— Gabriel, você sabe qual é a solução.

    — Não fale asneiras, você sabe que não. 

    Grace, Tephord, ano 399, sala de reunião. Um ano antes do exílio de Aurora.

    Gabriel olha penetrantemente para a mesa, com a mão na cabeça. 

    — Vamos, faça isso. — Emma insiste em sua primeira fala.  

    — EU JÁ DISSE QUE NÃO! PORRA! QUANTAS VEZES DEVO FALAR? DEZ? CEM? PARECE QUE VOCÊ NÃO VAI ENTENDER, CACETE. — Se levantando bruscamente na cadeira na qual sentava, ele soca a mesa logo em seguida.

    — Vamos Gabriel, se acalme. — diz Louis, que permanece no canto da sala.

    — Me acalmar? Haha… não pode ser. — Cerrando os punhos, ele continua: — Logo vocês, malditos gananciosos. Vocês querem matá-la, não se fiquem por trás dessas máscaras malditas, desgraçados.

    Emma se levanta da cadeira, colocando suas mãos sobre a mesa e respira fundo.

    — Gabriel. Chega disso, ela é um perigo. Vamos a executar, depois falaremos que foi ideia dos assassinos desordeiros. — pronunciando levemente, sorrindo como uma sádica, adorando a ideia sugerida por si mesma.

    Gabriel cerra os dentes, em uma expressão de raiva pura. Decidindo o que fazer com a mulher que ama, o líder de Tephord se sente como um herege. 

    — Vamos lá, Emma. Deixaremos nosso “garotinho” aceitar o que tem que fazer. — Louis se aproxima da líder de Moliar, passando seus braços por cima de seus ombros.

    Ambos começam a sair da sala, deixando Gabriel sozinho. 

    — Espere. 

    — Mudou de ideia? — diz Louis.

    — Não. Eu ainda continuo contra isso. Na verdade, tenho uma ideia melhor.

    — Hum? Conte-me mais. — sorrindo como o diabo, se vira em direção a Gabriel.

    — Vamos prendê-la. Falaremos que apresentava perigos para a sociedade, colocaremos em uma casa em Tephord. Deixe-a sob cuidados especiais, a equipe BC cuidará disso.

    — A Equipe BC? Eles não vão gostar disso, você sabe, certo? Ga-bri-el. — um riso sádico ecoa de sua boca.

    — Eles vão querer, por bem… ou por mal. — Cerrando seus punhos com ainda mais força, um brilho verde leve emana, iluminando a sala suavemente.

    — Hum? Interessante, muito bem! Deixaremos você cuidar disso. Certo, Emma? — diz Louis, enquanto coloca sua mão direita sobre a cabeça de Emma.

    — Sim, Louis. — um sorriso ainda mais psicótico do que o de Louis se estampa em seu lindo rosto.

    Assim, os dois saem da sala, fechando-a.

    Gabriel olha para a janela, observando a cidade do alto, percebendo o que começará a partir daqui.

    Apesar de ser o mais novo, é o que tem consigo uma das mais importantes autoridades. Ser o Vetus da capital de Grace significa ser o que decide os movimentos de todo o país, qualquer coisa que vão precisar sairá de Tephord. A capital tem com ela todas as armas poderosas antes de Purgatio, junto das casas mais nobres do país.

    Não existe diplomacia, afinal, só existe um país forte o suficiente para tal, e ele se chama Grace.

    Grace manda, desmanda e o povo obedece, fielmente, como cachorros. É assim que funcionou, funciona e funcionará. Mas não por Gabriel. 

    O líder da capital sempre se importou com as pessoas. Apesar de ter quase três centenas de anos, nunca se deixou mudar pelo tempo e poder que obteve.

    E, junto disso, também nunca deixou de amar sua noiva: Aurora.

    Ela, que mostrou a grandeza do mundo e do conhecimento, o fez conhecer pela primeira vez o amor. Ambos namoraram por 12 anos, e aos duzentos e dez anos, ele a pediu em casamento. 

    E assim, se tornaram publicamente noivos. Mas infelizmente, os Vetus a temem. Seu conhecimento é perigoso, mas o noivo da líder de Linear não pode simplesmente deixar sua amada morrer.

    Ano 400, tempos atuais.

    — Ga, tá tudo bem. — Aurora toca no rosto de Gabriel, com um olhar de paixão e medo.

    — Aurora… eu te amo… — seu rosto fica cada vez mais aflito, com uma expressão de tristeza e incerteza. 

    — Vá. Não deixe eles te verem aqui. Ficarei bem. — seu sorriso é contagiante, demonstrando confiança e amor, enchendo qualquer um com sentimentos agradáveis.

    Gabriel rapidamente sai do quarto de Aurora, onde se mantém desde seu exílio. Ela apenas observa a janela com vista para a rua da cidade, olhando as pessoas andarem, adultos rindo e crianças brincando. 

    “Gab. Eu te amo. Mas infelizmente, não vou durar mais tempo.” 

    Olhando para sua mão, sua visão embaça. Aurora está sendo envenenada lentamente através da comida. Ela percebeu isso alguns dias atrás, quando observou seu corpo magro demais para a quantidade de refeições e volume que comia.

    Lentamente, percebeu que não sentia tanta vontade de comer, andar ou apreciar coisas que antes amava. A indisposição apossou-se de seu corpo, afetando-a.

    “Tá tudo bem. Me manterei até onde conseguir, ele não pode saber disso. As pessoas poderiam estar em perigo, eu… eu tenho medo do que pode acontecer com Emma e Louis… se Gabriel descobrir.”

    Gabriel, o mais novo entre os Vetus, é o que contém o poder mais forte entre todos os quatro. 

    Ele não conseguiu uma dádiva, mas sim três. Sendo assim, a primeira pessoa conhecida a conseguir mais de duas dádivas.

    Sua primeira habilidade é baseada em efeitos psicoativos. Em todo seu corpo existem pequenos buracos que podem ser abertos e fechados à livre vontade. E, quando abertos, exalam os primeiros feromônios, os alucinógenos. Eles aplicam alucinações visuais e auditivas a quem os inalam.

    Já a segunda consegue aplicar “cheiros” em pessoas ou objetos em que toca à livre vontade, podendo escolher colocar ou não tal cheiro. Cada pessoa ou objeto selecionado tem um cheiro específico, onde apenas ele consegue sentir.

    Em objetos, qualquer alteração nociva que entrar em contato, alertará Gabriel através de espasmos por todo corpo.

    Agora, a última dádiva se baseia em aplicar infecções no corpo de quem cheirar seu segundo feromônio, caracterizado pela cor verde-claro. Apesar de simples, essa habilidade pode causar problemas catastróficos, podendo levar à morte. Essa dádiva se diferencia da primeira, não só pelos efeitos, mas também como pode afetar o alvo. Ao ser liberada, não precisa ser inalada, mas apenas tocar na pele. Por isso, em salas ou ambientes fechados, a chance de ser “abatido” por essa habilidade é de quase cem por cento.

    Suas habilidade naturalmente fortes, são treinadas ao extremo, criando múltiplas formas de uso.

    Gabriel é o ser humano mais forte de Grace, afinal, com o cogumelo Persis, ele também absorveu, ao longo desses anos, muitos Hera; o que lhe concedeu um físico inacreditavelmente forte e ágil, junto da sua longevidade imensa. 

    Não existe ninguém em local algum no continente de Kijin que possa enfrentar diretamente o Rei de Grace.

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