Índice de Capítulo

    Em 1947, o mundo sucumbiu a uma nova era de opressão após a vitória da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. Com o Terceiro Reich incontestado na Europa e sua influência se estendendo muito além de suas fronteiras originais, uma sinistra sensação de permanência se instalou sobre as nações conquistadas. 

    A ideologia da supremacia racial e do governo totalitário não era mais uma mera doutrina – era a lei do país, aplicada com precisão implacável sob a liderança de Erich Schneider. 

    Schneider não se limitou a manter o legado do regime – ele o expandiu. Sua visão foi além da mera conquista territorial; ela visava à reforma completa e irreversível da sociedade sob os princípios nazistas. A propaganda, a educação e a governança foram fundidas em um único instrumento de controle, garantindo que cada cidadão, desde o momento em que pudesse falar, entendesse seu lugar dentro da nova ordem. 

    Para o mundo, a vitória do Reich não era uma fase passageira – era um império sem data de validade. 

    Em 1967, a nova geração, criada nesse pesadelo, tornou-se tanto seus executores quanto seus fiéis mais leais. Entre eles estava Wolfgang von Ludwig, de 15 anos, personificava esse fanatismo projetado. 

    As ideias de Schneider sobre pureza racial, a necessidade de eliminar os “indesejáveis” e a promessa de um império que duraria mil anos encontraram terreno fértil na mente do jovem. Seus livros didáticos associavam a genética mendeliana a caricaturas antissemitas, e enquadravam o Holocausto não como uma atrocidade, mas como Volkshygiene 1

    Wolfgang já não via as crueldades do regime como injustiças, considerava-as uma purificação necessária, um sacrifício exigido para a grandeza de sua nação.

    Pensar em dúvida era um conceito estranho para Ludwig. Traição significava morte para o cético. O Reich havia reescrito a história, calado a dissidência e condicionado seus jovens a acreditarem que o mundo havia sido salvo, não escravizado. 

    Sua educação não se baseava em filosofia ou investigação, e sim em doutrinação planejada, na qual as virtudes da obediência, da pureza racial e da disciplina militarista substituíram qualquer noção de pensamento crítico.

    Wolfgang von Ludwig surgiu como o resultado ideal de um sistema projetado não apenas para produzir soldados, mas crentes fervorosos. Aos seus olhos, Schneider não era apenas uma figura política, mas o redentor da nação, um visionário que conduzia a Alemanha e o mundo a uma época sem precedentes de poder e esplendor.

    Schneider, ao reconhecer seu potencial, não o escolheu para os Einsatzgruppen por mero capricho. A decisão foi meticulosa. O regime nazista, diante de uma situação internacional instável nas fases iniciais da Guerra Fria contra os Estados Unidos, buscou assegurar sua manutenção no poder. Ludwig, agora integrante dessa unidade paramilitar, tornou-se um elemento essencial na engrenagem de guerra nazista, encarregado de executar seus objetivos.

    Aos Einsatzgruppen foi dada a tarefa de administrar e otimizar os campos de concentração, ou seja, de sustentar as bases do Reich. Wolfgang emergiu como peça-chave nesse sistema. Não por crueldade gratuita, mas por sua inigualável eficiência.

    Ele não gritava. Ele não demonstrava prazer ao ver o sofrimento alheio. Sua brutalidade tinha um caráter impessoal, burocrático e sistemático. Planejava transportes como um engenheiro que ajustaria engrenagens de uma máquina colossal.

    Seus subordinados o viam como um símbolo da ordem nazista. Um bastião de lógica e propósito. Ele era um monumento esculpido no granito da conformidade, uma personificação da vontade de ferro do regime.

    Mas nem todo olhar se abaixava diante dele.

    Vai se foder.

    Eis a resposta de Lewis.

    A surpresa fez com que Wolfgang piscasse. Pela primeira vez em muito tempo, o homem de postura imaculada se mostrou hesitante.

    Encarava o outro como se a realidade se distorcesse por um instante. Sua experiência o colocava em contato com medo, súplica e resignação. Dessa vez, porém, estava diante de alguém que o olhava desafiadoramente, cuspindo desprezo com a mesma naturalidade com que se cospe no chão.

    Era uma afronta tão absurda que parecia mentira.

    O cenho de Wolfgang se estreitou menos por raiva e mais por dúvida quanto à lógica do mundo, que ele tanto cultivava. Quem era aquele tolo que ousava zombar dele, que desafiava tanto sua autoridade quanto sua existência moldada por ferro e sangue?

    Por fim, os lábios do oficial se contraíram num sorriso enviesado num esgar curioso, mais do que ofensivo. 

    Indignação não era. Era fascínio.

    — Hah… haha… hahaha… HAHAHAHAHA!

    A sua risada se espalhou pelo ar estrondosamente, rompedora como o estampido de uma granada em meio à tensão. Foi uma reação inesperada à insubordinação, que, de algum modo, encantava-o.

    A audácia de Lewis não o enfraquecia, pelo contrário, provocava um desafio em um nível cujo sentimento era difícil de definir: ódio ou respeito.

    Mesmo que por um segundo, a máquina tremeu.

    — Você é uma peça rara, sabia? Encarar a morte desse jeito, como se fosse só mais uma segunda-feira ruim. Mas sabe de uma coisa? — Ele inclinou a cabeça, ainda com aquele brilho estranho nos olhos. — Isso só te deixa mais interessante. A maioria implora. Chora. Tropeça na própria dignidade. 

    Wolfgang o olhava com outros olhos naquela ocasião. O combate não era mais o único aspecto relevante. A relação entre eles progredira para um nível em que se estudavam mutuamente. Alguma coisa naquele rapaz cutucava os cantos empoeirados de sua própria psique.

    — Me diz, americano, o que te move, hein? O que te faz manter essa maldita chama acesa mesmo quando tudo em volta grita que acabou?

    Os olhos de Lewis mostravam os sinais do cansaço acumulado por ter visto mais do que deveria, mas ainda mantinham um brilho insolente. A luz que emanava era de uma recusa em apagar.

    — Talvez… eu só tenha aversão a pedaços de merda. — respondeu com um sorriso debochado, uma flama irônica em seus olhos. — Ou… talvez… eu esteja apenas cansado… de obedecer àqueles que pensam que estão no controle. 

    Essas palavras o fizeram levar a resposta mais a sério do que pretendia inicialmente.

    Enquanto processava o que fora dito, seu pensamento se acendeu e ele arqueou uma sobrancelha. O deboche deu lugar a um olhar atento. Ele não esperava ouvir aquilo. Não naquele tom. E, mesmo que não admitisse, aquilo o afetou.

    A bota se cravou nas costas de Lewis de tal forma a esmagá-lo na superfície quente do asfalto, reduzindo-o à condição de mais um inseto sob um mundo indiferente.

    — Sabe… eu respeito a sua ousadia. É preciso uma dose absurda de coragem pra olhar nos olhos do lobo e ainda rosnar de volta. Ou talvez você só tenha um parafuso solto. Nos dois casos, você ainda termina do mesmo jeito. — Apertou a bota só um pouco mais, o suficiente para Lewis soltar um grunhido de dor. — Quebrado no chão.

    Ele olhou em volta. O cenário urbano em nada o agradava. Aquela cidade americana não passava de um pedaço de vidro que, a qualquer momento, poderia se estilhaçar.

    — Vou te contar uma coisa que o seu povo parece esquecer entre um comercial de refrigerante e uma guerra que eles perderam moralmente — disse, os olhos voltando a fitar Lewis. — O mundo não é gentil. Nunca foi. E não vai mudar só porque você grita alto o suficiente. O mundo pertence aos que fazem o necessário. Aos que arrancam com os dentes aquilo que querem. 

    Ele se inclinou um pouco mais, praticamente sussurrando.

    — Isso é a ordem natural.

    Lewis esforçou-se em vão para se mover, ouvindo-se apenas o rangido do asfalto sob o peso do corpo em consequência da brutalidade do gesto.

    — A compaixão é o luxo dos que já venceram. Você ainda não entendeu isso?

    Um sorriso vil curvou o canto de sua boca.

    — Mas não se preocupe. Eu sou paciente e muito didático.

    Diante da exaustão extenuante a que foi submetido mais a dor que o consumia, era de se admirar que Lewis conseguisse permanecer com uma expressão valente. Porém, aquele mínimo momento de desafio durou pouco quando Wolfgang acertou um chute violento em suas costelas, concentrando toda a sua força em um único pé.

    Lewis foi lançado em direção a uma casa próxima como um projétil humano que atravessou a parede e desencadeou um frenesi destrutivo dentro da estrutura.

    Os Mephistos, antes mantidos em segundo plano com a liderança de Wolfgang, avançaram em direção à imagem desordenada.

    Klaus Fritz ordenara que nenhum Mephisto ousasse ferir os aliados; portanto, a presença intimidadora dos alemães agiu como uma barreira para mantê-los afastados.

    A necessidade de carne fresca, no entanto, fez com que eles não perdessem tempo e assumissem o controle da situação graças à liderança de Wolfgang.

    Incitados por seus instintos primitivos, invadiram a casa como um enxame de abutres, ansiosos para devorar o corpo exposto de Lewis.

    — Acho que acabou. Não pude nem perguntar seu nome, mas isso não importa.


    Museum – Black Hills Institute

    Mandy manteve a postura firme ao encarar Mavie. Seus músculos estavam tensos, aguardando o momento exato do primeiro avanço. O que vibrava por dentro, no entanto, não era apenas a expectativa do combate, mas uma fome intensa. Uma ânsia íntima por um confronto legítimo que transcendesse o simples desempenho técnico e tocasse na essência da rivalidade. 

    O chão refletia o brilho das lâminas e adquiria um tom mineral. Entre vitrines que abrigavam fósseis com milhões de anos, ossadas preservadas por camadas de rocha e tempo, duas vidas estavam prestes a cruzar o espaço em arcos velozes, com calor renovado.

    Apoiada na planta dos pés, Mandy levou o corpo adiante. O piso oferecia uma resistência suficiente para guiá-la sem comprometer a continuidade dos movimentos. Sua guarda permaneceu elevada. O centro de gravidade estava levemente rebaixado. O punho esquerdo sustentava a katana em posição estável, mantendo o direito em posição tática de suporte. Sua respiração seguia controlada e medida por instinto.

    Mavie adiantou-se em passos largos. A lança descreveu um arco horizontal. Mandy a interceptou em um ângulo fechado com uma distribuição eficiente de torque entre o ombro e o antebraço para absorver a força do impacto. Logo em seguida, contra-atacou com uma estocada oblíqua, visando a costela exposta no contragolpe. Por sua vez, Mavie recuou em um giro bem executado em que os pés descreveram um círculo amplo sem que perdesse o equilíbrio, ao mesmo tempo em que criava uma nova distância.

    O som do metal em colisão reverberou entre os esqueletos de dinossauros empoleirados nas estruturas metálicas do museu. Com um timbre estrondoso, o som se propagava pelos corredores revestidos de vidro. Faíscas explodiram em pontos breves de luz pelo atrito brutal de vontades incompatíveis.

    Mandy girou o punho até ajustar o centro da lâmina em posição exata. Todos os seus movimentos obedeciam estritos padrões repetidos à exaustão. No momento certo, os ligamentos do braço se contraíam, e os calcanhares se reposicionaram milimetricamente, sustentando a sequência defensiva. Sua performance exigia perfeição. Tudo respondia à necessidade de vencer.

    Mas Mavie não recuava nem um passo. Ela manejava a lança sob seu controle e adaptava os ataques de acordo com uma percepção aguçada do espaço. Ao contrário, Mandy precisava continuamente avaliar a distância enquanto era sufocada pela amplitude e eficácia dos ataques da alemã. 

    Mavie aplicou uma sequência agressiva de golpes ascendentes e diagonais. A garota acompanhou a movimentação dos ombros pela curva para prever o deslocamento do eixo de força. Dessa forma, conseguiu se defender dos ataques. Ao sentir a lâmina adversária deslizar pela sua em direção ao seu antebraço, desviou o corte fazendo um movimento lateral. Seguiu em frente para a base do flanco dela.

    O ambiente se adensava. O calor humano, os resquícios do atrito e a efervescência das intenções não expressas ganhavam forma. Mandy sentia a leve variação térmica ocasionada pelo movimento intenso, a umidade evaporando de sua pele e o impacto ritmado dos calcanhares contra o chão euforicamente entoando entre colunas e esqueletos jurássicos.

    No instante em que pensou “Não deveria ser mais fácil lidar com isso?!”, teve que absorver mais um golpe. A lâmina de Mavie ricocheteou contra a dela, liberando uma corrente de faíscas que atravessou o ar como estilhaços de alguma emoção ancestral. 

    “Minha técnica sempre parece falhar justamente quando eu mais preciso dela!”

    Alimentada pela fúria desta batalha titânica, a tempestade tornou-se demasiado forte e provocou uma devastação aparentemente interminável. 

    “Eu nunca fui boa o suficiente. Sempre me senti como se estivesse um passo atrás de Lewis.”, Mandy dizia a si mesma enquanto bloqueava um golpe de Mavie. “Não importa o quanto eu treine, nunca pareço estar à altura.”

    Entre as voltas da lâmina, continuou:

    “Essa pressão é avassaladora.”

    A força dos golpes trocados estava fazendo com que o campo de batalha, que antes era inabalável, desmoronasse. 

    Mandy e Mavie moviam-se demasiado depressa para que o olho humano os pudesse seguir, criando uma cena surreal. 

    “Merda, será que posso mesmo vencer isso? Minha espada parece mais pesada hoje.”

    Como se as próprias armas estivessem a dançar entre dois reinos, tudo o que deixavam para trás eram efêmeros raios de luz.

    As lâminas cintilavam como relâmpagos, belas e letais, desafiando a própria elegância da morte. 

    Os impactos agravavam-se à medida que a luta prosseguia. 

    As atrações circundantes cederam à força invisível das forças em conflito e desfizeram-se em escombros. 

    Mandy se afastou por um momento, respirando fundo enquanto a fúria da batalha rugia ao seu redor.

    “Parece que, a cada movimento que ela faz, estou a um passo de me perder.”

    Mavie materializou-se à frente de Mandy com uma velocidade e agilidade notáveis. 

    A sua lança moveu-se precisamente na diagonal, de baixo para cima, cortando o ar. 

    Mandy instintivamente curvou o corpo para trás para se esquivar da trajetória irregular do fio de metal. Mas o ataque foi tão rápido que apenas fez um pequeno corte no canto dos seus lábios. 

    A expressão dela mostrava um misto de angústia e frustração enquanto se movia.

    “Preciso me concentrar mais.”

    Mavie a perseguia, sem se deixar abater enquanto Mandy fazia um esforço valente para ganhar espaço. 

    Com uma presença sinistra, os ataques delas cortavam o ar, e cada movimento da garota era uma tentativa de fugir deles. 

    Mandy estava sem fôlego, sentindo-se como se tivesse ficado exausta. As suas pernas pareciam pesadas como chumbo. Mavie não parava de atacar, dando-lhe poucas hipóteses de recuperar o fôlego quando tentava.

    Mandy suspirou pesadamente no meio desta perseguição letal. Disse para si mesma: “Não posso continuar assim por muito mais tempo.”, enquanto tentava freneticamente arranjar um plano para inverter a situação. 

    No entanto, a dúvida permanecia nos seus pensamentos, minando a sua confiança a cada segundo.

    O cenário outrora dominante foi transformado num caótico campo de batalha cuja ferocidade do conflito era evidente não só nos golpes desferidos, mas também na devastação da paisagem circundante.

    Quando o conflito chegou ao auge, Mavie mostrou a sua astúcia e competência. 

    Mandy sentiu o golpe profundo cair-lhe no estômago e ficou instável devido ao pontapé certeiro. Nos seus olhos, a frustração misturava-se com a dor. 

    Ela cambaleou para trás, agarrando o rosto dorido. 

    Fez um esforço para se recompor, mas não havia como negar a perspicácia da adversária. Mavie apontou a ponta da lança na direção de Mandy, clareando sua visão turva. 

    「 Feixe de Luz. 」

    A batalha entre as duas tinha chegado a um ponto de viragem, onde a vida e a morte estavam em jogo. 

    Só havia uma coisa certa naquele momento: uma delas venceria e a outra logo ficaria às escuras.

    A ponta da lança pulsava como um coração negro, emitindo um brilho opaco que inundava o ar com uma sombra densa, representando uma manifestação de energia negativa.

    A energia negativa acumulada explodiu em um feixe de escuridão quando Mavie liberou o ataque. Aquela não era a escuridão benevolente da noite, mas um vazio consumidor, uma ausência agressiva que ansiava por engolir tudo. A luz foi capturada e transformada em um raio escuro que engolfou Mandy.

    — Então, é isso. Bem, minhas palavras não são suficientes para responder essa situação. — disse, fitando o corpo inerte de Mandy com um misto de desgosto e triunfo.

    Seus olhos varreram o cenário, onde o corpo caído agora se assemelhava aos cadáveres enterrados sob o peso da guerra.

    Mandy jazia no chão, uma vítima indefesa no meio de todo o caos que se passava à sua volta. 

    O conflito tinha afetado o seu corpo e as suas emoções, como se pode ver pela sua respiração difícil.  

    A sua pele estava marcada por feridas abertas. Sua expressão de força, que se transformara em sofrimento, estava parcialmente escondida por uma cortina de cabelos desgrenhados que caía sobre seu rosto. 

    Mandy tentou pôr-se de pé, mas sentiu que a gravidade estava a trabalhar contra ela. 

    Cada movimento era excruciante.

    O efeito do Feixe de Luz era semelhante ao de um fantasma que continuava a consumir a vida de sua presa mesmo depois de ter sido danificada. Mesmo em tempos de relativa paz, o poder selvagem e devorador da técnica continuava a pairar sobre ela como uma praga. 

    O seu destino repousava na linha que separava a luz da escuridão, o desafio da submissão a um poder para além da compreensão humana.

    — Pessoas tão tristes assim não vivem por tanto tempo nesse mundo. São apenas engolidos pela morte e a sua própria fraqueza.  

    A fumaça emanada da lança, após o ataque, começava a se dissipar.

    — Eu sinceramente detesto trabalhar nessa organização, principalmente ao lado do cretino Wolfgang. — advertiu, seus dedos apertando o cabo de sua lança com firmeza. — Aquelas pessoas são medonhas. 

    Nenhuma paz ou descanso podiam ser encontrados na alma atormentada de Mavie, dominada por uma inveja doentia e um ciúme feroz. 

    Os alvos da sua inveja, animosidade e ressentimento apareciam como silhuetas implacáveis, perturbando persistentemente a sua mente ao longo do dia. Os seus demônios interiores não a deixavam dormir e continuavam a segui-la.

    — Lord Schneider é a única razão pela qual tolero essa situação insuportável. Ele é um líder que merece meu respeito e lealdade incondicional.

    Em 1969, com apenas 16 anos, Mavie ganhou destaque em uma época em que o mundo ainda estava se adaptando à realidade da vitória nazista na Segunda Guerra Mundial. Nascida e criada sob esse regime, não conhecia outra verdade além daquela imposta pela propaganda incessante e pela doutrina da pureza racial. Sua juventude foi marcada por um nacionalismo fervoroso, um ardor que rapidamente a colocou no centro das atenções do movimento nacionalista, que espelhava os preceitos do nazismo vitorioso.

    Sua dedicação à agenda nacionalista, que espelhava e expandia aspectos da ideologia nazista por excelência, levou-a a posições de influência significativa dentro do movimento. Ela não se contentava em ser um soldado ou um agente comum do Reich; seu objetivo era moldar o futuro da Alemanha e, por extensão, do mundo. Aos 19 anos de idade, ela chegou a liderar uma facção extremista dentro do movimento, uma célula que operava nas sombras do poder, realizando ações que os líderes mais cautelosos do Reich preferiam manter fora dos holofotes.

    Buscando manter o controle de seu grupo e prevenir futuras incursões de forças adversárias, Wolfgang advogou pela integração em uma organização mais estruturada e disciplinada – a Schutzstaffel.

    Contudo, essa decisão provou ser um desastre. Mavie encontrou-se à frente de uma guerra brutal e atípica em território americano, mais precisamente na cidade de Nova York. Com o aumento do número de vítimas e a falta de recursos, a operação foi um fracasso. O desastre, aliado às acusações de planejamento inadequado por parte de Mavie, danificou seriamente sua reputação e intensificou a animosidade entre ela e Wolfgang.

    Sua temperança acabou custando-lhe os poucos apoiadores que ainda restavam, condenando-a a uma vida de isolamento e ressentimento.

    Mavie decidiu dedicar-se inteiramente ao seu objetivo de vencer o adversário. Para ela, ganhar transcendia a mera estratégia; era uma questão de conquistar o reconhecimento que sentia ser merecidamente seu. Ela precisava trilhar um caminho que a aproximasse do seu alvo final a cada partida e manobra.

    A essa altura, nada mais importava.

    — Oh Herr, hier ist die verdorbene Seele, die bereit ist, vor Dich zu treten. Mit ihren Wurzeln fällt sie in die Erde, und ihre Ehre ist befleckt. Mögen die Fußstapfen von Herrn Schneider niemals verblassen, und mögen seine Feinde in ewiger Dunkelheit versinken.2

    Isto será o seu fim? Não se tratava, no mesmo caso que Lewis, de um deles decidir se render ou desmaiar ou o que quer que seja.

    Limitaram-se, aparentemente, a ficar sem energia.

    Cada um deles sofreu abusos a mais para manter seus corpos funcionando com pura força de vontade, sozinho. 

    Aos olhos de Mavie, essa cena era vergonhosa. 

    Pensar que Mandy tinha convicção suficiente para declarar sua morte, foi terrível.

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