Capítulo 42 - O Ponto de (não) Retorno
As estrelas no céu permaneciam alheias ao perigo iminente que cercava os sobreviventes enquanto o espetáculo caía na escuridão e na violência.
Um grau de destemor sobressaiu sobre os outros nesta batalha até à morte. Entre eles, encontravam-se seres malévolos e ardilosos que tinham feito uma transação obscura com um ser supremo para adquirir capacidades terríveis.
Todos os agentes estavam ávidos de enfrentar essas criaturas, uma vez que as mesmas tinham a competência de empregar selos maléficos e procuravam a glória para compensar os seus valentes esforços.
Não havia lugar para milagres ou otimismo; em vez disso, todos faziam uma contagem decrescente à medida que iam tomando consciência do alcance da luta. Estavam a ser forjados no cárcere das dificuldades pela expansão violenta desta situação, como um ferro em brasa.
As ruas da cidade estavam em ruínas, com destroços e escombros espalhados por todos os lados. As casas e edifícios, outrora sólidos, agora eram apenas pilhas de entulho, testemunhas mudas da fúria de Wolfgang e Lewis.
Os ataques viciosos demonstraram sua crueldade desenfreada e o descaso com a destruição que causaram. Cada golpe e explosão contribuiu para a devastação caótica da cidade. Wolfgang era como uma força natural irrestrita, com sua velocidade assustadora.
Eles criaram ondas enormes e subiram a uma altura de trinta metros, criando uma visão de tirar o fôlego.
Suas próprias atividades causaram diretamente o resultado catastrófico dessas ondas, aumentando a ameaça que pairava sobre a cidade.
Seus ataques reverberavam como uma tempestade imparável, e qualquer Mephisto que estivesse no meio dessa devastação seria, sem dúvida, engolido por sua violência.
Ambos eram adversários formidáveis, cada um com suas habilidades extraordinárias. A admiração mútua começou a surgir, mesmo em meio à destruição que provocavam.
— Você tem habilidades incríveis! — disse Wolf, verdadeiramente surpreso com o que via. — Estou curioso para saber quem você é!
Lewis, com um sorriso desafiador, respondeu:
— Prazer, filho das chamas!
Uma risada exuberante escapou dos lábios de Wolfgang, um lampejo de fascínio em seu olhar.
Os dois guerreiros estavam envolvidos em um duelo que havia transcendido a batalha comum; era uma competição destrutiva que os consumia.
Wolf lançou um chute devastador nas costelas de Lewis, enviando-o ao chão.
— Ngh!
Houve um estalo, e o asfalto cedeu ao tombo, rachando como vidro sob a colisão. Com dificuldade, Lewis se pôs de pé, cuspiu sangue e limpou o rosto.
Seu corpo tremia com a dor que irradiava do tronco, mas seus olhos permaneciam fixos no inimigo.
Wolfgang estendeu os braços quase que casualmente para trás. O movimento, porém, desencadeou uma explosão sônica que rasgou o ar ao redor.
O estrondo atravessou o espaço como uma lâmina de som, desintegrando o silêncio em um eco ensurdecedor que fazia o ambiente estremecer. Tratava-se de um uso avançado da energia negativa, manipulada para comprimir e liberar ondas de pressão com força destrutiva.
As partículas translúcidas começaram a se desmaterializar, fragmentando a figura do soldado. Seu corpo sólido se dissolvia em uma névoa pulsante, com cada partícula vibrando em alta frequência, desafiando a percepção comum.
Wolfgang não corria ou saltava; ele se projetava pelo ar em zigue-zague, em um borrão acrobático de velocidade e intenção letal.
Lewis observava, cada músculo do corpo contraído, os sentidos em alerta máximo. A energia negativa que fluía por seu corpo amplificava sua percepção, mas mesmo assim, era quase impossível acompanhar a trajetória errática do adversário.
“Só preciso acertar o tempo!”
Wolfgang se aproximou e o ar ao redor de seu punho se condensou em uma massa densa e tangível, obtida por meio da manipulação precisa da atmosfera.
A energia cinética acumulada em sua aproximação convergia naquele golpe, expressando um poder bruto que carregava a aparência de uma explosão controlada.
O punho recuou, em preparação para um golpe definitivo. A compressão do ar ao redor fez o asfalto tremer antes mesmo do contato. Todavia, imediatamente antes da investida, Lewis se lançou lateralmente, desafiando as limitações do corpo humano.
Chamas brotaram sob seus pés, uma microexplosão gerada pelo controle intuitivo da energia negativa. A liberação repentina de força o impulsionou como um projétil, tirando-o da linha de ataque.
O punho de Wolfgang colidiu com o chão, provocando um estouro violento. Abriu-se uma fissura no asfalto, que se estendeu como um relâmpago negro, devido à energia liberada.
Poeira e detritos subiram em direção ao céu, acompanhados por uma onda de choque que sacudiu os arredores.
O som do golpe ecoou como um trovão, deixando claro o que teria acontecido se o ataque tivesse acertado o alvo.
Lewis aterrissou a poucos metros, deslizando sobre o chão irregular. Seu peito subia e descia em respirações rápidas, enquanto seus olhos permaneciam fixos na figura de Wolfgang, ainda envolta em poeira.
Embora o susto tivesse criado uma pausa momentânea, ambos sabiam que a luta não terminaria ali.
Um lampejo de surpresa, uma rachadura na máscara de domínio absoluto, cruzou o rosto de Wolfgang. Naquele momento, o impossível aconteceu.
O humano que ele havia anteriormente descartado como insignificante não apenas reagiu, mas reagiu de uma forma que desafiava a lógica. Foi como se Lewis tivesse rasgado o véu do mundo de Wolfgang, revelando uma dinâmica de poder nova e indesejável.
“Ele fez isso… Como?”
Lewis compreendeu que sua única chance era sincronizar seu movimento com o instante preciso do impacto iminente. Ele não podia rivalizar com a velocidade pura de Wolfgang, mas poderia aproveitar a breve oportunidade de vulnerabilidade após o estrondo sônico. Era uma jogada arriscada, mas era a única opção que lhe restava.
“Não dá pra acreditar!”
Em seguida, o garoto se tornava uma silhueta efêmera sob um manto incandescente quando o solado se virou para encará-lo. Ele tinha a visão dele distorcida e imponente, e ganhava uma aparência ainda mais fantástica devido ao halo de chamas que o cercava.
Seu calcanhar se projetava como uma espada flamejante quando ele o ergueu em uma trajetória suave e descendente.
Ainda agachado, Wolfgang levantou o antebraço firme como um bloqueio. Isso causou um tremor em seu braço.
Uma descarga vibratória percorreu o chão, rachando-o ainda mais.
Wolf avançou com uma força que fazia o chão vibrar. Seu punho direito estava carregado de energia negativa, que irradiava um brilho laranja.
O golpe atingiu Lewis no estômago como se fosse uma marreta. A força acumulada explodiu em um impacto que não apenas empurrou o garoto para trás, mas também deslocou o ar, espalhando pedaços de concreto pela área.
Lewis voou três metros antes de aterrissar de joelhos, arqueando o corpo para absorver o impacto.
Um filete de sangue escorreu pelo canto de sua boca. Ele ergueu a cabeça lentamente, dando vazão à dor em seus olhos por algo mais primitivo.
Flexionou as pernas e se lançou à frente. No ar, girou sobre o próprio eixo, com a perna direita estendida feito uma lâmina em direção ao pescoço de Wolf.
Reagiu com instinto e treinamento. Ele jogou o corpo para trás, permitindo que o chute passasse tão perto que sentiu o vento rasgando sua pele. Antes que Lewis completasse o giro, Wolfgang agarrou o tornozelo exposto. Em seguida, girou o corpo e o arremessou contra a parede de uma casa próxima.
A estrutura não suportou o impacto. Tijolos e pedaços de concreto desmoronaram sobre o corpo de Lewis, que não permaneceu imóvel. Aproveitou o impacto como impulso, flexionando os pés contra os destroços e saltando de volta.
No ar, contraiu o corpo e estendeu as pernas, atingindo-o no peito com um chute duplo que o lançou para trás.
Wolf escorregou sobre o asfalto, enquanto seus pés lutavam para encontrar tração. Passou as costas da mão pelo rosto, limpando o sangue que manchava o canto da boca. Seus olhos se tornaram determinantes, frios, como se não aceitassem outra opção além da vitória.
Sem aviso prévio, avançou. Em zigue-zague, seus movimentos tornaram impossível prever sua trajetória. Todos os seus passos eram permeados por energia negativa, distorcendo levemente o ambiente às suas margens e criando pequenas ondas de pressão que dificultavam a percepção de sua velocidade real.
Lewis, já de pé, ajustou a postura. O peito subia e descia em um ritmo frenético, mas o cansaço não dominava seu corpo. Ele aguardava o momento certo.
Com um piscar de olhos, a distância foi reduzida e o braço direito do alemão traçou um arco em direção ao seu rosto. O garoto inclinou o corpo para o lado, escapando por um triz. Antes que o ataque terminasse, o joelho de Lewis já subia com força, atingindo o abdômen exposto do alemão.
A resposta veio sem hesitação. O cotovelo do soldado traçou uma trajetória curta, mas devastadora, atingindo o ombro de Lewis. O deslocamento foi imediato, e a articulação cedeu com um estalo surdo.
Antes que pudesse sequer processar a dor, o punho de Wolfgang desceu com força, direcionado às costelas do garoto. O agente, porém, ergueu o antebraço em um bloqueio apressado, desviando o golpe por centímetros.
O impacto reverberou por seus ossos como uma corrente elétrica.
A força do bloqueio desequilibrou os dois, todavia Lewis girou o corpo em um círculo perfeito, valendo-se da inércia para desferir um chute diagonal que atingiu o joelho do alemão.
A articulação foi deslocada pelo golpe por uma fração de segundo, forçando Wolfgang a se dobrar ligeiramente, um momento que Lewis explorou com uma série de golpes alternados – seus pés golpeavam alto e baixo, martelando as laterais e as pernas.
Wolfgang deu um passo para trás, com os músculos tensos enquanto tentava conter o avanço frenético.
O soldado finalmente estabilizou sua postura e seus olhos brilharam com um brilho predatório. Sua mão direita começou a atrair partículas do ambiente, carregando-as com energia negativa. A densidade crescente do campo circundante fez o ar tremer, formando um vórtice invisível em seu punho.
Avançou feito um sedento destruidor, com o braço movendo-se em uma linha reta, mas devastadora. Lewis tentou se esquivar. O ataque passou raspando e a força do vento colidiu com a parede de um prédio adjacente. A estrutura cedeu imediatamente, desintegrando-se em uma cascata de concreto e poeira, com os restos ainda emitindo traços de radiação negativa.
Lewis não esperou a poeira assentar e girou novamente.
Erguendo-se com a perna direita, ele derrubou o calcanhar no ombro do soldado.
A força fez com que o soldado afundasse nas rachaduras do piso, o que levou a uma cabeçada de retaliação.
Os crânios se encontraram em um impacto brutal. O som ecoou pela rua, seco, visceral, como ossos sendo esmagados contra ossos. Lewis tropeçou, o equilíbrio foi rompido pela força do golpe.
Seu sangue fluía do nariz quebrado, descendo pelo rosto em trilhas escarlates que pingavam no chão rachado.
Wolfgang o observava com um brilho nos olhos. Não era apenas desprezo. Havia algo quase metódico, como se estivesse estudando os seus movimentos, buscando pontos fracos para explorar.
As partículas ao seu redor reagiam como se fossem atraídas para ele. Era como se ele fosse o epicentro de uma força antinatural que se alimentava do ambiente.
Lewis, ainda atordoado, olhou para seu oponente. O alemão estava avançando. A distância entre eles diminuiu em segundos. O garoto tentou se esquivar, mas a velocidade do soldado era imensamente grande.
O ataque veio com um baque surdo no centro de seu peito, que atirou o corpo do garoto à fachada de um mercadinho como um boneco desarticulado.
A colisão quebrou a estrutura. O concreto cedeu. O vidro explodiu em milhares de pedaços que voaram pelo ar com a velocidade de balas.
Os cacos se incrustaram nas superfícies, alguns dos quais atingiram o corpo de Lewis, rasgando a pele e os tecidos.
Portas de alumínio foram arrancadas de suas dobradiças e arremessadas como armas improvisadas contra prateleiras de metal que desabaram sob seu peso.
As prateleiras de metal estavam desalinhadas, algumas completamente tombadas, outras empurradas para o chão, esmagando-se contra uma geladeira industrial.
O vidro da geladeira foi quebrado, liberando um aroma pungente de refrigerantes derramados misturado com o cheiro de plástico queimado. Uma máquina de café jogada no chão continuava emitindo vapor, enquanto a caixa registradora, em meio a um monte de cacos de vidro, piscava um sinal de urgência.
Lewis se levantou com dificuldade, escorregando no chão cheio de detritos. O sangue se misturou com outros fluidos, criando poças escorregadias na luz bruxuleante.
De longe, os olhos azuis-gelo de Wolfgang se fixaram nele, com uma mistura de fascínio e desprezo evidente em seu olhar.
— Isso é tudo o que você tem?
Um silêncio carregado pairava entre eles, quebrado apenas pelo gemido suave de prateleiras derrubadas e o gotejamento rítmico de fluidos. No entanto, nada disso parecia relevante em meio à escalada do impasse.
Wolfgang inclinou a cabeça.
— É só isso, hein, moleque?!
Lewis limpou o sangue da testa com a mão, deixando uma mancha escura na sua pele carregada de pó. Levantou os olhos, olhando-o intensamente.
O chão sob ele crepitava, ressoando com cada onda de energia negativa. A poeira e os detritos tremiam e saltavam do chão a cada pulsação, atraídos para um centro gravitacional invisível.
À volta deles, surgiam chamas, tremeluzindo e brilhando em tons nebulosos, pairando num limbo entre a energia e a forma física.
Estas chamas não queimavam, mas aqueciam o ar circundante de tal forma que distorciam a luz, criando sombras que se contorciam como se estivessem numa dança louca.
Ele posicionou seu corpo em uma postura atlética, com os joelhos dobrados, pronto para avançar. O controle que ele tinha sobre o poder ao seu redor era claro, ao converter o calor extremo acumulado em seus membros.
O calor era controlado, não se dispersando ao acaso. Lewis ajustou a temperatura, criando zonas de alta e baixa pressão à sua volta. Esta variação criou uma corrente de ar intensa, capaz de gerar uma onda de choque térmico.
Sob seus pés, o solo se rompeu, formando uma cratera irregular. O acúmulo de calor e a pressão súbita fizeram o ar se expandir, baixando a temperatura ao redor abruptamente, num evento que liberou energia suficiente para lançá-lo à frente.
Lewis percorreu uma distância de seis metros em menos de um segundo, como se o espaço ao seu redor tivesse se dobrado.
A velocidade atingida o colocou à beira de uma singularidade temporal, onde o tempo parecia desacelerar para todos ao redor, mas não para ele.
O lugar onde ele se encontrava segundos atrás tornou-se irreconhecível.
O buraco criado fervia com o calor remanescente, e rachaduras se espalhavam dela como uma teia de aranha.
As paredes ao redor mostravam marcas negras, com tijolos agora expostos e parcialmente desintegrados pelo calor extremo.
Os vidros das janelas próximas haviam sido estilhaçados pela pressão, lançando fragmentos que cintilavam na poeira suspensa no ar.
O soldado, vigilante, acompanhou a trajetória sem tirar o alvo de vista. Com um sorriso confiante, Wolfgang descartou a chance de ser atingido, bloqueando com o antebraço o chute que mirava seu pescoço.
Lewis, no entanto, com uma agilidade impressionante, moveu-se logo após o contato, permanecendo no ar. O agente parecia ter mudado de posição, mas sumiu antes que o soldado pudesse registrar sua manobra.
Um espanto contornou sua feição quando seu pé foi agarrado no mesmo instante, um movimento habilidoso que fez com que seu corpo fosse arremessado com força contra a porta de um carro próximo, distorcendo-a como resultado do impacto.
E quando Wolfgang moveu-se diante dele com seu punho pesado direcionado à altura da cabeça, Lewis reagiu com rapidez, abaixando-se.
Com um golpe certeiro, o vidro foi atingido e se estilhaçou.
O estalo da vidraça serviu como um prefácio cacofônico para a reação imediata. Lewis levantou a perna esquerda, que recebeu uma transferência de energia negativa, formando um arco perfeito e finalizando na mandíbula do alemão, com um impacto em potencial.
Em uma continuidade fluida de movimentos, Lewis não hesitou após o impacto inicial. Ele empregou os dois pés em um chute certeiro, cravando-os precisamente contra a barriga. O ímpeto resultante desse pontapé vigoroso se fez sentir, projetando-o na direção oposta à sua com uma força formidável.
O ar crepitava com o poder do efeito, enquanto Wolf, pressionado para trás, se viu momentaneamente dominado pela força do ataque.
No final, Lewis se dedicou ao máximo à vitória, concentrando sua disposição em atingi-lo letalmente. Qualquer ação e qualquer movimento foram executados cuidadosamente. Lewis monitorou o que estava acontecendo, as medidas e as respostas de seu poderoso inimigo desde o início do conflito.
Sua estratégia combinava habilidade atlética com percepção tática, em vez de ser meramente física. Mantinha um caderno mental que era tanto uma ferramenta e uma prova prática de suas habilidades de observação agudas.
Ele não agia apenas por impulso; em vez disso, planejava com antecedência e modificava seu plano de ação conforme necessário. Mesmo assim, era impossível subestimar o soldado do Einsatzgruppen, cujas habilidades estavam inextricavelmente ligadas às características aprimoradas de Wolfgang.
O militar carregava consigo uma disciplina rígida e uma atitude intransigente, por ter cultivado esse cenário histórico e estar a par das peculiaridades da organização.
Sua experiência de combate foi aprimorada em ambientes adversos, como se constata pela forma como seu treinamento estava intimamente ligado à realização de ações precisas e decisivas.
Enquanto Lewis lançava outro ataque de seu ponto de vista no ar, Wolfgang examinava, dissecava e contra-atacava cada uma de suas tentativas.
A perna direita de Lewis foi em direção ao seu rosto, que reagiu a um ritmo notável. Ele agarrou o membro em pleno percurso com a palma da mão, prendeu-o com precisão milimétrica e o conduziu para baixo.
A força da batida com o solo foi audível em toda a redondeza. O solo se tornou um leito intransponível e, em vez de se levantar como em circunstâncias anteriores, permaneceu subjugado à ferocidade persistente do impacto.
A recuperação habitual após os conflitos cedeu lugar a uma queda inesperada para o contra-ataque avassalador do homem.
Ele conseguiu cair em pé no chão e avaliou o corpo derrubado no asfalto.
— Hmm? O que foi? Parece que o chutador encontrou seu limite. Tanta resistência, tanto esforço, e no final, tudo em vão. Isso deve ser frustrante, não é mesmo?
Seu sorriso debochado era evidente, e suas palavras eram carregadas de sarcasmo.
— Era tão selvagem, tão bruto, tão violento…
Andou para perto e sobrepôs seu pé no centro de suas costas.
— Mas parece que meu toque tem um efeito mais duradouro. Talvez seja hora de repensar sua abordagem, não acha?
No centro da notável habilidade de Wolfgang estava um fenômeno físico surpreendente, um domínio único da energia cinética. Cada impacto que ele absorveu durante o confronto serviu não apenas como um teste de resistência, mas também como uma chance cuidadosamente orquestrada de reunir e redirecionar a energia de volta para seu adversário.
Ao agarrar a perna de Lewis, Wolfgang rapidamente induziu uma polaridade inversa na força energética. A energia cinética do movimento de Lewis foi imediatamente capturada e transformada em energia negativa. Essa energia foi então redirecionada de volta para ele, resultando em um impacto igual em força à força original, mas com polaridade invertida.
Naquele instante, o tempo havia se revertido, com a ação e a reação ocorrendo simultaneamente.
Lewis experimentou não apenas a força bruta de seus próprios golpes, mas também a descarga vigorosa que Wolfgang habilmente desferiu.
“Não consigo levantar… Isso dói pra cacete.”
Seu corpo se tornava uma máquina de sobrevivência enquanto lutava para manter a perna de Wolf afastada de si.
O suor escorria de sua testa. Cada batida acelerada do coração de Lewis era uma nota em uma sinfonia de adrenalina que ecoava em seu ouvido.
A simples respiração de Wolfgang era como um vento gélido sussurrando na noite, um contraponto arrepiante para a selvageria de sua aura tenebrosa.
— Wie arm, mein Freund. Parece que toda essa bravata de filho das chamas não se traduziu tão bem na prática. E que bela exibição de pirotecnia. Mas, olhando bem, aqui está você, no chão, parecendo mais um pavio apagado do que qualquer outra coisa.
Ele inclinou a cabeça, com um sorriso cínico nos lábios, enquanto observava Lewis tentando se recompor.
— Você queria testar os limites, e, bem, parece que os limites o testaram em troca. Não posso deixar de apreciar o senso de experimentação.
Wolfgang soltou uma breve risada mordaz enquanto continuava, aparentemente se divertindo com a situação.
— Falando sério, agora você é um espetáculo patético. Imagino que esse seja o preço por enfrentar alguém como eu. Você pode me agradecer mais tarde por essa experiência única na vida.
Lewis, tentando recuperar o fôlego, olhou para o militar de canto com uma expressão de desafio, mas o mesmo continuou, ignorando qualquer sinal de oposição.
— Sabe, sempre me perguntei como os americanos lidam com a derrota. Parece que você está prestes a me mostrar.
Seus olhos, normalmente faiscantes de arrogância, agora refletiam um matiz de incerteza enquanto observava-o.
— A propósito, como está meu inglês? Sou alemão, você deve saber, e parece que algumas palavras parecem que não soam suaves com a pronúncia correta. — Se curvou para aproximar-se. — Você acha que sou fluente o suficiente para narrar sua derrota iminente?
O peso de seu corpo pressionava cada vez mais.
Com um gemido irregular, Lewis resistiu a ceder completamente, mesmo quando Wolfgang aumentou a pressão. Embora estivessem cansados, seus músculos respondiam extraordinariamente bem.
Respirando pesadamente, olhou para Wolf, que apenas riu sarcasticamente.
— Que carinha feia. Parece que chegou a hora de aceitar a realidade: você está no chão, eu estou no alto e a superioridade é minha. Alguma última palavra antes de sua rendição oficial?
A maldade fomentada entre os membros da ditadura totalitária se espelhava em seus olhos, que serviam como janelas para as sombras de uma ideologia hostil. Wolfgang havia sido transformado em uma criatura grotesca que projetava a maldade e a indiferença enraizadas em seu passado, representando as atrocidades do nazismo em um nível físico.
À luz da lua, a sombra de Wolfgang servia como um lembrete sombrio de um passado que continua a atormentar a humanidade. A concepção idealista e sangrenta que o moldou era evidente em cada traço de seu rosto, e as sombras que o cercavam pareciam evocar os ecos sinistros de uma história remota.
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