Capítulo 2 – Os Primeiros Passos
A manhã seguinte começou diferente.
O despertador ainda tocava alto, mas desta vez, Kim Jaemin se levantou no primeiro toque. Os olhos dourados, antes apagados, tinham um brilho novo — de curiosidade, de confusão e, acima de tudo, de uma centelha de esperança.
A presença de Han Seokjin era impossível de ignorar. O homem, de terno impecável, já estava de pé desde antes do sol nascer, organizando papéis invisíveis sobre uma mesa que não existia. Quando Jaemin o viu, arregalou os olhos novamente, como se esperasse que tudo fosse um sonho estranho.
— Bom dia, senhor Kim Jaemin. Dormiu bem? — disse Seokjin, erguendo uma sobrancelha, formal e direto como um executivo veterano.
— Dormi… acho que sim. E… você ainda tá aqui. Isso é real mesmo? — Jaemin coçou os olhos e se espreguiçou, tentando entender a bizarrice de estar falando com alguém que surgiu de um sistema de “gacha empresarial”.
— Real o suficiente para começar nosso império, senhor. — Seokjin sorriu com confiança.
Jaemin balançou a cabeça, meio rindo.
— Tá bom. Então… por onde a gente começa?
Seokjin estalou os dedos e uma nova janela surgiu no ar diante deles:
[Sistema CLT – Painel de Início]
> Capital disponível: ₩10.000
Funcionários contratados: 1
Rodadas gacha restantes: 2
Pontos de aparência: 10
Espaços de inventário desbloqueados: 1
— Primeiramente, sugiro que usemos um dos seus pontos de aparência. A primeira impressão é importante. Se quiser começar a fazer contatos ou explorar negócios iniciais, estar com boa aparência ajuda.
Jaemin franziu a testa.
— Eu posso… mudar meu rosto? Tipo cirurgia plástica mágica?
— Exatamente. O Sistema CLT não apenas melhora sua atratividade visual, mas também seu carisma e linguagem corporal. Cada ponto usado melhora gradualmente sua aparência geral. Você pode parar quando quiser.
— E dez pontos já fazem alguma diferença?
— Com cinco pontos, seu visual passa de “comum” para “agradável”. Com dez, alcançamos o “atraente”. Se quiser ir além, terá de conquistar mais pontos com realizações futuras.
Jaemin hesitou por um segundo. Depois pensou em Minji — na forma como ela o desprezou, na expressão de nojo ao terminar com ele.
— Usa logo os dez. Quero começar bem.
Seokjin assentiu e outra janela surgiu:
[Pontos de Aparência usados: 10]
> Resultado: Aparência atualizada para Nível “Agradável-Para-Atraente”
Mudanças visíveis:
– Pele mais limpa e uniforme
– Estrutura facial levemente mais definida
– Postura ereta, olhar mais confiante
– Leve mudança no porte físico geral
Jaemin sentiu um calor estranho percorrer o corpo. Quando olhou para o espelho do banheiro — sujo e manchado, mas ainda funcional — quase não se reconheceu. Era ainda ele… mas melhor. O queixo mais firme, os olhos mais vivos, até mesmo o cabelo preto parecia mais alinhado, como se tivesse acabado de sair de um salão.
— Caramba…
— A mudança é sutil, mas eficaz. Você se parece com uma versão sua de um universo paralelo onde a vida foi mais generosa — comentou Seokjin.
Jaemin riu.
— Beleza. Agora… sobre aquele plano de negócios que você falou?
Seokjin puxou uma prancheta invisível e virou para ele um painel digital no ar.
— Estamos com ₩10.000. É pouco, mas se usarmos o Sistema Magnata de forma estratégica, podemos multiplicar sem levantar suspeitas. Comprar itens baratos, revendê-los com lucro, ou simular gastos com serviços essenciais e reinvestir o retorno.
Jaemin coçou o queixo, pensativo.
— E se eu gastar em algo como… comida? Funciona igual?
— Desde que o dinheiro saia da sua conta pessoal, sim. Mas retornos de alto valor só ocorrem com transações de natureza “produtiva”, como investimentos, insumos ou serviços empresariais. O sistema “sente” quando você está tentando abusar.
— Ok. E o gacha? Vale a pena rodar agora?
— Se me permite opinar, uma equipe mínima de três pessoas ajudaria a cobrir áreas importantes: finanças, segurança e marketing. Eu cuido da parte contábil e estratégia corporativa. Precisamos de um funcionário de campo, e talvez alguém com habilidade social ou jurídica.
— Beleza. Então bora rodar isso aí.
Jaemin ergue a mão. Como se atendesse ao comando mental, a interface do sistema exibiu uma roleta brilhante com luzes piscando. Os slots iam de Rank E até S, com porcentagens visíveis:
E: 40%
D: 25%
C: 20%
B: 10%
A: 4%
S: 1%
— Vamos nessa…
[Rodada 1 – Iniciando…]
A roleta girou. Os ponteiros giravam numa velocidade absurda, até que desaceleraram… e pararam em Rank C.
Funcionário CLT nº 002 – Invocando…
A luz surgiu no meio do quarto, tomando forma rapidamente. Uma mulher apareceu, com cerca de 28 anos, cabelo preso em um coque firme, roupas pretas discretas, e uma expressão fria como gelo.
> Nome: Choi Mirae
Rank: C
Especialização: Inteligência e Vigilância
Descrição: Especialista em coleta de informações, vigilância física e cibernética. Experiência simulada em análise comportamental.
Ela fez uma reverência curta e direta.
— Senhor Kim Jaemin. Pronta para identificar oportunidades e proteger o senhor de riscos externos.
Jaemin arregalou os olhos.
— Você é tipo… uma espiã?
— Eu prefiro “analista de segurança informacional”. Mas sim, se necessário, também uso escutas e câmeras escondidas.
Seokjin sorriu, satisfeito.
— Excelente adição. Agora temos proteção e informação.
Jaemin respirou fundo.
— Bora pra próxima.
[Rodada 2 – Iniciando…]
A roleta girou novamente. Tensão. Jaemin quase podia ouvir o próprio coração batendo.
E então…
Rank A.
Funcionário CLT nº 003 – Invocando…
Desta vez, a luz foi mais intensa. E quando dissipou, surgiu um homem de aparência desleixada, cabelo ruivo bagunçado, camiseta amarrotada, chinelos. Mas seus olhos eram incrivelmente afiados, e o crachá dizia:
> Nome: Park Daehyun
Rank: A
Especialização: Publicidade e Persuasão
Descrição: Mestre em marketing, viralização e influência social. Capaz de criar campanhas impactantes e atrair atenção do público-alvo.
— Yo, chefe! — disse Daehyun, dando um sorriso largo. — Finalmente saí da geladeira do sistema. Vamos construir uma marca que ninguém esqueça!
Jaemin olhou pra ele, depois para os outros dois. Uma equipe de três funcionários, cada um mais estranho e impressionante que o outro.
— Eu… tenho uma empresa agora?
— Ainda não, senhor — corrigiu Seokjin. — Mas temos uma base. Com o capital certo, podemos registrar uma pequena empresa de fachada e começar com microtransações seguras para gerar renda legítima.
— E o que eu faço enquanto isso?
Seokjin olhou para ele com um leve sorriso.
— Você aprende. Cresce. E comanda.
Choi Mirae acrescentou, com frieza:
— Eu já detectei três cafeterias próximas em que funcionários exploram estagiários sem contrato. Podemos intermediar ações trabalhistas em nome de uma ONG fictícia e ganhar doações.
— GENIAL! — gritou Daehyun. — Isso dá até uma campanha: “Justiça no café!”.
Jaemin colocou as mãos na cabeça.
— Meu Deus… o que eu virei?
— Um futuro CEO — respondeu Seokjin.
O dia passou voando. Eles passaram a tarde discutindo planos, mapeando possibilidades e usando os primeiros retornos do Sistema Magnata em gastos pequenos — Jaemin comprou uma carteira nova, um powerbank barato, e um lanche de ₩3.000. No dia seguinte, sua conta exibia ₩6.000 a mais, conforme prometido.
Mais importante do que isso, porém, era a sensação.
Pela primeira vez em semanas, Jaemin sentia que tinha controle.
A solidão ainda existia, mas agora dividida com três funcionários que, por mais bizarro que fosse, estavam ali para ele. Leais. Fiéis.
E eles sabiam sobre o Sistema Magnata. Mas nunca contariam a ninguém.
A noite caiu sobre Seul, iluminando o pequeno apartamento com uma luz laranja que filtrava pelas persianas tortas. Jaemin olhou para a cidade pela janela, com um copo de água na mão e o coração acelerado.
— Vamos ver até onde isso vai.
E foi assim que o primeiro passo foi dado. Kim Jaemin já não era só um universitário desempregado e traído.
Agora, ele era o CEO de algo que ainda não tinha nome, mas que logo abalaria o mundo inteiro.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.