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    A centopeia gigante despencou do teto da caverna, caindo dezenas de metros no céu antes de atingir o chão na região central da vila, parte de seu impacto foi amortecido pelas dezenas de Fungelites que foram completamente destruídos pelo peso daquela grande criatura.Tristan olhou para o maior monstro que ele já viu até aquele momento, seu comprimento era semelhante ao de um ônibus.

    Algumas de suas patas haviam sido quebradas por causa da colisão anterior, mas isso não impediu que a besta avançasse como um trem em movimento. E o pior de tudo era que eles não estavam tão longe um do outro, menos de cem metros de distância era o que separava Tristan da centopeia.

    Porém, aquilo não era a maior ameaça a vida dele naquele momento.

    “O que está acontecendo?” A voz sonolenta de Zahira soou logo atrás, recém desperta do repouso.

    Tristan respondeu agarrando sua mão e saltando do cogumelo gigante onde eles descansavam. Não havia tempo para conversar. No instante seguinte uma grande rocha caiu no lugar onde eles estavam achatando o cogumelo.

    Ele aterrissou com destreza, muito diferente de Zahira que caiu de cara no chão. Buk, o pobre mascote foi esmagado no chão pelo corpo dela.

    “Meu focinho.” Disse ela em tom de lamento com a mão no rosto. “Droga, por que você fez isso?”

    Tristan ignorou a reclamação, puxando-a para longe enquanto mais pedregulhos começavam a chover. Ele lançou um olhar rápido para trás, vendo Buk, agora achatado como uma panqueca, lentamente recuperar sua forma tridimensional e saltar atrás deles antes que outra pedra pudesse atingi-lo.

    Ele guiou Zahira para longe da área do perigo vindo dos céus.

    “O que está acontecendo com esse lugar?” ela perguntou, alarmada, enquanto a caverna continuava a desmoronar.

    “Apenas um convidado indesejado apareceu.” Tristan disse calmamente apontando seu dedo para a besta gigante.

    Ela se virou e viu. A centopeia negra erguia seu corpo monstruoso no ar, seus múltiplos segmentos contorcendo-se enquanto se enrolava em Fungelites indefesos, dilacerando-os com garras e mandíbulas afiadas como lâminas.

    “Aquela coisa tem símbolos entalhados em seu corpo. Acho que deve ser um dos ‘Marcados’ que você falou anteriormente.”

    Zahira não viu as runas porque elas eram pequenas e o lugar estava pouco iluminado, quando Tristan falou isso uma expressão de entendimento surgiu em sua face.

    “É melhor a gente sair daqui!” Ela disse seriamente.

    Tristan refletiu sobre isso. De fato, a melhor coisa a se fazer era sair daquele lugar o quanto antes.

    Seus olhos se moveram em direção ao conflito do monstro com os habitantes daquela cidade, a besta estava indo na mesma direção de onde o berço principal ficava.

    ‘Parece que esse monstro já tem seu alvo definido.’

    Ele se encontrou em um dilema, ele sabia que seria mais seguro partir, mas a oportunidade de observar uma criatura de tal magnitude em ação era tentadora demais para ignorar. A julgar pelo tamanho e força da centopeia, ele supôs que ela já havia alcançado o estágio do núcleo amarelo. Muito raro foram as vezes que ele viu a magia de alguém acima do nível laranja.

    E pelo que ele havia ouvido durante sua infância entre o núcleo amarelo e o verde era quando o verdadeiro poder do cultivo começava a aparecer.

    “Aquela coisa parece estar bem ocupada, acho que podemos assistir e ver o que vai acontecer.”

    Tristan observou Zahira lançar um olhar estranho para ele.

    “Por que você quer ver aquela coisa massacrar a população desta vila?” Ela o questionou.

    “Você não pensa que é bom aproveitar qualquer chance de estudar esses ‘Marcados’? Como você falou aparentemente a única semelhança entre eles são aqueles símbolos, porém e se houver outra coisa? Tudo que aprendermos agora sobre esse tipo de criatura pode ser útil no futuro caso sejamos forçados a enfrentar uma situação mais difícil que envolva eles.”

    Zahira ficou em silêncio com suas palavras, talvez concordando com sua lógica ou duvidando de sua sanidade.

    De qualquer forma, depois de convencer Zahira a ficar lá por mais algum tempo, ele focou sua atenção para o conflito de duas raças diferentes.

    Naquele ponto, uma trilha de dezenas de metros com inúmeros pedaços de Fungelites mortos podia ser vista. Notando a aproximação perigosa da centopeia ao berço principal, os imponentes guardas que protegiam aquele lugar se moveram. Embora não fossem tão rápidos quanto a besta, eles corriam bastante para seres do tamanho deles, por causa disso não demorou muito tempo para eles colidirem.

    Os Fungelites seguravam troncos parecidos com bastões e rochas que foram talhadas em forma de uma lâmina rústica. Do outro lado, a centopéia só tinha suas armas naturais a sua disposição, mesmo assim Tristan não teria confiança para apostar em quem seria o vencedor.

    Os cogumelos cercaram a criatura, um som alto de um forte impacto se espalhava a cada golpe deles. A besta também era brutal seus ataques dilaceraram tudo que estava na frente de seu caminho. Alguns Fungelites menores agarraram as patas do monstro puxando isso juntos até conseguirem arrancar.

    Os olhos de Tristan se abriram mais ao ver a reação da centopeia, ou melhor a falta de reação, mesmo tendo seus membros arrancados nada impediu seu avanço. Esse comportamento fez ele se lembrar da cobra de fogo depois que ela se tornou um zumbi elemental.

    ‘É como se essa coisa não tivesse instinto de sobrevivência.’

    Um dos guardas golpeou as costas da centopeia com sua lâmina de pedra, sua proteção quitinosa rachou e um pedaço se soltou. Sem aquela proteção Tristan viu uma coisa que deixou ele perplexo, dentro do monstro havia algo metálico, circular e longo.

    ‘Por que tem um cilindro dentro de um monstro?’

    Parecia que os símbolos misteriosos não eram o único segredo por trás das criaturas que apareceram na floresta de repente nos últimos anos.

    ‘Qual é a função disso?’ Talvez essa fosse a questão chave naquele momento, Tristan queria saber o quão importante o cilindro era para aquele monstro e só havia uma maneira de descobrir.

    Ele se virou para Zahira e perguntou. “Poderia me dar alguns de seus espinhos?”

    Ela inclinou a cabeça confusa, mas então deu de ombros e fez o que ele pediu, três espinhos em seu braço cresceram até alcançarem o tamanho de uma flecha, ela puxou eles e entregou para Tristan.

    “Obrigado.”

    Tristan nunca encostaria em um monstro como aquele apenas para testar algo, então ele decidiu pedir os espinhos de Zahira, a única coisa que ele achava que poderia lançar capaz de perfurar metal.

    Embora a centopéia fosse surpreendentemente ágil para seu tamanho, para os olhos de Tristan era como se isso se movesse em câmera lenta.

    Ele se aproximou até uma distância que considerou segura e guiou sua energia vital até as fibras musculares de seu braço direito. Ele arremessou os três espinhos com toda a força que conseguiu reunir. A viagem pelo ar não durou mais do que 5 segundos, dois espinhos atingiram o cilindro enquanto o terceiro ficou preso no exoesqueleto do monstro.

    Tristan observou um líquido espesso e luminescente jorrar do cilindro perfurado. Um chiado intenso encheu o ar, indicando que a pressão no cilindro era alta. A centopeia gigante emitiu um som gutural, como um rugido sufocado, e seu corpo inteiro estremeceu violentamente.

    O movimento, antes ágil e ameaçador, tornou-se errático. Suas patas traseiras perderam força, dobrando-se sob seu próprio peso enquanto a criatura tentava avançar em desespero.

    De repente, o corpo colossal enrijeceu. Então, com um último estremecer, a centopeia desabou. O impacto reverberou pela caverna, levantando poeira e pedaços de fungos destruídos.

    Esse foi um dos poucos momentos em que o rosto de Tristan demonstrava exatamente o que ele estava sentindo.

    ‘Droga.’

    Nunca passou pela cabeça dele que a destruição do tanque mataria a criatura, no máximo ele pensou que isso poderia enfraquecer o monstro.

    No entanto, ele viu tudo o que aconteceu com seus próprios olhos e a verdade não poderia ser negada.

    ‘Aquilo era um tanque de combustível ou o que?”

    Um monstro daquele tamanho morrer daquela forma foi um pouco decepcionante para Tristan, mas logo ele não se importou com isso. Coletar o seu prêmio era tudo em que ele conseguia pensar.

    Os Fungelites demoraram um pouco para notar que a criatura estava morta, continuando a golpear isso por alguns segundos.

    Depois que eles pararam, Tristan correu em direção ao corpo da centopeia com ansiedade. Conseguir um núcleo amarelo tão cedo estava completamente fora de seus planos. Considerando o melhor cenário, ele acreditava que precisaria de quase dois anos para arrancar um núcleo desses do cadáver de um monstro.

    Quando chegou no corpo, ele usou sua magia de Luz para achar o núcleo.

    [Dark Blade]

    Ele cortou o exoesqueleto e perfurou a carne do monstro.

    Tristan precisou enfiar seu braço inteiro para conseguir tocar no núcleo. Quando sentiu a superfície lisa do cristal com seus dedos, ele esticou seu braço e agarrou a gema puxando rapidamente para fora.

    No momento em que ele retirou o núcleo do cadáver seu rosto ficou imóvel como a face de uma estátua.

    Com seus sentidos místicos ele podia sentir a fraca e inconfundível essência de um núcleo vermelho.

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