Capítulo 89: Sangue na neve

Tristan alcançou seu objetivo de chegar na região dos picos enevoados com vida. 

A cada passo que ele dava seus pés afundavam na neve macia, os ventos frios passavam por ele fazendo os pelos do seu corpo se arrepiarem, quanto mais ele subia mais intenso o frio ficava. Embora seu corpo estivesse reagindo com desconforto por estar em um lugar com aquele clima hostil, sua mente por outro lado estava tão tranquila quanto sempre foi. 

Não nevava no marquesado onde ele nasceu, então essa seria a primeira vez dele encontrando neve neste mundo. Tristan não se lembrava de quanto tempo havia se passado desde a última vez que ele viu isso, porém não faltavam cicatrizes em sua mente devido às experiências desagradáveis nesse tipo de ambiente. Ele se lembrava da dor de morrer sentindo cada parte seu corpo congelar. Um calafrio percorreu sua espinha com aquelas memórias, Tristan esfregou as mãos para lembrar do calor e banir aquelas lembranças ruins.

Com seu foco recuperado, ele decidiu aproveitar aquele tempo caminhando sobre a luz do sol tentando aprender mais sobre seu cultivo.

Ele estendeu seu braço direito e flexionou seus músculos, retirando a essência da Luz de seu núcleo ele guiou aquela energia com sua vontade até seu braço, as fibras de sua carne cresceram e incharam tão grossas quanto um dedo. Com um pensamento, seus músculos se moveram como se fossem várias cobras brigando.

Tristan estava praticando sua capacidade de controle corporal, uma das características naturais do cultivo da Luz. A maior dificuldade para o uso daquela habilidade, era que cada parte de seu corpo respondia de uma forma diferente, devido a isso seu progresso era lento. Por não saber o potencial total daquilo ele não tinha dado muito valor para esse poder da Luz, porém depois que ele precisou controlar os batimentos do seu coração para enganar os irmãos Feng ele começou a ver isso por outros olhos.

Atualmente tudo que ele conseguia fazer era controlar pequenas partes de seu corpo e dobrar seus membros em formas não naturais e estranhas. 

‘Quem sabe o que eu poderei fazer com isso quando eu conseguir acessar todo o seu potencial?’

Após alguns minutos praticando isso e pensando no futuro, ele decidiu lidar com outra tarefa importante. Tristan se lembrou do estranho objeto supostamente encantado que ele adquiriu com a morte da cobra de fogo. 

A coluna vertebral da criatura foi a única coisa que sobrou inteira de seu corpo e por algum motivo A Torre de Pandora havia chamado aquilo de semente.

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Ter um artefato mágico poderia significar a diferença entre a vida e a morte, assim que ele teve tempo ele tentou ativar o encantamento da coluna vertebral. Infelizmente todas as suas tentativas resultaram em um fracasso.

Por isso ele planejou encontrar um lugar seguro para buscar informações sobre isso no seu Fragmento Divino. 

‘Espero não precisar cumprir condições absurdas para fazer isso funcionar.’

***

No meio de uma montanha nevada duas garotas usando kimonos amarelos estavam cercadas por uma matilha de lobos brancos, elas eram baixas e a aparência infantil delas evidenciava sua pouca idade.

Quatro lobos muito maiores do que um normal mostravam suas presas afiadas para elas, eles estavam circulando em torno delas preparando seu ataque. Havia um leve tremor anormal nos olhos deles, aquelas criaturas estavam claramente agitadas, como se estivessem sob o efeito de alguma substância. 

Um vento forte fez os cabelos castanho escuro delas balançarem, eles estavam amarrados por um pano em cada lado, uma usava um pano vermelho e outra um preto. Isso era a única coisa que as diferenciava, elas eram tão parecidas que era como se fossem o reflexo uma da outra.

Com as costas viradas uma para a outra, cada uma confiava que seu parceiro seria capaz de lidar com os inimigos que elas não conseguiam ver enquanto suas espadas finas estavam apontadas para os lobos.

Por um tempo, as garotas e as bestas ficaram se encarando em um silêncio mortal, até que uma das bestas flexionou suas patas e disparou na direção daquela que usava o pano preto. 

Vendo a aproximação da criatura, Xiao Ning apertou o punho de sua espada, suas mãos tremiam um pouco, mas ela reuniu sua coragem para enfrentar aquele desafio. 

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Em um piscar de olhos ela moveu a energia de seu núcleo para a lâmina de sua arma, o ar respondeu a energia dela e um vento amarelo girou ao redor de sua espada.

[Lâmina do Vento Etéreo] 

Com um movimento horizontal de seus pequenos braços sua lâmina sua lâmina atingiu o ombro da criatura. Normalmente um corte tão pequeno não teria causado muito dano em um ser daquele tamanho, porém a lâmina foi fortalecida com a essência do vento, fazendo um pequeno corte se transformar em uma ferida brutal.

Um uivo de dor se espalhou pelo ar, sangue jorrou da abertura no corpo da besta e caiu no chão manchado a neve branca de vermelho.

“Você está bem?” Sua irmã, Xiao Mei, perguntou.

“Sim, não se preocupe.”

“Bom, muito bom.” Ela disse com alívio.”Mantenha-se firme, podemos lidar com isso.” 

Com a iniciativa do primeiro, os outros três lobos o seguiram e também avançaram.

Dois lobos tentaram atacar Xiao Mei juntos,

suas mãos estavam bem mais firmes em comparação com as de sua irmã. 

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As criaturas tentaram atacar ela com suas presas, eles tinham uma boa sincronia mas não eram rápidos o bastante para acertar Mei que estava usando o poder do vento para mover seu corpo mais rapidamente pelo campo de batalha.

Ela parou perto da lateral de uma das bestas e impulsionou seus pés para frente com sua espada apontada para a barriga do monstro. Quando sua lâmina apunhalou o corpo do seu inimigo, várias feridas apareceram ao redor do local que ela atingiu.

[Corte das Dez Plumas] 

O segundo lobo tentou atacar ela por trás, porém ela pulou subindo vários metros no ar. Quando ela pisou no chão seu corpo mal afundou a neve debaixo dela.

[Pés Leves Como Plumas]