Capítulo 62: Loja de artesanato

Tristan se aproximou de Jaeng e tocou na cabeça dele.

[Tyrannical Eye]

Ele analisou o local onde as agulhas haviam sido colocadas e não se surpreendeu ao ver que elas foram inseridas nos meridianos dele. O que chamou sua atenção foi que nem todas as agulhas estavam precisamente nos pontos certos; ele detectou que algumas estavam afastadas dos meridianos por alguns milímetros.

‘Eles erraram isso?’

Então Tristan mudou seu foco para ver como as agulhas interagiam com os meridianos. Para sua surpresa, não houve nada; o fluxo de energia permanecia inalterado.

‘É claro, essas agulhas não têm propriedades mágicas. Coisas puramente físicas não afetam os caminhos de mana.’ Ele sabia disso, mas achou que os curandeiros tinham feito algo diferente que tornaria isso eficaz.

Uma expressão pensativa apareceu no rosto dele.

‘De acordo com meus sentidos e minha habilidade de diagnóstico, muitas das coisas que eles fizeram são completamente inúteis.’

Claro, ele pensou na possibilidade de que seus sentidos não fossem capazes de detectar algo desconhecido que os velhos curandeiros pudessem ter feito. No entanto, ele não poderia descartar a outra possibilidade.

‘A habilidade da Luz deles teve algum efeito, com certeza. Posso sentir que a vitalidade deles melhorou, mas os problemas de antes ainda continuam. É como se eles tivessem aumentado a energia que mantém o funcionamento dos corpos deles sem tratar o que causou os problemas.’

Se a hipótese de Tristan estivesse correta, Yue e Jaeng teriam suas vidas prolongadas um pouco, mas seus corpos teriam que lidar com suas doenças sozinhos.

‘Isso apenas deu mais tempo a eles?’

Ele ficou preocupado.

‘Se esse for realmente o caso, o que eu posso fazer para ajudá-los?’

Tristan pensou no que fazer e se lembrou de seus conhecimentos da Terra.

Uma ideia veio à sua mente.

Ele começou a pensar em um plano.

‘Bem, não vai fazer mal tentar.’

Ele pegou alguns papéis e começou a desenhar.

Agora Tristan estava fora do território da seita. O céu já estava escuro; graças à missão de procurar ervas, ele já tinha permissão para sair da seita. Ele decidiu procurar os artesãos da região mais nobre da cidade.

Ele não duvidava das capacidades dos artesãos da Seita da Espada Voadora, mas eles estavam muito acostumados a criar coisas simples e úteis que os membros da seita precisavam para sobreviver.

Por outro lado, os artesãos do distrito comercial tinham que atender aos desejos inusitados e peculiares da nobreza da cidade. Por causa disso, os trabalhos deles tinham uma característica mais artística e complexa. Tristan acreditava que, devido a isso, eles seriam capazes de criar o que ele precisava sem muitas dificuldades.

Após um tempo caminhando pelas ruas pouco movimentadas do centro da cidade, ele chegou aonde queria. A loja tinha três andares e foi construída utilizando madeira vermelha clara, o que mostrava que o status social dos donos não era muito elevado.

Olhando para o estabelecimento, Tristan pensou, um pouco temeroso: ‘Esse lugar parece caro.’

Engolindo um pouco de saliva, ele abriu a porta da loja, e um som de sino se espalhou pelo lugar.

O interior do local era bem iluminado, com diversas lamparinas enfileiradas penduradas no teto por uma corrente de metal.

Tristan viu urnas funerárias em cima de mesas de cerâmica, jarros, estátuas e algumas joias simples nas prateleiras.

Alguns segundos depois que ele entrou, um homem alto, de corpo esguio, vestindo roupas elegantes e com cerca de vinte anos, apareceu. Seu longo cabelo castanho escuro estava penteado para o lado direito. Ele olhou Tristan de cima a baixo e depois ajustou seus óculos redondos.

Assumindo uma postura respeitosa, ele falou com um pouco de animação mal disfarçada:

“A que devo a honra de ter um membro da ilustre Seita da Espada Voadora nesta humilde loja? Eu me chamo Moeh Chiu. O jovem mestre precisa de algo?”

Vendo a forma como o homem estava agindo, Tristan foi capaz de supor que aquele lugar não recebia visitas de cultivadores de seitas importantes com frequência.

“Eu me chamo Dusk. Vim aqui contratar os serviços de um artesão para criar algumas peças. Fiz alguns desenhos de como quero que isso fique, e também há algumas instruções aqui.” Tristan tirou a bolsa que estava presa em suas costas, colocou a mão dentro dela, tirou alguns pergaminhos e entregou-os ao atendente.

Moeh Chiu pegou os pergaminhos que Tristan lhe entregou e os abriu. Seu rosto não demonstrava surpresa com o formato estranho dos objetos que Tristan havia desenhado; parecia que ele estava tentando não revirar os olhos diante de mais um pedido por algo inútil.

“Interessante, parece que o jovem mestre está trabalhando em algo importante.” Ele disse em um tom sério que fez suas palavras soarem críveis.

“Irei verificar seu pedido com o melhor artesão que temos disponível. Por favor, jovem mestre Dusk, aguarde um momento; voltarei em breve.”

Moeh Chiu fez uma profunda reverência e subiu as escadas para o andar superior.

Depois de um tempo, ele desceu as escadas acompanhado de um homem que parecia ter cerca de quarenta anos. Ele era alto, musculoso, tinha uma barba preta espessa e mãos grossas. Ele tinha uma aparência rude em comparação com o jovem, que era mais delicado, mas Tristan notou alguma semelhança entre eles; para seus olhos, até os traços mais sutis eram tão claros quanto as luzes em uma árvore de Natal.

“Olá, jovem mestre! Este é meu pai, Moeh Danjiu. Ele é o dono desta loja e gostaria de discutir alguns detalhes com você.” Chiu apresentou seu pai.

Tristan cumprimentou o velho e perguntou, “Há algum problema com meus pedidos?”

O pai de Chiu respondeu, “Nada demais. A maioria das coisas que você quer são fáceis de fazer. O mais complicado são esses tubos. Você escreveu aqui que o material deveria suportar ser fervido e ser flexível. Esse tipo de material não é comum. Você precisa que isso dure por quanto tempo?”

“Pouco tempo, um ou dois dias devem ser o bastante.” Tristan falou.

“Certo, recebemos um papel-duro especial da região leste. É feito de um material descoberto recentemente. Ele não dura muito tempo, mas tem as características que você deseja.” Moeh Danjiu disse com sua voz rouca.

“Quanto tempo vai levar para tudo ficar pronto?” Essa era uma questão que o deixava preocupado.

Os largos ombros do velho encolheram um pouco, e ele disse: “Fazer tudo isso de acordo com seus desenhos pode demorar um pouco. Acredito que em uma hora terei concluído seus pedidos, jovem mestre!”

‘Só isso?’ Tristan pensou, surpreso.

“Está tudo bem.”

Depois que Tristan concordou, o velho subiu para o andar de cima.

Tristan se virou para o atendente e fez a pergunta que ele temia:

“Quanto isso vai custar?”

Chiu pegou um caderno pequeno e olhou suas anotações. Depois, ele disse: “Quarenta navios de prata, jovem mestre.”

Tristan congelou por um breve momento.

Depois, ele acenou com a cabeça e disse:

“Tudo bem.”

Mas o que realmente passava por sua cabeça era:

‘Que roubo! Isso é quase o aluguel de um mês inteiro na região nobre da cidade.’

Ele pensou em quanto dinheiro lhe restava:

‘Depois de tantos meses fazendo missões pela seita, eu só tenho cento e sessenta navios de prata.’

Escondendo um suspiro, ele fez outra pergunta:

“Poderia me dizer onde fica o banheiro?”

Moeh Chiu apontou para o corredor à esquerda e disse: “Terceira porta virando nesse corredor.”

Tristan se despediu e foi em direção ao corredor.

Quando Chiu parou de observá-lo, ele se virou e usou sua habilidade de ocultação.

Tristan subiu as escadas, curioso sobre o processo de fabricação naquele lugar.

Ele viu uma porta entreaberta e se aproximou, olhando para dentro.

Ele viu Moeh Danjiu colocar cacos de vidro em um cadinho, logo após, colocou-o na fornalha. O velho Moeh abriu as mãos, e partículas de luz vermelha saíram de seus dedos.

Enquanto seus dedos se moviam, as chamas imitavam seus movimentos, ficando mais fortes ou mais fracas.

‘O velho artesão sabe usar magia de Fogo? Não me admira que ele trabalhe tão rápido.’

Moeh Danjiu tirou o cadinho da fornalha e despejou seu conteúdo em cima de uma mesa de metal.

Ele manipulou o vidro laranja brilhante e macio com as próprias mãos, sem parecer se incomodar com o calor.

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