O despertador tocava pela terceira vez naquela manhã. Um som estridente, irritante, que preenchia o quarto abafado de um apartamento minúsculo em Seul. Kim Jaemin abriu os olhos lentamente. A luz cinzenta da manhã filtrava-se pelas cortinas baratas. O cheiro de miojo de ontem ainda pairava no ar. Ele não se moveu.

    Era o terceiro dia seguido em que ele simplesmente… não conseguia sair da cama. A mente embaralhada, os pensamentos presos como se uma névoa pesada tivesse se instalado ali. Os olhos dourados, raros e estranhamente hipnotizantes, estavam opacos. O cabelo preto caía bagunçado sobre a testa.

    Tinha 18 anos. Estudante universitário, curso de Administração. Nada glamouroso, nada especial. Seu rosto era comum, “nota 5”, como diziam nas redes sociais. Nem bonito, nem feio. Só mais um entre milhões.

    O celular vibrava com notificações — chamadas não atendidas da mãe, mensagens dos colegas do grupo de trabalho, e um lembrete da faculdade: “Prazo final do relatório hoje às 12h”.

    Ele ignorou tudo.

    O quarto estava em silêncio de novo, exceto pelo som abafado do trânsito ao longe. E naquele silêncio, voltaram as lembranças que ele vinha tentando reprimir.

    Duas semanas antes, Jaemin ainda tinha um emprego de meio período numa cafeteria. Nada demais, só o suficiente pra pagar o aluguel, comprar uns lanches, e guardar um trocado. Era um dos únicos da turma que trabalhava, e orgulhava-se disso.

    Até o dia em que o gerente o chamou no fim do turno.

    — Jaemin, precisamos conversar.

    — O que houve? Fiz algo errado?

    O homem coçou a cabeça, sem conseguir encará-lo.

    — A verdade é que… estamos cortando pessoal. E… bom, você é um dos mais novos. Não leve pro lado pessoal. Você entende, né?

    Jaemin entendeu. Ou pelo menos fingiu. Só acenou com a cabeça e saiu com um sorriso amarelo.

    Naquela noite, decidiu desabafar com a única pessoa que achava que poderia entender: sua namorada.

    Minji.

    Eles estavam juntos havia oito meses. Ela era alegre, extrovertida, popular na faculdade. Ele ainda se perguntava como alguém como ela havia se interessado por alguém como ele.

    — Minji, fui demitido hoje — contou, rindo de nervoso. — Foi um corte geral. Vou procurar outra coisa.

    — Sério? Nossa, que droga — ela respondeu sem muito entusiasmo, mexendo no celular.

    — Eu sei que vai ser difícil por um tempo, mas…

    — Olha, Jaemin, acho que isso é um sinal.

    — Sinal?

    — De que a gente devia terminar.

    Foi como levar um soco no estômago. Do nada.

    — Espera… quê?

    — Você tá sempre triste, reclamando da vida. Agora sem emprego. Desculpa, Jaemin, mas eu não quero isso pra mim.

    O pior não foi o término. Foi descobrir, poucos dias depois, que Minji já estava saindo com outro cara — um aluno de Direito, de família rica.

    Aquilo destruiu o pouco de confiança que Jaemin ainda tinha.

    E agora, ali, deitado no escuro, encarando o teto mofado, Jaemin sentia como se o mundo tivesse cuspido nele e virado as costas.

    — Que se dane tudo — murmurou, com a voz rouca de quem quase não falava há dias.

    O estômago roncava, mas ele não se levantou. Deixou o celular cair da cama, encarando a rachadura no teto.

    Foi quando tudo mudou.

    Um som metálico ecoou no ar, embora nada no quarto tivesse se movido.

    [SISTEMA MAGNATA ATIVADO]

    Jaemin piscou. Sentou-se na cama num pulo, os olhos arregalados. Uma janela flutuante — sim, uma janela literalmente flutuando no ar — apareceu diante dele

    > Bem-vindo ao Sistema Magnata.

    Você foi escolhido para mudar sua realidade financeira.

    Todas as quantias de dinheiro gastas por você retornarão dobradas em até 24 horas.

    Exemplo: Gaste 1.000 won, receba 2.000 won.

    Aviso: Crescimento moderado. O sistema detecta abusos e ajusta os retornos.

    Explore com sabedoria.

    Jaemin esfregou os olhos, achando que estava tendo um surto. Levantou da cama com esforço, cambaleando. A janela continuava lá.

    — Que… merda é essa?

    Tentou tocar, mas sua mão passou direto.

    Seu coração disparava. Era uma piada? Um vírus? Um sonho?

    Então, outra janela surgiu.

    [SISTEMA CLT ATIVADO]

    > Parabéns! Você desbloqueou o Sistema CLT: Contratação, Lealdade e Trabalho.

    Este sistema permite que você recrute funcionários leais por meio de uma roleta gacha.

    Eles não pertencem ao mundo real, mas possuem aparência humana e são 100% fiéis.

    Todos possuem habilidades únicas (contabilidade, segurança, direito, espionagem, etc).

    São divididos por ranks: E, D, C, B, A, S.

    *Você começa com:

    3 Rodadas Gacha

    10 Pontos de Aparência

    1 Espaço de Inventário desbloqueado*

    Jaemin caiu sentado no chão. Os batimentos ecoavam nos ouvidos. Agora sim, ele tinha certeza: estava pirando.

    Mas então algo brilhou em sua mão. Um pequeno cartão preto apareceu flutuando, com a inscrição:

    “Funcionário CLT nº 001 – Em processo de invocação.”

    E na frente dele, com um som de “whoosh”, uma silhueta começou a se formar. Primeiro os pés, depois o corpo, depois o rosto.

    Era um homem alto, de terno cinza e expressão séria. Parecia ter uns 35 anos. Um crachá brilhava no peito:

    Nome: Han Seokjin

    Rank: B

    Especialização: Finanças Corporativas

    O homem fez uma reverência educada.

    — Senhor Kim Jaemin. A partir de hoje, estarei ao seu serviço. Sou especialista em investimentos, administração de ativos e criação de empresas de capital limitado. Conte comigo.

    Jaemin ficou boquiaberto.

    — E-eu… você… você é real?

    Seokjin sorriu de leve.

    — Real o suficiente para ajudá-lo a sair do buraco. O senhor tem um potencial imenso. E mais: nós, do Sistema CLT, sabemos sobre o Sistema Magnata. Mas relaxe. Somos absolutamente leais.

    Ninguém jamais saberá de sua existência.

    Jaemin caiu de costas no chão, rindo como um louco.

    — Eu… eu tô louco. Só pode. Mas quer saber? Foda-se. Vamos ver até onde vai essa maluquice.

    Naquela noite, Jaemin usou os poucos 5.000 won que ainda tinha para comprar um cup ramen, uma garrafinha de água e um café enlatado.

    Na manhã seguinte, havia 10.000 won a mais em sua conta bancária. O Sistema Magnata havia cumprido sua promessa.

    E do outro lado do quarto, Seokjin já analisava um plano de negócios com gráficos e tabelas.

    — Senhor Jaemin. Precisamos falar sobre como transformar pequenos investimentos em lucros sólidos. Está preparado?

    Pela primeira vez em dias, Jaemin sorriu de verdade.

    Talvez a vida estivesse prestes a mudar.

    Talvez, só talvez, ele não fosse mais apenas mais um.

    Esse é o primeiro

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