『 Tradutor: Hiroto 』


    X não parava de caçar.

    A montanha nevada, evitada por todos, tornou-se praticamente um lar para X.

    Caçar e comer, caçar e comer! Para ele, isso era tão divertido quanto brincar.

    — Têm muitos ingredientes que eu nunca vi antes.

    Os novos ingredientes faziam os olhos de X brilharem.

    O clima rigoroso do Norte produzia ingredientes únicos.

    X provava todos, e guardava os que podiam ser aproveitados.

    Dois dias se passaram assim.

    Puck!

    Ele acertou um javali da montanha nevada com seu escudo.

    Slurp!

    O javali caiu no chão com apenas um golpe.

    — …Acho que estou ficando forte demais.

    Tudo com um golpe só!

    Javalis selvagens das montanhas nevadas, lobos ágeis que apareciam do nada, até mesmo o Urso Branco, soberano da montanha…

    Bastava um toque, e eles desabavam.

    Imerso em sua rotina de caça, X decidiu conferir seus status pela primeira vez em dias.

    — Insano. Isso é mesmo de um hit só?

    Um nível de habilidade que o surpreendia!

    Com base em cálculos simples, aquilo só seria possível por volta do nível 150, o patamar de jogadores top 100 nas classificações atuais.

    Além disso, seu HP ultrapassava 5.000, com todos os atributos equilibradamente elevados.

    X, porém, refletia com calma.

    Rankers em Fate não são burros. Todos devem ter algum segredo, mas… meu arsenal também não deixa a desejar.”

    Status esmagadores para o seu nível!

    Isso poderia ser considerado o trunfo dele.

    Ademais, X possuía outras cartas na manga:

    A Culinária Celestial com possibilidades infinitas e as receitas do Rei Gourmet espalhadas pelo mundo de Fate!

    Quando dominasse completamente essas cartas, ele se tornaria o verdadeiro titã do jogo.

    Firmando sua determinação, ele pegou alguns itens do inventário.


    [Nível de saciedade abaixo de 10%.]


    — Até o Monte Geumgang é melhor com o estômago cheio.1

    Ver os monstros caindo um após o outro o motivava ainda mais.

    X segurou o estômago roncando e revirou o inventário.

    Tirou os temperos que já estavam no fim.

    — São caros, mas valeram cada moeda.

    Os atributos dele cresceram dezenas de vezes em apenas dois dias!

    Tudo graças aos temperos.

    Especiarias naturais são quase como ingredientes mágicos, transformando totalmente o sabor mesmo em pequenas quantidades. Por isso, têm alto valor tanto no mundo real quanto em Fate.

    — Nunca imaginei que os 12 temperos teriam sabores tão diferentes.

    X soube usá-los bem.

    Mesmo com habilidades culinárias medíocres, combinando os 12 temperos com os ingredientes que coletava, conseguia criar pratos incríveis.

    Nenhuma falha. Todos deliciosos.

    Alguns, com efeitos surpreendentes.

    — Carne de verdade ainda é boi.

    Wow!

    X mordeu um pedaço de carne bovina grelhada com temperos especiais.

    Uma notificação apareceu:


    [Paladar Celestial descobriu o sabor oculto da “Carne Grelhada Aromática da Cozinha Ilsung”!]



    [A energia do bisão que sacode a terra foi absorvida pelo seu corpo!]



    [Sua resistência aumentou em 1000 pontos por 60 minutos!]



    [Sua força aumentou em 50 pontos por 60 minutos!]


    Um buff absurdo, superior aos de sacerdotes!

    Nenhum buff sacerdotal conhecido aumentava resistência em mil pontos.

    Nenhum aumentava a força em cinquenta.

    Se existissem, os fóruns estariam em chamas, acusando os sacerdotes de quebrar o equilíbrio do jogo.

    Contudo, X havia descoberto uma comida com efeitos devastadores.

    “Essa é a sinergia entre o Paladar Celestial e a Culinária Celestial.”

    Outros jogadores conseguiriam esse buff com o mesmo prato?

    Claro que não.

    A habilidade Paladar Celestial era exclusiva de X, um buff pessoal e uma vantagem só dele.

    — Meu atributo Força subiu até quando comi pão de centeio…

    Mesmo aquele pão sem gosto gerava buffs.

    Depois de terminar a refeição, ele se levantou.

    — Essa montanha está esgotada.

    A regeneração dos monstros não acompanhava seu ritmo de caça.

    Faltava apenas um nível para atingir o 35, porém ele sabia que poderia conseguir isso em Veneta.

    X desceu a montanha.

    — Será que consigo derrotar o Urso da Caverna com um único golpe? Ele tem fraqueza contra fogo… Um crítico pode bastar.

    Ele fazia cálculos absurdos que ninguém mais ousava considerar.


    — Uau, você escolheu o caminho certo.

    X viu pegadas na neve branca.

    Apesar da nevasca esconder tudo, aquele era certamente o único caminho para Veneta.

    Agora que havia achado a trilha, era hora de seguir firme.

    Ele fechou a boca e caminhou silenciosamente.

    Falar fazia o calor escapar rapidamente.

    — Quanto falta até Veneta?

    De repente, um barulho alto se aproximava.

    — Ahhh! Alguém, alguém, me salve!

    — O quê?

    X estreitou os olhos ao ouvir o grito, quase como um lamento.

    Um garoto vinha correndo de longe, seguido de um javali selvagem da montanha, que avançava furiosamente!

    — Por que um javali da montanha está aqui?

    Esse monstro só aparecia nas montanhas.

    Era muito difícil vê-lo nas planícies nevadas distantes dali.

    Observando o garoto, X entendeu o que aconteceu.

    — Ah… realmente mexeu com o que não devia.

    O garoto carregava arco e flecha.

    Provavelmente tentou caçar e fracassou, agora sendo perseguido.

    Pelo comportamento, X concluiu: deve ser um NPC.

    Poucos jogadores atacariam despreparadamente monstros tão perigosos.

    “Ugh… a penalidade de morte deve ser horrível.”

    Um NPC com história própria.

    Do tipo que, se você ajudar, há recompensa.

    X puxou sua espada, decidido a garantir seus grãos.

    — Por aqui!

    Ele acenou para o garoto e desferiu um golpe no javali.

    Phew!

    O monstro caiu morto, virando cinzas.

    Os olhos do garoto se arregalaram.

    — Aquele monstro… derrotado num instante?

    — Está tudo bem? — disse X, como quem trata uma criança no restaurante de frango frito.

    Com um sorriso falso, ele falou gentilmente.

    O garoto assentiu.

    — Graças a você, sobrevivi. Obrigado, aventureiro.

    — Fico feliz que esteja bem, mas… por que fez algo tão perigoso? Javali da montanha não se caça com flechas comuns.

    — …Há razões por trás disso.

    O garoto abaixou a cabeça, entristecido.

    Havia algo a mais.

    Com sorte, poderia render uma boa missão.

    X ouviu com atenção.

    — Na verdade, sou Raan Thiyer, filho mais velho da nobre família Thiyer, de Veneta. Pode ser difícil acreditar pela minha aparência, mas peço que entenda… só estou tentando proteger o orgulho da minha família.

    “Uau! Para alguém tão jovem, ele fala como um verdadeiro nobre.”

    Gulp!

    X engoliu seco.

    Mesmo decadente, o garoto exalava nobreza.

    “Mesmo falido, nobre em Fate dura três gerações.”

    X se curvou rapidamente.

    — Desculpe. Não o reconheci.

    — Por favor, levante-se. Não revelei minha identidade justamente para não ser tratado como um nobre.

    — Então… tem algum outro assunto?

    Será que tinha uma missão vindo aí?

    Raan respondeu à pergunta velada de X.

    — Se não for incômodo, poderia passar na minha casa? Talvez não seja uma história importante, mas… pelo orgulho da minha família, não posso revelá-la de qualquer jeito.

    O orgulho da família.

    Aquilo tinha cheiro de aventura e recompensas épicas.

    X disfarçou o entusiasmo.

    “Bem, tempo é o que não me falta.”

    Tendo crescido tanto nos últimos dois dias, ele achava ótimo aproveitar a deixa e escutar a história de Raan.

    — Tudo bem. Mostre o caminho!


    — Chegamos.

    A mansão da família Thiyer ficava nas montanhas próximas à Veneta.

    X nunca imaginaria uma residência nobre em um lugar tão isolado.

    No entanto, havia uma vantagem: dava para ver toda Veneta de cima.

    “Então é assim que Veneta se parece…”

    Era bem menor do que Narville, mas parecia ter tudo o que uma cidade precisa.

    X entrou na mansão com essa imagem na mente.

    — Voltei, pai.

    Raan olhou para um retrato e abaixou a cabeça.

    Provavelmente seu pai falecido.

    X permaneceu em silêncio, observando a mansão.

    “Será que a família entrou em declínio após a morte do pai? Nem móveis restaram… nem um mordomo.”

    Sshhh!

    O vento frio soprava até por dentro da casa.

    Ali, X entendeu o motivo de Raan caçar um monstro tão perigoso.

    “Até a comida acabou…”

    Tsk!

    X clicou a língua em pena.

    Frio e fome, uma combinação cruel.

    Lembrava-se de quando seu restaurante de frango faliu e ele vivia à base de miojo.

    Movido por empatia — e talvez por conveniência —, arregaçou as mangas.

    — Com licença, Raan, como está sua família?

    — Na casa… apenas eu, minha mãe e minha irmã mais nova…

    — Ótimo. Não faltarão ingredientes.

    Mesmo após comer por dois dias, X ainda tinha bastante comida estocada.

    Foi direto para a cozinha e começou a cozinhar.

    Ssssss!

    Com a Culinária Celestial ativada, ele preparava os ingredientes.

    — Maninho, você voltou? Pegou algo gostoso?

    — Lian, você acordou?

    — Sim… mas quem é esse cara?

    A irmã mais nova de Raan, Lian, se surpreendeu ao ver X.

    Entretanto, o cheiro delicioso vindo da cozinha a fez baixar a guarda.

    X serviu um ensopado quente.

    Raan, cabisbaixo, murmurou:

    — Receber comida de um convidado… não sou digno de ser um nobre. Pode rir de mim, não me importo.

    X estendeu uma colher para ele:

    — Imagino que tenha sua própria história. Me pague depois, como dita a honra nobre.

    — Com certeza. Pela honra da família Thiyer, jamais esquecerei essa dívida.

    — Eu também! Nunca vou esquecer o Tio X!

    Famintos, os dois praticamente inalaram a comida.

    Como a mãe estava acamada, Raan levou uma porção para ela.

    Logo voltou com o prato vazio e um sorriso no rosto.

    — Minha mãe pediu desculpas por não poder vir recebê-lo e disse que não sabe como agradecer… Muito obrigado, Sr. X.

    — Tudo bem. Não foi nada.

    X, claro, pensava em obter recompensas.

    Todavia, não esperava que a família estivesse tão desesperada.

    Mesmo assim, sentiu certo orgulho.

    “Às vezes, vale a pena ser o benfeitor.”

    Nem tudo precisa ser por lucro.

    Enquanto pensava nisso, Raan falou, com os olhos brilhando:

    — Agora que matamos a fome, posso contar o mais importante.

    Chuck.

    Raan apontou para uma porta trancada.

    — O motivo da mansão da família Thiyer se encontrar aqui, nas montanhas… É porque ela está conectada a uma masmorra.2

    — …Masmorra?

    Masmorra!

    Monstros, tesouros, experiência em massa… tudo concentrado em um só lugar!

    É por isso que guildas monopolizam masmorras a fim de subir de nível rapidamente.

    X então pensou…

    “Sim… Mesmo que precise fingir… vou devorar essa masmorra sozinho!”

    Com os olhos brilhando de ambição, ele respondeu:

    — Então foi isso que causou a queda da sua família… Se for verdade, não posso ficar parado. Só me diga onde é, que eu destruirei essa masmorra por completo!


    1. Provérbio coreano que quer dizer: “Mesmo a paisagem mais bela do mundo não pode ser plenamente apreciada se você estiver com fome.”[]
    2. Masmorra é um local subterrâneo, geralmente escuro e perigoso, onde os personagens enfrentam desafios, inimigos e armadilhas em busca de tesouros ou para completar missões.[]

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