Capítulo 49: Sombra e Vento contra Terra
O silêncio pairou por um momento. Os olhos da multidão de curiosos estavam brilhando com desejo de um emocionante duelo. Yue encarava Kong com determinação, mas ela também sabia que seu inimigo não poderia ser subestimado.
Ela estudou a fisionomia do cultivador da Terra que vinha em sua direção; ele era três vezes mais alto que ela e com certeza pesava mais que dez sacos de arroz. O sorriso arrogante no rosto do discípulo da Seita do Rato não intimidou-a.
“Você acha que pode me enfrentar, garotinha? Vou te ensinar a respeitar os mais velhos!”
[Corrida do Touro Selvagem]
Ele avançou, o solo balançou sob seus pés. Era como se o chão estivesse empurrando-o para frente. Ele marchou em direção a Yue como um touro furioso.
Mas isso não intimidou-a.
[Passos da Briza Celestial]
Yue se moveu rápido como uma folha sendo levada pelo vento. Uma energia amarelada circulava ao redor de seu corpo.
[Pés Leves]
Penas etéreas minúsculas apareceram em seus pés.
Conseguir usar mais de uma técnica ao mesmo tempo era uma habilidade rara e exigia muito talento, mas isso era uma coisa que não faltava para ela.
Ela saltou para o lado, escapando do golpe de Kong com movimentos fluidos. Seus pés mal tocavam o chão enquanto ela corria em um círculo ao redor dele.
Kong girou seu corpo volumoso, tentando acompanhar os movimentos ágeis de Yue. Ele brandiu seu guitoudao com brutalidade, mas o golpe cortou apenas o ar. Yue já não estava lá.
“Pare de correr!” Ele falou enquanto rosnava; sua frustração estava crescendo. Ele tentou avançar novamente, dessa vez com mais precisão, sua arma cortando o ar em um arco amplo.
Yue saltou por cima da lâmina com uma acrobacia, seu corpo leve, modificado pela magia do vento, quase desafiava a gravidade. Ela aterrissou suavemente atrás de Kong; uma leve brisa a cercava.
‘Agora!’ Pensou Yue, aproveitando a abertura. Ela avançou com um golpe rápido, sua espada leve como uma pena deslizando pelo flanco exposto de Kong. O impacto da lâmina contra a carne resistente dele foi seguido por um estalo leve, como se estivesse cortando algo duro.
“Isso é tudo que você tem?” – ele riu, mal se incomodando com o corte superficial. “Você vai ter que fazer melhor que isso, garotinha.”
[Golpe Estrondoso de Minus]
Sua lâmina desceu e passou perto dela; quando o sabre atingiu o chão, as pedras amarelas da cidade foram cortadas como se fossem manteiga.
Yue respirou fundo. ‘Essa passou perto.’ Ela pensou, aliviada.
[Corte Alado]
Partículas de energia amarela envolveram sua espada; com um movimento rápido, ela fez um pequeno corte no antebraço dele.
Rangendo os dentes, ele começou a pisar no chão com força.
[Tremores Retumbantes]
Essência laranja saía do corpo dele e se espalhava pelo chão, fazendo a terra tremer como em um terremoto.
Yue perdeu o equilíbrio por um breve instante.
Os olhos de Kong brilharam e ele disparou até ela, sem querer perder essa chance.
O sangue de Yue gelou; ela sabia que um único golpe dele em seu corpo frágil muito provavelmente acabaria com sua vida. Ela pulou alto e passou por cima dele. Quando ele se virou para encará-la, viu que a espada dela já estava muito próxima.
[Corte das Dez Plumas]
A espada de Yue avançou em direção à barriga de Kong, acompanhada por mais nove imagens de lâminas ilusórias de ar.
[Recuou Primitivo]
Usando uma grande quantidade de essência em suas pernas, Kong conseguiu recuar, mas ele ainda sentiu pequenas perfurações em sua barriga.
Uma carranca furiosa apareceu no rosto de Kong. Ele começou a ofegar; seus músculos enormes exigindo cada vez mais esforço para acompanhar a jovem cultivadora. Ele tentou atingir Yue com uma série de ataques pesados, o sabre cortando o ar com a força de uma tempestade, mas ela era ágil demais.
“Você está ficando mais lento.” Ela disse com um sorriso.
Ela desferiu mais um golpe, dessa vez mirando no ombro de Kong. Sua lâmina cortou a carne, e uma linha fina de sangue apareceu.
Kong recuou por um momento, sentindo o peso crescente de seus próprios movimentos. Ele estava exausto; embora superficiais, as feridas acumuladas estavam cobrando seu preço, mas a ideia de perder para uma criança o deixava louco.
“Vocês estão esperando o quê? Guian, Jiahen, me ajudem!” Ele disse.
Os dois olharam um para o outro com uma expressão estranha no rosto.
“Mas e as regras dos duelos?” Jiahen, o mais jovem, disse.
Kong lançou a eles um olhar que deixava claro que as vidas deles estariam em risco caso não o ajudassem.
Guian e Jiahen, vendo isso, não hesitaram mais; eles correram em direção a Yue.
Ou pelo menos tentaram.
Alguém colocou a perna na frente de Guian, fazendo-o cair de cara no chão.
“Hey, o amigo de vocês ficou louco? Ele não está preocupado com a humilhação que a Seita do Rato vai sofrer por quebrar as regras de um duelo justo? Esse tipo de coisa não causa expulsão na seita de vocês?”
Jiahen, ouvindo isso, virou seu rosto para baixo; ele recuou rapidamente com surpresa ao notar que havia outra criança ao lado dele.
‘Que diabos, quando ele chegou aqui? Isso é fantasma?’ Ele pensou, assustado.
Corpo magro, pele branca pálida, cabelo anormalmente preto e vestindo roupas amarelas.
Depois de encarar aquela figura que havia aparecido de repente, ele percebeu que era apenas uma criança e não um espírito.
Os olhos pretos, frios e sombrios do garoto olharam para ele inexpressivamente, mas, por alguma razão inexplicável, ele sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Algo que ele desconhecia dentro de si gritou de terror.
Tristan franziu a testa vendo a expressão do garoto enquanto ele se afastava; olhou para os lados com confusão, sem entender por que ele parecia tão assustado.
Guian, no chão, falou:
“Garoto, como você ousa fazer isso comigo?”
O discípulo da Seita do Rato-Toupeira levantou e ajeitou suas roupas; Guian era um homem alto e robusto com barba rala. Olhando para Tristan, ele falou:
“Outro discípulo da Espada Voadora? Aquele lugar está infestado de pirralhos agora? É melhor você não se meter nisso, garoto. Cuide da sua própria vida!”
A sobrancelha direita de Tristan levantou um pouco e seus lábios se contraíram em uma sutil expressão de desprezo.
“E se eu não quiser?”
“Então eu vou ter que te ensinar uma lição!” Guian disse isso e levantou sua mão, movendo-a em direção à cabeça de Tristan.
O garoto ficou parado, sem reagir.
A visão disso trouxe alegria para Guian, que achou que a criança havia entrado em pânico.
Mas Tristan estava apenas pensando.
‘Eu deveria arrumar problemas com a Seita do Rato? Já criei inimizade com os discípulos da Seita do Corpo e Espírito da Carpa do Sul; agora estou novamente metido em eventos que podem me colocar em uma situação ruim com outra seita de Zaguhan.’
No entanto, ele não tinha muito tempo para pensar; uma mão com força suficiente para desmaia-lo ou até pior vinha em sua direção.
‘Bem, tanto faz.’
Tristan balançou seu braço em direção à mão de Jiahen.
SLASH
Jiahen recuou com um grito alto; um corte profundo apareceu em sua mão, fazendo seu sangue escorrer e cair no chão.
“Parece que Escuridão vence Terra.”

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