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        7 minutos atrás.

    — Respira fundo, respira fundo…

    Uma conhecida sensação de ansiedade se enroscou dentro dela, com um toque de esperança.

    — É nesse lugar que vou criar novos laços, novas amizades. 

    Uma ligeira mudança no ar chamou-lhe a atenção. No meio da música agradável do canto dos pássaros e do farfalhar das folhas, estava uma verdade à espera de ser descoberta. Era um sentimento a que ela se agarrava apaixonadamente, um início de otimismo que se transformaria em algo belo e real.

    O pátio da escola estava cheio. Grupos de alunos ocupavam diferentes cantos do local, constituindo pequenas ilhas de conversas e risos. Ao lado da quadra de basquete, encontrava-se um banco de madeira. Era aí que Marie estava, com um caderno aberto no colo e uma caneta nos dedos, tentando ignorar o barulho à sua volta.

    O toque repentino de uma palma quente nas suas costas fez com que perdesse a concentração. Olhou para trás, arregalando os olhos, e deparou-se cara a cara com ela.

    — Oi! Desculpe pela demora.

    Pele alva, olhos azuis, cabelos escuros e ondulados, com pontas tingidas de púrpura. Ela usava jeans skinny e uma camiseta que parecia revelar sua essência à primeira vista. 

    Todo mundo sabia quem ela era, a garota que transitava entre os grupos sociais como se fosse dona de todos eles. Era o tipo de pessoa que nunca parecia deslocada, não importava o lugar.

    — É um prazer conhecê-la. Eu sou a Sarah Cooper. E você…? — Estendeu a mão, mas Marie, instintivamente, encolheu os ombros.

    — Ah… 

    Ainda manteve a mão estendida, o sorriso intacto, como se soubesse que o tempo resolveria o embaraço. Marie respirou fundo e, enfim, apertou o punho oferecido.

    — P-prazer… Marie Carter.

    — Ei, relaxa. — Riu-se levemente, inclinando a cabeça para o lado. — Respire fundo, vai. Eu não mordo.

    — Desculpe… você me assustou. — Puxou a mão de volta rapidamente, tentando parecer menos desconfortável.

    — Ah, foi mal por isso. 

    — Não sou muito boa em conversar.

    — Deu pra notar. — disse, sentando-se ao seu lado. — Mas tá tudo bem. Eu gosto de conversar por duas pessoas, então isso deve compensar, né?

    Marie soltou uma risada curta, um pouco aliviada.

    — Eu… acho que sim.

    Sarah inclinou-se um pouco, estudando-a. Foi quando notou os cabelos únicos de Marie. Ela levantou uma mecha com cuidado, como se analisasse uma obra de arte.

    — Isso é natural? — perguntou.

    A garota, confusa, levou a mão ao cabelo.

    — Ah, sim. É meio assim, cinzento… mas não muito.

    — Nossa, é lindo. E seus olhos? São meio… diferentes? Nunca vi nada igual.

    Marie desviou o olhar, sentindo as bochechas arderem.

    — É… minha mãe diz que são genéticos. Nada demais.

    — Nada demais? — Sarah riu. — Você tem os olhos mais únicos da escola, e acha que é nada demais? Que modéstia, hein.

    — Mas por que me chamou?

    Sarah se recostou no banco.

    — Na verdade, vi você outro dia saindo da aula de Educação Física. Aqueles movimentos que você fazia… eram incríveis. Você luta, né?

    — Ah… sim. Pratico jiu-jitsu. Mas é mais por disciplina do que por qualquer outra coisa.

    — Disciplina, hmm? — Estreitou os olhos, sorrindo de canto. — Aposto que você deve ser muito boa. Devia competir ou algo assim.

    — Não, não sou tão boa assim. É mais um hobby. Me ajuda a relaxar… e a não perder o controle.

    — Você? Não consigo imaginar.

    Marie olhou para o chão, evitando o olhar de Sarah.

    — Às vezes é difícil. É como se eu estivesse sempre tentando segurar tudo dentro de mim. O jiu-jitsu ajuda a organizar as coisas.

    — Bem, isso é algo que eu nunca conseguiria. Minha ideia de organizar as coisas é tentar não me atrasar pra aula.

    Ela soltou um riso baixo, genuíno, pela primeira vez na conversa.

    — Acho que isso também é importante.

    Por vezes, um sorriso gentil era tudo o que era necessário para estabelecer uma ligação entre pessoas. Não se precisa de se dar bem com todos. A generosidade e a simpatia de Sarah transcendiam a alegria superficial. Não havia espaço para desgosto ou pena. A falta de comunicação era o único obstáculo.

    No entanto, Marie tinha uma habilidade incrível de ser otimista, sociável e amigável quando necessário.

    — Bem…

    Um silêncio e o franzir de sobrancelhas denunciava a batalha interna que travava consigo mesma. Uma sensação de desconforto se arrastou por sua mente, como uma sombra indesejada.

    A palavra diferente ainda ressoava na sua cabeça.

    — Ei, tudo bem? — perguntou Sarah, provavelmente preocupada. — Você ficou estran…

    — É sobre isso mesmo. — respondeu prontamente. — Por ser tão assim, estranha, nunca consegui me encaixar em nenhum lugar. Sinto que não pertenço aqui. Só quis me afastar, viver em outro lugar.

    As lembranças das palavras crueis que ouviu ecoavam em sua mente, misturadas com as inseguranças que a atormentavam.

    — Eu não queria que fosse assim. — disse, com lágrimas prestes a cair, mas ela as conteve com força. Não queria se deixar levar pela autopiedade, mas a batalha interior era intensa. — Às vezes, chego a pensar que seria melhor se eu não existisse.

    Sentia-se como uma peça fora do quebra-cabeça, uma nota desafinada em uma melodia suave.

    — É como olhar para a vida através de um vidro embaçado. Vejo as pessoas ao meu redor, tão conectadas, tão à vontade consigo mesmas, e me pergunto por que não posso ser assim.

    As palavras fluíam como um rio de emoções há muito tempo contidas, e Marie permitiu-se sentir essa vulnerabilidade.

    — Também me pergunto se algum dia vou encontrar meu lugar neste mundo, se vou conseguir ser verdadeira comigo mesma, sem esconder minha verdadeira identidade atrás de máscaras.

    Lágrimas finalmente começaram a escapar de seus olhos, traçando caminhos brilhantes por suas bochechas. Ela não conseguia mais conter a torrente de sentimentos que a havia dominado por tanto tempo.

    No entanto, Sarah, a despeito disto, estava levemente espantada.

    — Nossa, por essa nem eu esperava. Mas, Marie, não acho que você deveria pensar assim. Ninguém tem todas as respostas, mas estamos aqui para te ajudar a descobrir.

    Marie imediatamente viu um brilho nos olhos, uma determinação que não havia notado antes, seguida de um doce sorriso.

    — Você é incrível do jeito que é. — completou.

    Aos poucos, ela percebeu que sua imagem não era representada por sua aparência, mas pelos sorrisos que compartilhava e pelas lágrimas que enxugava do rosto dos outros.

    — Uhm… o-obrigada.

    Não é para o apoio de todos os seus amigos, nem para a piedade dos adolescentes, nem é para a aclamação universal. Outros têm o direito de se opor à maneira como ela faz as coisas, mas ocasionalmente eles ficam excessivamente preocupados com ela.

    — Deixando de lado esse clima pesado, queria te perguntar algo.

    — Hm?

    — Você é nova aqui, né? Também não te vi no ano passado.

    — Sim… Eu entrei nesta escola porque dizem que é boa para quem quer seguir medicina.

    — Medicina também? Interessante. É um sonho seu?

    — Erm… sim. Sempre sonhei em ser médica. Acho fascinante lidar com as complexidades do corpo humano. É incrível como os médicos precisam conhecer todos os detalhes. Isso… — Marie sorriu naturalmente. — Me cativa.

    Agora que ela havia expressado seus objetivos em palavras, eles pareciam mais reais e encheram-na de orgulho.

    — Eu nunca tinha pensado nisso dessa forma. Para mim, é algo que me deixa nervosa. Deve haver alguém que te inspire.

    — Minha mãe, porque ela é oncologista. Como médica, ela salvou muitas vidas. É isso que eu quero fazer.

    — Nossa, sua mãe deve ser incrível, então. Tenho certeza de que você vai seguir os mesmos passos.

    O coração de Marie começou a palpitar, como resultado do que Sarah acabou de dizer.

    Poucos outros muitas vezes apoiam suas aspirações, tornando muito mais simples rir delas e desistir das mesmas.

    — Também notei que você está começando a se soltar, é um bom começo.

    Quando o assunto a interessava, Marie passava de uma atitude introspectiva para um estado mais comunicativo.

    — Venho conhecendo muita gente nova, tô gostando disso.

    — Isso aí! Quem sabe até nós duas poderíamos virar besties, o que acha? 

    Marie sentiu o rosto esquentar de imediato. Sua mente buscava algo inteligente para dizer, mas tudo o que encontrou foi um nervosismo que se transformou num gaguejar desajeitado.

    — Ah… erm… c-claro.

    Sarah riu alto, mas não de forma maldosa. Era o tipo de riso que vinha com um alívio honesto, como se estivesse satisfeita com a simplicidade da resposta.

    — Vamos, o intervalo tá acabando, e eu tô morrendo de fome. 

    — Espera, você quer ir ao refeitório? .

    — Claro que quero! — respondeu, levantando-se. — Ou você acha que eu vivo só de popularidade?

    Ao atravessarem o pátio, Marie sentiu o peso dos olhares. Não era nada de novo. Havia sempre pessoas com olhares atentos, mas agora havia algo diferente. Alguns rostos riam discretamente, outros trocavam murmúrios rápidos que terminavam em risadas abafadas. 

    Um grupo de meninas encostadas à grade a observava um tanto desdenhosa e divertida.

    Marie baixou instintivamente a cabeça e agarrou mais fortemente o caderno. Embora as palavras de Sarah ainda ecoassem na sua mente, soavam-lhe agora distantes.

    — Bestie, é… verdade, poderíamos ser. — Sarah falou de repente, quebrando o silêncio incômodo. Seu tom era mais reflexivo, quase sério, o que a pegou de surpresa. — Mas eu realmente fico chateada quando vejo outras pessoas tentando ocupar o espaço que com tanto esforço construí ao longo do tempo.

    Marie ergueu os olhos para ela, confusa.

    — Como assim?

    A mudança no comportamento de Sarah foi desconcertante. O sorriso fácil desvaneceu-se, substituindo-o por uma expressão neutra, algo que Marie não sabia como interpretar.

    — Você entende o que quero dizer, né? — continuou, olhando diretamente para ela. — Qualquer um se sentiria frustrado nessa situação. O que você faria se achasse que estava ficando para trás?

    — Bem, acho que, se me sentisse assim, tentaria me superar. Conversaria com as pessoas e aprenderia com elas, não importa o que acontecesse. Não acredito que seja saudável ficar com raiva ou com inveja dos outros só porque estão progredindo.

    Sarah suspirou, um alívio aparente suavizando sua expressão.

    — Só que, às vezes, a gente precisa defender o que é nosso também, não concorda? Não me entenda mal, Marie. Gosto de você, mas também quero proteger o meu lugar aqui. Isso é importante pra mim.

    A garota acenou lentamente com a cabeça. Não compreendia bem, mas queria mostrar o seu apoio.

    — Eu acredito que a maioria das pessoas reagiria de alguma forma, lutando por aquilo que desejam.

    Havia algo diferente no sorriso de Sarah. Era menos acolhedor, mais… triunfante.

    — É uma competição. Seja por amizades, sonhos ou oportunidades. Tem vezes que você precisa se posicionar e lutar pelo seu lugar. Não é algo ruim, é só parte da vida.

    Enquanto falava, Marie notou que os olhares à sua volta se tornaram mais intensos. Um rapaz passou por elas, murmurando algo que ela não entendeu, mas o tom era inconfundível: zombaria.

    — O que… 

    Sarah continuava caminhando, como se nada estivesse acontecendo, mas Marie parou no meio do pátio, desconfortável. O grupo de meninas na cerca apontava descaradamente para ela, rindo como hienas. Outro aluno, passando próximo, deu um leve empurrão no ombro de Marie, soltando uma risadinha antes de se afastar.

    — Ei, tudo bem? — perguntou, virando-se com aparente preocupação.

    Ela abriu a boca para responder, mas foi interrompida por um pedaço de papel que se soltou de suas costas e caiu lentamente no chão. “Me chute, me fure” estava escrito em letras grandes e grossas. 

    O pedaço de fita adesiva ainda grudado nele denunciava que se tratava de um gesto.

    O sangue dela esfriou. O toque amigável de Sarah quando a cumprimentou mais cedo. O tapinha nas costas. De repente, tudo fez sentido.

    — Você… fez isso? 

    Ela não respondeu imediatamente. Olhou para o papel, depois para Marie, e deu de ombros, como se não fosse nada.

    — Não leve tão a sério. É só uma brincadeira. Você tá se estressando à toa.

    — Uma brincadeira?!

    Sarah suspirou, agora impaciente.

    — Olha, Marie, é o que eu disse. Todo mundo luta pelo seu espaço. Se você não consegue lidar com uma piada, como vai lidar com o resto?

    Com o caderno contra o peito, ela saiu dali apressadamente, porém, sem sucesso.

    Após um chute na canela, Marie caiu. O segundo, nas costas, a fez dobrar o corpo, arrancando-lhe o ar dos pulmões. O gosto de sangue encheu sua boca. Tentou se levantar, mas outro golpe veio, dessa vez na lateral, jogando-a de volta ao chão.

    O pátio estava fervilhando, mas para a garota tudo havia se reduzido a uma mistura de dor e humilhação que a consumia. As risadas ao seu redor não eram apenas sons — eram lâminas, cada uma cortando mais fundo que a anterior. 

    O chão onde caíra ardia contra a sua pele e o caderno que outrora segurara com tanta força jazia a alguns metros de distância, esquecido, como em breve ficaria.

    Os olhares à sua volta eram diversos, mas todos carregavam algum tipo de julgamento. Alguns observavam-na com um brilho cruel nos olhos, satisfeitos por a verem cair. 

    Outros desviaram o olhar, mas nenhum deles interveio. Sarah ficou um pouco mais afastada, com os braços cruzados e uma expressão neutra. Não havia riso no seu rosto, nem compaixão.

    — Levanta, Marie! 

    Ela tentou. As suas mãos tremiam enquanto procuravam apoio no chão, mas as suas pernas fracassaram. O seu corpo desistiu antes mesmo da sua mente, que ainda lutava contra o desespero crescente.

    Depois, veio outra coisa. Algo que ele não esperava. Uma dor aguda atravessou-lhe a pele como um aviso cruel. Uma agulha, ou algo semelhante, arranhou-lhe o braço, deixando uma marca fina e afiada com o seu metal frio. 

    — Olha só, ela tá se encolhendo! 

    O tecido de sua blusa foi rasgado por outro toque afiado. Um objeto metálico deslizou pelo seu ombro, cortando apenas o suficiente para fazer o sangue brotar e escorrer em um filete quente. 

    Marie encolheu o corpo, tentando se proteger, mas não havia como fugir.

    — Tá com medo, sua esquisitona?!

    Um empurrão a fazia rolar para o lado, expondo ainda mais seu corpo vulnerável ao chão duro.

    O sangue manchava o chão por baixo dela, misturando-se com a sujidade do pátio. O ar abandonou-lhe os pulmões. Tentou gritar, mas o som foi abafado pela garganta que se fechava em desespero.

    A morte não ocorreu de uma só vez. Foi brincando, arrastando-se, arrastando Marie para o abismo. Os seus olhos vidrados procuravam algo à sua volta: um olhar de pena, uma mão estendida, qualquer coisa. No entanto, tudo o que encontrava eram rostos vazios, ou pior, sorrisos de desprezo. 

    Perante a vulnerabilidade, a sociedade, refletida no microcosmos da escola, não perdoava. Ela não era vista como uma pessoa. Era um símbolo, um alvo, uma ameaça sutil à ordem estabelecida que precisava de ser erradicada.

    Sarah sabia disso. Sabia que o mundo não era generoso e tinha aprendido a manipular as regras para se manter no topo. 

    A fragilidade de Marie fascinava-a, não por empatia, mas pela influência que podia exercer. A forma como ela a observava era profundamente perturbadora, quase como se cada respiração enfraquecida fosse um lembrete da sua própria posição de poder.

    No entanto, existia uma contradição gritante. Sarah não a odiava; os seus sentimentos por Marie eram mais profundos e mais confusos. Uma mistura de fascínio e repulsa. 

    Algo nela ameaçava tudo o que a menina tinha trabalhado tão arduamente para construir: a sua popularidade, segurança social, sensação de invencibilidade. No entanto, não podia ignorá-la. Marie era uma fissura na fachada perfeita de Sarah, uma presença que, de alguma forma, tornava tudo mais frágil.

    Enquanto o seu corpo tremia, a mente dessa garota estava longe. Recordou tudo o que tinha feito para chegar até ali. Mentiras contadas, amizades descartadas, humilhações infligidas. Nada disso a incomodava antes. 

    A escola era um lugar que moldava opressores e oprimidos, onde a sobrevivência não dependia da bondade, mas sim da força ou da esperteza. Nesse sentido, Marie era uma vítima dessa máquina que consumia sem remorso. E Sarah, como tantas outras, não era menos vítima por estar no topo.

    O otimismo da jovem, tão frágil e ingênuo, havia sido sua ruína. Ela acreditava no amor, mesmo sem compreendê-lo, e essa crença era algo que Sarah desprezava tanto quanto admirava. 

    O que era amor, afinal, senão uma promessa vazia que o mundo não tinha intenção de cumprir? A mesma acreditava, mesmo que isso a tornasse vulnerável, e isso a tornava perigosa.

    Sarah finalmente deu um passo à frente. As vozes diminuíram por um instante, a presença dela foi suficiente para impor alguma ordem. Mas seu olhar fixo nela não demonstrava nada. Não havia pena, não havia arrependimento.

    — Você é amiga próxima do Krynt, né? 

    O chão era a única coisa que sustentava o corpo frágil e maltratado. À luz do sol pálido, as feridas abertas na sua pele brilhavam, e uma mistura de sangue fresco e poeira grudenta tornava as dores ainda mais insuportáveis. 

    Tentou levantar-se mais uma vez, mas não conseguiu. Os braços cederam e ela voltou a cair. Eles estavam ralados até à carne, tremendo de exaustão e incapazes de suportar o peso do seu próprio corpo. 

    Um fio de sangue escorria pela lateral dos lábios. Arfava por ar, mas mesmo respirar era doloroso, sentindo que as costelas ameaçavam ceder sob a pressão. 

    Roupas rasgadas penduravam no corpo em tiras, expondo a pele arranhada e ferida que dificilmente tolerava o toque do vento.

    Sarah parou ao lado de Marie, olhando-a de cima.

    — É bom que esteja longe dele. 

    Não a respondeu. Não tinha forças nem para levantar a cabeça. 

    A mesma inclinou-se e arrancou o papel que havia colado nas costas de Marie mais cedo. O amassou com uma mão.

    — Não leve pro lado pessoal. É só assim que as coisas funcionam por aqui. 

    Se levantou, deixando o papel cair como se fosse lixo. A expressão no rosto era neutra, mas os olhos traíam um brilho inquietante, algo entre satisfação e vazio. 

    Foi então que algo diferente aconteceu. 

    — Espera… Gente, o que é aquilo?

    Um aluno apontava para o canto do pátio, onde algo de estranho se encontrava. Quando todos se voltaram para olhar, era um braço. Um braço humano.

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