Capítulo 46: Criando uma técnica de movimento
‘Urslurus Nightfurs?’ Tristan pensou naquele nome estranho e começou a ler o conto.
| A incrível disputa territorial entre os Lobos de Bronze e os Urslurus Nightfurs |
⟨…
Quando eu era mais jovem, em uma de minhas muitas aventuras, fui testemunha de um confronto que, mesmo depois de tantos anos, ainda está claro na minha mente. Naquela época, seu avô estava sedento para descobrir os mistérios desse mundo; de leste a oeste, eu caminhava solitário, confiando apenas no meu poder para sobreviver às incontáveis ameaças que encontrei na minha jornada. Por um acaso de sorte ou destino, eu entrei em um território que estava no meio de uma disputa pelo domínio entre duas tribos de feras.
De um lado estavam os Lobos de Bronze, bestas ferozes que viviam em grandes grupos liderados por um único e imponente alfa. Eles tinham uma pelagem marrom densa e metálica, e suas presas eram afiadas como lâminas, capazes de cortar até mesmo as rochas mais duras. Eles eram seres brutais, mas também organizados.
Do outro lado estavam os sombrios Urslurus Nightfurs, aquelas enormes bestas que pareciam híbridos de ursos e felinos, como sombras materializadas. Aqueles mestres da furtividade eram leves e esguios, e seus olhos brilhavam com a inteligência de um predador astuto. Eles geralmente viviam em pequenos grupos liderados pelos mais velhos da tribo.
Essas criaturas costumavam viver em ecossistemas distintos; por isso, o encontro dessas espécies era algo muito raro. Provavelmente, algo aconteceu no território de um deles, o que fez com que eles tivessem que migrar, encontrando a outra tribo durante o trajeto.
E eu cheguei no momento em que o desenrolar daquela situação iria começar.
A princípio, o resultado dessa batalha parecia já estar decidido: os Lobos de Bronze eram mais fortes e viviam em um grupo muito maior. Os Urslurus Nightfurs tinham uma forte conexão com a Escuridão, o que fez com que seus efeitos negativos ficassem mais evidentes. Sua taxa de natalidade era muito menor em comparação com as outras espécies de feras; além disso, o desenvolvimento deles era muito mais lento. A maioria tinha cerca de metade da altura de um humano adulto, e apenas alguns poucos conseguiam ultrapassar isso.
…⟩
Tristan parou de ler a primeira parte daquele conto. Ele precisava refletir sobre o que acabara de ler.
‘Aumentar a conexão elementar também aumenta seus efeitos negativos?’ Ele pensou nas consequências disso, se fosse verdade.
Surpreendentemente, os próximos dias passaram calmamente. Não ocorreu mais nenhum acontecimento relacionado a uma tribo de feras.
‘Eles foram embora?’ Ele não sabia se deveria achar essa situação anticlimática ou um prenúncio para algo pior.
Felizmente, isso não seria mais problema dele; uma carta do líder da seita havia chegado dizendo para eles retornarem.
‘A seita perdeu muitos aprendizes valiosos em apenas alguns dias, isso pode dificultar as coisas no torneio.’
No entanto, pelas informações que ele recebeu, os aprendizes das outras seitas não se saíram muito melhor.
Tristan decidiu que ele deveria se esforçar mais para dominar sua técnica de movimento nos próximos dias; algo que ele aprendeu com o último confronto foi que suas habilidades ainda eram muito limitadas.
Alguns dias haviam se passado desde os acontecimentos na muralha da cidade. Atualmente, Tristan estava na biblioteca da seita da Espada Voadora.
Ele se aproximou do recepcionista, que estava sentado atrás de uma mesa com uma expressão tediosa no rosto. A pele do homem era enrugada, e seus cabelos e barba eram grisalhos, quase brancos; ele parecia ter passado dos 70 anos.
Quando Tristan se aproximou, apenas os olhos do velho seguiram o movimento dele, sua cabeça continuou imóvel.
“Quem é você? O que você está fazendo aqui?” o velho disse com sua voz rouca e baixa.
Os olhos atentos de Tristan notaram uma sutil expressão de confusão no rosto do velho, ele suspirou com a falta de reconhecimento do recepcionista. Como ele ia para a biblioteca com frequência, já havia perdido a conta de quantas vezes precisou se apresentar.
“Bom dia, honrado ancião, eu sou Dusk, discípulo do Segundo Dao Voador.” Ele fez uma reverência.
“Eu gostaria de ter acesso à terceira seção da biblioteca.”
Tristan levantou os tecidos amarelos de seu traje e a faixa vermelha em sua cintura para que o velho percebesse que ele fazia parte dessa seita.
“Desde quando a seita permite que estrangeiros invadam esse lugar sagrado? Você acha que pode me enganar, garoto?” O ancião disse, fazendo a pele flácida ao redor de sua boca se dobrar em desgosto.
Depois de perder muito tempo dialogando e convencendo o velho de sua identidade, ele conseguiu acesso à biblioteca.
Os tomos e pergaminhos ficavam guardados em cofres metálicos dentro de uma enorme parede.
Ele pegou uma chave de cobre velha que havia sido entregue a ele pelo recepcionista da biblioteca de forma relutante e abriu um dos cofres.
Levantando a tampa de cima, ele colocou sua mão dentro do cofre, pegando vários pergaminhos de papel amarelado com tons de marrom.
Tristan olhou o primeiro pergaminho, vendo seis pontos organizados de uma forma que ele achava ser aleatória.
O próximo pergaminho mostrava o desenho amador de duas pernas humanas com seis pontos em destaque em cada perna.
‘Então esses são os doze meridianos da técnica Passos Leves.’
O terceiro pergaminho continha desenhos da sequência de movimentos que precisavam ser utilizados para realizar essa técnica; essa não era uma técnica do tipo versátil, então seus movimentos precisavam ser realizados exatamente da mesma forma.
Os próximos pergaminhos continham algumas dicas e teorias sobre como o Qi poderia ser manipulado para abrir esses meridianos.
Ele passou um tempo estudando os meridianos dessa técnica e as dicas nos pergaminhos.
Depois de fazer isso, ele saiu da biblioteca e foi para um dos quartos de treinamento da seita. Abrir um meridiano poderia ser muito perigoso, então os aprendizes geralmente faziam isso em locais especiais onde seriam vigiados pelos adultos.
Quando ele abriu a porta, viu outros jovens meditando em cima de tapetes; a maioria deles tinha expressões zangadas no rosto.
Escolhendo um local para si, ele se sentou e fechou os olhos.
Depois de controlar sua respiração e repetir os mantras em sua mente, ele sentiu sua conexão com a Escuridão ficar mais forte. Ele guiou seu foco para a região das pernas e começou a procurar os meridianos primários.
Um, dois, quatro … oito; depois de tanto tempo praticando, ele conseguiu encontrar os oito meridianos primários sem muita dificuldade. Ele estava desenvolvendo várias técnicas ao mesmo tempo, e aquela era a que ele mais havia progredido.
Tristan tinha uma suspeita de que a técnica Pés Leves poderia combinar com uma das técnicas de movimento que ele estava tentando desenvolver.
Ele imaginou uma névoa preta perfurando uma membrana; a membrana era resistente e flexível, lutando contra sua vontade.
Mas então ele reforçou sua mente e perfurou a membrana, fazendo um de seus meridianos se encher com essência sombria, ficando muito maior. Ou foi isso que ele imaginou quando criou esse método de visualização mental.
Um após o outro, oito meridianos explodiram em poder; nesse momento, Tristan procurou os meridianos da técnica Pés Leves, e, depois que os encontrou, começou a cutucá-los suavemente.
Utilizando sua intuição, ele achou que dois deles reagiram bem aos outros oito, então escolheu esses.
Ele engoliu em seco com a próxima etapa.
Essa seria a parte mais perigosa; a primeira vez era o momento mais provável para um meridiano explodir, aleijando parte do circuito de energia de um cultivador, talvez permanentemente.
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