Índice de Capítulo

    O caos estava se desenrolando cada vez mais.

    Os dois monstros chamavam a atenção, enrolados em uma luta sangrenta e selvagem em meio ao campo de batalha em chamas. O fumo subia até o céu.

    Todos pararam o que estavam fazendo, e se concentraram no combate, embora involuntariamente. O horror estava estampado em suas faces perplexas.

    Um certo grupo em questão, ficou à beira do desespero, quando um deles, em choque, gritou:

    “Takeru-san está… Takeru-san está morto…!”

    Todos os membros da facção imediatamente sentiram suas forças sumirem. O motivo pelo qual eles estavam lutando simplesmente se foi. Alguns caíram de joelhos; outros se renderam e o rumo da batalha ganhou força para os lados de Yamada e Akagi.

    Já não tinha mais o que ser feito.

    Yamada estava observando a luta à distância, se perguntando qual o sentido de ver aquilo. Mas guerra era guerra. Aquela seria a luta final entre Takeru e Akagi, e quem se saísse melhor, seria o vencedor.

    Não que importasse muito. Afinal, Takeru estava morto.

    “Yamada-san, vamos acabar logo com isso. É uma boa hora para render a facção Takeru e atacar Akagi”, Aoi sugeriu, após analisar os rumos que o campo de batalha tomou.

    “Você está certo. Façam isso. Eu vou dar um jeito em Akagi”, ele ordenou e seus três subordinados se mexeram imediatamente, mobilizando seus homens que ainda estavam aptos para o combate.

    Após isso, Yamada se aproximou de Akagi. Ele estava com os olhos fixos no duelo dos monstros.

    A criatura que antes era Ginro, corria velozmente ao redor do monstro de Akagi, e com suas garras afiadas, causava cortes brutais que rasgavam a pele dele, expondo seus ossos e até órgãos.

    O monstro pálido, por sua vez, o agarrava e o acertava contra o chão repetidas vezes, mas isso não parecia ter muito efeito sobre o monstro acinzentado, que, ao se libertar, continuava a correr e atacar.

    “Já está nisso há mais de dez minutos. Parece que nada vai mudar”, Yamada comentou. “Sempre que é ferido, seu monstro se regenera com facilidade. O outro quase não se machuca.”

    “Eu não pedi sua opinião. Em algum momento, aquele miserável vai se cansar. Essa será a hora perfeita para vencer. E mesmo que meu monstro perca, eu ainda estou vivo para derrotá-lo.”

    “Mm… E isso vai te deixar satisfeito? Olha, eu agradeço por não ter usado essa coisa nos meus homens. Se é para isso que eles servem, então eles são inúteis para mim.” Yamada deu de ombros.

    “Como sempre, metido a estrategista. Mas não se preocupe. Eu vou acabar com você também. Então não vai ter mais ninguém pra se opor a mim. Você viu o fim que Takeru teve. Isso é o que vocês ganham ignorando a realidade e o que ela tem.”

    Akagi se virou para Yamada e entrou em posição de luta, erguendo seus punhos na frente do corpo. Uma aura ameaçadora o envolvia.

    Yamada imediatamente desembainhou sua espada e deu alguns passos para trás.

    “Então, beleza. Se é assim que vai ser, vamos acabar com isso bem aqui.”

    Ao mesmo tempo, depois de uma curta respiração, ambos encurtaram a distância entre eles e o punho direito de Akagi se chocou contra a espada de Yamada, produzindo faíscas no atrito entre a lâmina e as ligas metálicas nas luvas. Um som agudo ressoou de forma concreta, uma pequena onda de choque fez o cheiro de poeira impregnar suas narinas.

    “Eu não consigo ver você se dando bem usando tanto poder assim. Aceite que você vai morrer logo, velho.”

    “Humpf. Cale a boca, moleque. Você não sabe de nada.”

    Eles se separaram, mas apenas para voltar e se engajar em uma troca de golpes furiosa entre espada e punhos. Akagi contando com sua força sobrenatural e Yamada confiando em sua agilidade e mobilidade. Seu plano era cortar Akagi e matá-lo o mais rápido possível, sabendo que em uma luta de resistência ele não teria chances.

    O som dos metais se chocando ecoavam com uma grande voz.

    Clang! Clang! Clang!

    Em um rápido desvio, Yamada desviou de um soco direto e tomou distância. Ele ergueu sua espada e, num movimento veloz, chamou:

    “Kiri no Sora!”

    Uma invisível onda de energia atravessou o ar rapidamente, atingindo o peito de Akagi em cheio e empurrando-o para trás. Um ferimento surgiu em seu peito e abdômen, embora um pouco superficial.

    “Haha. Parece que você tem alguns truques”, disse Akagi, sorrindo. “Mas coisas assim não são suficientes pra me derrubar. É melhor se esforçar um pouco mais.”

    Akagi reassumiu sua posição de luta e entrou em sua base, seus pés agilmente deslocaram-se com velocidade e ele iniciou uma sequência de socos poderosos contra Yamada, que tentava bloquear com sua lâmina.

    “Vamos, vamos! Se esqueceu do que eu ensinei? Ficar só se defendendo não vai te levar a nada!”

    O tempo de reação de Akagi e flexibilidade de movimento eram melhores que a de um boxeador profissional. Sem dúvidas, este homem tinha motivo para estar tão confiante.

    Num movimento ágil, Akagi ergueu seu punho, virou o corpo levemente para trás e soltou como um estilingue. O soco rasgou o ar e destruiu a lâmina que entrou em seu caminho para bloquear em vários pedaços.

    Yamada cerrou os dentes. Acabara de perder sua maior chance contra Akagi. Antes que ele pudesse reagir, foi atingido no abdômen pela outra mão. Certamente, aquele golpe quebrou algumas de suas costelas, já que ele cuspiu bastante sangue e foi arremessado para trás.

    Ele rolou no chão e só parou alguns metros depois. Suas forças pareciam ter sido sugadas.

    “Haha… Como já era óbvio desde o início…, a vitória é minha. Você nunca teve uma chance, então nem se atreva a levantar.”

    Yamada até tentou, mas a dor percorreu seu corpo até o cérebro como uma sessão de tortura, inibindo seus movimentos.

    Akagi se aproximou, seus olhos brilhando de forma assustadora, refletindo o caos e o fogo ao redor. O cheiro das chamas queimando corpos impregnou suas narinas, mas ele nem se importava, seus punhos cerrados e as veias saltando.

    “Depois que eu matar o líder, os subordinados não terão mais porque lutar. É melhor se lembrar de quem matou você.”

    Akagi contraiu os músculos de todo o seu corpo, concentrando a energia em seu punho direito, de onde estava saindo vapor. Seria o golpe definitivo. Com certeza, esmagaria o crânio de Yamada, que, apesar de amargamente, tinha aceitado sua derrota.

    “É uma pena. Vocês dois realmente foram os melhores alunos que eu já tive. Me sinto triste só de pensar no tanto de coisas que poderíamos ter conquistado”, lamentou Akagi. Havia uma emoção inexplicável em seu olhar, como o de um pai que olha para o filho com tristeza.

    “Kakaka… Ver você falando assim é bizarro… Até quando vai ficar sem entender… que se jogar de cara em um mundo que não é seu… só vai corroer seu corpo e mente?”

    “Eu já estou nesse caminho há muito tempo. Não sou tão tolo a ponto de me deixar cair por causa de uma ganância ridícula. Você sabe quem eu sou.”

    “Que bom pra você, não é…? Eu gostaria de ver o final que você vai ter. Dolorosamente… enlouquecido… O seu final… vai ser tão amargo quanto você é… Eu espero que você sofra até o fim, sensei”, Yamada falou com sua voz falha e rouca.

    Preparado, ele jogou suas últimas palavras. Ver o ar sendo empurrado pelo punho em sua direção já significava o seu fim. Não tinha ninguém para salvá-lo.

    “Morra com sua ignorância, meu antigo aluno”, esbravejou.

    Ao se chocar no chão, o punho criou uma onda de choque poderosa ao redor deles, jogando poeira e estilhaços para todos os lados e causando um estrondo que fez o solo tremer por alguns segundos.

    Uma pequena cortina de poeira foi levantada, mas se dispersou rapidamente.

    “?!”

    Mas havia algo errado.

    Akagi errou o soco e acertou o chão ao lado. Não, não foi um mero erro. Akagi jamais erraria um soco, principalmente um que colocaria ele um degrau mais perto de seu objetivo final.

    Quem foi o filho da puta…?

    A resposta ficou óbvia quando, furioso, Akagi olhou para o lado, sentindo uma ventania correndo por seus cabelos e uma luz prateada brilhando ali.

    “O que você está fazendo, seu verme?”

    “Eu não sei ao certo, mas eu não posso deixar esse cara morrer”, disse Caleb.

    Cinco minutos antes, depois que o desespero já estava sendo implantado em sua mente, seu celular vibrou com uma notificação. Ao ver o que era, ele se esqueceu do fato de seu celular estar inteiro mesmo após toda aquela bagunça.

    A mensagem em questão, dizia para ele evitar a morte de Yamada. ‘Não deixe-o morrer’, foi o que o Olhos azuis mandou. Caleb não pensou duas vezes quando viu os dois líderes se enfrentando.

    “Seriamente…” Caleb apertou a testa com a palma, uma expressão irritada em seu rosto. “Até onde nós vamos com isso?”

    Akagi desenterrou a mão que tinha perfurado o chão, abrindo uma pequena cratera e se levantou.

    “Você é o subordinado de Takeru, não é? Me diga, até quando pretende lutar por algo tão fútil? Seu líder está morto. Você não tem mais utilidade”, disse ele.

    “Não, não. Primeiro, eu não sou subordinado de Takeru. Segundo, meus objetivos ainda estão vivos. Então recomendo que você se afaste para não ter mais problemas.”

    Sem mais delongas, Caleb girou e chutou Akagi, que foi empurrado para longe, e só não sofreu um dano fatal por ter defendido o chute com os braços.

    “Haha… Esses moleques de hoje em dia são audaciosos demais. É preciso ensinar boas maneiras a eles.”

    Um novo confronto estava para ser iniciado, quando um rugido alto irrompeu furiosamente pelo campo de batalha. Todos os olhos se voltaram para o duelo brutal das duas criaturas.

    Aquele embate já tinha se estendido bastante, então, àquela altura, já dava para dizer quem poderia vencer.

    O monstro acinzentado, apesar de sua alta resistência física e velocidade, não conseguia se manter muito perto para desferir seus golpes constantes. Enquanto isso, o monstro pálido apenas o mantinha longe para sua alta regeneração ter efeito.

    Então chegou o fatídico momento. Numa investida veloz, o monstro acinzentado saltou furiosamente para desferir um corte, suas garras brilhando com as chamas em volta.

    Esse, no entanto, foi seu maior erro. O monstro pálido, por menor que fosse sua consciência restante, parecia ser inteligente o suficiente para aproveitar essa abertura. Então, sem hesitar, ergueu sua mão direita e a deslizou rapidamente, criando mais cinco cortes brilhantes de plasma, os quais atingiram o monstro acinzentado em cheio.

    Não restou nada além de cinzas após uma gigantesca explosão luminosa, que criou uma onda de choque fortíssima e irrompeu por todo o campo de batalha.

    As chamas quase foram dispersadas, mas voltaram a queimar.

    Caleb involuntariamente cobriu o rosto com os braços quando a poeira avançou sobre ele junto a uma forte ventania.

    “Então a luta daquele lado foi decidida.”

    Os restos do monstro acinzentado caíam do céu, sob a surpresa do olhar de todos.

    “Haha… Hahahahah!” Akagi caiu em risada de repente. “No fim, eu estava completamente certo! Armas vivas são as melhores!”

    Ele continuava em seus delírios.

    Caleb não sabia o que deveria fazer a seguir e antes que pudesse perguntar, seu celular vibrou de novo.

    “?”

    Meu ajudante: Não se envolva mais.

    Ele olhou confuso para a mensagem, mas entendeu logo, quando, com um rugido estrondoso, o monstro pálido correu na direção de Akagi, pisando no chão tão firmemente que parecia abalar a Terra.

    “Hahahahah! Venha! Dessa vez eu vou fazer você se submeter completamente!”

    Ele girou o corpo levemente e ergueu seu punho, apenas esperando o momento certo para atingir o monstro com um soco aterrorizante. Porém, antes disso acontecer, algo passou entre seu braço e ombro e um líquido vermelho jorrou dele.

    Uma estrela metálica preta com lâminas vermelhas de quatro pontas estava cravada no chão atrás dele. Ela tinha mais de um palmo de diâmetro, cerca de vinte centímetros, então isso somado ao seu giro veloz, com certeza cortaria um braço.

    E por mais que Akagi fosse forte e resistente, não era invencível, ainda mais contra uma arma que girava tão rápido quanto uma serra circular.

    Esse foi o momento em que a criatura caiu sobre o atônito Akagi, que mal percebeu o que havia acontecido, e urrou. Suas presas enormes rasgaram sua pele, quebraram seus ossos. Toda a fúria que o monstro pôde reunir em seus resquícios de consciência como Satoshi estavam se aflorando naquele momento.

    Caleb assistiu àquela execução com os olhos arregalados, aterrorizado. Aquilo era mesmo necessário? Qual crime seria punido com uma morte dolorosa dessas? Certamente, todos os que assistiam àquilo tinham o mesmo pensamento.

    Depois de alguns minutos, tudo o que restava eram os restos mortais de Akagi, irreconhecíveis. O sangue misturado com terra. O monstro pálido com a face tingida de vermelho. Ele finalmente parou e se sentou no chão, olhando para o céu, inexpressivo.

    As nuvens carregadas começaram a derramar grossas gotas de chuva.

    Todos estavam alarmados, pensando que seriam os próximos alvos, mas nada aconteceu. Parecia que o monstro estava esperando alguma coisa.

    Calmo, sua aura assassina se foi. Ele silenciosamente esperava a morte que lhe havia sido prometida.

    Caminhando entre as chamas e os corpos, uma figura de manto negro se aproximou.

    “Você fez um bom trabalho? Satisfeito?”

    Um maluco. Ele se dirigiu diretamente ao monstro sem hesitar.

    “Você… Isso é hora de chegar?!”

    Caleb saltou sobre Mayck e o agarrou pelo colarinho. Um misto de sentimentos estavam turbulentos em sua mente confusa.

    “Tá vendo o que aconteceu aqui?! Como vamos resolver isso agora?!”

    Ele encarou Mayck firmemente, seu corpo estava trêmulo.

    “Logo vamos pensar sobre isso. Só espera um pouco, beleza?”

    O garoto o afastou e se voltou para o monstro, que virou seu olhar para vê-lo. Ele soltou um som abafado e rouco, como se tentasse dizer algo.

    “Relaxa. Eu vou cumprir o que prometi.”

    Estendendo a mão, os olhos de Mayck começaram a mudar. Era hora de concluir aquela etapa e destruir Satoshi, antes que ele perdesse para seus instintos monstruosos e se tornasse um Ninkai de corpo e alma.

    “Você foi bem. Isso já é o suficiente—”

    No entanto, apesar de querer fazer isso o mais rápido possível, não era tão fácil, uma vez que Mayck já tinha usado aquela habilidade naquela noite. E tal habilidade demandava uma grande quantidade de energia.

    Isso significava que ele estava quase no vermelho. E por assim ser, ele não teve muito tempo para reagir quando um jato poderoso de uma substância vermelha incandescente rasgou o campo de batalha derretendo tudo em seu caminho.

    Mayck só teve tempo de sair e tirar Caleb e Yamada de perto, enquanto aquela massa densa abrasadora destruía tudo, fazendo o cheiro de enxofre impregnar suas narinas.

    O ar esquentou e ficou abafado depois de tudo. Respirar deixou de ser uma tarefa fácil, apesar da fumaça das chamas ao redor, que passaram a parecer pequenas velas perto daquele rastro de rochas e metais fundidos.

    Caleb sentado, demorou para processar o que aconteceu. Yamada estava na mesma situação, sendo segurado pela gola de sua camisa enquanto ainda estava no chão.

    “Que merda foi essa…?”

    Junto com o monstro, vários corpos foram derretidos quase instantaneamente apenas com aquela passagem da substância vulcânica.

    A mistura de odores quentes e horríveis era assassino.

    Caleb se levantou, ainda confuso.

    “Ei, o que foi iss—!” Ao olhar para Mayck, o que ele encontrou foi um par de olhos brilhando com um padrão de espiral triangular aterrorizante, o motivo do apelido do caçador temido dentre os portadores.

    Ele estava olhando para a direção de onde a lava veio. Não dava para ver claramente, mas havia uma pessoa há vários metros dali.

    “Por que esse cara tá vivo?”, Mayck sussurrou.

    Aquela habilidade destrutiva sendo usada de forma desenfreada só pertencia a alguém.

    “Haha… Não era pra ele estar morto?”

    Yamada murmurou, também reconhecendo quem era. Apenas Caleb tinha um semblante desconcertado, sem saber do que estavam falando.

    Mas era real. Aquele cara estava ali, vivo. Depois de tanto tempo, ele deu as caras, e Mayck só se perguntava como.

    Por algum motivo, Otohiko apareceu em sua mente.

    Eu tenho certeza que matei Kazan naquele dia. O que foi que Otohiko fez?

    Seu sangue estava começando a ferver. Em passos lentos e pesados, o garoto começou a andar na direção de uma das pessoas que ele mais odiava.

    “Ei! Onde está indo?!” Caleb o chamou, mas recebeu sinal para ficar por lá mesmo.

    Alguns segundos depois que Mayck sumiu em meio às chamas, os subordinados de Yamada apareceram correndo, para verificar o estado de seu superior.

    De longe, Mayck viu aquele sorriso odioso. Os olhos brilhantes como magma e o cabelo castanhos escuro eram inconfundíveis. Porém, havia algo diferente, sua pele estava coberta com figuras de Lichtenberg, além de ter um tom mais escuro do que Mayck lembrava.

    Tinha mais algumas pessoas por perto, então Mayck se dirigiu primeiro a elas.

    “Eu disse para cuidarem das coisas na cidade”, disse ele num tom baixo.

    “É, você disse, mas a gente não quis continuar por lá”, Millicent respondeu com um ar de arrogância.

    Edgar acenou com a cabeça, concordando com a irmã.

    “E isso? O que essa coisa faz aqui?” Ele olhou para Kazan. “Eu poderia garantir que matei esse lixo.”

    Otohiko, então, deu um passo à frente, sorrindo e gesticulou.

    “Foi mal, cara. Eu tinha dito pra esse idiota ficar quieto, mas ele fugiu e veio até aqui só pra te provocar.”

    Otohiko não parecia estar se sentindo tão mal por isso, no entanto.

    “‘Um mundo onde apenas os fortes sobrevivem’. É isso o que você quer também?”

    “Claro que não. Eu só tenho outros motivos e esse cara é útil. É por isso que eu trouxe ele de volta.”

    A palavra ‘trouxe’ fez Mayck refletir. Otohiko tinha alguma habilidade de ressuscitação? Se não fosse isso, então ele teria dito ‘salvei’, como se tivesse tirado ele do raio de seu ataque naquela época.

    “Hahahahah! Está com tanto medo assim de que eu bagunce as coisas por aí? Você é patético, hein?”

    Kazan começou a rir de uma piada que só era engraçada na cabeça dele.

    “O que vocês estão planejando, hein? Pretendem seguir os mesmos passos dos criminosos ali atrás? Vocês sabem que a Black Room não vai deixar vocês impune.”

    “Haha. Quem sabe? Nós não pretendemos seguir leis. Somos criminosos também. Mesmo assim, você buscou nossa cooperação. Isso faz de você um criminosos também, não é?” Otohiko falou sarcasticamente. “Ou então… você vai empinar o nariz e falar que não é como a gente? Que é melhor do que o bando de lixo que vê por aí?”

    “Esse cara realmente deve achar que está acima da maioria só por ser reconhecido.”

    “Melhor da região de Tóquio, meu ovo.”

    Uma risada correu entre os membros da Golden Society. Todos esperavam uma resposta de Mayck, uma que os faria rir de tão patética que soaria.

    No entanto…

    “É… realmente. Com o que eu tava na cabeça para buscar a cooperação de seres tão incompetentes? Não… Na real, eu só tava dando uma chance pra vocês. Vocês que não souberam aproveitar.”

    “Mm?”

    “Pois é. Vocês estão ajudando Merlin e já me ajudaram uma vez. Eu acho que só queria retribuir e evitar que vocês se afundassem na pilha de lixo ainda mais.”

    Mayck balançou a cabeça negativamente.

    “Que decepção. No fim, se aliaram ao lixo da sociedade e escolheram o lado inimigo. Mas o que mais me surpreende, é que você, Kazan, passou mal na nossa luta e foi abanar o rabo pro carinha que desprezou. Haha… Isso sim é patético, não acha?”

    Mayck riu levemente.

    “Caramba… e eu pensando que vocês poderiam ser alguma ameaça real.”

    A expressão zombeteira dos membros da Golden Society desapareceram subitamente, e combinaram em expressões visíveis de raiva.

    Kazan foi o mais afetado. Por certo, seu orgulho não aceitava que ele havia sido convertido em um mero subordinado.

    Ele pisou fortemente no chão e agarrou o colarinho de Mayck, seus olhos ardendo em fúria, as veias saltando.

    “Fecha sua maldita boca, seu merdinha! Você quer levar uma surra agora mesmo?! Eu vou fazer você engolir seus olhos de merda!”

    “Está com tanta saudade assim? Pode vir, então. Mesmo sem energia, eu tenho certeza que posso ao menos te matar de novo e garantir que você não volte nunca mais”, a voz de Mayck estava em um tom completamente ameaçador. Seus olhos mostravam que aquilo não era apenas provocação barata. Ele estava falando totalmente sério.

    Kazan estremeceu. Aquele garoto estava muito mais diferente de antes, tinha algo muito pior por trás dele.

    Porém, ele não iria aceitar que sentiu temor de alguém. Jamais.

    Kazan cerrou seus dentes tão fortemente que suas gengivas sangraram. Ele ergueu o punho esquerdo.

    “Eu vou matar você, filho da puta—!”

    Seu punho deslizou, rasgando o ar, mas parou a poucos centímetros do rosto de Mayck, que não se abalou nem um pouco com as ameaças.

    “O que está fazendo, seu verme?!”, Kazan gritou para Otohiko, que segurava seu pulso.

    “Vamos parar por aqui. Quer ferrar com tudo agora? Segura essa sua raiva pra depois.” Otohiko acenou para os demais. “Vamos embora.”

    Otohiko o soltou, e logo Kazan empurrou Mayck, olhando-o com uma expressão que dizia ‘ainda vou te matar’.

    “Hm. Parece que você foi bem adestrado. Vamos, é melhor vocês fugirem pateticamente. A Black Room está chegando”, disse Mayck, enquanto eles se afastavam em silêncio, sem responder mais nada.

    E antes deles se distanciarem mais, Mayck deu um último aviso:

    “Mantenha suas mãos sujas longe de Merlin. Caso contrário, a gente vai ter uma conversa mais cedo.”

    Dito isso, ele deu as costas. Indo para a direção oposta à do grupo. Ele estava certo de que o próximo encontro deles seria numa luta até a morte.

    A chuva começou a cair fortemente, lavando o campo de batalha sangrento e apagando, aos poucos, as chamas que acenavam para a morte.

    Assim, aquela breve aliança acabou, com uma clara declaração de guerra.

    Quando Mayck voltou ao local onde estava anteriormente, não encontrou os restos mortais de Satoshi — do monstro que ele havia sido transformado. Nem Yamada nem Caleb estavam lá ainda.

    Ao redor, corpos caídos, todos mortos. Os vivos já tinham fugido quando foram avisados que o caos na cidade havia sido contido pelos agentes da Black Room.

    Com os líderes mortos, duas facções se desfizeram naquela noite. A facção Yamada provavelmente não iria se reerguer, então podia dar aquela etapa como concluída. Mas ainda havia uma coisa. Algo que Mayck não poderia esquecer de forma alguma.

    Mas antes, ele parou no exato local onde viu Satoshi pela última vez; onde ainda podia sentir sua essência humana, mesmo que fraca. Ele fechou os olhos e se concentrou no som da chuva molhando suas roupas e seus cabelos.

    Você foi bem. Cumpriu o que prometeu. Diferente de mim.

    Satoshi havia vingado sua esposa e partido sem muito arrependimentos. Embora sua morte não tenha sido digna, ele teve um fim rápido e quase indolor.

    Está tudo bem assim.

    Mayck abriu os olhos, vários feixes de luz coloridos dançavam ao seu redor, reunindo-se em sua mão direita em uma esfera reluzente. Se aquele fosse Satoshi, pelo menos o que sobrou dele, estava ali para lembrá-lo de sua promessa.

    Com o coração pesado, Mayck respirou fundo, aceitando o novo fardo que decidiu carregar.

    “Sim. Eu vou cuidar de Rika.”

    E a chuva continuava a cair.

    Yo! RxtDarkn aqui.

    Esse é o primeiro capítulo que sai aqui com o site oficialmente aberto. E tenho que dizer, que evolução, amigos. O novo site é simplesmente magnífico. O que vocês acharam?

    Bem, eu espero que tenham gostado do capítulo de hoje. E sobre o atraso dos capítulos, é por conta do trabalho que tem me tirado a paciência, então eu acabo não sendo produtivo, mas espero a compreensão de vocês.

    Até a próxima : )

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