Índice de Capítulo

    A tensão no ar era densa. O primeiro ataque havia sido lançado. Nunca houve espaço para negociações, alianças ou palavras vazias. Agora, restava apenas o som de armas se chocando, punhos e elementos mágicos cortando o ar.

    A montanha gélida, rodeada de cristais azulados, até então silenciosa e majestosa, transformara-se em um campo de guerra.

    Os trigêmeos do Aço Sangrento, antes unidos, agora estavam separados, cada um tendo que encarar um grupo de inimigos que acreditava ter controle sobre suas vidas.

    Fei Lin se moveu com graça, usando cada parte do corpo para manipular a essência da Água. A umidade ao seu redor se condensou, formando gotículas que orbitavam seu corpo em perfeita sincronia com sua dança. Sua essência aumentou a quantidade de água o suficiente para que Fei Lin pudesse moldá-la na forma de uma cobra. Ela levantou o braço na direção de Zin, e a cobra azul viajou de seu corpo até ele, enrolando-se e prendendo seus membros.

    A cobra subiu pelo corpo de Zin até seu pescoço, e Fei Lin tentou estrangulá-lo até que ele perdesse a consciência. Porém, isso não era uma tarefa nada fácil. A pele de Zin assumiu uma coloração prateada, e não importava quanta força ela fizesse ou quanta essência gastasse — pressioná-lo por muito tempo estava além de sua capacidade.

    Zin já estava quase se libertando de seu controle.

    Vendo isso, Yan Rui não perdeu tempo. Moveu os braços mais uma vez, conjurando seu chicote, que acertou o abdômen de Zin. O impacto foi tão forte que seu corpo foi empurrado para trás. Sua camisa foi rasgada, e um rastro vermelho marcava seu corpo.

    Zin preencheu sua arma — uma lança curta com a ponta semelhante à de um arpão — com energia do Metal. Correu em direção a Fei Lin, mas Du Jiang apareceu em seu caminho, tentando detê-lo com uma lâmina de água comprimida.

    “Inútil”, disse Zin.

    Com um movimento horizontal de sua lança, ele desfez a conjuração de seu oponente e redirecionou o ataque para o braço direito do inimigo.

    Assim como os cultivadores da Escuridão, os artistas marciais do elemento Água tinham corpos flexíveis e resistentes a fortes impactos. No entanto, o ataque de Zin era tão potente que quase arrancou o braço de Du Jiang.

    Ele se moveu para Fei Lin e chutou sua barriga, quase fazendo a garota liberar o conteúdo do estômago. Embora ele e seus irmãos tivessem apenas 13 anos — o que os tornavam alguns dos mais jovens naquele lugar —, o cultivo do Metal elevava seus corpos a níveis invejáveis.

    Yan Rui mordeu os lábios, vendo a diferença entre eles.

    ***

    Em outro canto, os discípulos da Seita da Espada Voadora também não estavam tendo um tempo fácil. Seu oponente era Yen, um garoto que usava um sabre curto de aspecto barato, cuja lâmina mostrava várias lascas faltando.

    Jin estava afastado, observando, sem motivo para participar daquilo. Afinal, ele também era um plebeu e, pior ainda, um estrangeiro. No fundo do coração, gostaria de ajudar os jovens que compartilhavam o mesmo tipo de cultivo que ele, porém temia possíveis represálias dos outros quando voltassem para a seita. A Seita da Espada Voadora fora o único lugar que o aceitara — sem família e sem lar, ele não tinha mais para onde ir.

    Enquanto isso, os outros tentavam o melhor para causar apenas um arranhão em Yen. No entanto, tudo o que suas espadas faziam eram faíscas voando quando encostavam nele.

    Por outro lado, Yen também estava preocupado. Os cultivadores do Vento eram muito rápidos, e ele não havia conseguido desferir nenhum ataque preciso neles.

    Com o canto do olho, viu Xiao Mei se aproximar como uma flecha, sua lâmina vindo em direção ao olho esquerdo dele. Ele conseguiu bloquear o ataque, erguendo a arma no último segundo. Recuou e cerrou os dentes — aquilo foi perigoso; ele quase não a notara.

    Olhando para cada um deles, percebeu que Mei Lian era a mais cansada do grupo.

    Com três passos rápidos, chegou até ela e arremessou a espada em direção à perna da garota, cortando profundamente sua coxa.

    Liang Wei, irritado por sua companheira ter sido ferida, investiu contra Yen, sua lâmina apontada para o peito dele. Com o oponente desarmado, acreditava que seu avanço seria um sucesso. Grande foi sua surpresa ao perceber que aquilo era apenas uma isca.

    Yen esperava por isso. Moveu o corpo um pouco para o lado e prendeu a lâmina de Liang Wei entre o braço e o torso. Torceu o corpo, arrancando a espada das mãos de Wei com facilidade. Depois, puxou o inimigo pela camisa, aproximando seu rosto o suficiente para desferir um soco tão potente que quebrou os dentes do cultivador do Vento.

    ***

    No último lado da batalha, os quatro cultivadores da Terra estavam tendo um tempo mais fácil em comparação aos outros. Seus poderes eram bem semelhantes aos de seu inimigo.

    Xan encarava seus rivais com determinação. Sua arma era uma corrente metálica com uma pequena lâmina na ponta, mas, embora fosse muito ágil e hábil em manipulá-la, seus oponentes podiam aguentar muitas feridas cortantes antes de cair.

    Percebendo que sua arma não era a mais adequada para aquele combate, Xan a recolheu e levantou os punhos.

    Shan Luong, vendo isso, zombou:

    “Pare com isso, garoto. Peça perdão de joelhos e vá embora com seus irmãos. Algumas coisas na vida só devem ser conquistadas por alguns tipos de pessoas. O poder não é algo com que vocês, plebeus, deveriam sonhar.”

    O olhar de Xan ficou afiado.

    “Besteira. Estou cansado de vocês nos tratando como escravos. Vocês nos impedem de crescer porque temem o que podemos nos tornar!” gritou Xan, furioso.

    “Medo? De alguns ratos como você e seus irmãos? Haha, você está louco, garoto.”

    Laoyin Yuse era um dos discípulos mais proeminentes da Seita da Rocha Viva, embora sua posição estivesse bem abaixo em comparação a pessoas como Shan Luong e Tu Zhen.

    “Se não estão com medo de nós, então por que tentam nos impedir de subir? Não fizemos nada contra vocês, mas mesmo assim insistem em nos incomodar. Sei que não precisam daquelas ervas — seus pais já devem ter comprado coisas bem melhores.”

    Yuse olhou para ele com desdém.

    “Você não entenderia a importância dos costumes. O que está lá no topo daquelas montanhas é muito mais valioso para nós do que seu preço material.”

    Cansado e irritado com tudo aquilo, Xan avançou e desferiu um soco que afundou na barriga protuberante de Yuse.

    Yuse manteve uma expressão confiante e revidou com um poderoso golpe, seu braço revestido por uma camada de terra atingindo a cabeça de Xan.

    Ao ser acertado, Xan teve o corpo dobrado para o lado pelo impacto, mas logo retomou o ataque. Ele e Yuse trocaram vários golpes.

    Por algum motivo que desconhecia, os outros três estavam parados, apenas observando tranquilamente. Entretanto, suas expressões ficaram mais sérias ao verem a persistência de Xan.

    Os cultivadores da Terra tinham uma resistência temível para muitos, mas, para um cultivador do Metal, isso não era nada. Não importava quantos golpes Xan recebesse — ele se recusava a dobrar os joelhos.

    E, embora seus ataques fossem bem mais fracos, Xan era incomparavelmente mais rápido.

    Em um ataque determinado, pulou com força em direção à cabeça de Laoyin Yuse. A essência que concentrou em seu punho era tão densa que sua mão agora era quase tão resistente quanto o titânio. Ele acertou um soco em cheio na mandíbula de Yuse. O discípulo da Seita da Rocha Viva caiu no chão como um tronco de árvore.

    Laoyin Piao, irmão mais novo de Laoyin Yuse, irritado com a humilhação que o irmão sofria, gastou toda sua essência reunindo a terra do solo e arremessou-a em Xan, tentando enterrá-lo vivo.

    Dezenas de rochas gigantes voaram pelo ar.

    O coração de Xan gelou. Tentou escapar da enxurrada de pedras, mas sabia que não era rápido o suficiente.

    Vendo que o irmão mais novo corria risco de vida, Zin e Yen tentaram intervir, mas os discípulos das outras seitas os impediram.

    Uma das pedras do ataque frenético de Piao subiu alto demais e, sem que ele notasse, quebrou um dos cristais azuis acima deles.

    Então, toda a montanha tremeu. Mais e mais cristais começaram a se quebrar, como uma reação em cadeia. A neve do topo da montanha desceu.

    Uma terrível avalanche estava se formando.

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