Índice de Capítulo

    Com os boatos correndo soltos, Airi e os outros esperavam os resultados. 

    Durante a noite, saíam sozinhos, sem medo de serem pegos pelos monitores ou quem quer que fosse. Tudo o que lhes interessava era que algum membro do grupo secreto fizesse contato. 

    Porém, na primeira e na segunda noite, não houveram resultados satisfatórios.

    Eles estavam começando a ficar atordoados, mas havia algo que Airi decidiu manter para si. Algo que Mayck contou a ela e que poderia ser a maior esperança naquele momento.  

    Para a sua sorte, naquele mesmo dia após o segundo fracasso, algo aconteceu. 

    Airi estava passando pelos longos e lotados corredores do térreo, ainda na parte interna. Foi quando alguém que ela nunca imaginava encontrar, parou diante dela e acenou amigavelmente. 

    “Você é Irina Airi, correto?” 

    Olívia se aproximou com um doce sorriso. 

    “Err… Sim, sou eu.”

    Airi de repente se sentiu nervosa. Ela sabia quem era a figura de pé diante dela. Olívia Cesarini. Era esta uma convidada da Strike Down e diretora de uma organização muito influente do outro lado do globo. 

    A moça se perguntava o que teria levado Olívia a falar com ela. 

    “Desculpe-me. Estou tirando seu tempo?”

    “Não, não. Nada disso. Eu fico feliz de ter a chance de falar com você. Você parece estar me procurando, certo?”

    Embora nervosa, Airi decidiu arriscar, afinal, fora chamada pelo nome. 

    “Sim. Eu ouvi de alguns instrutores sobre você, inclusive dos presidentes. Acabei ficando com vontade de te conhecer. Se estiver com tempo livre, que tal tomarmos um chá?”

    Uma oportunidade única. Melhor, era a oportunidade perfeita. 

    Airi sequer cogitou a ideia de recusar, ela prontamente aceitou. Então as duas se moveram para o pátio externo e pediram por um chá a um dos funcionários, que não demorou em buscá-lo.

    Enquanto esperavam, Airi buscava coragem para falar alguma coisa. Não dava para abordar um tema tão sensível de forma repentina. E se Olívia não entendesse nada? Pior, se ela fosse uma inimiga?

    Pensamentos iam e voltavam e Olívia percebeu a inquietação dela.

    “Irina Airi. Formada na Academia de Desenvolvimento como a primeira de sua turma. Com incríveis habilidades de interferências e ataques de larga escala.”

    “Ah… a senhora sabe até isso…?” Ela sorriu sem jeito. 

    “Espero não estar te deixando desconfortável. É só que eu fiquei bem admirada com o seu currículo. Existem muitos jovens habilidosos, mas poucos como você.”

    “Acho que foi apenas sorte…”

    “Sorte não levaria alguém até o seu lugar. Não precisa ser tão modesta.” 

    Olívia, apesar de ser uma figura do alto escalão, conseguia fazer sua presença se tornar confortável para quem quer que estivesse em sua presença, e com Airi não era diferente.

    Um homem se aproximou e colocou dois pratinhos com duas xícaras de chá quente sobre a mesa, além de um outro prato com alguns doces. 

    Airi sentiu o aroma do chá verde, carregado pelo vapor suave saindo da xícara. Isso ajudava a aliviar a tensão que estava sentindo antes. 

    Depois de agradecer ao homem, Olívia meteu a mão no prato e pegou um dos doces, saboreando e bebendo um pouco do chá em seguida. 

    “Humm! Sim, isso realmente combina. Chás e doces japoneses são maravilhosos juntos.”

    “Agora que eu me lembro, a senhora não é daqui, não é?”

    “Não precisa me chamar de senhora. Pode me chamar apenas pelo nome, eu não me importo.”

    “Certo? Então… Olívia-san…”

    “Assim está bom. É verdade. De onde eu venho, as coisas são um pouco diferentes. Raramente eu tenho algum tempo para relaxar dessa maneira. Agradeço, e muito, o convite de Amélie.”

    Sob a luz do sol, seus olhos prateados pareciam reluzir. Apesar da idade, sua beleza ainda se mantinha, não que ela fosse muito velha. Quando Caleb nasceu, ela tinha por volta dos 23 anos. 

    “Espero que não pareça invasivo, mas existe algum motivo muito importante para a senhora… para Olívia-san ser chamada aqui?”

    “Está tudo bem. Não é nada demais mesmo. É mais como uma diplomacia. Como organizações aliadas, temos o dever de nos reunirmos para fazer algumas verificações.”

    Se estava tudo em ordem, se não havia alguma divergência nas diretrizes de ambas as partes e coisas assim. 

    “Entendi.”

    Airi provou do chá. Era realmente delicioso. Tinha um gosto levemente amargo na língua e um retrogosto suave, o que era ofuscado pelos doces que vinham depois. 

    As duas continuaram a tomar seu chá e a conversar despretensiosamente. Airi, curiosa sobre a área de atuação de Olívia, ouvia atentamente as palavras da diretora, que também tinha bastante interesse na vida da moça de cabelos arroxeados. 

    Após algum tempo, o chá chegou ao fim. Aqueles trinta minutos pareceram horas. Foi agradável para ambas depois de tudo. 

    Porém, antes de se despedirem, Airi lembrou-se que havia algo mais para falar. 

    “Olívia-san, você tem mais um momentinho?”

    “Claro. O que foi?”

    Airi parou por alguns segundos. Ela pensava se deveria mesmo seguir com isso ou se deveria buscar outra solução. Mas havia algo em sua mente. 

    “Hoje, você não veio aqui só por estar curiosa sobre mim…”

    O que isso quer dizer? Os olhos de Olívia perguntavam isso, mas ela logo sorriu. 

    “Desculpe-me mais uma vez. Também tem algo sobre o qual eu queria falar.”

    Airi ficou surpresa a princípio. Parte dela esperava que fosse apenas um engano, mas foi provado o contrário. Então ela deu a palavra à Olívia, que assentiu e começou a falar. 

    “Eu não menti quando disse que tinha interesse em você. Eu tenho interesse em toda a equipe número oito. Porém, o motivo que me fez vir falar com você hoje é sobre Hana Tsubaki.”

    Ouvir o nome de sua amiga e colega de equipe na boca de Olívia foi mais surpreendente do que ela ter feito contato. 

    “Isso não é importante agora, mas eu conheço ela e não a tenho visto nos últimos dias. Serei direta, aconteceu algo com ela?”

    Airi parou por um momento. Ela pensava que aquilo tinha sido uma descida drástica de eventos, mas isso também era perfeito. Se Olívia pudesse ajudar, então era o melhor cenário. 

    Airi arrumou sua postura, um olhar sério em seu rosto. 

    “Sim. Hana desapareceu faz três dias e nossa única pista é um grupo de assassinos infiltrados na organização”, disse ela, com firmeza. 

    “Então os boatos são reais?”

    Airi assentiu. 

    “Temos evidências suficientes pra isso. Hana e Asahi foram atacados e um antigo agente foi morto por eles e dado como desaparecido. Além disso, eles não são os únicos. Muitos outros caíram pelas mãos deles.”

    Olívia ponderou por um momento. Talvez seus pensamentos de que havia algo errado na organização estavam certos no fim. Como prova, Airi mostrou uma imagem para ela com o celular. Era a imagem enviada pelo grupo. 

    “Esse é o Yagami. Aconteceu depois que ele foi parar na Comissão de Ética e Moral por invadir e furtar o dormitório feminino.”

    Airi contou que Hana tinha feito contato com ele e descoberto sobre Hiroaki e Luigi, enquanto Olívia olhava a imagem com atenção. 

    “Se eles são cruéis a esse ponto”, disse Olívia depois de analisar a imagem e devolver o celular. “Então Hana estar com eles há três dias não é bom sinal. O que vocês planejam fazer?”

    “Nós estamos espalhando os boatos para eles se irritarem. Se nos virem como uma ameaça maior, eles vão vir atrás de nós. Essa vai ser a nossa única chance.”

    Era uma tática arriscada. Mas a equipe número oito sabia muito bem como era estar em situações de alto risco, principalmente quando já tiveram de lidar com o homem mais perigoso daquela época. 

    “Okay. Certo. Eu vou ajudar vocês. Podem prosseguir com esse plano, mas eu vou precisar que tomem cuidado e cheguem vivos à base inimiga. Eu vou tentar falar com os presidentes e levar uma equipe para dar apoio.”

    Airi fez uma expressão de surpresa depois de ouvir atentamente. 

    “O que foi?”

    “Ah… não… nada não. Eu só pensei que isso poderia ser incômodo para você, Olívia-san. Quer dizer, nem é sua obrigação lidar com isso.”

    Airi estava preocupada se não estava apenas atrapalhando Olívia e tirando seu tempo. A mulher, porém, deu um pequeno riso. 

    “Não pense muito sobre isso. Eu já disse, não é? Eu conheço Hana, e também Amélie é uma amiga de longa data. Ela não vai ficar feliz de saber que sua aluna preferida está numa situação ruim.”

    No fim ela estava certa. Se Amélie soubesse sobre a situação de Hana, ela seria a primeira a mobilizar uma caçada pelos malfeitores. Era por isso que não tinha pior momento para ela ser sequestrada. 

    Airi e Olívia combinaram mais algumas coisas e então se despediram. 

    Depois que ela saiu, Airi sentiu talvez dezenas de olhares hostis em relação a ela. Era o esperado, afinal, o alvo estava tendo contato com uma figura importante na organização. 

    Eles vão estar preparados. 

    Ela se perguntava como aquilo iria acabar. 

    No melhor cenário possível, eles dariam um fim ao grupo e limpariam o nome da organização por ter deixado algo como isso crescer tanto em silêncio. 


    Naquela noite, logo após o toque de recolher, a equipe oito se reuniu no pátio externo. 

    “Estamos todos aqui. Vamos fazer como das outras vezes ou vamos mudar alguma coisa?”

    “Sim. Eu estou com um bom pressentimento hoje.”

    A ajuda de Olívia realmente chegou em ótimo momento. 

    “Okay. Então vamos fazer isso. Não se esqueçam de comunicar assim que encontrarem alguma coisa”, disse Ryuunosuke.

    Todos responderam com ânimo. 

    Com isso, se espalharam pelas áreas da sede e começaram a cobrir tudo o que era possível. Faziam relatórios a cada quinze minutos e silenciosamente investigavam por dentro e por fora. 

    Parecia que mais aquela noite seria infrutífera. Depois de uma hora, nada fora do normal. Passaram-se duas, três horas. Só depois disso algo aconteceu. 

    Asahi tinha acabado seu relatório quando de repente comunicou outra vez. 

    “Eu acho… que encontrei um deles.”

    Sua voz parecia meio sem vida, como se não pudesse falar nada. Isso preocupou os demais. 

    “Onde você está? Asahi, dê todos os detalhes possíveis.”

    “Ele tá parado. Tá me encarando como se quisesse me dizer alguma coisa… Ah! Droga! Ele começou a correr! Vou ir atrás dele.”

    “Pera aí! Diga onde vocês estão!”

    “Eu tô perto do portão norte. Venham rápido.”

    Sem mais palavras, toda a equipe começou a se dirigir para o portão norte para auxiliar Asahi. Eles não podiam perder a chance de capturar um membro do grupo.

    Porém, antes que se afastassem muito de suas posições originais, eles encontraram outros membros do grupo, que os encarava em silêncio e logo depois saíram correndo para algum lugar. 

    Estava claro que era uma armadilha, mas que opção tinham senão ir atrás deles?

    Eles o perseguiram até onde era possível e acabaram todos reunidos perto do portão sul ligado à floresta. 

    “Pegamos eles!”

    “Não os deixem fugir!”

    Eles estavam preparados para atacar e capturar pelo menos um. Suas armas em punho e uma determinação palpável em seus olhos. 

    Eles só não esperavam que o grupo, com um salto coordenado, subissem para o topo dos altos muros que contornavam a sede. 

    “!”

    “Tá falando sério!?”

    “Droga! A gente não pode deixar eles fugirem desse jeito”, Asahi gritou. 

    “E como nós vamos continuar a partir daqui? Não dá pra sair pelos portões. A segurança vai grudar no nosso pé.”

    “Tem que ter um jeito!”

    Airi e Asahi discutiram uma forma de passar por ali. Eles pareciam sem ideias, embora tivessem a vontade necessária para continuar. 

    “Tem uma forma”, disse Ryuunosuke, silenciando os dois. “A gente consegue. Yui. Vamos tentar aquelas suas brincadeiras.”

    “Não são brincadeiras! Bobão!”

    Diferente de muitos outros agentes, Yui levava seus treinos de forma divertida e estava sempre se movimentando de um lado para o outro sem parar. Era necessário que um agente tivesse altos conhecimentos de luta e flexibilidade para as batalhas, mas Yui com certeza era a melhor nisso. 

    Enquanto os outros dois se perguntavam o que exatamente iria acontecer, Ryuunosuke fez uma pose e uma luz brilhou em suas mãos. Depois da luz, uma espada longa de quase dois metros de comprimento e cerca de 40 centímetros de largura repousava em suas mãos. 

    A lâmina levemente vermelha tinha um brilho sobrenatural, a ponta dava a impressão de ter sido cortada com precisão, deixando-a com um design que misturava tecnologia e misticismo. 

    Ryuunosuke empunhou a grande espada e acenou para Yui. A garota animou-se, e sorriu grandemente, então ela correu e saltou sobre a lâmina, abaixando-se firmemente para ganhar impulso. 

    “Então… Vamos nessa!”

    Ryuunosuke movimentou a espada, contraiu os músculos, e com um giro do corpo, lançou Yui para cima como se rebatesse uma bola de baseball.

    “Hahahaha! Eu tô chegando!”

    O ar rasgando o rosto de Yui enquanto ela ainda estava em movimento. Assim que atingiu uma certa altura, fez sua foice surgir magicamente em sua mão, a lâmina reluzindo com um brilho roxo fosforescente, ela rapidamente a encravou na parede de concreto reforçado e riscou sua superfície na hora da queda, até que finalmente ficou estável. 

    Yui jogou seu corpo e girou como uma ginasta, pondo-se em pé sobre as costas da lâmina. 

    “Opa…! Eu consegui! Viram?! Hahaha! Eu sou a melhor!”

    A garota gabou-se, olhando os outros lá de cima. 

    “Isso é loucura…” Asahi parecia incrédulo. 

    “Você prefere sair pelos portões?”

    “Isso também seria loucura…”

    “Então não vamos perder mais tempo. Você vai conseguir fazer o mesmo com a gente, Ryuunosuke?”

    Airi já estava apegada à ideia. Além disso, com Yui lá em cima, não tinha como voltar atrás. 

    Ryuunosuke assentiu, dizendo que conseguiria mandar os dois lá pra cima da mesma forma. Só tinha um problema. 

    “Vocês não têm os mesmos meios de subir, então vão precisar pensar em uma forma de chegar ao outro lado.”

    “Tá tudo bem. Eu tenho uma ideia”, afirmou Airi. 

    “E você, Asahi?”

    “Mm… Foi mal. Eu não tenho como fazer o mesmo, então vou acompanhar Ryuunosuke pelos portões mesmo.”

    Mesmo que o líder da equipe pudesse lançar os outros, ele não podia fazer o mesmo consigo. Então era óbvio que ele tinha outro caminho em mente. 

    Ryuunosuke riu, mas não se opôs. 

    Então ele se preparou para lançar Airi. 

    Devido a fatores como peso e tamanho que eram diferentes entre as duas garotas, o cabeça da equipe teve que impulsionar o lançamento um pouco mais. A lâmina brilhou mais forte, um brilho carmesim. 

    Whoosh!

    Airi foi lançada no ar, indo de encontro a Yui. Assim que chegou até ela, em um movimento rápido antes de iniciar a queda, ela pôs o pé direito na parede. 

    É um pouco arriscado, mas eu tenho que tentar. 

    Seu cérebro fez os cálculos necessários e um pequeno distúrbio gravitacional ocorreu abaixo de seu pé, firmando-o na parede por alguns segundos. Enquanto isso, ela estendeu a mão para Yui.

    “Segure-se em mim!”

    “Okay!”

    Sem pensar muito, ela o fez. Airi agarrou a mão da garota e a lançou mais uma vez para o topo do muro. 

    Minha vez.

    Ela controlou o distúrbio e o usou como uma espécie de repelente, que a empurrou violentamente para cima. Devido a instabilidade da habilidade, ela acabou indo rápido demais, mas conseguiu pousar em segurança sobre o espesso muro.

    O coração acelerado. Airi olhou para a altura colossal do muro e soltou um suspiro. 

    Eu ainda tenho muito a melhorar…

    “Incrível! Airi-chan! Você consegue fazer isso?!”

    “Ainda não está muito bom… Mas vamos andando. Não podemos mais perder tempo. Asahi e Ryuunosuke vão nos encontrar logo, então é melhor adiantarmos algumas coisas.”

    “Certo! Vamos salvar a Hana-nee!”

    Entusiasmada e sem pensar duas vezes, Yui correu para o outro lado e saltou. Airi não a impediu; pelo contrário, fez a mesma coisa. Mas isso não era algo maluco ou arriscado. Diferente da parte interna, a parte externa era coberta por uma área montanhosa que acobertava as instalações em todas as extremidades, como uma camuflagem natural. 

    Como se a sede tivesse sido construída no centro de uma montanha.

    Airi e Yui adentraram a densa floresta do parque e seguiram rumo ao lugar que achavam ser o caminho certo. 

    “Tenha cuidado, Yui! Não sabemos de onde eles podem vir.”

    A partir dali, elas estavam totalmente fora das seguranças da Strike Down. Isso significava que tinham liberdade para lutar, mas que também não teriam a quem recorrer caso fossem emboscadas. 

    Elas saltaram por entre a floresta úmida e não demorou muito para os inimigos darem as caras. 

    Uma flecha foi disparada contra Airi, mas Yui a refletiu com sua foice em mãos, um sorriso animado estampado em seu rosto. 

    “Finalmente chegaram.” Airi se armou com um bastão retrátil que estava em sua cintura de cor verde metálico, que no momento em que foi acionado, revelou duas lâminas nas pontas. 

    Os agressores não esperaram para atacá-las. Algumas flechas rasgaram o ar, mas foram desviadas pelas habilidades das duas garotas. 

    Outros, armados com adagas, avançaram e iniciaram um confronto direto, enquanto os portadores das bestas atiravam sem parar. 

    Whoosh!

    Clang! Clang!

    Airi e Yui se mantiveram firmes, atacando aqui e ali e protegendo uma à outra, cobrindo seus pontos cegos. 

    Havia muitos deles, mas elas tinham experiência em lidar com múltiplos inimigos. 

    “Hahahahah! É só isso que vocês conseguem?!”

    Yui estava eufórica. Ela balançou sua foice horizontalmente e três inimigos foram cortados e lançados contra algumas árvores. 

    “Yui! Não fique muito longe!”

    A veterana da garotinha saltou e girou seu bastão, derrubando outros três. Antes que pudesse respirar, uma corrente com uma lâmina na ponta serpentiou pelo ar e prendeu o bastão, puxando-o com firmeza. 

    “Acha que é o suficiente?”

    Airi forçou as mãos em direções opostas e sua arma se dividiu em duas. Então cravou uma delas na corrente, prendendo-a no chão, e disparou com a outra em mãos até o inimigo portando a corrente, que sequer teve chance de reagir. 

    Swoosh!

    Seu abdômen foi cortado pela lâmina, que refletia a luz da lua. 

    “Airi-chan!”

    Yui gritou por ela e quando a mulher se virou, se deparou com um corpo vindo rápido em sua direção, o qual Yui chutou fortemente. Airi levantou sua perna direita e a deslizou no exato momento em que ele se aproximou, enterrando no chão. 

    Uma cratera formou-se abaixo dele e destroços voaram em todas as direções. 

    “Eu já disse para ter cuidado!”

    “Desculpinha~ Hehe.”

    As duas se reagruparam no centro, seus olhos fixos nos inimigos. Em poucos minutos, mais da metade deles estava no chão, então o restante decidiu que era melhor atacar com mais força. 

    Uma luz surgiu de uma parte da floresta. 

    Blash! Blash! Blash!

    Três projéteis de água atingiram o bastão de Airi. 

    “Então decidiram usar poderzinho… Yui, se controle um pouco.”

    “É pra já!”

    Com um sorriso brilhante no rosto, a garotinha empunhou sua foice na frente do corpo, uma luz de cor fúcsia envolveu a arma. 

    “Aqui vou eu!”

    Whoosh!

    Yui disparou, deixando um rastro brilhante para trás, que iluminou parte da floresta. 

    O agressor não perdeu tempo e continuou a disparar projetos de água translúcidos, mas ele não foi capaz de parar a garota, que estava tão rápida quanto ele podia acompanhar. 

    Slash!

    Ele foi brutalmente dividido ao meio, seu sangue tingiu as folhas e galhos no chão, como uma rápida chuva.

    “Eu disse para ela se segurar…” Diante daquela situação lamentável, Airi só conseguiu desviar o olhar. 

    Mas não era hora de pensar sobre isso. 

    Outra luz brilhou do lado de Airi e uma rajada de fogo queimou as árvores em sua direção. Ela desviou agilmente e então avançou, atingindo fortemente aquela pessoa com seu bastão, que perdeu a consciência imediatamente. 

    Ainda mais ataques explodiam por todos os lados, transformando aquela parte do parque em um brutal show de luzes e explosões brilhantes com Yui e Airi no centro disso. 

    Já havia focos de incêndio espalhados ao redor. 

    Porém, em menos de cinco minutos, os inimigos foram reduzidos a três. Três, estes, que fugiram floresta adentro, vendo que não poderiam vencer. 

    “Eu vou pegar vocês! Hahahaha!” Yui saiu eufórica atrás deles. 

    “Ei! Peraí!”

    Elas os perseguiram em uma busca frenética, mas acabaram perdendo-os de vista. Parecia que tudo estava perdido, mas não tinha como elas estarem mais enganadas. 

    “Yui, fique perto de mim!”

    Airi chamou a garota, uma sensação estranha no ar em volta. 

    Não era só impressão. Por um segundo, Airi viu como se o espaço em volta delas estivesse sendo distorcido. Ela parou, atônita.

    Realmente tinha algo lá, mas… ao mesmo tempo, não tinha. 

    “O que é essa coisa…?”

    Airi poderia jurar que tinha visto seu reflexo em pleno ar. Era como se algo dobrasse o espaço e estivesse existindo lá, mas antes de estar lá realmente. 

    “Airi-chan… o que tá acontecendo?”

    Yui parecia estar na mesma situação. Era como se elas estivessem presenciando algo totalmente fora da realidade, algo impossível.

    Isso é alguma habilidade deles? Droga. Eu não consigo imaginar o que vai acontecer… Isso é…

    A respiração da mulher travou. Alguns pensamentos choveram em sua mente. 

    Espera.

    Ela piscou algumas vezes. 

    Espera, espera. Eu já vi isso antes.

    Talvez fosse apenas impressão. 

    Eu tenho certeza. Foi naquela vez, no vídeo que eu vi quando usei a sala nível 3… 

    Em uma investigação secreta, Airi teve permissão para usar a sala e acabou vendo algo sem querer. Era um arquivo confidencial. Um tipo de estudo que ainda estava em desenvolvimento. 

    Manipulação de energia pura.

    Era o nome do documento. Era apenas uma simulação que mostrava como poderia ser a utilização da energia primordial presente em todos os portadores. Não parecia ser possível, as chances estavam abaixo de zero. Tentar separar a energia do elemento base e da ID era como tentar separar um núcleo atômico em partes menores. 

    Ou era, até agora.

    O que elas estavam presenciando naquele momento era, sem dúvidas, manipulação de energia pura. 

    Ela podia ver claramente algo como três esferas no ar, rodeando-as e girando cada vez mais rápido, como se criassem uma espécie de área demarcada em torno delas. 

    Queimá-las, cortá-las ou então desintegrá-las. Não dava para saber o que aconteceria a seguir. Elas só sabiam que era perigoso demais ficar ali. 

    Precisavam sair do centro daquela área o mais rápido possível. 

    Yui tentou. Ela movimentou sua foice e disparou um poderoso corte de energia fúcsia, mas o golpe desapareceu como se fosse poeira jogada ao vento. 

    “O quê—?!”

    Ela tentou outras vezes, desesperada. Mas só conseguia o mesmo resultado. 

    “Yui, não tente mais.”

    “Então como a gente vai sair?!”

    A pequena garota estava assustada. Airi também estava, mas ela precisava ser racional. Estava claro que as habilidades estavam sendo absorvidas por aquela energia invisível.

    Afinal de contas, elas não deveriam ser separadas. 

    Como o estudo dizia: assim como o fogo precisa de calor para queimar, as IDs precisam de energia pura para existir. Portanto, separá-las era como retirar o calor do fogo. 

    Mas estava acontecendo. Estava ali, a sua frente, a prova de que não era impossível. 

    Nesse caso, já que ela absorve de volta tudo o que deveria estar com ela, então a única forma de pará-la é com algo que absorva ainda mais…

    E a única coisa que poderia absorver algo tão poderoso era apenas uma coisa supermassiva, a mais perigosa e destrutiva força do universo. 

    Mesmo assim… é perigoso demais. Se eu não calcular direito…

    Um pequeno erro e nada restaria. Os riscos eram muito maiores do que as chances de dar certo. 

    Por outro lado, era a única chance de saírem dali vivas. Elas já podiam sentir arrepios e sensações de queimação na pele, os olhos estavam começando a enxergar cores e formas que não deveriam, sem contar que suas mentes pareciam estar cada vez mais sobrecarregadas. 

    “Fique bem perto de mim.” A mulher puxou a garotinha para mais próximo de seu corpo, garantindo que pudessem sentir o calor uma da outra. 

    Essa é uma habilidade que eu não tenho domínio nenhum, justamente porque não devo usá-la dessa forma. Tem que sair tão pequena quanto uma moeda e tem que ser tão rápido quanto eu possa perceber. 

    Airi fechou os olhos, as mãos estendidas à frente do corpo. 

    Só por um segundo… não, por meio segundo. Se eu fizer isso, então devo conseguir evitar grandes danos. 

    Ela desejava do fundo de seu coração. Se errasse uma coisa, por menor que fosse, poderia colocar talvez o mundo inteiro em perigo só para parar um grupo de três pessoas. Mas a ameaça da energia pura pairando no ar em volta era perigosa o suficiente para ela ter que recorrer a isso. 

    Afinal, não era algo contra o qual correr ajudaria a escapar. Em contato com aquilo por um único segundo, era morte instantânea. E aquele círculo parecia se fechar cada vez mais. 

    Airi então se concentrou. Ela juntou os pulsos suavemente, mergulhando em um silêncio profundo. Então girou as mãos para a esquerda, sentindo uma tensão se acumular em suas palmas. Era como um pequeno choque e todo o universo havia parado, apenas esperando sua ordem. 

    “…”

    Um som assustador, mas quase imperceptível chegou aos seus ouvidos e desapareceu. Uma ventania em sua pele

    “…!”

    Airi abriu os olhos. A visão já não era mais a mesma de segundos atrás. Haviam árvores, folhas e muitas outras coisas antes dela fechar os olhos. 

    “Deu certo…?”

    Ela olhou ao redor. Parecia que sim. O terreno agora estava devastado, vazio. Só havia ela e Yui no centro de uma clareira artificial sem vida, nem mesmo os três membros do grupo secreto estavam mais ali. 

    Eles estavam vivos? Fugiram? Ou será que…

    Eles foram engolidos?

    Perguntas sem respostas martelavam em sua mente, mas não era hora para saná-las. 

    Airi verificou Yui. Ela estava bem. Assustada, mas bem. Em um piscar de olhos, ela tinha sentido diferentes sensações que não conseguia explicar — seu silêncio dizia isso. 

    De qualquer forma, era hora de continuar a busca por Hana. Por sorte, havia muitos dos inimigos há alguns metros dali, elas podiam simplesmente obrigar um deles a levá-las até a base inimiga. 

    <—Da·Si—>

    Hana estava em algum lugar entre o consciente e o subconsciente. 

    Cada choque parecia rasgar seus nervos e pele de forma violenta. Já não restava forças para aguentar. Ela estava à beira da desistência. Já havia se passado mais de setenta e duas horas desde que fora presa e em nenhum momento teve descanso daquela tortura. 

    “Você vai realmente morrer. É melhor que ache uma forma de sair daí logo.”

    Akira já tinha dito isso várias vezes, pacientemente, com uma voz que não parecia se irritar com a demora. Ele parecia disposto a continuar com isso até que não fosse mais possível. 

    Do que ele está falando?

    A mente da garota só conseguia divagar em seus pensamentos.

    Ele estava insinuando que ela podia tentar fugir? As algemas eletrônicas já tinham sido retiradas, mas os membros dormentes de seu corpo não respondiam. 

    A luz da eletricidade clareou a sala mais uma vez. Hana apenas sofria em silêncio. 

    “Vamos, vamos. Eu sei que você consegue.”

    Os olhares frios do Câncer da Strike Down pairando sobre ela com certa expectativa. 

    Então Akira se afastou. Ele largou as agulhas no chão. Será que tinha desistido?

    “Desligue o dispositivo”, disse. Então um som suave e sutil foi percebido e desapareceu de repente. 

    O homem encarou a garota por alguns segundos e sorriu, batendo palmas

    “Mesmo sabendo que não era possível, você continuou tentando. Que garota forte que você é. É por isso que ele acredita em você.”

    Akira sentiu o minúsculo fluxo de energia em volta da garota. Ele percebeu que ela estava perto de conseguir, mesmo que inconscientemente. 

    “Ei, você.” Ele apontou para um membro aleatório, que respondeu seu chamado prontamente. “Ataque ela, com a sua habilidade mais forte.”

    Sem questionar, ele se preparou. Estendendo a mão, uma luz violeta a envolveu. Aquele era o poder capaz de tocar uma pessoa por dentro, diretamente através de sua pele e ele planejava usar isso na garota. Ele não estava pensando se isso poderia matá-la ou não, apenas estava fazendo o que o mandaram fazer. 

    Seu alvo escolhido, portanto, foi o pulmão esquerdo. Ele aproximou sua mão e a luz se intensificou. 

    Fwoosh!

    De repente desapareceu, como se algo o tivesse levado embora. Ele tentou mais uma vez. Não era impressão, realmente tinha acontecido algo que não fosse sua falha. 

    O membro confuso, Akira sorrindo animadamente. 

    “Ela conseguiu… Somente com estímulos externos… Ela conseguiu usar manipulação de energia pura.”

    Então esse era o objetivo. Fazer a garota usar aquele nível de poder em seu estado completo. Mas esse não era o único motivo para tal. Se fosse apenas isso — usar energia pura — então qualquer um daqueles ao seu redor conseguiriam, embora uns fossem mais talentosos que outros. 

    É claro que não é só isso. Essa garota, Hana, possui um poder especial que ele quer muito. 

    Diante de seu olhar eufórico, uma luz vermelha pulsante envolveu a garota deitada na maca e iluminou a sala. Aquele membro que a tinha atacado viu uma espécie de fio enrolar-se em seu pulso, e entrou em desespero quando o fio começou a se estender por seu corpo. 

    Ele se afastou, tentando cortar a ligação, mas não houve efeito. Clamou por ajuda, mas ninguém se moveu. Em poucos segundos, ele foi completamente envolvido pelo fio luminoso. Não causava dor, não parecia agressivo, mas o que o deixava assustado era que parecia estar puxando algo de dentro dele. 

    Os fios ficaram tensionados e a sensação se mostrou verdadeira. Algo foi puxado de dentro dele, deixando apenas um vazio em seus últimos suspiros. Ele caiu, sem consciência. Um cristal girava no ar, brilhando intensamente com uma luz violeta. 

    Os olhos de Akira e de todos os seus subordinados vislumbraram o efeito da nova habilidade. Havia um misto de horror com admiração em seus rostos. 

    “É belo… Ku Ku… Kuhahahaha! Como é perfeito. Era isso o que você queria, Yang?! O poder de ter qualquer coisa ao seu controle?!”

    O homem desabou a rir.

    Então houve uma explosão. 

    A atenção de todos foi levada para um grupo de quatro pessoas que invadiu a sala com olhos furiosos. 

    “Até que enfim chegaram… Se viessem um pouco mais cedo, teriam contemplado a maravilha que acabamos de criar.”

    Akira lembrou-se de ser sarcástico com o grupo enfurecido que acabara de chegar. 

    “Seu lunático…”

    “O que vocês fizeram com a Hana?!”

    Os olhares furiosos recaíram sobre Akira, mas ele manteve seu sorriso e tom calmo. 

    “Ué. Isso não deveria ser óbvio? Ela meteu o nariz onde não devia, então tem que pagar o preço. O mesmo vale pra vocês.”

    Ao seu comando, os agentes inimigos sacaram suas armas e atacaram sem hesitar. 

    “Agora que chegaram aqui, vão morrer todos juntos, como uma bela equipe!”

    “Malditos…”

    Inimigos chegaram de várias direções, as lâminas brilhando sob a luz sutil que vinha de fora. Mas era a hora da retaliação. A equipe oito já teve seus maus momentos nas mãos deles, então nada melhor que dar o troco. 

    Eles se prepararam e contra atacaram assim que o contato aconteceu. 

    Yui foi a primeira. Ela movimentou sua foice e começou a atacar todos no caminho. Ninguém se importou em pará-la e apenas sangue marcava a sua trilha.

    “Vocês vão pagar pelo que fizeram com ela!”

    Asahi também deixou de lado seu trabalho como analista e pegou a arma em sua cintura. 

    Ryuunosuke e Airi fizeram o mesmo. Sendo os mais velhos, eles tinham a obrigação de evitar que os mais novos se envolvessem em problemas, porém, naquele momento, não fazia mal nenhum deixá-los extravasar. 

    Então a luta chegou ao seu ápice pouco tempo após começar. Com seus olhos brilhando em fúria e determinação para salvar a garota, eles atacavam com toda a sua força, e não se importavam se alguém do lado adversário morresse. 

    Clang! Clang! Bang!

    A sala foi levada à ruína com os choques de lâmina e disparos intensos que irromperam pelo subsolo, além das habilidades usadas com pouca restrição. 

    Depois de dezenas de subordinados, eles chegaram até o líder e o encurralaram, mas o homem parecia disposto a não ser pego, então ele saltou para o mais longe possível, deixando livre o caminho até Hana. 

    “É o fim da linha! Se você desistir agora, vamos deixar você ir sem tomar uma surra muito grande”, disse Asahi, lançando um olhar hostil para o homem. 

    A maior parte dos seus subordinados já estavam no chão, prova de que a equipe número oito não se segurou muito no ataque e conseguiram reprimi-los com certa facilidade. Essa era apenas uma prova do verdadeiro tamanho da força desse grupo. 

    Akira ficou surpreso a princípio. Ele esperava que não fosse muito difícil, mas também não esperava tamanha facilidade. 

    “Hahahaha! Acham mesmo que acabou por aqui? Ainda tem muito pra vocês pararem uma organização que cresceu por décadas e se manteve tão firme quanto um fungo em uma tábua. Vocês não vão nos vencer!”

    Como soldados aguardando fielmente o comando do rei, os agentes inimigos se levantaram e se posicionaram ao lado dele, mostrando que a luta ainda não havia acabado. 

    “Vocês são apenas intrometidos. Nada mais que pequenas pedrinhas pairando à beira do caminho. Eu vou chutá-los para bem longe, tão longe que nunca mais poderão ser vistos… E então, ninguém mais se lembrará de vocês, ou do que já fizeram—”

    “Por que apenas não cala essa sua boca?”

    Airi se dirigiu ao homem, seu semblante completamente furioso. 

    Ela havia checado a situação de Hana. Seu corpo sem forças, os olhos sem brilho e queimaduras graves espalhadas por todo o corpo, resultado de uma intensa terapia de choque durante três dias. 

    Por causa disso, era óbvio que Airi não iria manter sua calma habitual. 

    “Vocês sequestram e fazem o que bem entendem com os outros, pensando que estão acima de alguma coisa… Vocês vão acabar aqui! Eu não vou permitir que saiam ilesos depois do que fizeram com ela!”

    Seu estado era o de alguém prestes a perder o controle, assim como Yui estava, mas sua raiva tinha se convertido boa parte em lágrimas e ela estava ao lado da Hana, segurando sua mão. 

    “Hunf! Apenas ameaças vazias… Vocês não têm coisa melhor para dizer? Estão pensando que são os heróis? É melhor medir suas palavras, sua vadia.”

    “O que você falou?!”

    Airi deu um passo à frente. Passo este que pareceu abalar a estrutura da sala. 

    “Airi, não caia nas provocações dele. Ele só quer que percamos o controle para tentar dar a volta por cima.”

    Ryuunosuke tentou trazê-la à razão. Porém, Akira continuou;

    “Será mesmo? Quer pensar em quem está certo? O que você acha, senhorita Airi Irina, criança maldita da classe AD 3B? Você não se esqueceu do que fez lá, esqueceu? Claro, como o monstro que você é, já deve ter se esquecido… ou talvez esteja aí chorando por dentro como uma putinha, querendo se redimir dos seus pecados.”

    A voz encheu a sala com um clima sombrio, o ar denso pairava sobre eles com um peso enorme. O silêncio após as palavras deixou tudo pior, quase dava para ouvir os pensamentos curiosos sobre o que o homem estava falando.

    Airi recuou um passo ao ouvir e rapidamente a chama da ira ardeu mais fortemente em seu coração. 

    “Não fale nada disso! Que merda você sabe?!”

    “Eu sei de muita coisa. Até mesmo dos nomes. Quer ver? Rihito, Sabrina, Alice… Nossa! Tem tantos que eu acho que levaria a noite pra contar.”

    “Eu vou matar você!” Impulsivamente ela levantou a palma da mão em direção a Akira. Um distúrbio espacial girando de forma espiralada começou, mas foi interrompido pela mão de Ryuunosuke, que parou a mulher. 

    “Airi, para com isso! Ele só tá te provocando! Abra os olhos! Nós temos algo mais importante pra fazer!”

    Ryuunosuke tentou convencê-la outra vez. 

    “Hahaha! Você só vai matar todo mundo mesmo? É realmente um monstro”, Akira disse entre risos. 

    Esse foi o estopim para Airi. Ela levantou a mão direita mais uma vez.

    “Seu desgraçado—”

    Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, ela sentiu um toque leve e frio em sua mão esquerda. 

    “Não… Airi-san… Você não pode…”

    A voz rouca e quase inaudível de Hana ecoou atrás dela. Como mágica, toda a raiva de Airi desapareceu. 

    “Hana-nee!”

    “Hana-san!”

    Uma onda de alívio recaiu sobre a equipe oito, todos ficaram aliviados de ver sua companheira ao menos conseguir falar. 

    “Hana… Me desculpa… Eu…” Lágrimas brotaram dos olhos da mulher, que não pôde contê-las. 

    “Tá tudo bem… Airi-san… Eu vou ficar bem”, disse a garota. 

    Por um segundo, o clima parecia ter se ajeitado, mas parecia ser isso o que Akira esperava. Ele queria que baixassem a guarda. Então estendeu a mão direita e tomou um objeto esférico brilhante do tamanho de uma bolinha de gude que pairou no céu de repente. 

    “Morram.”

    Assim que a bolinha chegou perto de seus dedos, ela foi disparada com um peteleco, mas foi tão rápida quanto uma bala.

    “Pessoal—!”

    Quando eles perceberam era tarde demais para fazer qualquer coisa. Eles seriam atingidos em poucos segundos.

    A única coisa que eles não esperavam, era que Asahi já tinha previsto esse movimento, então ele se colocou no caminho da esfera, que atingiu seu peito como uma bolinha de metal.

    Houve um clarão.

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