Índice de Capítulo

    “Então foi isso o que aconteceu…”, sussurrou Sora após ouvir um relato detalhado de Sky. “Mas eu fico feliz que vocês estejam bem.”

    Apesar de terem se reencontrado após longos e frios dias, o clima ainda estava pesado. Não era possível por um sorriso no rosto e fingir que estava tudo bem depois de receber aquelas notícias ruins.

    Sora respirou fundo, o ar saiu de sua boca como uma fumacinha e se perdeu no ar. 

    “De qualquer forma”, disse Sky. “Nós temos que seguir com o plano da oposição. Se podemos ajudar, então temos que fazer o nosso melhor.”

    Sora assentiu. 

    “Mesmo assim… M-san… ele parece ainda não querer cooperar. Ele não é do tipo que recua por qualquer coisa. Se Nivorah for tão terrível quanto ele disse, então não vai ser tão simples.”

    “É verdade. Mas não é como se desse pra voltar agora. Além do mais, Takeda-san desconfia que isso tem algo a ver com o que estamos procurando. Se isso for verdade, então é mais um motivo pra gente continuar, não é?”

    “…”

    A garota de cabelos azuis respondeu com um aceno de cabeça lento. Ela parecia incerta. Seus olhos vagaram pela neve, como se procurasse alguma pista para o que quer que a perturbasse. 

    Sky percebeu isso, então sorriu. Ela envolveu a mão direita de sua amiga com suas duas mãos. Sora olhou para ela. 

    “Ei. Relaxa. Vai ficar tudo bem. Você se lembra do que veio fazer aqui?”

    “Hm? Eu… queria evitar que vocês se machucassem …”

    “Isso! Seu objetivo não mudou, certo? Só ficou maior. Você quer proteger as pessoas da cidade. Evitar que elas se machuquem. Você não está errada. Não se preocupe se está colocando a vida de alguém em risco. Nós estamos aqui por você, e fomos nós que escolhemos isso”, disse. 

    Ela segurou as mãos dela com mais força, sentindo o frio de seus dedos avermelhados indo embora lentamente. 

    “Então só faça o que tem vontade. Eu tô aqui pra te apoiar, certo?”

    Não havia muito o que temer. Pelo menos naquele momento. 

    Sora segurou as mãos de Sky e retribuiu o gesto com um sorriso gentil nos lábios. 

    “Certo.”

    “Hm! Ótimo. Agora vai. Você tem algo pra fazer, não tem? Eu vou voltar até os outros. Quando nos vermos de novo, vamos estar terminando isso tudo.”

    Sky tentou se afastar, mas percebeu que Sora ainda segurava firme em suas mãos. 

    Ela não podia julgá-la. Afinal, também queria ficar ali, sem sair de perto por mais nem um segundo. 

    Entretanto, elas precisavam assumir suas próprias tarefas. 

    “Tome cuidado.”

    Suas mãos deslizaram suavemente, soltando-se de Sora, e então ela saiu sem olhar para trás. Sabia que se fizesse isso talvez não conseguiria mais coragem para se afastar, mesmo que fosse por mais um pouco de tempo. 

    Sora viu suas costas indo para longe, para além da muralha externa. Seu peito estava palpitando, sendo espremido por uma sensação estranha. Mas, agora, ela sabia o que tinha que fazer. 

    Eles passaram por tudo isso apenas para me passar uma mensagem. Eu não posso decepcioná-los.

    Primeiro de tudo, precisava convencer Mayck a enxergar o outro lado e cooperar. 

    *****

    Determinada, ela voltou ao castelo. 

    Os corredores largos e extensos ainda estavam vazios, sem guardas, então ela conseguiu passar sem problema nenhum. 

    Eles estavam em um jantar, certo? Já acabou?

    Pensou se deveria ir até o quarto onde Mayck deveria estar naquele momento e falar com ele. Não havia tempo a perder. Se tivesse sorte, conseguiria até convencer os outros quatro a ficarem ao seu lado. 

    Ela dobrou mais alguns corredores seguindo para o quarto, quando ouviu uma voz. Ela rapidamente parou e se esgueirou pela parede, fazendo o máximo de silêncio possível. 

    Quem são?

    As vozes não estavam muito claras, então ela se concentrou. Pouco a pouco, conseguiu discernir as falas.

    “Entendi. Então eles não conseguiram… Tudo bem. Avise-os que estarei aqui para ajudar.”

    “Sim, princesa.”

    Era Eirlys, acompanhada de uma figura alta, coberta por um manto branco. Pela voz, parecia uma mulher. 

    Ela fez uma leve reverência e então desapareceu para algum lugar. Deixando a princesa sozinha, pensativa. 

    Seus olhos azuis pareciam estar vendo algo no chão que a deixou concentrada demais para perceber alguma coisa ao seu redor.

    Sobre o que estavam falando? 

    Sora continuou em seu lugar, pensando no que faria alguém do nível de Eirlys se encontrar com uma pessoa suspeita num corredor vazio do castelo. Se ela procurasse, com certeza encontraria algo. 

    Poderia deixar de lado por enquanto e investigar depois, mas que momento perfeito ela teria para fazer isso se não agora?

    Decidida, ela saiu de seu esconderijo, os passos ecoando pelo corredor chegaram aos ouvidos da garota um pouco distante e a despertaram como sinais de perigo. 

    “Quem está aí?” Ela se virou bruscamente, seu tempo de reação parecia muito bom para uma pessoa delicada, se não fosse apenas pânico pelo surgimento repentino de uma nova figura. 

    “Sou, eu, Eirlys, Sora.” Seu rosto se iluminou graças a luz que passava pela janela, que também fez seu cabelo brilhar com o céu noturno.

    “Ah, Sora. Você me assustou.” Ela respirou aliviada. “O que está fazendo aqui a essa hora? Está se sentindo melhor?”

    Ela lançou-lhe um sorriso gentil, como se nada tivesse acontecido. Ao que tudo indicava, a princesa parecia ter acreditado na história de que ela tinha ficado doente. 

    Sora retribuiu o mesmo sorriso.

    “Sim. Estou melhor. Apenas decidi sair para tomar um ar. Ficar no quarto o tempo todo é um pouco cansativo… Mas o que você tá fazendo aqui também, princesa? Achei que seus horários eram bem rigorosos.”

    Como princesa de Nevéria, ela tinha uma lista de obrigações a cumprir, como dormir e acordar em horários específicos, ter refeições preparadas com base em alimentos saudáveis e tudo mais. Era de se estranhar se ela não cumprisse algum deles, ainda mais sendo uma garota tão recatada. 

    Eirlys recuou um pouco, mostrando um pouco de receio em responder, mas então disse:

    “E-eu só não consegui dormir… Amanhã começa o evento, então tenho me sentido um pouco ansiosa.”

    A garota deu uma risada leve.

    Seus olhos corriam para diferentes cantos, mas não pararam em Sora. 

    “Eu imagino como deve ser. Ainda mais com as coisas que aconteceram recentemente. Essa coisa de oposição e tudo mais.”

    Sem preocupação, ela jogou as cartas na mesa, esperando para ver sua reação. Como pensou, Eirlys recuou um pouco mais e tentou desviar o assunto. 

    “É verdade. Mas vai ficar tudo bem. Afinal, todo o reino está envolvido nisso, então meu pai não vai deixar nada de ruim acontecer. Bom, está tarde. É melhor irmos pra cama. Amanhã será um dia cheio.”

    Eirlys se curvou lentamente e Sora fez o mesmo. Então a princesa seguiu pelo corredor e a garota a observou até perdê-la de vista. 

    Sora inflou as bochechas, frustrada. 

    Hmm! Eu não sou boa em conseguir informações.

    Irritada com sua incompetência nesse assunto, ela pediu desculpas aos seus colegas. Definitivamente, arrancar informações das pessoas de forma sutil não era parte de seu talento. 

    Rompendo isso, ela continuou seu caminho para o quarto de Mayck, mas quando chegou lá, não o encontrou. 

    “Não o vejo desde que saiu do jantar. Onde será que ele se meteu?”

    “Provavelmente saiu pra passear sozinho de novo. Ele sempre faz isso.”

    Masaki e Koji não foram as melhores fontes de informação também. 

    Aliás, já fazia algum tempo que ela não via o vice-capitão desde que se falaram da última vez. Era como se ele estivesse fugindo dela ou a evitando. 

    O pensamento a fez inflar as bochechas ainda mais. 

    De qualquer forma, só lhe restava continuar procurando, ou então esperar até o dia seguinte. Mesmo que precisasse agir urgentemente, não era como se ela estivesse desesperada. Com calma, poderia resolver todas as pendências. 

    … Ou assim esperava.

    <—Da·Si—>

    Mayck se moveu discretamente da sala de jantar para a biblioteca. Havia um plano simples em sua mente: descobrir mais sobre Nevéria e seu passado. 

    Ele apenas não conseguia digerir o fato dos idiomas e a história que Eirlys contou sobre a origem do reino. Parecia tudo artificial demais. A base de toda a sua desconfiança na história era principalmente o fato de ser inconcebível que um monstro criaria vida naquele lugar. 

    Aquela hora, a biblioteca estava vazia, bem diferente de como era durante o dia, mas permanecia aberta, então ele entrou sem problemas. 

    Escuridão não era problema para os seus olhos. Ele passou por diversos setores, encontrou vários livros de temas diferentes e os folheou rapidamente, buscando algo que servisse de informação precisa. 

    “Esse não… esse também não.”

    Para sua má sorte, a maioria dos livros estavam com os idiomas misturados e aqueles que ele conseguiu reconhecer não tinham nada realmente relevante para sua pesquisa. 

    “Será possível que eu só encontre no meu idioma se for alguma classificação mais alta?”

    Pelo que ele viu durante sua estadia em Nevéria, apenas o rei, seus filhos e alguns nobres falavam a sua língua, assim como outras mais atuais. 

    “Se esse for o caso, então deve ter uma seção específica pra eles.”

    Olhou ao redor. Percebeu uma escada do outro lado. Sem hesitar, foi até ela e subiu. 

    “Olha só… Bingo.”

    O primeiro livro que pegou naquela seção estava em inglês. Embora seus conhecimentos fossem limitados, ele conseguiu interpretar uma coisa ou outra, e percebeu que o livro era quase um manual de instruções para a nobreza. Nada importante pra ele. 

    E assim ele seguiu puxando um livro e outro. Finalmente achou livros nos três idiomas que ele conhecia. Porém, para sua decepção, o conteúdo ainda não lhe era tão relevante assim. 

    “Realmente não vai ter nada?”

    Ele olhou frustrado para um livro de capa branca e o folheou sem muita esperança. 

    “Um livro de história?”

    O título dizia: Conto dos Heróis de Nevéria.

    “Ei, ei… isso parece bom.”

    De repente, ele ficou empolgado e abriu o livro. Havia diversas histórias de nomes antigos que passaram pelo reino nos seus séculos de existência. Histórias de bravura e de criadores, de criminosos e reis. 

    Mayck passou pelas páginas absorvendo apenas o que lhe parecia mais relevante, e sem que percebesse chegou ao final do livro, com uma história que datava de vários anos atrás, segundo a edição do livro, mas estava incompleta.

    Chamava-se: O rei tolo. Mas não havia nada além do título, como se alguém tivesse esquecido de escrever a história.  

    “Quem é que deixa a história incompleta?!”

    O garoto ficou frustrado mais uma vez. Suas mãos apertaram o livro com força. 

    Ele suspirou, então guardou o livro no lugar. Parecia que esse era o mais longe que ele conseguia chegar buscando ali. Cruzou os braços e bateu o pé no chão levemente, os olhos distantes, pensando em alguma solução. 

    Por alguma coincidência ou por algum instinto, seus olhos se voltaram na direção da última prateleira. Ela era composta por algum material denso, cristalizado mas tinha um tom diferente do restante. Quando Mayck a tocou, percebeu que ela se movia. 

    Um sorriso atrevido apareceu em seu rosto. 

    Quando estava prestes a abrir aquele compartimento secreto, uma voz soou bem próxima dele. 

    “Nem mesmo os filhos têm permissão para entrar aí.”

    “Eu pensei que poderia explorar um pouco.”

    Ele se virou. Eirlys estava parada, segurando um tipo de lamparina. Era um cubo que parecia flutuar e girar lentamente acima de sua mão enquanto uma chama azul queimava em seu interior. 

    “Posso saber qual a sua razão para ter vindo aqui, caro convidado? Já é tarde para sair dos quartos.”

    “…”

    “Você não ficou muito à vontade no jantar de hoje. Tem algo te incomodando?”

    Ela tinha um sorriso gentil no rosto. 

    “Sempre que eu te vejo, você está acompanhada por guardas. Onde estão eles agora?”

    A princesa não respondeu. 

    “Hm. Eu sei que você me seguiu até aqui. Se tem algo pra me contar, vá em frente.”

    “Acho que você entendeu errado, caro convidado…”

    “Você sabe que os forasteiros somos nós, não sabe?”

    “Do que você está falando?”

    Pela primeira vez, ela mostrou sinais de recuar com a pergunta. Então Mayck continuou. 

    “Você nos viu e nos chamou de convidados. Poderia ter nos confundido, claro, mas os verdadeiros nunca apareceram.”

    Por conta disso, Mayck percebeu que havia algo mais por trás dessa confusão. Era quase como se alguém já tivesse premeditado que eles chegariam ali no castelo, naquele momento. E então a princesa entraria e os salvaria de serem jogados na prisão. 

    Conveniente demais. 

    “Olha, não tô querendo ser chato, mas…” ele fez uma pausa e então mudou seu idioma para português, certo de que isso teria algum efeito na garota. “Os únicos que agiram de forma ‘amigável’ com a gente foram os opositores.”

    A princesa arregalou os olhos, um calafrio percorreu seu corpo e ela recuou mais alguns passos. Nesse momento, dois choques a atingiram. O fato de ter sido descoberta e ouvir o idioma real, que apenas a alta corte podia falar, na boca do forasteiro. 

    As palavras se prenderam em sua garganta. 

    “Co-como…?”

    “Como eu posso falar? É fácil. O mundo não se resume à Neveria.”

    Os olhos trêmulos dela fitaram Mayck, enquanto um turbilhão de pensamentos invadiu a sua cabeça. 

    Porém, diferente de seu irmão, ela já sabia sobre a existência de um mundo maior lá fora, embora não houvesse provas concretas disso. 

    “E então, princesa, de qual lado você está? Você sabe o que existe dentro da montanha, não sabe?”

    Ela não respondeu imediatamente. Seu rosto ficou sombrio, ela apertou os punhos, tentando conter seu nervosismo. 

    “Qual é o seu objetivo?”

    “Eu só quero ir embora… Mas antes eu tenho que ajudar aqueles idiotas compulsivos, que se meteram em problemas que não eram nossos”, disse. “Você aprova o que seu pai planeja fazer? Ouvi dizer que ele quer interferir no ritual, e isso pode dar muito errado.”

    Eirlys ainda não respondeu. Continuou olhando para os próprios pés. 

    “Além do mais, você já queria a nossa ajuda desde o começo, não é?”

    Se não fosse por isso, então ela não teria feito nada quando o rei ia jogá-los na prisão. Melhor, ela não teria seguido as instruções da oposição, com quem ela está cooperando. 

    “Eu não queria que as coisas acabassem assim…”

    “Oi?”

    Mayck inclinou a cabeça. Ela começou a falar algo totalmente diferente. 

    “Eu não sabia que meu pai planejava fazer algo tão perigoso. Pensei que Kaelric estava mentindo, mas quando vi aquilo… eu não soube mais o que pensar.”

    O garoto se perguntava sobre o que ela estava falando, mas, por ora, decidiu que deveria apenas ouvir. 

    “Eu sempre acreditei na divindade de Nivorah, até mesmo quando minha mãe foi levada. Sei que deveria apenas aceitar, mas eu senti falta dela, e comecei a questionar a divindade… por medo e raiva…”

    Ela apertou o punho trêmulo.

    Em um dia que deveria ser como os outros, a princesa recebeu a visita de uma mulher. Ela se apresentou como Elira e apontou os crimes que o rei tinha planejado para o futuro. 

    Obviamente, ela não acreditou. Ninguém acreditaria. Era absurdo demais. Eirlys ficou receosa. Por mais que não quisesse aceitar as palavras da mulher que consideravam uma criminosa, não conseguia simplesmente ignorar suas palavras. 

    Afinal, era uma acusação muito grave. 

    Arden sempre foi um ótimo pai e um exemplo como rei. Ninguém cogitaria a possibilidade dele estar tramando contra o reino. 

    “Eu decidi não confiar cegamente em ninguém”, disse ela. “Mas nessa mesma biblioteca, nessa mesma porta… eu vi meu pai entrar e o segui. Foi lá que eu ouvi e fui obrigada a acreditar que o reino estava em perigo.”

    Ela presenciou uma reunião secreta com a Comissão da Lâmina Fria, então tudo ficou claro. 

    “Eu fui egoísta. Pensei que apenas eu estava sofrendo com a partida da minha mãe, mas meu pai também está.”

    Ela já o tinha visto passar vários minutos encarando o quadro de sua mãe, em silêncio. Os olhos carregando um brilho melancólico, que jamais se viu no rosto de um rei. 

    Ele está querendo vingança contra Nivorah? 

    Mayck abaixou a cabeça e ponderou por um momento. 

    Com o relato de Eirlys, essa parecia ser a trama da história. 

    Um homem que perdeu a esposa e agora quer que o reino pague por isso… Onde eu já vi esse filme?

    Bastava procurar em sua memória e ele conseguiria dizer que era realmente parecida com a história de uma outra pessoa. 

    “Mesmo assim…” Algo ainda parecia incerto. O garoto levantou a cabeça e encarou a princesa com um olhar firme. “Beleza. Eu tenho que dar uma olhada nessa sala escondida, então?”

    Eirlys piscou algumas vezes.

    “Eh? Por quê?”

    “Se você quer a minha ajuda, eu preciso de informações. Quanto mais melhor. Você quer parar o seu pai, não quer? Por isso está ajudando a oposição.”

    A garota parou. Ela teve que admitir. 

    “Isso… está certo. Mas mesmo assim, não tem como você entrar. Apenas o meu pai consegue abrir esta porta.”

    Mayck franziu o cenho, como se visse uma mentira descarada. Mas Eirlys bateu o pé no chão, parecendo desesperada. 

    “É sério! Existem mecanismos que só certas pessoas conseguem abrir usando a energia do anel.”

    “Hm… Nesse caso, eu vou ter que pegar o anel do seu pai.”

    “Quê?”

    Vendo a expressão cética da garota sobre o que acabara de ouvir, Mayck gesticulou, tendo que explicar o óbvio. 

    “É. Eu vou ter que roubar o anel do seu pai. E você tem que me ajudar com isso.”

    “Isso eu entendi!”, esbravejou. “Mas você é louco? Como conseguiria fazer algo assim?! Meu pai tem guardas em todos os cantos. Você sequer chegaria perto dele sem permissão!”

    “Só precisamos de um plano”, respondeu o garoto. Seu tom ficou mais sério. “Sem ver o que tem lá dentro, eu não posso ajudar. Além disso, o tempo tá acabando. Eu quero pelo menos ter uma garantia caso a oposição falhe.”

    “…”

    “A gente não tem porquê esperar. Eu só preciso de uma confirmação. Você quer salvar seu reino, não quer? Quer proteger sua família e fazer seu pai voltar à realidade.”

    Eirlys encarou o chão em silêncio. Os cabelos caindo sobre o rosto, os olhos azuis com um brilho melancólico. 

    Ele estava certo. Ela sabia que não havia muito tempo sobrando. Dentro de três dias, se nada fosse feito, Nevéria afundaria em caos. Pensar nisso a deixava ansiosa e o aperto no peito crescia cada vez mais…

    Mas tudo o que ela conseguia fazer, era esperar que Kaelric e Elira cuidassem de tudo. Não havia nada que ela pudesse fazer, realmente, por conta própria, apenas sentar e ser usada como uma marionete para o que fosse necessário. 

    Entretanto, agora Mayck estava lhe oferecendo a oportunidade de se mover nos bastidores e salvar o reino com suas próprias mãos. 

    Ela só precisava aceitar. 

    “Bem, eu não vou te atormentar por isso. Eu vou estar esperando bem aqui amanhã, caso você mude de ideia.”

    Sem mais palavras, ele deu uma última olhada na garota cabisbaixa. Então saiu. 

    Os resultados seriam revelados amanhã. 

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