Capítulo 74: Zahira
“COGUMELOS?” Tristan quase deu um passo para trás em surpresa. “Isso é algum tipo de piada?”
Pelo que Tristan se lembrava das suas aulas sobre história, os Cogumelos eram membros da raça dos Fungelites. Muitos desses seres foram responsáveis por grandes tragédias no passado.
Décadas atrás, uma espécie misteriosa de fungo se espalhou como uma praga pelo Oeste. Em menos de cinco anos, metade daquela região foi perdida. Aquele fungo era capaz de infectar diversos seres diferentes. Para combatê-los, uma Grande Aliança se formou. Humanos, elfos, anões e outras espécies se uniram para evitar a quebra do equilíbrio entre as raças do continente.
‘Se me lembro bem, a batalha foi árdua. A Grande Aliança ganhou, mas as consequências dessa guerra permaneceram.’
Ele tinha ouvido falar que muitas áreas no Oeste eram inabitáveis até os dias atuais por causa daqueles fungos.
Com as sobrancelhas franzidas, Tristan falou: “Tsk, você quer que eu entre no território desses seres?”
Ela balançou as mãos em um gesto para ele relaxar. “Não se preocupe, eu conheço um método seguro para impedir que eles nos consumam. Eles me deram um tipo de convite que vai fazer com que eles nos reconheçam como aliados. Eu já estive na vila deles muitas vezes.”
Ainda desconfiado, ele perguntou: “Você tem certeza disso?”
“Eu prometo.”
“Quanto tempo deve demorar para chegar a essa vila?”
“Algo em torno de um dia. Depois disso, você acessa um dos túneis deles e terá um caminho livre até o final dessa floresta.”
“Está bem, então.” Tristan disse isso de forma relaxada, embora ainda mantivesse sua guarda alta. ‘Vou fingir ser cooperativo enquanto vigio ela. Se for uma armadilha, eu posso pegá-la com a guarda baixa.’
Ele achava que as chances de ser uma armadilha eram baixas. Afinal, a situação dela era muito mais vantajosa atualmente.
‘Com o monstro orquídea do lado dela, ela poderia me matar a qualquer momento. Talvez ela queira me levar para a vila e me vender para os Cogumelos? Talvez a flor não consiga se mover e ela deseje minha boa vontade para me levar vivo até lá? Uhm, ou ela é uma pessoa sincera e tudo que ela falou é verdade…’
“Hey, você tem um nome?”, a voz dela cortou seus pensamentos.
Inclinando a cabeça, ela falou: “Espera, você sabe o que é um nome?”
Tristan acenou e disse: “Dusk.”
“Oh, Dusk, o Humano. Parece um bom nome. Prazer, eu me chamo Zahira.” Ela disse com animação vibrante em sua voz animalesca.
Ele olhou para ela e decidiu perguntar sobre algo que o intrigava. “Você é um híbrido? Quero dizer, um híbrido de duas raças diferentes?” Tristan já tinha ouvido falar de híbridos entre humanos, elfos e anões, além de híbridos com dragões e outros seres incríveis em lendas, mas ele não sabia se a reprodução entre seres de diferentes raças era possível.
“Sim!” Ela confirmou com entusiasmo. “Meu pai era uma fera e a minha mãe, uma Dríade.”
“UMA DRÍADE?” Tristan quase tropeçou com aquelas palavras. Dríades eram membros místicos da raça dos Verdakyns. Eles eram um dos poucos seres naturais do Reino dos Mortais que podiam rivalizar com o nível de poder dos seres dos Reinos Superiores, pelo menos era isso que ele tinha ouvido das histórias que sua mãe lhe contava.
De acordo com as lendas, Dríades eram a evolução de plantas mágicas que absorveram a essência do mundo por milhares de anos. Suas histórias eram bastante conhecidas porque seus corpos podiam servir como ingredientes de mais alta qualidade.
‘As pétalas de uma Dríade são um tesouro inestimável.’ Pensando nisso, Tristan olhou para as duas flores lilás na cabeça de Zahira, e uma tentação brotou em seu coração.
No entanto, ele conteve sua ganância. ‘Um tesouro natural lendário é inútil se eu morrer aqui. Eu também não saberia como usar algo assim.’
De repente, Tristan pensou em outra questão muito mais importante. Engolindo em seco, ele perguntou com temor: “Sua mãe? Ela está por perto?”
Zahira negou com a cabeça. “Não, minha mãe partiu pouco tempo depois que eu nasci. Não a vi mais desde então.”
Tristan suspirou de alívio. A ideia de ter uma criatura das lendas por perto não era agradável.
Ela pegou a grande ave em suas costas e a chacoalhou em sua frente. “Então, você quer almoçar comigo?”
“Tudo bem.” Os olhos dele se moveram em direção à pequena fera que havia roubado sua mochila, atrapalhando sua refeição.
Ela caminhou em direção à orquídea gigante no centro do lago.
“Você quer comer dentro disso… dentro do Bob?” Ele perguntou.
“Claro, aqui dentro é mais confortável.”
Tristan olhou para a flor monstruosa com repulsa, embora ele também estivesse um pouco curioso sobre se ela realmente morava dentro de um monstro.
Ele a seguiu por trás lentamente.
Olhando Zahira encostar sua mão na criatura, suas pétalas se abriram até tocarem o chão, e uma escadaria circular de pedras apareceu em seu centro.
“Por aqui, me siga.”
Tristan viu ela descer as escadas.
Não sentindo nada fora do normal, ele decidiu segui-la.
Tudo era feito de pedra. A arquitetura interna do lugar lembrava um mausoléu antigo. O teto era sustentado por folhas gigantes entrelaçadas.
“Eu estava curiosa sobre algo. Quantos anos você tem?” Zahira perguntou enquanto descia as escadas.
“Farei doze anos em alguns meses.”
Zahira parecia chocada com isso. “Pensei que você fosse um filhote humano, mas na verdade você é um ancião!”
Ele não se incomodou em corrigir a percepção dela sobre os humanos.
Devido à reação dela, ele decidiu perguntar: “E você? Quantos anos você tem?”
“Eu tenho dois anos.”
‘Apenas dois anos?’ Ele refletiu sobre a informação que acabara de receber. ‘Curioso, ouvi falar que as bestas cresciam rápido. Quanto aos Verdakyns, eu não tinha certeza, mas supus que a maioria deles demorasse bastante para envelhecer. Parece que o lado besta de Zahira é o mais forte.’
Chegando ao final da escadaria, Tristan olhou os arredores.
Não havia muito para observar. O lugar era grande e principalmente vazio. Ele encontrou alguns livros velhos e placas de pedra com letras estranhas esculpidas, espalhadas pelo chão sem nenhum cuidado.
Passeando pelo lugar, viu dezenas de pequenos jarros de terra em estantes com diferentes tipos de plantas neles. Havia uma raiz vinda do teto que pingava uma gota de água em cada jarro de vez em quando.
Quando Tristan aproximou seu dedo de um deles, a coisa se mexeu em sua direção. Pequenos cipós enrolaram-se em torno do seu dedo.
“O que é isso? Algum tipo de Verdakyn bebê?”
Zahira olhou para eles com uma expressão triste, se aproximando lentamente. “Não tenho certeza, mas acho que… provavelmente são meus irmãos defeituosos.”
Links de sites oficiais de lançamentos, doação e Discord:
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.