Capítulo 6 – Reunião Estratégica e a Primeira Proposta
Kim Jaemin acordou com a luz da manhã atravessando a cortina fina do quarto. As partículas de poeira dançavam no feixe dourado de sol, revelando um quarto modesto, mas bem cuidado. O som distante da cidade ainda sonolenta chegava abafado, misturando buzinas esporádicas, passos apressados nas calçadas e o leve zumbido dos carros.
Por um instante, ele permaneceu deitado, encarando o teto com olhos vazios, enquanto a consciência se ajustava à realidade do novo dia. As memórias de semanas atrás — do fracasso, da traição, da demissão — ainda ecoavam em sua mente como um fantasma incômodo. Mas bastou lembrar-se do número em sua conta para que um leve sorriso brotasse em seu rosto.
₩1.477.000.
Tudo isso depois de uma simples — mas impactante — ação social. Uma ideia simples que se espalhou com força nas redes sociais, como uma fagulha em palha seca.
Ele se sentou na cama e bocejou, os músculos ainda lentos pelo sono. O pequeno apartamento parecia o mesmo: paredes brancas ligeiramente amareladas pelo tempo, móveis simples e bem organizados, e o aroma de madeira envelhecida misturado ao leve perfume do sabonete recém-usado no banheiro.
Mas havia algo diferente no ar. Não era apenas esperança. Era propósito. Um tipo de energia viva, quase palpável. Ele não estava mais apenas existindo — estava construindo algo, passo a passo.
Após um banho rápido e um café preto solitário preparado em sua cafeteira velha, Jaemin se sentou à mesa da cozinha, onde o notebook descansava sobre uma pilha de livros improvisada como suporte. Ele abriu a interface do Sistema CLT com um gesto já automático, como quem abre o painel de controle de uma empresa.
> [Saldo Atual: ₩1.477.000]
[Funcionários Ativos: 3]
Choi Mirae – Rank C – Inteligência e Vigilância
Park Daehyun – Rank A – Publicidade e Persuasão
Han Seokjin – Rank B – Finanças Corporativas
Logo abaixo, um ícone brilhava com a notificação:
> [Agendar Reunião Estratégica?]
Jaemin confirmou.
Em poucos segundos, os três funcionários foram materializados na sala de estar — como se nunca tivessem saído. Eles sempre surgiam com naturalidade, como se tivessem sido apenas transportados de outra sala ao lado, sem efeitos sobrenaturais ou luzes extravagantes.
Park Daehyun usava um blazer azul-marinho impecável, sapatos polidos e um sorriso confiante. Seu cabelo castanho-claro era penteado para trás com cuidado. Ele foi o primeiro a se pronunciar:
— Parabéns pela repercussão, CEO. A ação das cestas básicas foi mais eficaz do que qualquer campanha de marketing tradicional que poderíamos pagar neste momento. Ela ativou o gatilho emocional correto, gerando confiança e comoção.
Han Seokjin, sempre com a postura de um analista de banco de elite, usava uma gravata cinza e segurava um tablet fino, já aberto em gráficos detalhados.
— O impacto online se traduziu em aumento de reputação. Monitoramos os comentários e citações: fomos mencionados por duas microinfluenciadoras locais — ambas mães com público fiel — e um canal de YouTube com cerca de 40 mil inscritos focado em empreendedorismo social. O vídeo com nosso nome ultrapassou 30 mil visualizações em 24 horas, com alto índice de engajamento e curtidas positivas.
Choi Mirae estava de pé ao lado da janela, braços cruzados, analisando o movimento na rua com olhos atentos. Ela usava uma jaqueta preta sobre uma camisa de gola alta e parecia sempre pronta para uma missão de infiltração.
— No entanto, também chamou atenção de outras agências. Recebemos quatro acessos diretos em nosso site de domínios corporativos concorrentes. Provavelmente curiosidade. Ainda não é ameaça direta, mas já estamos no radar.
Jaemin ouviu tudo em silêncio. Seu olhar vagou pela sala por um instante, observando a TV desligada, a estante com livros de economia que nunca terminou de ler, e o quadro de cortiça com ideias rabiscadas em papéis amarelos. Quando finalmente falou, sua voz soou mais firme do que esperava.
— Então está funcionando. Mas agora precisamos planejar o próximo passo. Não podemos viver de doações e marketing social pra sempre.
Han Seokjin concordou, já deslizando os dedos no tablet.
— Justamente. Por isso, revisei alguns modelos de serviço que poderíamos oferecer com nossa estrutura atual. E… temos uma oportunidade concreta.
Ele tocou o tablet e projetou na pequena TV do apartamento uma apresentação com layout profissional e tipografia minimalista:
“Proposta de Consultoria: Han & Lee Bebidas Naturais”
— Uma microempresa de sucos e chás artesanais localizada no distrito de Mapo. Fundada por dois amigos que se conheceram na faculdade de nutrição. Eles têm uma presença tímida nas redes sociais, mas o produto é bom. Matéria-prima orgânica, embalagens sustentáveis, e ótima avaliação nos pedidos feitos via delivery. O problema é gestão e posicionamento.
Jaemin arqueou a sobrancelha.
— E como vocês descobriram isso?
Choi Mirae deu um leve sorriso, quase divertido:
— Eu configurei alertas por palavras-chave como “consultoria”, “marca”, “problemas financeiros”, e “empresa pequena” em redes como Twitter, Instagram e LinkedIn. Temos filtros automáticos rodando. Foi assim que encontramos essa empresa. Eles publicaram um desabafo no LinkedIn, pedindo indicações de consultorias acessíveis.
Park Daehyun já estava animado:
— E é aí que entramos. Posicionamos a Aurora como uma empresa jovem, inovadora e socialmente responsável. Mostramos nossa atuação anterior e oferecemos um pacote de entrada enxuto. Com isso, testamos o modelo de consultoria direta com cliente real, sob contrato.
— E quanto cobramos?
— ₩300.000 pelo pacote básico de três semanas — respondeu Han Seokjin. — Inclui diagnóstico de marca, reestruturação visual simples, plano de marketing local e otimização básica de fluxo financeiro.
Jaemin ficou em silêncio por alguns segundos.
₩300.000.
Se eles aceitassem… viraria ₩600.000 com o Sistema Magnata. Claro, o sistema não era totalmente previsível em prazos, mas até agora funcionava.
Ele assentiu, determinado.
— Vamos fazer essa proposta. Quero ver como reagimos lidando com um cliente de verdade. Mandem algo profissional, nada improvisado.
— Já está sendo preparado — disse Daehyun com um brilho nos olhos. — E… Jaemin, se me permite, sugiro que não assine os e-mails como CEO. Ainda não. Cria uma imagem de proximidade se usarmos só o nome. Humildade atrai confiança no início.
— Concordo — disse Mirae, séria.
— Hm… Tá bom. Vamos com isso.
Jaemin levantou-se e se espreguiçou. Seus ombros ainda doíam da posição torta em que trabalhava.
— E outra coisa — disse ele. — Quero usar ₩200.000 para algo pessoal.
Os três se entreolharam brevemente, mas não questionaram.
— Uma nova cadeira de escritório e uma mesa decente. A minha coluna vai me agradecer. E, claro, preciso de um upgrade no notebook. Não dá pra tocar uma empresa com esse dinossauro.
Han Seokjin já digitava rapidamente.
— Autorizado. Posso organizar uma compra eficiente em até uma hora. Já tenho fornecedores confiáveis mapeados. Vai gastar bem, e o retorno será praticamente garantido — disse com convicção.
Jaemin sorriu. Ele não precisava justificar nada. A empresa era dele. Mas ainda assim, era bom saber que seus “funcionários” estavam alinhados, quase como uma família silenciosa.
> [Gasto registrado: ₩200.000]
[Sistema Magnata: processo de retorno iniciado…]
Saldo atualizado: ₩1.277.000.
Mais tarde, naquela mesma noite, enquanto bebia chá de gengibre e reorganizava anotações, Jaemin recebeu uma notificação:
> [Nova mensagem de: Han & Lee Bebidas Naturais]
“Gostamos bastante da proposta. Podemos marcar uma videochamada para discutir os detalhes?”
Ele encarou a tela por um tempo. Seus dedos tremiam um pouco.
Era pequeno, sim. Mas era real.
Era o começo.
Ele respirou fundo, ajeitou a postura e respondeu:
— Vamos conversar.
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