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    Ouvindo sua pergunta, ele não conseguiu evitar olhar para o topo da cabeça dela. Ele suspeitava que os irmãos Feng estavam interessados nas flores de Zahira. Inicialmente, ele também não tinha certeza do motivo, pelo menos até perceber que eles planejavam aleijá-la ao invés de simplesmente matá-la de uma vez, como se fosse um monstro qualquer. Naquele momento, ele se lembrou de uma história infantil muito popular chamada A Ninfa e o Caçador.

    Esse foi um dos primeiros contos de fadas que ele ouviu de sua mãe, e por causa disso, ele não se lembrava de todos os detalhes da história. Mas, pelo menos, o início ainda estava claro em sua mente.

    Um rei pediu ao caçador mais habilidoso de seu reino que trouxesse as flores mágicas de uma Ninfa para criar uma poção curativa e salvar sua filha mais nova, que estava enferma. O caçador foi ordenado a capturá-la viva e levá-la ao castelo, porque, caso ela morresse, suas flores também morreriam, tornando-se inúteis. O caçador teve sucesso em capturar a Ninfa, mas acabou se apaixonando por ela durante a viagem de volta. Ele libertou a Ninfa, abandonando a missão do rei para viver seu sonho de passar o resto da vida com aquele ser.

    ‘Qual foi o final dessa história?’ Tristan procurou em áreas antigas e esquecidas de suas memórias. Por algum motivo, estava curioso sobre o final.

    ‘Se não estou me lembrando mal, acho que a Ninfa matou o caçador depois que eles dormiram juntos. Então, ela espalhou as partes do corpo desmembrado dele pelo solo. Daquela terra nutrida com o sangue do caçador, vários monstros nasceram. Eles herdaram as habilidades do caçador e, liderados por sua mãe, atacaram o reino, matando o rei, sua filha e toda a população.’

    Um final trágico, assim como a maioria dos contos de fadas que ele se lembrava. Aquelas histórias não eram tão infantis quanto as que ele ouvia em sua primeira vida, mas tinham mais ou menos o mesmo propósito.

    Ele levantou a cabeça e olhou para ela. “Não tenho certeza. Talvez eles fossem o tipo de humanos que não gostam de outras espécies”, ele disse finalmente.

    “Como assim? Os humanos podem não gostar de outros seres só por causa de sua espécie?”

    Ele acenou. “E não só os humanos. Ouvi dizer que os elfos são ainda piores.”

    “É melhor ter cuidado caso você encontre outros seres inteligentes daqui para frente. Poucos são legais… como eu.”

    Ela pegou Buk entre os braços e o examinou.

    “Aqueles malditos ingratos! Como ousam machucar meu Buk?” Sua cauda bateu no chão com força, demonstrando sua frustração. “Eu os esfolaria viva se ainda estivessem por aqui! Eles sofreram? Por favor, me diga que eles sofreram antes de morrer.” Havia um brilho de fúria em seus olhos.

    “Bastante”, ele respondeu.

    “Que bom.” Ela ficou em silêncio por um tempo, pensativa, então fez uma pergunta para ele. “Tem algo que eu não entendo. Você disse que eles nos envenenaram, mas eles também beberam aquela bebida. Por que nada aconteceu com eles?”

    “Eu também estava pensando nisso.”

    “Será que eles jogaram fora a bebida do copo sem que percebêssemos?”

    Tristan negou com a cabeça. “Impossível. Tenho certeza de que eles beberam.”

    Ele considerou a possibilidade de que o veneno estivesse no copo e não na bebida, mas descartou a ideia. ‘Eles colocaram quantidades diferentes de bebida para mim e para ela. Isso só faria sentido se o líquido fosse venenoso.’

    “Talvez tenham passado por um treinamento que os tornou imunes a venenos ou, pelo menos, àquele tipo.” Tristan expôs sua hipótese para Zahira.

    Ele acreditava que essa possibilidade era bastante provável, já que, em sua visão, eles não eram bandidos comuns. ‘Fiquei analisando as expressões deles o tempo todo, mas só tive certeza de suas intenções no último segundo.’ Seu ato de se fingir de morto foi apenas uma aposta baseada em seus instintos e intuição.

    ‘Isso não é normal. Aqueles caras devem ter tido treinamento profissional para alcançar aquele nível de controle emocional. Me pergunto qual a origem deles.’ Então, ele baniu aqueles pensamentos desnecessários. ‘Tenho outras prioridades no momento. Não é como se eu fosse encontrar algo relacionado a eles novamente.’ Ele não levou o juramento de vingança de Lieyan nem um pouco a sério.

    “Entendo. Ei, espera, você bebeu mais do que eu. Por que se recuperou antes de mim?”

    Ele deu de ombros e falou: “É porque eu também sou um cultivador da Luz. Meu corpo anulou os efeitos do veneno mais rapidamente.” Claro, isso era mentira. Ele havia destruído o líquido com magia de Escuridão dentro de sua boca; nunca baixaria a guarda com estranhos.

    Depois de conversarem, Zahira precisou descansar por mais algumas horas antes de ser capaz de viajar novamente.


    Com um novo amanhecer, eles partiram mais uma vez em direção à Vila dos Cogumelos. A viagem durou algumas horas, e durante a tarde Zahira levou Tristan até o tronco de uma árvore que deveria ser gigantesca quando estava inteira.

    Havia uma abertura na base do tronco, grande o suficiente para quatro pessoas atravessarem lado a lado.

    “Aqui está. Essa é uma das entradas para a Vila dos Cogumelos.”

    Ela entrou no tronco, e Tristan a seguiu.

    Passando pelo buraco, não havia escadas para descer. Eles tiveram que pular alguns metros de altura para entrar nos túneis.

    Depois de pousar no chão, Tristan olhou ao redor. Havia vários túneis que se estendiam em todas as direções.

    Zahira pegou uma tocha, e Tristan a acendeu com uma pederneira que tinha na mochila.

    “Foram os Cogumelos que fizeram esses túneis?”

    “Sim, eles construíram isso para se moverem mais rapidamente enquanto caçavam e buscavam recursos na floresta”, ela explicou.

    Tristan observou o chão, notando buracos de diferentes tamanhos. Pelo padrão em que estavam distribuídos, ele achou que fossem pegadas, embora não tivessem um formato convencional.

    “Por onde devemos ir?”

    “Me siga.” Zahira apontou para um túnel, e Tristan a acompanhou.

    “Tem certeza de que esse lugar é seguro?”, ele questionou mais uma vez. “Realmente não teremos problemas com os Fungelites por estarmos aqui?”

    “Claro, não se preocupe. Além disso, se algo der errado, consigo lidar com eles. Não é como se fossem fortes como os Marcados.”

    “Marcados?” Ele nunca tinha ouvido aquele termo antes.

    “O quê? Você nunca viu um deles antes?” A expressão de surpresa dela mudou para compreensão. “Bem, faz sentido. Acho que você não teria sobrevivido se tivesse chegado perto de um deles.”

    “Os Marcados são…” Suas palavras foram interrompidas por um som alto, algo grande caindo no chão atrás deles.

    O brilho da tocha de Zahira foi superado por uma luz intensa que baniu todas as sombras do túnel. Um calor ardente se espalhou pelo local.

    Não havia engano. Tristan reconheceu aquela figura. Quando olhou para trás, viu a cobra de fogo que Haotian e Lieyan estavam enfrentando antes. Seu corpo era quase tão largo quanto o túnel, e suas escamas vermelhas brilhavam com um brilho incandescente. O monstro parecia estar ainda mais vigoroso do que antes.

    Assim que viu os dois, a besta abriu a boca e lançou uma bola de fogo, quase do tamanho de um humano, em direção a Tristan e Zahira.

    Eles saltaram com toda a força que conseguiram reunir, mas, por terem sido pegos de surpresa, não conseguiram circular muita essência. A esfera atingiu a parede atrás deles. Por sorte, eles se afastaram do centro da explosão, mas a onda de choque os derrubou no chão.

    Sem perder a oportunidade, a cobra avançou em direção a Zahira com a boca aberta, pronta para um bote mortal.

    Quando a explosão se dissipou e Zahira percebeu a aproximação da besta, ela tentou recuar. No entanto, sua velocidade não era nada comparada à da criatura. Percebendo que não conseguiria desviar, ela resolveu atacar, lançando seus espinhos na cobra. A criatura fechou os olhos e recebeu o ataque; alguns espinhos se cravaram profundamente em seu rosto, mas isso não diminuiu seu ímpeto.

    Impulsionando seu corpo com a essência do Fogo, a cobra saltou ferozmente, alcançando sua presa.

    Tristan viu as enormes presas da cobra, quase tão grandes quanto espadas, cravarem-se no corpo de Zahira, perfurando seu abdômen e tórax.

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