Índice de Capítulo

    “Okay, entendi”, disse Mayck enquanto segurava o celular firmemente.

    Eram cerca de nove horas da manhã. O clima do lado de fora estava levemente frio, sinal de que o inverno estava próximo. 

    Encostado na parede do lado de fora da casa dos Tsubaki, ele conversava com alguém pelo celular, mais especificamente, Airi.

    “Eu ainda estou preocupada, então se puder cuidar dela um pouco, eu agradeço muito”, disse a mulher, sua voz não carregava muita emoção. 

    “Tudo bem. É melhor você descansar bem, Airi-san. Vocês passaram por bastante coisa.”

    “Mm. Muito obrigada por tudo, Mayck-kun.”

    Ela desligou em seguida, deixando apenas o bip de chamada encerrada. Então Mayck guardou o celular. Seus olhos fixaram-se no céu nublado. 

    O ar gelado entrou em seus pulmões e saiu como uma fumacinha branca, que se dispersou no ar. 

    “Fuuu…”

    O frio transpassando seu moletom deixava uma sensação neutra de desconforto e calma. 

    Lentamente, ele se virou e caminhou até a porta da casa e a abriu. Seus pés hesitaram, mas ele se recompôs sem problemas e seguiu em diante. 

    O cheiro do café fresco impregnou suas narinas. Depois de fechar a porta atrás dele, Mayck subiu as escadas até o quarto de Hana. Ele bateu na porta. 

    “Hana? Posso entrar?”

    Esperou por uma resposta e ouviu apenas a voz quase inaudível da garota. Ele assumiu que poderia entrar, então o fez. 

    Assim que abriu a porta, viu uma escuridão quebrada apenas pela luz que passava pelas cortinas acinzentadas, o que era raro de se ver, já que aquele quarto costumava ser bem iluminado. 

    Movendo os olhos para a cama, ele encontrou sua amiga, imóvel, os olhos sem brilho fixos no chão. Havia bandagens em várias partes do seu corpo para esconder os ferimentos e hematomas que ficaram. 

    Ela estava aérea. Sua mente completamente vazia, ou talvez cheia demais para ela conseguir se concentrar em algo. 

    “Er… Como você está?”

    Mayck perguntou, hesitante. Hana apenas acenou com a cabeça em resposta. 

    Bem, era compreensível. Depois de tudo o que aconteceu nos últimos dias, não era estranho uma falta de reação tão grande. Ela estava quebrada tanto de mente quanto de espírito, e Mayck entendia isso — partia seu coração vê-la daquela forma. 

    Sem poder encará-la, ele abriu a boca, querendo fechá-la. 

    “… Me desculpe por não ter estado lá pra te ajudar. Eu não sabia que a situação estava tão ruim assim…”

    “Tudo bem… Não é culpa sua”, disse ela com sua voz apática, carregada de uma frieza incomum. 

    O assunto morreu por aí. O clima estava pesado demais para manter uma conversa. Mayck acabou sentindo um nervosismo anormal. 

    “Er… Eu preparei um café e algumas torradas, então se quiser… Tem o suficiente para Tsukiko-san também, então não se preocupe. Eu vou ficar lá embaixo, se precisar é só chamar.”

    Talvez devesse dar um tempo a ela, ele pensou e estava prestes a sair, mas a voz da garota o impediu antes que ele fechasse a porta. 

    “Espera. Fica… só mais um pouco.” Ela o olhou nos olhos pela primeira vez em algum tempo. 

    Isso fez o coração dele palpitar. 

    Ele encarou aqueles olhos rubis sem vida e não os reconheceu, mas tinha uma sensação familiar. 

    Esses olhos… já os vi várias vezes no espelho. 

    Ele sentia a dor que sua amiga estava enfrentando. Poderia até descrevê-la nos mínimos detalhes. Embora com algumas diferenças, as circunstâncias deles não eram tão diferentes. 

    Hana fez um gesto para Mayck se sentar ao lado dela e ele assentiu e o fez. Assim que se sentou, a cabeça dela repousou silenciosamente em seu ombro. 

    “…”

    Não diziam uma única palavra, apenas deixando o tempo passar, enquanto sentiam o calor um do outro. 

    Mayck a olhava de relance. Não podia ver seus olhos, apenas via o cabelo negro e sedoso caindo sobre ele. Movido por um sentimento estranho, ele passou seus dedos por entre os fios, sentindo uma suavidade em sua mão; também sentia o tecido áspero das bandagens. 

    Isso é estranho, dizia consigo. Seus batimentos estavam acelerados, diferente de antes e diferente da garota que permanecia quieta. 

    De repente, Mayck se viu pensando nos cabelos, na pele clara e macia de Hana e sentia-se bem estando ali. Ele desejava que não precisasse sair dali nunca mais. 

    O que é isso que eu tô pensando? 

    Era estranho demais. Ele nunca tinha pensado nisso antes, mas…

    Ela é tão linda…

    E antes que pudesse pensar em mais alguma coisa, foi surpreendido por outro olhar vindo de Hana. Ela inclinou sua cabeça para vê-lo. 

    “Mayck…”

    “Mm?! O-o que foi?”

    Ele rapidamente desviou os olhos dela, seu rosto queimando. 

    Um turbilhão de pensamentos confusos invadiu sua mente e ele ficou inquieto, foram as palavras da garota que o trouxeram de volta. 

    “O que eu fiz de errado…?” A pergunta com tom melancólico o fez refletir. 

    O garoto não estava esperando por isso, então prendeu a respiração por um momento. Era uma pergunta que ele mesmo já tinha se feito há um tempo e continuava fazendo. 

    Responder por si era difícil. Dizer que não havia feito nada de errado parecia egoísta, mas ele também não conseguia pensar que era inocente diante de tudo. Porém, para Hana, a resposta era simples. 

    “Você não fez nada de errado”, respondeu. 

    “Então porquê? Por que as coisas acabaram assim? É por que eu sou fraca? Eu sou inútil demais para lidar com as coisas como você? Eu não entendo.”

    Ela agarrou a camiseta do garoto, suas mãos trêmulas. Esperava ansiosamente por uma resposta. 

    A culpa e a ansiedade lentamente consumiam-na por dentro. Ela não se lembrava do que aconteceu depois de algumas horas de tortura e isso a atormentava. No máximo, ela lembrava de ver Asahi se machucar e isso era o suficiente para lhe causar dor. 

    “Você não é inútil.” Mayck pôs sua mão sobre a dela. “Não é nada disso. Você é forte, Hana…”

    “Se eu fosse, nada disso teria acontecido…”

    “Não dá pra prever tudo o que vai acontecer a cada segundo. Ninguém esperava por isso e nem nós sabemos o que vai rolar daqui alguns minutos. Então não se culpe por isso.”

    Olha só quem tá falando…

    Mayck se sentia um completo hipócrita falando dessa maneira. 

    Que direito eu tenho?

    Era ele quem estava sempre se culpando quando as coisas saiam errado. 

    “Então o que eu faço? Não importa o quanto eu pense que era inevitável, não consigo parar de imaginar que eu poderia ter evitado… Airi, Ryuunosuke, Yui e principalmente Asahi… Eles se colocaram em perigo porque eu fui capturada.”

    “E isso não é algo bom?” Mayck sorriu levemente. Mas seu sorriso tinha algo escondido. 

    Hana piscou, surpresa.

    “Veja só, você é especial. Especial o bastante para eles se arriscarem por você. Eu sei o que você sente. Às vezes é difícil mesmo. Por mais que você aceite que errou, essa voz diz que você não tem mais o direito de continuar.”

    A mão direita do garoto tocou no rosto de Hana, e ele lançou um olhar afetuoso. 

    “Mas, Hana, você é diferente. Tudo o que eu fiz até aqui foi só… por ser egoísta. Eu tentei de tudo, pensando que nada poderia mudar… que as coisas tinham que ficar como estavam…”

    Ele parou de falar repentinamente; as palavras presas em sua garganta.

    O que estava prestes a dizer era um tabu em sua alma. Ele jamais, em circunstância alguma, conseguiria admitir que tinha medo do futuro. Era por isso que ele tentava ao máximo se manter no controle de tudo. 

    “De qualquer forma”, continuou. “você não pode se prender a isso, Hana. Você tem seus próprios objetivos. E também, se serve de alguma coisa, eu vou estar aqui sempre por você. Em todo e a qualquer momento.”

    A essa altura, seus rostos estavam tão próximos que podiam sentir a respiração um do outro. Os rostos vermelhos e com expressões complexas se encaravam fixamente. 

    “Está tudo bem mesmo? Eu sou fraca comparado aos outros… sou só uma garota que precisa de ajuda em tudo… Eu posso mesmo confiar nos outros assim?”

    “Você pode, com certeza.”

    O silêncio pairou mais uma vez. Hana sentiu um calor misterioso abraçar seu corpo, um sentimento agradável invadiu seu coração, ao mesmo tempo que uma excitação a dominava.

    Seu coração batia forte, quase saindo pela boca. O rosto estava tão quente que a temperatura do quarto não fazia diferença. 

    “Mayck…”

    Apesar de tudo, se ela fosse descrever o que estava sentindo depois de ouvir aquilo, seria a simplicidade de uma felicidade genuína. Talvez estivesse interpretando mal a mensagem, mas ela não se importava.

    Ambos se perderam no olhar um do outro e já estavam muito mais próximos. Mayck viu aqueles olhos rubis carregados de um novo brilho, aqueles lábios avermelhados e um rosto encantador. 

    Eles se esqueceram de tudo por um momento. O silêncio não era incômodo, mas parecia que o mundo estava pequeno, reduzido a apenas eles dois. 

    Mayck acariciou gentilmente seu rosto. Suas mãos estavam um pouco frias, mas Hana parecia não se importar. Ela fechou os olhos e segurou firmemente em sua camiseta, deixando-se levar.

    O sentimento era mútuo. Talvez aquele momento fosse um ponto de virada para ambos. 

    Está… tudo bem? Eu posso fazer isso?

    As batidas de seu coração lhe diziam para ceder. Seus lábios chegaram tão perto um do outro que podiam senti-los mesmo sem os encostarem realmente. 

    Mas então —

    Um sentimento de culpa o atingiu como uma lâmina fria, congelando todo o seu corpo.

    Imbecil. É claro que não.

    Mayck se afastou rapidamente e desviou o olhar. Suas mãos estavam trêmulas e os batimentos acelerados. 

    Hana ficou surpresa com a reação e voltou a si, ficando totalmente desconcertada. Mais do que envergonhada pelo que poderia acontecer, ela estava decepcionada por não ter acontecido. 

    “Por que você…”

    “Desculpa. Eu tenho que ir agora.” Ele saiu do quarto apressadamente, deixando para trás uma Hana confusa e abalada, que se questionava se o sentimento era realmente mútuo. 

    Ela levou a mão ao peito. Sim. Seu coração ainda palpitava fortemente. Porém, um pensamento amargo preencheu sua mente.

    Será que ele… Não me vê do mesmo jeito?

    Ela mordeu o lábio inferior; sentia como se tivesse sido rejeitada. O calor do momento ainda permanecia, mas era lentamente consumido pela frieza da solidão novamente. 

    Talvez não fosse para acontecer, afinal. 

    Ela encarou a porta por onde ele havia escapado… Não tinha coragem para ir atrás dele, no entanto. 

    ****

    Mayck saiu da casa de Hana sem olhar para trás. Seus passos tão acelerados quanto seu coração. 

    Foi por pouco… 

    Ele cobriu a boca. Ainda conseguia sentir o calor e a maciez dos lábios de Hana, mas balançou a cabeça para dissipar os pensamentos. 

    Que merda eu estava pensando? ‘Está tudo bem fazer isso’?

    Mesmo dizendo que ficaria ao lado dela em todas as situações, ele não podia sequer cogitar olhar para ela romanticamente — dentre tantas pessoas, ele era completamente indigno disso. 

    Vê-la feliz de longe era o mais próximo que  poderia chegar. 

    Quando percebeu, seus pés já o haviam levado para aquele parque cheio de lembranças. Havia algumas crianças se divertindo por ali, e ele pôde enxergar alguns reflexos do seu passado, como quando brincavam com Kin naquele lugar. 

    Sua expressão imediatamente decaiu, refletindo seu espírito exausto. 

    Não posso…

    A mente turbulenta, lotada de pensamentos de rejeição, os quais estavam ali para lembrar de seus crimes passados. Apesar de tudo o que passou até esse dia, ele ainda não tinha conseguido superar e seguir em frente. Estava ali, na mesma maldita espiral de culpa que o consumia impiedosamente dia após dia. 

    Diferente dele, Hana ainda não havia afundado. Ela ainda tinha salvação. Sua alma ainda não tinha sido corrompida e empurrada para um abismo sem fim. 

    Isso não pode acontecer. Eu tenho que evitar que ela se machuque ainda mais…

    Um forte desejo de estar com a garota a todo momento queimava forte em seu peito, mas ele lutava para resfriá-lo. 

    Afinal, separados era o futuro ideal. 

    Quanto mais pertos estivessem, mais ela seria arrastada para o mesmo ciclo vicioso de dor em que ele estava se afogando. 

    O garoto soltou um suspiro trêmulo. Tinha planos para alguns dias à frente, mas agora eles eram inúteis; teria que pensar em outra coisa para não envolver Hana outra vez. 

    Parece que nem tudo tá no meu alcance…

    Um olhar solitário apareceu em seu rosto, mas depois de respirar profundamente, se converteu novamente em seu típico olhar frio. Porém, ele carregava uma enorme intensidade, sinal de que uma decisão fora tomada naquele momento. 

    Mas eu ainda vou procurar o responsável por ter feito isso com ela. Eu, definitivamente, não vou deixar que saia impune. 

    Mayck não havia se esquecido disso, era algo que ele estava pensando desde que Airi lhe contou a situação pela primeira vez. 

    Não importava quem era, o garoto estava decidido a perseguí-lo até onde fosse necessário. 

    <—Da·Si—>

    A porta da sala de Investigações Executivas foi aberta, então Airi, Ryuunosuke e Yui saíram.

    “Obrigada pelo esforço.” Eles cumprimentaram os agentes que estavam ali e se afastaram em silêncio. 

    Eles haviam passado por um longo interrogatório depois de terem se recuperado na enfermaria nas últimas horas. 

    Depois que Asahi foi atingido pelo orbe, houve uma explosão de ar, cuja pressão o arremessou para longe e lhe causou ferimentos terríveis. Por causa disso ele estava em estado grave e foi internado em uma das alas de tratamento intensivo da sede. 

    Após isso, os inimigos ainda de pé tentaram atacar, mas Airi e os demais foram salvos por um esquadrão liderado por Olívia, que subjugaram  e eliminaram o grupo sem problemas, incluindo o líder, que resistiu, mas não foi páreo para tantas forças. 

    E foi isso o que os levou até aquele ponto. 

    Enquanto caminhavam em silêncio pelo corredor, eles levantaram os olhos e viram Olívia se aproximando. Não só isso. Atrás dela, vinha uma garota cabisbaixa, que sequer tinha coragem de olhar para a frente. 

    “Eu pensei que encontraria vocês. Deu tudo certo?” Olívia se adiantou. 

    “Uhum. Eles disseram que vão continuar investigando para saber mais sobre o Câncer”, respondeu Ryuunosuke. 

    “Isso é bom. Lamento pelo amigo de vocês. Vou estar torcendo pela recuperação dele.”

    Eles assentiram. 

    “Obrigado por tudo, Olívia-san.”

    “Não se preocupem. Aliás, tem alguém aqui que precisa muito falar com vocês, certo, Mei?”

    A mulher de olhos prateados deu espaço para a garota, que ainda encarava o chão, aflita. 

    Apesar de tudo, ainda havia uma pergunta não respondida acerca de como Olívia sabia sobre o desaparecimento de Hana. Mas essa era uma questão simples. 

    Foi na noite anterior ao ataque da equipe número oito, que Olívia, ao sair para um passeio fora da sede, encontrou Mei inconsciente no meio da floresta. Intrigada, a levou para dentro e a deixou-a descansando em seu quarto, além de cuidar dela. 

    Quando Mei acordou, estava desesperada, e ao contar o que aconteceu ficou inconsolável, pedindo que Olívia salvasse Hana. Foi isso que a levou a procurar Airi. 

    A mulher contou tudo à equipe número oito e disse que Mei procurava se desculpar. Então, de certa forma, aquele encontro já estava premeditado. 

    No entanto, antes que Mei pudesse dizer qualquer coisa, Airi se aproximou dela sob passos pesados e ergueu a mão direita. 

    Plaft!

    Sua mão foi enterrada no rosto da garota, que ficou em choque. Restou apenas uma marca vermelha e ardente em sua bochecha esquerda. 

    “Airi?!”

    Ryuunosuke também ficou perplexo. Apesar de partilhar do mesmo sentimento da mulher e de Yui, ele não esperava essa ação impulsiva vindo dela. 

    “Como você teve coragem de fazer isso? Ela gosta tanto de você, mas você foi capaz de traí-la desse jeito?”

    O motivo de Hana ter sido sequestrada foi porque Mei a entregou. Quando isso chegou aos ouvidos de Airi, seu sangue ficou fervendo por esse momento. 

    “Me desculpa—”

    “Isso não vai mudar nada! O que você tinha na cabeça?!” 

    Mei não encontrava palavras para falar alguma coisa. 

    “Então você fazia parte deles… Você é uma criminosa também”, disse Yui, seus olhos queimando em ódio. 

    “Yui…” Uma navalha transpassou seu peito. E pensar que tinha tanta amizade com aquelas pessoas. “Eu… eu tinha um acordo com eles… Não pensei que seriam tão horríveis…”

    “Ah! Não pensou? Então um grupo de assassinos infiltrados, que mataram centenas de agentes a sangue frio, te disseram para entregar a sua amiga e você simplesmente faz? Mei… como você pôde fazer uma coisa dessas?!”

    A voz de Airi fez o corredor estremecer.  

    Além dela, ninguém ousava dizer nada, embora fosse algo que envolvia a equipe toda. Yui apenas segurava sua raiva em silêncio, enquanto Ryuunosuke encarava Mei com um olhar severo. 

    “Eu sei que eu errei… Não era para ter acabado assim… Eles disseram que apenas iriam prendê-la por um tempo e então a soltariam, mas eles mentiram pra mim! Quando eu tentei consertar era tarde demais… eu juro! Eu não queria que fosse desse jeito.” 

    Lágrimas brotaram nos olhos da garota. 

    “Não queria… Mas você a machucou. Por sua culpa, Hana passou por momentos terríveis. Ela não parava de tremer mesmo quando a levamos para casa. Sem contar que Asahi pode nem levantar mais. O que você conseguiria com isso tudo, hein?”

    Mei tropeçou em suas palavras, enquanto sua visão ficava desfocada. Ela pôs a mão trêmula sobre o peito.

    “… Me-me desculpa… Eu sei que isso não é o suficiente pra vocês me perdoarem, mas eu preciso que vocês me deem uma chance…! Airi-san, eu imploro…! Eu quero corrigir isso… Eu amo Hana-senpai, ela é uma amiga preciosa pra mim também—”

    “Não vem com essa”, Airi a cortou impiedosamente. Ela cerrou os dentes e apertou os olhos. “Você perdeu o direito de chamá-la assim no momento em que a traiu.”

    Esse foi o ultimato. A garota foi apedrejada por aquelas palavras. Ela sentiu algo quebrando dentro de si. Era o preço pelo que fez. Era o preço da realidade acima de ações egoístas. 

    “Não apareça mais na nossa frente”, disse Airi, deixando-a para trás. Ela seguiu, sem hesitar e sem olhar para trás. Afinal de contas, não tinha nada a perder ficando mais tempo ali. 

    Ryuunosuke e Yui seguiram após ela, fuzilando Mei com duros olhares de reprovação. Eles se afastaram, não só fisicamente, mas também cortaram qualquer ligação que uma vez tiveram com ela. 

    Mei não ousou olhar para trás. Ela sequer conseguia fazer isso. Seu rosto perplexo só era capaz de encarar o piso branco e frio do corredor. 

    Ah… Eu estraguei tudo…

    Ela se deu conta de que estava tudo perdido. 

    Por que… por que acabou assim?!

    A aflição de alguns minutos se transformou numa onda de remorso que a afogava aos poucos.  

    Só havia feito isso para proteger alguém importante, nada mais. Mas quem iria compreendê-la? Quem se importaria com seus sentimentos agora?

    Não havia ninguém para confortá-la — o que fizera foi imperdoável e tudo o que ela podia fazer era aceitar essa amarga verdade. 

    Mei caiu de joelhos e soltou um grito sufocado. Ela chorou como se o próprio coração estivesse se desfazendo. Cada lágrima carregava o peso do arrependimento, mas nenhuma capaz de lavar a culpa que estava sentindo.

    Bom, então mais um volume chegou ao fim. Reviravoltas intensas e conflitos sufocantes. O que acharam dos últimos arcos? Eu fiz o melhor que pude mesmo com tanta coisa pra fazer, então espero que tenha ficado, no mínimo, interessante para você, leitor.

    Nós próximos arcos, teremos situações muito mais complexas, então prepare-se para coisas novas e plots de explodir a cabeça.

    Maic uma vez, Obrigado por ler até aqui. Fico feliz que esteja gostando dessa história que eu tenho tanto carinho, e conto com você nos que estão por vir.

    Até logo ; )

    RxtDarkn

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