Capítulo 86: Contêiner estranho
Tristan apertou o núcleo vermelho em sua mão com força.
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Ele sentiu como se a voz robótica em sua mente estivesse zombando de suas expectativas anteriores. Tristan virou seu rosto para o cadáver da centopeia, agora que ele estava tão próximo daquilo ele não conseguiu evitar ficar impressionado em ter derrubado um ser daquele tamanho.
‘Como isso pode ser possível? Como algo tão grande pode ter um núcleo tão fraco?’
Suspiro.
‘Pensei que hoje fosse meu dia de sorte.’
De repente, o lado direito de seus lábios se curvou um pouco para cima.
‘Bem, pelo menos eu consegui um núcleo vermelho praticamente de graça.’
Um núcleo era núcleo, mesmo um vermelho em sua situação atual teria seu valor. Isso levantou seu ânimo.
Uma expressão pensativa apareceu em seu rosto enquanto sua mente retornava à questão da existência do monstro. Até onde Tristan sabia um ser tão grande assim só poderia existir se tivesse um núcleo poderoso o suficiente para sustentar um corpo que quebrava as leis da natureza. Depois de refletir sobre isso, ele se lembrou de que poderia haver outra possibilidade.
‘Essa coisa poderia ser descendente de um Titã?’
Ele balançou sua cabeça pouco tempo depois que tal ideia passou pela sua mente achando que tal conclusão deveria ser algo ridículo, afinal as chances dele encontrar um ser com sangue daqueles que atingiram o pico do caminho da ascensão naquele lugar eram extremamente baixas. No entanto, ele começou a considerar a possibilidade de tal situação ser real.
Se ele realmente tivesse conseguido matar tal ser em uma idade tão jovem, não seria ousadia dizer que aquele feito poderia ser comparado com o início da jornada de muitas lendas daquele mundo.
‘O primeiro grande feito de Lotho, O Cavaleiro da Aurora foi matar um Wyvern quando tinha apenas 14 anos. Não lembro de ninguém tendo conseguido matar um ser com sangue titânico mais jovem.’
Por um instante ele pensou se poderia se tornar alguém como Lotho um dia, mas então ele decidiu descartar aqueles pensamentos infantis.
Enquanto ele refletia sobre coisas improváveis, Zahira chegou perto dele.
“Isso está morto? Você realmente matou um Marcado?” Ela perguntou, sua voz estava cheia de descrença.
“Sim”, ele confirmou.
“Desde quando você consegue matar criaturas tão fortes assim?”
“Me siga vou te mostrar algo.”
Tristan se moveu para a parte de cima do cadáver, pegou uma pedra e jogou no cilindro fazendo um som metálico se espalhar.
“Eu vi que essa coisa tinha um tipo de recipiente de metal dentro do seu corpo, tive curiosidade em saber o que aconteceria se isso fosse destruído, e como você pode ver o resultado foi bastante surpreendente.”
“Sério? Foi só isso? Você só precisou acertar essa coisa?”
Com a confirmação de Tristan, ela exclamou “Droga, e eu tinha medo desses caras.”
Tristan se perguntou se todos os Marcados compartilhavam essa característica.
Ele decidiu examinar o cadáver para ver se conseguia obter alguma resposta. Apenas observando ele pode perceber que as runas no corpo da criatura não pareciam ter sido feitas com uma lâmina comum.
‘Ou então quem escreveu isso era muito forte.’
As letras tinham poucas imperfeições e analisando Tristan poderia dizer que elas foram criadas com apenas um movimento.
‘Eu não conseguiria escrever no corpo duro dessa coisa de uma forma tão fácil assim com minha espada mesmo se fosse muito mais afiada. Por outro lado, se eu usasse magia de Escuridão as runas seriam perfeitas diferente dessas.’ Ele criou algumas hipóteses sobre as características do autor desses símbolos com essas informações.
Embora Tristan tenha chamado isso de runas por terem semelhanças com as que ele conhecia, ele não teve como confirmar isso.
‘Eu não consigo ler isso como as runas criadas pelos Supremos, talvez isso seja como as runas mágicas dos arrays da minha antiga casa.’
Claro, ele também não descartou a possibilidade disso ser apenas um idioma estranho.
Depois ele voltou sua atenção para o cilindro de metal, pelo seu aspecto simples Tristan supôs que aquilo foi feito usando as técnicas arcaicas normais daquele mundo.
Ele estava com um pouco receio de mexer com aquilo, mas isso não o impediu, ele usou sua magia de Luz no cilindro enquanto torcia para aquilo não ser um objeto amaldiçoado.
Havia tubos no exterior do recipiente que estavam conectados com os vasos de diferentes órgãos da criatura. O interior não tinha uma estrutura complexa, era dividido em apenas 3 câmaras. A do topo tinha outro conjunto de runas, a do meio continha um líquido pastoso e a base tinha uma estrela metálica de cinco pontas gravadas.
Tristan não encontrou nenhum mecanismo físico.
Boa parte do líquido estranho havia vazado pelos buracos que ele causou. Estudando o que sobrou, ele encontrou células sanguíneas, musculares, óseas entre outros tipos, fragmentos de plantas e pó de alguns minérios que ele não conseguiu identificar.
Tudo aquilo só teria algum sentido para ele se fosse um sistema dinâmico. Ele acreditava que o líquido pastoso deveria entrar em contato com o ‘sangue’ do monstro, essa mistura iria circular pelo resto do corpo causando algum efeito que ele não tinha ideia de qual era.
‘Se essa coisa é um tipo de artefato capaz de mover algo com magia não deveria ter um núcleo para servir como fonte de energia?’
Quanto mais ele investigava mais coisas que desafiavam a lógica que ele conhecia apareciam. De acordo com todas as histórias que ele ouviu, ele sabia que os núcleos eram a bateria suprema daquele mundo. Desde artefatos e arrays até raças artificiais como os mortos vivos criados pelos necromantes ou os golens criados por magos, todos eles precisavam de um núcleo para existir.
Concluindo que ele não seria capaz de descobrir mais coisas com isso, Tristan olhou para os Fungelites. Os guardas voltaram para o berço principal, alguns estavam arrancando pedaços do cadáver da besta enquanto outros coletavam as partes dos membros de sua espécie, tudo isso iria virar nutrientes para suas terras. O restante deles voltou às suas tarefas habituais, era como se tudo tivesse voltado ao normal.
Virando seu rosto para cima ele viu o grande buraco no topo da caverna. Pela luz fraca ele supôs que deveria ser no final da tarde naquele momento.
Por um instante ele invejou a capacidade daqueles seres de esquecer tudo o que ocorreu e focar totalmente nas tarefas do presente.
“Acho que nosso tempo aqui acabou.” Ele disse para Zahira.
Depois de prepararem suas coisas, Zahira guiou ele novamente pelos túneis, dessa vez com sorte ele finalmente conseguiria escapar de Kū Mù Lín.
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