Índice de Capítulo

    O ar estava saturado com o cheiro doce e enjoativo da flor, contrastando com a umidade terrosa das raízes retorcidas.

    Tristan encarou a orquídea monstruosa. As raízes grossas na base de seu corpo se moviam como tentáculos. Cada uma de suas pétalas era maior que um humano adulto. Seu formato era estranho, lembrando sutilmente uma boca com dentes expostos.

    O solo sob seus pés parecia vivo, pulsando em resposta às raízes que o atravessavam.

    Ele apertou os punhos em apreensão, circulando mais essência por cada parte de seu corpo. As raízes ao redor estavam erguidas no céu, atingindo vários metros de altura. Elas se dobraram e mergulharam em direção a Tristan.

    Com um movimento rápido, ele cortou as raízes que prendiam seu pé com sua lâmina preta. Avançando com um pulo para a esquerda, escapou por um triz de ser empalado. As raízes perfuraram o solo de terra como se fosse areia.

    Não houve tempo para sentir alívio por ter mantido sua vida. Ele estava completamente cercado. Havia mais raízes do que ele conseguia contar, todas vindo até ele prontas para despedaçá-lo completamente.

    Seu instinto de sobrevivência estava mais ativo do que nunca.

    Correndo e pulando, Tristan se moveu com a habilidade de um acrobata profissional, desviando de todos os ataques do monstro planta.

    “Preciso pegar minha mochila e sair daqui”, ele pensou, virando o rosto para onde sua mochila estava. Sua visão foi atrapalhada pelas raízes da orquídea espalhadas pelo lugar. Aumentando o foco, ele encontrou o que procurava, embora não estivesse no mesmo lugar de antes.

    O rosto de Tristan se contorceu em desprezo.

    Mexendo nas suas coisas, ele viu uma pequena figura familiar.

    A criatura de pele lisa, branca com tons de rosa, que o atraiu para aquela armadilha mortal, estava agora brincando com seu cristal azul, uma lembrança de uma de suas batalhas mais mortais.

    Notando seu olhar, o coelho-salamandra moveu a cabeça na direção dele. Os lábios da besta se curvaram de uma forma estranha, lembrando Tristan de um sorriso.

    “Aquele bastardo”, Tristan pensou.

    Olhando aquela cena, ele achou estranho que o coelho não estivesse sendo atacado. “O monstro planta está ignorando ele por ser muito pequeno? Ou isso é um ser com inteligência e está trabalhando junto com o coelho?” Qualquer que fosse a resposta, teria que esperar por outro momento. Agora ele precisava pensar em como se manter vivo.

    Ele olhou para a flor monstruosa, pensando se conseguiria se aproximar daquela criatura, e, se isso fosse possível, se teria uma maneira de matá-la. “Droga, como é a biologia dos monstros planta?”

    Buscando em suas memórias, ele não encontrou nada relacionado a isso. Ele apenas tinha sido educado sobre a sociedade e cultura de outras raças.

    “Cortar o caule é o suficiente? Eu preciso destruir todas as raízes? Ou tenho que me livrar do corpo inteiro?”

    Tristan decidiu banir aqueles pensamentos de sua mente. Contra uma ameaça desconhecida, o melhor a se fazer era recuar e obter mais informações no futuro.

    O som de algo cortando o ar chegou aos seus ouvidos. Abruptamente, ele virou o corpo para trás. Uma raiz se movia horizontalmente em direção às suas pernas como um chicote, tentando derrubá-lo.

    Com o corpo em alerta máximo, Tristan pulou no ar e girou, desviando do ataque. Mas então, uma raiz mais fina e sutil se aproximou agilmente, agarrando sua mão. A orquídea vermelha arremessou o corpo de Tristan contra o chão como se ele fosse um brinquedo.

    O impacto foi tão forte que ele quase sentiu seus ossos se quebrarem. Tristan tossiu, cuspindo um pouco de sangue.

    Rapidamente, outra raiz se aproximou, enrolando-se ao redor de seu pescoço como uma cobra.

    Ele lutou para respirar, mas nenhum ar chegava aos pulmões. Irritado, ele reuniu sua essência da Escuridão nas pontas dos dedos. O corpo da criatura era anormalmente resistente, surpreendendo Tristan, mas, inevitavelmente, começou a ser desintegrado pela Escuridão. Com um puxão forte, ele destruiu a raiz ao redor de seu pescoço.

    Tristan respirou profundamente enquanto sentia o ar aliviando seus pulmões.

    Com os olhos ardendo em fúria, Tristan pegou uma pedra que estava próxima e a arremessou com toda a sua força em direção à cabeça do maldito coelho. Se conseguisse matá-lo, poderia pegar sua mochila e escapar daquela situação.

    Movendo-se com uma força amplificada por essência vital, a pedra cruzou a distância até a pequena besta em um instante.

    De repente, quando a pedra estava a menos de um braço de atingir o alvo, ele viu as raízes ao redor se moverem, formando uma parede ao redor do coelho.

    Seu ataque foi repelido sem dificuldades. O coelho só percebeu o que aconteceu alguns segundos após a colisão. Quando a parede se desfez, ele viu a criatura fazendo gestos furiosos para ele.

    “A orquídea protegeu aquele bastardo. Eles realmente estão relacionados. Mas por quê um Verda…”

    Do canto do olho, Tristan percebeu algo se aproximando, cortando seus pensamentos. Com um movimento rápido, ele dobrou a coluna para trás. Passando diante de seus olhos, ele viu várias estruturas finas e pontiagudas, semelhantes a espinhos.

    Tristan virou o rosto em direção à origem dos espinhos. Alguém estava se aproximando por entre as árvores.

    “Parece que o ladrão dessa vez está dando trabalho.” Ele ouviu uma voz inumana pronunciar aquelas palavras. Soava como um chiado, mas um ouvinte atento poderia notar um sutil tom feminino.

    “Que droga é aquilo?”, seus olhos avistaram um dos seres mais estranhos que já havia visto. À primeira vista, pensou que era apenas uma besta do tipo doninha bípede cobrindo o corpo com raízes. Mas, olhando com mais atenção, percebeu que as raízes faziam parte da pele da criatura.

    Suas orelhas estavam ausentes. No lugar, havia duas flores lilases.

    A criatura carregava o cadáver de uma grande ave nas costas.

    Ela ergueu o braço em direção a Tristan. Entre seus pelos castanhos, espinhos cresceram até alcançar o tamanho de um dedo.

    “Como você ousa atacar minha casa e meu animal de estimação?! Normalmente, eu deixo Bob cuidar de tudo, mas desta vez eu mesmo vou acabar com você!” A criatura ajustou a postura como se fosse arremessar algo em Tristan.

    “Casa? Animal de estimação?” Tantas informações novas e absurdas trouxeram confusão à mente de Tristan. Porém, naquele momento, ele só conseguia pensar em uma coisa.

    “Você fala!” ele disse.

    Tristan viu a boca da criatura abrir e seus olhos se arregalaram. Era como se aquilo estivesse congelado no tempo. Depois de alguns segundos, a boca do ser se moveu novamente. “Você… você fala?”


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