulto, mais velho que eu, o corpo do meu irmão…

    Esta visão é patética.

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