Capítulo 9 - A Capital
Uma visão espetacular vista da sacada no palácio central. Uma cidade tão bela, quase um livro de história vivo.
O sol brilha intensamente, iluminando todo o horizonte.
— T-Tephord?… — o garoto, que está no chão por conta do teleporte, se levanta limpando suas vestes.
— Isso mesmo. Essa é a cidade que eu lidero.
— Acabou? Vou indo agora. — diz Beatriz, enquanto passa pela porta para dentro do palácio.
— Até depois, senhora Beatriz.
— Falou.
— Haha. Ela nunca muda, ein? — Gabriel ri intensamente enquanto cruza os braços.
— Rafael! Vá descansar. Essa noite foi realmente intensa, embora não encontremos o que queríamos, achamos alguém interessante.
— Sim, senhor. Irei me retirar.
Rafael passa pela porta calmamente. Um leve bocejo pode ser escutado, o sono chegou para ele.
— Então, Askar. Vamos para dentro, que tal uma segunda conversa?
— Tudo bem… eu acho.
Assim, ambos vão em direção ao escritório de Gabriel, onde se sentam um na frente do outro com uma mesa com papeladas entre eles. O Vetus se senta em uma poltrona com forro vermelho e bordas douradas e o pequeno garoto em uma poltrona branca com bordas prateadas.
A sala no geral se assemelha bastante a uma biblioteca, com diversas estantes com livros bastante preservados, dois sofás em cada canto da sala e uma cafeteira no canto da sala, ao lado da mesa de Gabriel.
— Então, Askar… O que você quer para si?
Com essa pergunta, o garoto fica um pouco surpreso.
Askar, em todo esse tempo, nunca teve um objetivo claro de vida. Nenhum. Até esse momento, ele apenas convivia com os cogumelos e gostava de observar o mar. Não existe nada que desperte um interesse maior, como um objetivo.
— Eu… Eu não sei te responder isso…
Observando o garoto ficar um pouco pensativo e reflexivo com a pergunta, Gabriel então apoia suas mãos na mesa e encara Askar.
— Eu tenho uma proposta. Está disposto a ouvir?
— Não é como se eu tivesse outra escolha… Então sim… — Askar fica um pouco nervoso, mas continua atento à conversa.
— Seu corpo… Ele é de outro nível. Os cogumelos que você consumiu por tanto tempo modificam a estrutura corporal. — apontando para Askar, ele continua: — Ninguém conseguiria ter um corpo desses com sua idade, mas você conseguiu. Askar, você é especial. Tem algo em você que pode ajudar Tephord, não… Grace inteira.
— Mas… Mas como? Eu não tenho tantos conhecimentos assim de história ou coisas assim…
— Você aprenderá. Além disso, poderá ser treinado pela Beatriz, a mulher que te derrubou. Ela vai entender quando eu explicar que você é uma joia rara nesse mundo, não podemos deixar você sem um tutor.
Os olhos de Askar brilham de entusiasmo, como se tudo isso fosse um sonho.
— Askar. Você quer fazer parte das forças de Grace? Seja um dos nossos, você nunca mais passará por nenhuma infelicidade. Tenho certeza de que sua mãe adoraria isso também.
— Suspiro… Tudo bem! Eu aceito, Gabriel! Por favor, me deixe fazer parte dos soldados de Grace!
Um sorriso de orelha a orelha aparece no rosto de Gabriel.
— Muito bem! Agora, irei te explicar em qual área você irá entrar.
— Certo!
Dentro de Grace, existem dois tipos de guerreiros. Os da equipe de Busca e Captura, os quais são mais conhecidos popularmente, são os primeiros a existir com um propósito de proteção, apesar de não ser esse seu principal objetivo.
E os Bellatoris, a força de elite de Grace, sendo comandada principalmente pela capital, Tephord. Criados por Louis por conta de sua preocupação com possíveis países desconhecidos pelo continente Kijin, os Bellatoris são soldados altamente fortificados com os cogumelos Hera e Persis, fazendo com que esses indivíduos se tornem a força mais letal de toda nação.
— O que são os Persis?
— Eles concedem dádivas, sabe? São poderes, tipo quando eu te trouxe para cá, essa é uma de minhas dádivas. Normalmente, só se têm uma, mas sou um cara peculiar, sabe? — Um sorriso arrogante surge no rosto de Gabriel.
— Entendo…
“Dádivas, ein…”
— Você entrará nos Bellatoris, Askar!
— Hã?… Mas eu não ia treinar com a Beatriz?…
— Ela é líder de uma das equipes dos Bellatoris também haha… Ela realmente não pode ser subestimada, apesar de tudo.
“A senhora Beatriz é realmente incrível no final das contas…” Askar fica surpreso e bastante animado para o que está por vir.
Gabriel se levanta, vai em direção à porta e a abre.
— Vamos nessa, Askar. Vamos em direção à base da Equipe Resiliência. — Um sorriso malicioso aparece em seu rosto.
— Certo! — Se levantando da cadeira, o garoto acompanha o Vetus.
Descendo as escadarias do palácio, Askar fica encantado com a arquitetura do local. Diversas empregadas observam o garoto, mas não abrem suas bocas para falarem, apenas o encaram com o canto do olho.
A Base da Equipe Resiliência fica perto do palácio, em um apartamento antigo, mas bem cuidado.
Nas ruas, Gabriel e Askar passam pelas pessoas, mas parece que estão invisíveis. As pessoas não reparam, não olham, mesmo que o líder de uma das cidades esteja entrando em público, ninguém se importa.
Para as pessoas, os dois não estão ali. Isso é por conta de uma das sub-habilidades de Gabriel, que exala uma leve fumaça alucinógena, fazendo com que as pessoas tenham suas percepção de faces afetadas em um nível intermediário. Todas as pessoas ao redor serão praticamente irreconhecíveis até Gabriel retirar sua fumaça. Ninguém percebe esse efeito, afinal, não é o tipo de situação que acontece com frequência. Muitos acreditam que esse efeito pode ser sono, cansaço ou pelo fato de estar doente.
Agora, em frente à base da Equipe Resiliência, Gabriel entra e Askar o acompanha.
A primeira visão é uma escadaria para o topo.
— Beatriz! Estou entrando! Trouxe uma visita que você gostará!
— Vamos nessa, Askar.
— C-Claro.
Subindo cada degrau, o garoto fica levemente ansioso e nervoso, essa sensação se intensifica cada vez mais a cada passo.
Uma luz do lustre penetra os olhos de Askar e, logo após, ele consegue ver uma recepção.
Nela, uma mesa redonda em seu centro com quatro cadeiras, um tapete vermelho com bordados dourados, no lado oposto da escadaria um balcão e uma escada em cada lado. No lado esquerdo, existe uma estante com livros, e no lado direito, uma mesa retangular com alguns papéis, jogos de tabuleiros e um jarro de flores.
— Ninguém? Vamos subir então. Mas antes, vou pegar a chave de seu quarto.
— Quarto?
— Sim, quarto. Você irá dormir e morar aqui, agora!
— Mas não devemos perguntar para a Beatriz primeiro?
Gabriel solta uma risada alta e sincera, como se segurasse por muito tempo.
— Avisar a Bea? Nada disso. Eu faço o que eu quiser, quando eu quiser. Não existe ninguém em local nenhum que eu deva perguntar antes de fazer algo. Lembre-se disso, pequeno.
Essa arrogância faz Askar engolir seco, é como se ele estivesse vendo algum rei, alguém que é livre de fazer o que quer, quando quer. Um poder estranho, tendências peculiares e um leve desvio de personalidade.
— Entendo…
Gabriel se aproxima do balcão, coloca sua mão por baixo e coleta uma chave escrita com o número 44.
— Quarenta e quatro. Esse é o seu quarto. — Entregando a chave para o garoto, ele é interrompido por passos e conversas.
— Eu te falei, cara! A Beatriz não aguenta beber!
— Você tinha razão, que porra! Hahahahaha!
— Mas é sério, rapazes, quem bebe pela manhã? Vai dar meio-dia agora… — se intromete um terceiro.
— É óbvio que… GABRIEL?!
Existem cinco pessoas paradas observando o Vetus e um garoto parado na frente do balcão.
Três deles estão na frente, todos homens.
As outras duas são mulheres. Estavam conversando, quando são barradas pelos seus companheiros.
— E aí, rapazes. Como vão?
Todos eles vestem roupas pretas, uma camisa social, um blazer que parece ter sido feito sob medida e calças com uma boa elasticidade, mantendo a mobilidade ideal. A calça é acompanhada com cintos de couro minimalista. E em seus pés, botas de couro resistentes e bem cuidadas. Em suas mãos, luvas pretas.
Um dos homens, um rapaz de cabelo curto ondulado castanho, pele branca e olhos pretos e uma veste igual à de todos os outros, toma a frente.
— O que faz aqui, senhor? — Uma linda voz calma é entoada, ela é macia e leve, mas muito bem compatível com seu rosto e físico aparentemente treinado.
— Vim deixar o novo membro com vocês. O nome dele é Askar. Espero que se deem bem.
— Novo membro? — Uma mulher se aproxima ao lado do outro rapaz que tomou a frente.
Ela tem um longo cabelo branco, que chega até sua cintura, olhos azuis como cristal e uma pele branca como a neve.
Com um tom de ameaça, Gabriel responde.
— Isso ai, Yuri. Um novo membro. Algo a dizer?
— Tenho, senhor. Não faz sentido colocar… — Olhando para Askar, ela continua — … uma criança no esquadrão, sabe?
O outro rapaz ao lado de Yuri complementa a fala, com um tom levemente mais ríspido.
— Exatamente, senhor. E o ideal não seria comunicar nossa líder primeiro?
— Tsk. Vocês estão começando a me irritar. A idade dele é parecida com uma dos seus, então por que tanta reclamação? — com um olhar de extrema irritação, ele começa a apertar fortemente suas mãos.
Uma fumaça com um tom mais escuro de verde começa a ser expelida pelo corpo de Gabriel, que se espalha lentamente pelo ambiente. Ele coloca sua mão na frente de Askar, o afastando levemente para trás, retirando-o do alcance da fumaça.
— Direi uma única vez. Eu que mando aqui. Apenas eu, entendem? Se eu falar que algo acontecerá, então vocês aceitam tal coisa calados, sem dar nenhum pitaco.
Todos eles colocam as mãos imediatamente em suas bocas, tentando não inalar a fumaça.
Cof Cof Cof Cof Cof Cof
— P-perdão, senhor! Por favor, retire sua fumaça! — diz Yuri, que tosse como todos seus companheiros.
— Você quer me dar ordens? Parece que você ainda não entendeu. Por sua culpa, todos os seus colegas terão que ser punidos também, entende? Mas não se preocupe, não vão morrer. Apenas relaxem… quando acordarem, acolham Askar e o faça um dos seus.
Observando a situação, um medo adentra o corpo de Askar, que paralisa e treme levemente. A pessoa que está em sua frente é muito perigosa, quase como se não fosse o mesmo líder gentil que conheceu; Gabriel mudou completamente seu semblante.
“Eu tomei realmente a decisão certa?…”
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