Índice de Capítulo

    Tristan estava deitado no chão com uma expressão cansada no rosto. Seu peito subia e descia lentamente enquanto ele tentava inalar o máximo de ar que podia.

    Seu corpo estava encharcado de suor, e ele sentia um gosto amargo e ácido na boca.

    Ele limpou os lábios com a manga das roupas enquanto tentava se levantar.

    ‘Que diabos! Nunca me senti tão cansado, parecia que eu iria morrer caso perdesse a consciência.’ Seus dentes ainda doíam pela força com que ele os cerrou enquanto tentava se manter acordado.

    Ele começou a verificar o corpo, abrindo e fechando as mãos e movendo os membros.

    ‘Meus músculos estão um pouco dormentes, será que esse é o efeito de tentar levar meu núcleo ao limite?’

    Mesmo desconfortável com a situação, ele soltou um suspiro de alívio por ainda estar vivo.

    ‘Nunca mais quero passar por isso.’

    Seu rosto virou na direção do colega de seita, caído inconsciente no chão.

    ‘Bem, não tem jeito.’

    Ele olhou para a saída do túnel.

    “Espero que você esteja com sorte.”

    Tristan se afastou de Jaeng e começou a andar pelo túnel lentamente. Sem a essência vital, seria impossível carregar Jaeng com seu corpo fraco; tudo o que ele podia fazer era encontrar os mineradores rápido e pedir ajuda a um deles.

    ‘Com sorte, eles não foram longe. É muito provável que estejam perdidos em algum lugar nos túneis.’

    Aquela não era uma área de mineração usual, era apenas um lugar para onde haviam fugido para se esconder dos monstros. Tristan achava que teriam dificuldades para sair daquele lugar nessa situação.

    Ele abaixou a cabeça e imediatamente achou as pegadas deles.

    ‘Que bom que meus olhos ainda funcionam.’

    As mudanças que as técnicas de cultivo causavam no corpo não precisavam de muita essência. Enquanto um cultivador estivesse vivo e respirando, ele seria capaz de fornecer energia suficiente para manter isso.

    Tristan mergulhou na escuridão seguindo os rastros dos mineradores, usando a parede do túnel para ajudá-lo a se manter de pé.

    ***

    Depois de um tempo procurando, Tristan viu uma fraca luz e algumas figuras se movendo ao redor dela. Ele não teve que procurar por muito tempo; como havia previsto, os mineradores pareciam sem saber para onde ir.

    Os mineradores demoraram um pouco para notá-lo, mas quando perceberam que algo estava se aproximando, seus corpos tremeram visivelmente, e tentaram ficar o mais silenciosos possível.

    Seus ombros rígidos relaxaram depois de verem que era uma criança e não um grupo de feras famintas que havia encontrado eles.

    Os olhos de Tristan se moveram em direção a Yue, e ele se aproximou dela para checar como ela estava.

    “O que aconteceu? Onde estão os monstros?” Um deles perguntou em tom baixo.

    Tristan viu a ansiedade no olhar de todos. Enquanto examinava Yue, ele respondeu:

    “Aqueles que nos atacaram estão mortos agora, mas não sei se há mais deles.”

    Ele suspirou de alívio ao não perceber nada incomum em Yue. Ela estava como ele se lembrava, mas a falta de uma melhora em sua condição também o deixou preocupado.

    Os mineradores olharam uns para os outros e, então, um deles decidiu falar:

    “Aquele garoto que estava com você, algo aconteceu com ele?”

    Tristan se virou para eles e disse: “Jaeng desmaiou, preciso que vocês me ajudem a levá-lo para fora daqui.”

    Ele os levou ao local onde havia deixado Jaeng. Desta vez, não houve situações inesperadas; o jovem discípulo estava exatamente onde ele o havia deixado.

    Agora que Jaeng foi recuperado, Tristan guiou os mineradores para fora do túnel. Quando saíram da caverna, o sol do amanhecer estava surgindo no horizonte.

    Ele sentiu sua pele aquecer enquanto era banhada pelos raios de luz solar.

    Antes que percebesse, seu corpo estava caindo; tudo ao seu redor começou a escurecer, e seus pensamentos ficaram mais lentos.

    Em contraste com o interior das minas, ele sentiu conforto naquele ambiente, deitado na terra e aquecido pelo sol, antes de cair em um sono profundo.

    ***

    Tristan recuperou a consciência algumas horas depois. Como os mineradores viajavam em um ritmo muito mais lento que um cultivador, ainda não haviam chegado à cidade.

    Os mineradores carregaram Tristan depois que ele caiu inconsciente, o que o deixou sinceramente aliviado, embora depender da bondade dos outros novamente tenha deixado um gosto amargo em sua boca.

    Durante a viagem de volta, ele se perguntou quando conseguiria ser forte o suficiente para trilhar o caminho da ascensão. Ele tinha tantos objetivos, mas, em seu estado atual, todos pareciam meros sonhos infantis.

    ‘Ficar mais melancólico é outro efeito colateral de esgotar um núcleo?’ Ele pensou nisso como uma justificativa para suas emoções atuais.

    Quando finalmente chegaram perto das favelas da cidade, viram uma multidão de pessoas esperando por eles.

    Um grande alvoroço começou. Num primeiro momento, expressões alegres e esperançosas apareceram no rosto da maioria das pessoas. Os mineradores sobreviventes correram para abraçar seus conhecidos assim que os viram. Havia uma sensação contagiante de comemoração no ar, mas Tristan sabia que isso não duraria muito.

    Muito rapidamente, uma grande parte da população ao redor ficou pálida, com expressões vazias nos rostos. Em questão de segundos, a esperança foi perdida, e lágrimas encheram os olhos de muitas pessoas.

    Tristan se lembrou de todas as peças de roupa que havia achado no chão. No mínimo, algumas centenas de mineradores tinham morrido; os que sobreviveram eram apenas uma quantidade minúscula em comparação com todos os que pereceram naquele dia.

    Desespero, saudade e tristeza. Esses sentimentos preencheram o ar como se uma nuvem densa e sombria estivesse sobre a cabeça de todos.

    Ele virou o rosto para os poucos mineradores sobreviventes que agora estavam abraçando seus entes queridos.

    Observando o contraste entre a felicidade de algumas pessoas e a tristeza da maioria da multidão, ele pensou no quão bem-sucedida foi essa “missão”.

    ‘Yue se esforçou tanto para salvá-los, me pergunto se essas poucas pessoas irão fazer alguma diferença neste mundo.’

    Ele só conseguia pensar que tudo isso foi um esforço inútil.

    Seus pensamentos foram interrompidos quando viu um grupo de pessoas se aproximando de Jaeng. Um homem e uma mulher mais velhos foram na frente; Tristan reconheceu os outros: era Haun e sua família.

    ‘Aqueles dois devem ser os pais do Jaeng,’ ele pensou.

    O desespero do homem e da mulher aumentou quando tentaram acordar Jaeng e falharam.

    Quando Haun viu Tristan, ele se aproximou e disse:

    “Garoto, por que Jaeng não acorda? Você sabe o que aconteceu com ele?”

    Tristan olhou para ele e respondeu:

    “Ele lutou com um grupo de bestas. Pode estar sofrendo os efeitos da exaustão de essência ou com algum ferimento grave, eu não tenho certeza.”

    Ouvindo suas palavras, o homem e a mulher que estavam segurando Jaeng ficaram mortalmente pálidos.

    ‘Talvez eu devesse ter sido mais sutil.’ Tristan refletiu sobre isso.

    Um pouco sem jeito, ele olhou para os possíveis pais de Jaeng e disse: “Vou levá-lo para a seita. Ele deve receber um tratamento adequado lá.”


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