Índice de Capítulo

    Tristan viu a sombra da cobra de fogo cobrir os dois humanos enquanto eles se afastavam dela em desespero.

    O mais alto entre eles balançou seu chicote em direção ao corpo da grande besta. O som da colisão foi acompanhado pelo barulho alto de um raio. O ataque do humano, embora poderoso, deixou apenas uma marca superficial na criatura, não diminuindo nem um pouco seu avanço furioso.

    O outro humano se moveu tão rápido que pessoas normais poderiam ter achado que ele havia desaparecido, mas, ainda que com dificuldade, Tristan conseguiu ver seus movimentos. Ele nunca tinha visto alguém tão rápido antes.

    O homem correu para a parte de trás da cobra, tentando realizar um movimento de corte cruzado com suas garras metálicas.

    Mas a besta não ficou parada. Seu rabo bateu no chão com uma força devastadora, criando uma cratera no solo. O impacto desequilibrou o homem que se aproximava, fazendo-o escorregar no chão. A cobra inspirou pelas narinas e abriu sua enorme boca, liberando uma maré de chamas que caiu sobre o homem como chuva.

    A chuva de fogo atingiu seu corpo, queimando suas roupas e carbonizando parte de sua pele. Ele usou sua velocidade para desviar, mas não era possível evitar tudo.

    Enquanto via a batalha pela sobrevivência das duas pessoas desconhecidas, Tristan pensou:
    “Os ataques daqueles caras são muito fortes. O nível de cultivo deles deve ser superior ao meu. Mas, mesmo assim, parece que eles não vão durar muito contra um inimigo desse nível.”

    Ele assistiu à batalha com interesse, observando como os humanos e a besta usavam suas magias, até que a voz de Zahira chegou aos seus ouvidos.

    “Aquela besta é muito forte para eles. Eles não vão conseguir sobreviver a ela sozinhos!”, ela disse.

    “Que pena.” Ele não poderia se importar menos. Tristan virou o rosto para ela e falou: “Acho que já vimos o suficiente.”

    “Sim”, disse ela. “Proteja-o.” Zahira pegou Buk e o colocou nos braços dele.

    “O quê?” Tristan e Buk olharam um para o outro, confusos.

    “Vou ajudar eles. Vocês esperem por mim aqui.”

    Buk gritou em lamento ao vê-la partir.

    Saindo de trás da árvore, ela correu rapidamente para o centro do combate, sem nenhuma sutileza.

    Tristan decidiu abandonar aquela posição rapidamente, não querendo que a cobra o localizasse. Ele se afastou alguns metros daquele lugar, escondendo-se entre arbustos.

    Zahira, circulando a essência do Verde pelo corpo, cruzou o campo de batalha em um instante.

    A cobra virou a cabeça em direção a ela. Seus olhos vagaram pelo corpo dela, dos pés até as flores em sua cabeça, e depois se abriram com um brilho flamejante. A atenção da grande criatura foi completamente roubada por Zahira.

    Estalando a língua, aquele que parecia o mais jovem entre os dois homens reclamou: “Outro monstro! Como se um já não fosse o suficiente.”

    “Espere,” disse o mais velho. “Veja isso. Aquela coisa está indo em direção à cobra. Uma batalha por território pode estar começando! Isso pode ser a nossa sorte.”

    “Ótimo! Se eles se matarem, conseguiremos um bom dinheiro com seus corpos.”

    “Você não consegue parar de pensar em dinheiro por um segundo?” O mais velho repreendeu. “Pare de ser ganancioso. Estaremos com sorte se conseguirmos sair disso com nossas vidas.”

    Longos espinhos cresceram no braço de Zahira. Balançando o braço, os espinhos voaram de seu corpo em direção à cobra, perfurando a criatura e entrando profundamente em sua carne.

    Vendo isso de longe, Tristan ficou surpreso. “Ela realmente consegue ferir isso?”

    Ele começou a pensar que realmente não havia compreendido o real poder dela. Observando o corpo da grande besta, estava claro que, com apenas um golpe, ela conseguiu causar mais dano que os dois cultivadores do Relâmpago, que ele acreditava serem superiores a ele.

    “Sempre achei que aquela história de que a garra de um dragão bebê com núcleo vermelho poderia cortar um cultivador do Metal com núcleo amarelo como se fosse papel era apenas um mito.” Tristan decidiu que, a partir daquele dia, teria uma visão diferente sobre linhagens sanguíneas.

    A boca da cobra abriu mais uma vez, e uma bola de fogo ardente saiu do interior da criatura, movendo-se até Zahira e explodindo perto dela. Fragmentos das chamas caíram sobre o corpo dela, mas, surpreendentemente, ela não demonstrou qualquer sinal de dor. Passou as mãos pelo corpo, apagando o fogo que queimava seus pelos castanhos.

    Reunindo sua essência vital nas pernas, Zahira pulou alto, acima da cabeça da besta. Ela girou todo o corpo e acertou o olho direito da cobra com um poderoso chute de suas pernas curtas.

    A cobra avançou agilmente para mordê-la no ar.

    Então, o braço direito dela se desfez em um emaranhado de vinhas verdes vibrantes que fecharam a boca da criatura.

    A cobra mergulhou a cabeça no chão com força, fazendo Zahira colidir com o solo. O impacto foi tão forte que nem ela conseguiu evitar cerrar os dentes por causa da dor.

    Com um balançar da cabeça, a besta arremessou Zahira longe, livrando-se das vinhas que prendiam sua boca.

    Labaredas de chamas giraram ao redor da cobra de fogo. Ela balançou o rabo com raiva, fazendo o chão tremer, e virou a cabeça em direção aos dois cultivadores do Relâmpago, analisando-os. Depois, lançou um olhar intenso para Zahira, focando nela por um tempo.

    Inesperadamente, os olhos da cobra se moveram para o local onde Tristan estava escondido. Isso fez com que os pelos do corpo dele se arrepiassem. Não havia tempo para ficar surpreso. Rapidamente, seu cérebro começou a pensar no que deveria fazer. Felizmente, enquanto refletia se deveria lutar ou fugir, a besta já havia perdido o interesse nele.

    Balançando a língua no ar com um sibilar, a cobra lançou um último olhar para Zahira antes de se virar e mergulhar entre as árvores da floresta. Utilizando o grande impulso de poder que a magia de Fogo concedia, ela rapidamente desapareceu da vista de todos.

    Com o desaparecimento da ameaça, Zahira suspirou aliviada. Ela olhou para os humanos que lutaram contra a criatura para ver como estavam.

    Ela se aproximou deles e disse, com preocupação na voz: “Vocês estão bem?”

    Ouvir aquela criatura de aparência estranha falar fez com que os dois homens dessem um passo para trás, assustados.

    “Irmão mais velho, você ouviu isso também?”

    Seu irmão olhou para ele com o rosto pálido e acenou. “Fique calmo. Isso deve ser algum tipo de truque. Não baixe sua guarda!”

    “Truque? Eu não sei fazer truques.”

    Eles assumiram uma posição defensiva. Relâmpagos surgiram no chicote do irmão mais velho e nas garras metálicas do irmão mais novo.

    Zahira ficou surpresa com a reação hostil deles. Imaginava que todos os humanos seriam tão fáceis de conversar quanto Tristan.

    “Esperem! Eu não vou machucar vocês. Eu não sou inimiga dos humanos. Eu até tenho um amigo humano.”

    Ela olhou para a árvore onde Tristan estava e falou: “Dusk, diga para eles que eu sou legal.”

    Ainda apertando suas armas com força, os irmãos moveram os olhos rapidamente para o lugar que ela apontou.

    Os três esperaram para ver se algo iria acontecer.

    Alguns segundos se passaram, mas tudo continuou em silêncio.

    O irmão mais novo estalou a língua. “Droga, sabia que tinha algo de errado.” Ele se preparou para avançar e atacar Zahira.

    Mas então uma voz infantil falou: “Esperem.”

    Tristan terminou de pensar e decidiu sair dos arbustos onde estava escondido.

    “Tenham calma. O que ela disse é verdade.”

    “O quê? Isso é absurdo!”, o irmão mais novo gritou.

    Logo em seguida, o outro também falou: “Nunca ouvi falar de um monstro falante. Você vai me dizer que isso não é perigoso?”

    Tristan deu de ombros e falou: “Passei as últimas horas com ela e ainda estou vivo. Até almoçamos juntos.”

    Espanto estampou o rosto deles.

    “Você tem certeza que não é só uma armadilha do monstro?”, o irmão mais novo perguntou.

    O mais velho falou: “Se você estiver sendo coagido por essa coisa, pode nos dizer.”

    Tristan acenou. “Vocês têm minha palavra.” Ele falou isso enquanto tentava fazer um sorriso amigável, mas seus olhos estavam focados nos dois homens como um falcão, tentando desvendar as intenções deles.

    Encontrar outras pessoas geralmente se tornava uma dor.

    “Ela não é um ser maligno, não se preocupem. E, bem, ela salvou a vida de vocês.”

    Os dois irmãos olharam para Tristan e Zahira, os olhos deles ficaram nela por mais tempo.

    Eles se entreolharam trocando informações silenciosas entre si.

    “Se isso é verdade, então acho que lhe devemos um pedido de desculpas.” O mais velho disse.

    “Sim, sem sua ajuda poderíamos ter morrido nas presas daquele monstro.”

    “Não se preocupem, está tudo bem. Eu me chamo Zahira, vocês também tem um nome?”

    Antes que os irmãos pudessem responder, Tristan os interrompeu.

    Depois de lançar um rápido olhar para a floresta Tristan falou, “hey pessoal, desculpe interromper, mas acho que devemos adiar as apresentações e dar o fora daqui antes que algum monstro pior que aquela cobra apareça por causa da confusão que a luta anterior causou.”



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