Índice de Capítulo

    Um sono sem sonhos era tudo o que eu precisava. Um alívio do caos diário, um momento onde nada — nem dor, nem preocupação — conseguia me alcançar.

    Não queria levantar, nada me obrigava, simplesmente deixava o silêncio me embalar. Isso, porém, não durou muito. A paz foi abruptamente rompida quando a porta do quarto se escancarou, trazendo um clarão irritante das luzes, que me fez apertar os olhos com força.

    — Bom dia, princesa.

    Revirei o rosto na direção da interrupção, mesmo com a visão ainda embaçada. Não precisei de muito para reconhecer Mikael.

    — A cama é boa, né? — Ele soltou uma risada breve. — Vamos, levanta. Temos trabalho. Mas antes, tem umas coisas que preciso te contar.

    — Merda… — resmunguei, com a voz arrastada, enterrando o rosto no travesseiro numa tentativa inútil de evitar o inevitável.

    O meu corpo ainda estava afundado no colchão, como se fizesse parte dele, devido à pesantez da sonolência. Era difícil sair daquele torpor, mas, aos poucos, o quarto foi tomando forma à minha volta.

    Mikael não disse mais nada. Ficou ali, encostado à porta, de braços cruzados, enquanto esperava. Respirei fundo, tendo noção de que prolongar aquilo só tornaria o dia pior.

    Com esforço, balancei as pernas para fora da cama, sentindo o chão frio contra os pés descalços. O cansaço matinal ainda me dominava, mas a urgência de fazer o que precisava foi, gradativamente, afastando-o.

    — Você se diverte com isso, não é?

    — Mais do que deveria. — respondeu, já se virando para sair. — Anda logo, temos um longo dia pela frente.

    O amanhecer na U.E.C. tinha uma forma peculiar de enganar. Os sons dos passos e das vozes do lado de fora ecoavam pelos corredores, num vaivém inquieto que deixava claro: o dia já tinha começado para todos, tornando o descanso por momentos sugerido numa ilusão passageira.

    Não era exatamente um lugar que se chamaria de casa. As paredes tinham uma cor cinzenta que não despertava qualquer emoção. Todo o edifício era uma combinação estranha de bunker militar e escritório de contabilidade. Nada ali gritava “humanidade”. Tudo estava perfeitamente organizado e limpo, como se quisessem provar que estavam no controle.

    Era difícil não pensar que aquele controle não passava de uma fachada.

    Em contraste, os agentes eram uma mistura estranha de cansaço e pressa. Os primeiros passavam por mim com olhares fixos e ações mecânicas, ao passo que os segundos mal conseguiam disfarçar a exaustão.

    Quase se podia sentir o peso das missões pendurado em seus ombros, tamanho era o esforço para caçar Mephistos e a lentidão com que esse esforço estava corroendo o que restava de sua identidade antes de entrarem aqui.

    Mikael seguia à minha frente com as mãos nos bolsos. Eu tentava acompanhar, meio arrastado, sentindo o peso do uniforme nos ombros.

    — Todo mundo aqui parece que vai desabar a qualquer momento. 

    — É sempre assim. Aqui ou você aprende a aguentar, ou finge bem o suficiente pra ninguém perceber que tá quebrando por dentro.

    Olhei ao redor e notei um agente encostado na parede, com as olheiras de quem já perdeu a conta dos dias da semana, à beira do sono.

    — E aquele ali? Tá fingindo ou já desistiu de vez? 

    Mikael parou, olhou rápido e depois soltou um suspiro.

    — Aquele é um dos que ainda tá aqui. Isso já diz muita coisa. Não dá pra julgar ninguém nesse lugar. Todo mundo veio com uma bagagem… e ninguém sai daqui do mesmo jeito que entrou. Nem você vai.

    O corredor seguia por mais alguns metros antes de fazer uma curva à direita. Quando viramos, dei de cara com a velha máquina de café encostada na parede. O cheiro que saía dela era de borra queimada.

    Parei por instinto. O passo de Mikael continuou por mais uns dois metros antes de ele perceber que eu tinha ficado pra trás.

    — Só um segundo. 

    Ele reduziu o passo, olhou por cima do ombro e deu um leve aceno com a cabeça.

    Apertei o botão. A máquina engasgou. O copo plástico caiu com um solavanco seco, e o líquido escuro começou a escorrer. Fiquei observando enquanto o café ralo preenchia o fundo do copo com a dignidade de um encanamento entupido.

    Mikael se encostou à parede, braços cruzados, esperando. Não disse nada.

    Peguei o copo. Estava quente e fraco ao mesmo tempo. Dei um gole curto apenas por teimosia. O gosto era o que eu esperava: amargo e ralo. Bem como um castigo.

    — Isso aí resolve? — perguntou ele.

    — Nem de longe, mas me dá a ilusão de que as coisas ainda tão funcionando.

    Mikael assentiu devagar, olhando pra frente.

    — Tem dias em que só isso já é muito.

    Um agente se aproximou com passo apressado. Parou ao lado dele, encarando-o com o rosto pálido, os olhos fundos.

    — Senhor, acabaram de confirmar. Mais um ataque na Dakota do Sul, Hill City. Três feridos, um desaparecido.

    Seu corpo ficou tenso num instante. Com o balançar da cabeça, assentiu e limitou-se a responder com um seco:

    — Tá bom. 

    Isso foi o suficiente para dispensá-lo.

    Mikael se desencostou da parede, passou uma das mãos pela nuca e olhou pra mim.

    — Vai ter dias em que você vai se arrepender de ter acordado.

    Dei mais um gole no café só pra não responder de cara.

    — Hoje já é um deles?

    — Hoje é só o começo.

    Joguei o resto do café no lixo. Não valia a pena tentar terminar aquilo. Limpei a boca com as costas da mão e comecei a andar ao seu lado.

    Nós descemos por uma escada, por onde o ar esfriou e ficou mais carregado. Ao fundo, podia-se ouvir o som abafado de pancadas — golpes secos e ritmados, misturados com o zumbido de algum tipo de máquina.

    Ao chegarmos à base da escada, Mikael apontou para uma porta de aço maciça.

    — Sala de Treinamento. O playground.

    Ele digitou algo no painel ao lado, e a porta se abriu com um rangido alto.

    Do outro lado, o espaço era impressionante. Armários de armas alinhados em fileiras perfeitas, sacos de pancada pendurados e monitores brilhando com números e gráficos que provavelmente significavam algo importante para quem sabia interpretar.

    — Então? O que acha? — Voltou-se para mim, com um olhar de lado, insinuando que já sabia a resposta.

    — Acho que é a academia mais intimidadora que eu já vi.

    Riu-se, batendo de leve no meu ombro.

    — Intimidadora é pouco. Mas vai por mim, depois de umas sessões aqui, você vai sair se sentindo invencível. Ou morto. Depende do dia.

    — Ótimo. Exatamente o tipo de incentivo que eu precisava.

    Este sorriu, empurrando-me levemente para dentro da sala. Estava sem saber se deveria estar preparado ou conformado. Tudo indicava que o lugar estava concebido para te quebrar — ou, pior ainda, para te moldar exatamente como eles desejavam.

    — Vamos ser breve.

    O único som na Sala de Treinamento eram nossos passos quando entramos. Um tapete azul espesso e acolchoado cobria o chão no centro, suavizando os passos e dando um belo contraste com as paredes cinza neutras. 

    — Essa será sua primeira missão e, mesmo assim, você não precisa ter domínio completo da energia positiva.

    — Como é? — Franzi o cenho, confuso.

    — Você entende de física, não entende?

    Levantei os ombros, soltando um leve suspiro e gesticulando com as mãos.

    — Olha, nunca reprovei, mas… — Dei um sorriso torto, olhando para o canto. — Não diria que entendo exatamente. Mais ou menos.

    Pelo olhar dele, senti que me estava me avaliando, à procura de uma forma de simplificar a sua explicação.

    — Certo, só ouça com atenção. As emoções humanas geram uma energia que permeia nosso ser. Essa energia, por sua vez, pode ser classificada em dois tipos principais: positiva e negativa. Vamos começar com a energia positiva.

    Assenti lentamente, tentando processar as palavras enquanto ele falava.

    — A energia positiva está ligada a emoções como amor, alegria e compaixão. — Fez uma pausa, esperando que eu acompanhasse, antes de continuar. — E ela funciona de maneira oposta à energia negativa. Pense nela como uma espécie de corrente fluida que pode fortalecer ou purificar, dependendo de como você a direciona.

    Eu balancei a cabeça, ainda um pouco cético, mas curioso o suficiente para não interromper.

    — Tá, mas… como isso se aplica, tipo, na prática? Quero dizer, estamos lidando com Mephistos e coisas que não exatamente… respondem bem a amor e alegria.

    — Calma, pequeno gafanhoto. Vamos chegar lá. Primeiro, você precisa entender como acessar essa energia. Sem isso, a prática não significa nada.

    Mikael levantou a mão e seus dedos rastrearam um pequeno objeto de metal em uma das mesas.

    Ele emitia uma força obscura tão densa quanto a escuridão, formando uma linha invisível que envolvia o objeto com uma aura azul-escura.

    O corpo era um cilindro de titânio, que, ao ser puxado para próximo de Mikael, pairava como se estivesse desafiando a gravidade devido a uma curva no espaço causada pela densidade energética produzida pelo desequilíbrio vibracional.

    — O que você está vendo aqui é o resultado direto de energia positiva. — Mikael girou o cilindro no ar. — Quando acionada corretamente, ela cria uma força de atração, quase como um ímã. Mais que isso, age como um revitalizante. É como se estivéssemos cercados por uma aura que busca se conectar com outras energias positivas ao redor.

    Eu observei, tentando digerir a demonstração, minha mente tropeçando na ideia de um pedaço de metal flutuando graças a… sentimentos?

    — Então isso explicaria por que coisas boas tendem a atrair outras coisas boas?

    — Exatamente. Experiências felizes geram vibrações positivas que, por sua vez, atraem ainda mais disso. Mas vamos ao lado oposto.

    Mikael alterou repentinamente o fluxo energético em torno do cilindro. A tonalidade azul se dissipou como uma nuvem de vapor, dando lugar a um vermelho-escuro.

    — A energia negativa, por outro lado, é alimentada por emoções como raiva, tristeza e medo. Quando esses sentimentos se manifestam, eles criam uma vibração completamente diferente. Mais densa, mais pesada.

    O objeto foi arremessado para trás a um ritmo brutal, colidindo com uma das vigas de suporte no canto da sala. O som foi seco, quase ensurdecedor.

    — E essa vibração não apenas influencia nosso estado mental e físico, mas também o ambiente ao nosso redor. É por isso que lugares marcados por tragédias sempre parecem errados. O impacto energético permanece.

    Inclinei-me para frente para observar atentamente. As bordas da viga de metal reforçado ficaram marcadas com uma profunda amolgadura e queimadas por algo que mais se assemelhava a corrosão do que propriamente a calor.

    — Percebe a diferença? A energia negativa não busca equilíbrio. Ela pressiona, desestabiliza, torna tudo ao redor mais… vulnerável.

    — Então, se é assim, por que usar energia negativa? Não parece… contraprodutivo?

    — Porque a energia negativa tem um poder bruto que a positiva não tem. Ela é instintiva, direta, mas perigosa. Com energia negativa, você pode destruir, mas dificilmente vai conseguir construir algo duradouro. Já a positiva… ela cria, restaura. É por isso que entender as duas é essencial. Só quando você sabe equilibrá-las pode realmente usá-las a seu favor.

    O cilindro aproximou-se de mim repentinamente. Por um instante, senti um arrepio espalhar-se pela minha espinha.

    Os meus instintos tomaram o controle antes que a minha mente processasse o que estava acontecendo.

    Dei um passo rápido para a esquerda, com o coração aos saltos, enquanto os meus olhos não se desviavam do objeto. Ele passou por mim como uma flecha.

    — Cacete! Quer me matar, só pode!

    Mikael nem sequer levantou os olhos. Ele estava imerso na análise dos dados que brilhavam em uma tela suspensa num suporte de metal no canto da sala. Linhas de código e gráficos detalhados desfilavam pelo monitor.

    Velocidade do Objeto:

    • Velocidade de aproximação: 200 metros por segundo.

    Tempo de Reação:

    • Tempo de percepção inicial: 50 milissegundos.
    • Tempo de resposta física: 70 milissegundos.
    • Total do tempo de reação: 120 milissegundos.

    Distância e Proximidade:

    • Distância inicial: 4 metros.
    • Distância final após o desvio bem-sucedido: 10 metros.
    • Aproximação relativa: 3 metros.

    O sistema era sutil, mas eu sabia que estava lá.

    Sob o carpete, um mecanismo inteligente de sensores de pressão monitorava todos os meus passos. Tive a sensação de que estava sendo observado, embora por algo frio e analítico, incapaz de julgar. Minhas ações eram convertidas em dados e enviados instantaneamente para o console central. As informações tomavam forma em gráficos e diagramas na tela brilhante, e Mikael as analisava.

    Com um sorriso de canto de boca, ele me olhou como se tivesse acabado de descobrir algo que eu mesmo não sabia. Cruzou os braços, apoiando-se na mesa.

    — O que foi? — perguntei, sentindo aquele olhar inquisitivo perfurar minha paciência e a pouca certeza que eu tinha de entender o que ele pensava.

    — Você, Krynt, é um caso à parte. O que reside em você é a antítese dos Mephistos. Um equilíbrio que não precisa da energia positiva para funcionar.

    — Hã? Dá pra ser mais claro?

    Ele soltou uma risada seca, balançando a cabeça.

    — Escuta, a energia positiva é essencial para a maioria das pessoas que enfrentam os Mephistos porque ela neutraliza a carga negativa deles. É como ácido e base, entende? Quando entram em contato, se neutralizam. Mas você… Você não é feito do mesmo material que os outros.

    — E isso quer dizer o quê, exatamente?

    Mikael ergueu o dedo indicador, encostando de leve na minha testa.

    — Os Mephistos são criaturas que vivem de polaridades. Negativo e positivo. Eles absorvem o caos, se alimentam dele, mas também são repelidos por algo mais puro, mais equilibrado. No entanto, o que está dentro de você não segue essa regra. É autossuficiente, Krynt. Uma espécie de sistema fechado. Ele gera sua própria energia, sem precisar do polo oposto para se estabilizar.

    Tentei absorver aquilo, mas parecia mais fácil engolir um tijolo. Minhas sobrancelhas se ergueram em dúvida.

    — Isso quer dizer que que eu sou… especial? Ou só mais problemático?

    — Especial é um termo romântico demais. Você é único, sim. O que carrega em si não apenas te equilibra, mas potencialmente torna qualquer interferência externa… inútil. É por isso que a energia positiva, no seu caso, é redundante. Não porque você não possa usá-la, mas porque simplesmente não precisa.

    — Agora entendi por que cê disse que sou uma arma poderosa.

    Por um instante, ele não disse nada. Em seguida, balançou levemente a cabeça, enquanto seus lábios formavam um sorriso que não alcançou os olhos.

    — Arma é só uma questão de perspectiva. O que define uma não é o poder, mas como ele é usado e, até agora, você tá longe de decidir isso sozinho. O que tem dentro de ti não tá só coexistindo, ele tá aprendendo contigo. E, adivinha? Você também tá aprendendo com ele.

    — Isso é… um pouco perturbador.

    Mikael se afastou um pouco, olhou ao redor da sala de treinamento e apontou com o queixo para o canto.

    — Vamos testar uma coisa. Vê aquele saco de pancada ali?

    O saco balançava suavemente, pendurado por correntes grossas.

    — Vai lá. Concentra no que tá dentro de você. Não tenta forçar, só preste atenção no que acontece quando você foca.

    Fiquei de frente para o saco de pancada e respirei fundo. Pensei na sensação estranha de calor sob a pele, sempre que eu sentia demais em relação à raiva, ao medo ou à frustração. Essa sensação era um pulso secundário, interno, que acelerava quando eu parava de fingir que estava bem.

    Levantei o braço devagar e posicionei a mão aberta a poucos centímetros de distância da lona. Por um momento, nada aconteceu. Ouvi apenas o som do meu próprio coração, irregular e teimoso.

    Foi então que senti. Uma pressão tênue, que fazia um movimento de empurrar de dentro para fora, em ondas pequenas. O ar tornou-se mais denso e quente à minha volta. As bordas da minha visão tremiam.

    Mikael ficou em silêncio, observando.

    — Energia negativa, quando gerada por um Mephisto comum, é como um campo caótico. 

    — Isso é bom?

    — Isso é perigoso. Foca.

    A sensação aumentou. Era como se o ar entre minha mão e o saco começasse a se comprimir sozinho. Começou a chiar, sutilmente, um ruído que vinha de dentro da minha própria cabeça.

    De repente, a lona se distorceu para dentro, de forma que parecia estar sendo sugada. E então—

    Boom.

    Uma onda de pressão se espalhou. Não foi como uma bomba ou uma bola de fogo, mas uma expansão de ar comprimido forçado a escapar de um ponto impossível. O saco se rasgou como papel, a areia dentro voou em todas as direções e as correntes que o prendiam rangiram alto, arrebentando da base superior.

    Caí um passo para trás com o impacto. As palmas das minhas mãos estavam vermelhas e formigando.

    — Nossa! Eu juro que não tentei explodir o negócio.

    Mikael continuou no mesmo lugar, sem se mexer. A expressão dele era dura. Sem medo, mas sem surpresa.

    — Eu sei que não tentou, mas é por isso que você vai precisar de controle. — Ele caminhou até o que sobrou do saco, chutou de leve um punhado de areia que ainda escorria pelo chão. — Isso aqui foi você em baixa escala.

    — E se fosse em alta?

    — Então não sobrava sala.

    Eu engoli seco. A adrenalina começava a ceder, mas meu coração ainda batia rápido.

    O cheiro de lona queimada e de poeira ainda pairava no ar. Minha mão continuava a tremer levemente.

    — Tô aqui pra te fazer entender. O que tá em jogo não é só sua vida, mas a de todos ao seu redor. Se isso não te faz levar a sério o que você tem, nada mais vai. — Ele fez um gesto para que eu o seguisse. — Vamos indo, eles estão esperando na cozinha. Prometi um café decente antes de voltar a te torturar com mais teorias.

    Algo na postura dele me fez pensar que havia muito mais a dizer, mas que Mikael, no fundo, preferia que eu descobrisse por conta própria.

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