Capítulo 5 – O Valor do Primeiro Investimento

O sol atravessava as cortinas com dificuldade, lançando listras douradas sobre o quarto escuro. Kim Jaemin acordou devagar, os olhos ainda pesados pela noite mal dormida. Era a primeira vez, em muitos meses, que ele não acordava sentindo o peso da ansiedade apertando seu peito. Em vez disso, havia algo novo em seu corpo: uma leve excitação, quase infantil.

Ele girou o corpo, esticou os braços e se sentou na beira da cama. Ainda usava a camiseta amassada de dormir, e o cabelo preto espetava para todos os lados. Pegou o celular no criado-mudo e, antes mesmo de desbloquear, ouviu a voz digital já familiar ecoar em sua cabeça.

Ele sorriu. Um sorriso discreto, contido, mas genuíno. Aquela cifra não era exatamente uma fortuna, mas, para alguém que acordara na sarjeta emocional há poucos dias, significava o mundo. Era mais do que dinheiro. Era prova de que algo dentro dele tinha mudado.

E, melhor ainda: tinha uma empresa agora.

Levantou-se e foi direto à pequena cozinha do apartamento. Preparou um café preto forte, pegou um pão velho e o colocou na torradeira. Enquanto esperava, rolava o feed do celular. Um post em especial chamou sua atenção.

> @miraesecurity

“Ontem salvamos a dignidade de uma senhora explorada por um agiota. Hoje salvamos a reputação da Aurora. A luz está só começando a brilhar.”

#AuroraConsulting #ImpactoSocial #NovaEra

A publicação tinha mais de mil curtidas. Nos comentários, pessoas elogiavam a atitude, perguntavam o nome da empresa, queriam saber mais. Alguns até diziam querer contratar os serviços da Aurora.

Jaemin respirou fundo. Aquilo era real.

Horas depois, já vestido com calça jeans escura, camisa social azul-marinho e tênis preto, Jaemin chegou ao novo “escritório” improvisado: o coworking simples no centro de Seul. Ainda não tinham condições de bancar um prédio ou uma sala exclusiva, mas era suficiente por enquanto.

Os três funcionários já estavam lá.

— Bom dia, CEO — disse Seokjin, sem tirar os olhos do notebook. Ele já analisava uma planilha que parecia impossível de entender para um leigo.

— Jaemin! — exclamou Mirae com um sorriso. — O post de ontem viralizou mais do que eu esperava. Te mostro os dados já já.

— Dormiu bem? — perguntou Daehyun, ajeitando o colarinho.

— Dormi como um rei — respondeu Jaemin com sinceridade.

Sentou-se na ponta da mesa central. Ainda se sentia estranho sendo chamado de CEO, mas fazia um esforço para se adaptar. Precisava parecer confiante, mesmo que por dentro ainda se sentisse como um estagiário perdido em uma reunião.

— Seokjin, situação financeira?

— Nossa receita líquida continua sendo zero — começou o contador, sem cerimônias — mas o capital inicial agora está em ₩1.327.000, como o sistema informou. E temos boas notícias.

— Boas?

— Recebi três propostas de microempresas querendo nos contratar. Nada grande, mas… querem nossa consultoria em marketing digital, organização de processos internos e até uma palestra motivacional com Daehyun.

— Uma palestra? — Jaemin olhou para o marqueteiro.

— Eu sei falar bonito — respondeu Daehyun com um sorriso confiante.

— Valores?

— Cada proposta gira entre ₩200.000 e ₩500.000. Podemos fechar dois contratos ainda hoje.

Jaemin coçou o queixo, pensativo. Era pouco, mas não insignificante. Mais do que o valor, era o prestígio e o início da construção da reputação da Aurora.

— E quanto precisamos investir para isso?

— Transporte, tempo dos funcionários, produção de material de apresentação… Se aplicarmos uns ₩150.000 nessas propostas, a chance de conversão é alta.

Jaemin assentiu.

— Aprovado — disse mentalmente, e o sistema respondeu com um leve brilho em sua mente.

— Investimento aprovado. Vamos atender essas empresas. Seokjin, você cuida da parte contratual. Mirae, faz uma análise da reputação online delas. Daehyun, prepara a apresentação.

Todos assentiram ao mesmo tempo, como se fossem parte de uma máquina sincronizada. Era reconfortante ver que, mesmo com tão pouco tempo juntos, funcionavam como uma equipe de verdade.

Horas depois, estavam em uma pequena sala de reunião de uma empresa familiar de cosméticos, chamada Pure Skin. A CEO era uma mulher simpática de quarenta e poucos anos, vestida com sobriedade. Explicava seus problemas de marketing, presença digital e dificuldade de alcançar o público jovem.

Daehyun pegou o controle remoto e iniciou sua apresentação. Durante vinte minutos, encantou os presentes com uma mistura de carisma e estratégia. Mostrou gráficos, cases, memes e até frases de impacto que fizeram todos sorrirem.

— A proposta é simples — concluiu ele. — Vocês querem que o mundo veja o brilho da Pure Skin? Deixem que a Aurora ilumine o caminho.

A CEO da empresa sorriu.

— Contrato fechado.

Na saída, Mirae cutucou Jaemin no braço.

— Três contratos fechados. Você já é oficialmente um empresário em ascensão.

Ele riu, meio sem jeito.

— Ainda estou aprendendo.

— Mas está aprendendo rápido.

Ao fim do dia, de volta ao coworking, Seokjin atualizou os números.

— Com os contratos assinados e o retorno do investimento aprovado pelo sistema, o novo saldo é…

— Estamos no lucro — disse Seokjin com um pequeno sorriso de canto.

— Pequeno, mas legítimo — completou Mirae.

— E conquistado com esforço — disse Jaemin, orgulhoso.

Olhou pela janela. O céu de Seul já escurecia, mas ele sabia: a Aurora ainda estava apenas começando a subir.