Capítulo 29 - Em posição
Depois de se preparar mentalmente, Mayck achou melhor entrar em contato com alguém que o pudesse ajudar. No entanto, ainda era cedo para isso. Primeiro tinha que dar um jeito de enganar a família.
Jade falou sobre sua ID. Ela era uma habilidade capaz de manipular os sentimentos dos outros, mas com uma condição bem específica — o alvo deveria estar caindo de amores por ela.
Por isso, o plano de Célia era fazer Mayck e Jade terem um caso e, inevitavelmente, o garoto se apaixonaria por ela. Assim, eles teriam o controle emocional dele em mãos.
No entanto, isso não funcionou. Mayck recusou a investida de Jade e a fez confessar seus verdadeiros sentimentos. Consequentemente, Jade se tornou uma aliada.
Na frente da família, os dois iriam fingir que o plano havia funcionado.
Jade era uma boa atriz, ela poderia fingir ter Mayck sob controle tranquilamente. Sua ID permitia manipular os sentimentos de seu alvo, mas não queria dizer que ele faria o que ela quisesse, como, por exemplo, tirar a vida de alguém que ele ama mais que ela. Com essa condição em mente, Mayck tomaria cuidado com o que obedeceria e com o que rejeitaria.
Algumas horas depois que o restante retornou para casa, o clima se tornou um tanto enigmático. Daquela vez, todos estavam fingindo completamente. Era como um palco de mentira, onde os atores não faziam ideia de que era uma encenação por parte dos outros.
A família dividiu, entre si, as experiências do dia no shopping. Para manter a farsa, Jade e Mayck afirmaram que se perderam do restante da família e decidiram voltar para casa — eles fingiram que acreditaram. Sabiam que era mentira, mas achavam que era uma forma de fingir na frente do garoto, que, por outro lado, sabia tudo isso.
Lorena estava com uma cara saudável. Não havia indícios visíveis de que ela passou por uma experiência problemática depois do falso entretenimento. Arthur e Manuela estava agindo como sempre. O mesmo valia para Ronaldo e Mizael que estavam trabalhando para serem amigáveis o máximo possível.
Takafumi e Tomoko não tinham ideia do que acontecia por baixo dos panos. Para eles tudo aquilo era real. A família unida e todos se dando bem.
Mayck preferiu manter toda essa situação fora do conhecimento deles. Porém, ele sabia que como Eugênio já tinha o que queria — ao menos ele imaginava assim — então manter sigilo sobre essas coisas não teria tanta importância.
Por outro lado, é possível que ele tente usar meus avós como reféns contra mim.
Esse era o motivo pelo qual Mayck estava fingindo estar sob o controle da [Dominadora], como eles chamavam, de Jade.
A noite chegou e, como esperado, Mayck foi convidado a passar a noite na casa da família Ferreira; ele aceitou.
Novamente, iria dividir um quarto com Arthur, mas isso já estava nos cálculos do garoto. Portanto, se ele estivesse completamente certo, teria que confrontar seu primo ali mesmo. Mayck, claro, esperava que nada acontecesse e para sua sorte, a noite foi tranquila. Não houve movimentos por nenhum dos lados.
Chegou o dia seguinte e, assim como haviam ensaiado, Mayck e Jade plantaram a ideia de vitória na cabeça da família. Eles fingiram que Jade possuía o controle das emoções do garoto. Claro, a ID não a deixava ter controle sobre a consciência do alvo e nem era capaz de ditar todas as suas ações. Mas o poder de influência sobre elas era irreal.
Se, pensando de outra forma, Jade ficasse famosa e conseguisse admiração suficiente para se tornar um ídolo para uma multidão, ela poderia fazer esse grande número de fãs devotos caminharem rumo a uma rebelião mesmo sem entenderem o motivo.
Para ter uma chance de vencer com um número pequeno de aliados, Mayck precisava de todas as informações sobre seus inimigos. Encontrar um único elo fraco entre eles seria um bom começo — isso daria a oportunidade para diminuir suas forças e aumentar as chances de vitória.
Toda a família se dividiu pela casa e começaram a fazer coisas distintas. Alguns faziam a limpeza, outros assistiam TV e outros apenas ficaram se entretendo com a primeira coisa que acharam.
Mayck estava sentado no sofá em frente a televisão, que estava transmitindo um programa de culinária, algo bem comum em um dia de domingo. Perdendo o interesse no programa, ele se levantou e foi até o banheiro.
No caminho de volta para a sala, ele tinha que passar em frente ao quarto de Célia, isso era inevitável. Quando chegou em frente a porta, ouviu vozes do outro lado.
“Escutem bem, se vocês ficarem com essa briga e arruinarem tudo, os dois serão punidos.”
“Mas, mãe, foi a Manuela que…”
“Eu não quero saber. Faça a sua obrigação direito, Arthur.”
Pelo tom de voz que ouviu, Mayck assumiu que era uma bronca e também pelo fato dito pela própria Célia. No entanto, a pergunta era o porquê da briga. Ciúmes? Algum erro? Não importava o que fosse, o garoto viu ali a oportunidade perfeita para começar a se mover.
Se afastou do quarto e voltou para a sala. Minutos depois, Jade se aproximou e com ela vieram seus dois irmãos mais velhos, Ronaldo e Mizael, e também Manuela.
Na superfície, eles disseram que estavam ajudando Manuela e Jade a estudarem, porém, era claro que a verdade não era essa. Havia um outro motivo por trás.
“Mayck, me ajude a arrumar meu quarto.” O pedido não foi feito como pergunta e, sim, como uma ordem. A ideia era que Jade provasse que Mayck estava sob seu controle.
Mayck já sabia do plano e simplesmente aceitou dizendo que estava tudo bem. Logo, ele seguiu Jade até o quarto dela.
“‘Me ajude a arrumar meu quarto’. Isso foi tudo o que conseguiu pensar?”
“Foi… desculpa.”
“Bom, não foi algo tão grande, mas talvez tenha servido para enganar eles. Se não, nós só precisamos continuar.”
Mayck se sentou na cama e respirou fundo. Jade manteve a cabeça baixa, com várias dúvidas que entravam em sua mente como invasores. Notando isso, Mayck decidiu que seria bom confortá-la.
“Está insegura?”
“Não… eu… só estava me perguntando se eu posso realmente enganá-los…”
Essa incerteza era justificável. Não fazia muito tempo que ela tinha enfrentado aquela realidade. Para falar a verdade, ela nunca fugiu disso, apenas decidiu ir contra o seu passado, confiando suas costas a alguém que ela nem conhecia o poder.
No entanto, apesar de saber esses motivos, Mayck ainda não queria revelar tudo a ela. Se possível, ele gostaria de finalizar todos esses incidentes sem precisar revelar nada. Mas só poderia saber se isso seria possível no final de tudo.
“Tá tudo bem. Não se preocupe. Se algo ruim acontecer, eu protejo você e a Lorena”, ele falou com um tom de certeza para, ao menos, amenizar as dúvidas na cabeça de Jade.
“Certo… Eu confio em você.”
“Fico feliz em ouvir isso. Agora, precisamos planejar o que vem depois, mas isso não é possível aqui. Precisamos evitar falar esse tipo de coisa quando eles estão por perto.”
“Eu vou ter cuidado.”
“Então conto com você.”
Os dois chegaram a um acordo. Para que o restante da casa não desconfiasse, eles continuaram no quarto por mais alguns minutos, colocando as coisas no lugar. Não podiam permitir que alguém desconfiasse naquele ponto. Caso isso acontecesse, eles estariam em maus lençóis e uma batalha direta seria inevitável.
“A propósito, Jade…” Mayck decidiu perguntar sobre o que presenciou mais cedo.
“O que foi?”
“Existe alguma brecha entre Manuela e Arthur?”
“Uma brecha…? O que isso quer dizer?”
“Hmm… Tipo uma diferença entre aqueles dois. Algo que faça Célia preferir a Manuela, invés do Arthur.”
Mayck procurou informações para organizar em sua cabeça o diálogo que ouviu antes no quarto de Célia.
“Ah, isso? Bem, tudo o que nos difere como irmãos é o quanto somos úteis. Ronaldo e Mizael, por exemplo, são os preferidos, já que são úteis. Arthur e Manuela também. Mas Manuela é mais útil se comparada a ele.”
“Hmm…”
Que situação complicado. Essa família é pior do que eu pensei.
Na família, aqueles que tinham valor para o objetivo da família eram os mais importantes. Jade, por não ter algo tão útil para eles, era tratada como um estorvo, o que não era o caso do restante de seus irmãos.
Então existe algo que um possa fazer melhor que o outro… hein? Mas o que será? A ID… ou talvez outra coisa?
“Além disso, quem você acha que é mais apegado à Célia e ao Bruno?”
“Bom, eu acredito que o Arthur seja mais chegado a eles. Manuela é bem mimada, então ela passou a ser um tanto indiferente com o tempo.”
“Oh… Entendi. Obrigado por isso.”
Mayck chegou a uma conclusão rapidamente. Teria uma ótima oportunidade ali. Ele pôde imaginar que tinha uma relação fragilizada no meio daquele grupo e poderia usar isso. Com apenas alguns empurrões, poderia dar um jeito de quebrá-los de dentro para fora.
Se a relação tiver uma rachadura, então ela pode ruir com a menor das colisões.
Sem perceber, Mayck deixou escapar um pequeno sorriso de satisfação em seu rosto, mas Jade não percebeu, pois estava ocupada guardando alguns livros em uma gaveta. Ele a abordou novamente e lhe passou algumas instruções.
Após se passar o tempo de espera para arrumar o quarto, os dois retornaram para a sala, onde todos haviam se reunido e começaram uma conversa despretensiosa que acabou durando até a noite. Esse foi o plano de Eugênio para manter Mayck na casa, porém, o garoto já tinha previsto isso e fingiu cair na armadilha.
Durante a noite, Arthur se levantou de sua cama muito sonolento, tropeçando até mesmo em seus próprios pés. Ele saiu do quarto e seguiu até a cozinha, procurando beber um copo d’água.
Depois de fazer isso, ele foi surpreendido por uma voz que chegou sorrateiramente até seus ouvidos em um sussurro.
“Faça o que tem que fazer. Caso contrário, sua utilidade acaba por aqui.”
Ele balançou a cabeça respondendo que havia entendido. Seus olhos mostravam que ele não tinha intenção de falhar, porém, também transmitiam seus sentimentos invisíveis.
Eu vou fazer eles me reconhecerem de verdade.
Era um olhar sedento por reconhecimento. Sua feição mudou por completo, apagando a imagem de um garoto bom e amigável que ele passava normalmente.
Subiu para o quarto onde Mayck dormia tranquilamente e tirou de sua gaveta, uma das armas municiada com o sangue de Lorena. Ele a direcionou para Mayck, que dormia pesadamente, e parou por um momento.
Eu vou garantir que eles me reconheçam como alguém digno. Mais digno que elas duas.
Rangendo os dentes e mostrando sua vontade de realizar seus desejos ele colocou o dedo indicador no gatilho… mas seu celular começou a tocar repentinamente, o alarmando. Consequentemente, ele se assustou e largou a arma no chão, apressando-se para encerrar o toque de celular que poderia acordar a casa inteira.
Mas que merda! Por quê isso agora?… Uma ligação?
Ele se espantou ao ver a tela de chamada recebida no aparelho. Isso em si não era um problema. No entanto, o horário não era dos melhores, além de que ele não conseguia pensar em nenhum dos seus amigos que faria algo assim. Mas nem era necessário pensar em algum deles. A tela continha a mensagem ‘número desconhecido’.
Ele estava em choque. Um calafrio percorreu seu corpo enquanto o aparelho vibrava em sua mão. Lentamente ele correu o dedo sobre o ícone de telefone verde exibido na tela e a chamada foi conectada.
“… Alô?”
“Boa noite, Arthur. Está surpreso?”
Aquele voz do outro lado da linha não era desconhecida para ele. Não precisava nem sequer se esforçar para imaginar quem era. Aquela voz, ele havia escutado ele no dia anterior. Inclusive…
“Eu deveria te atacar agora, então… porquê?”
“Isso fica pra outra hora. Mais importante…”
“Quê?! Mais importante?! Você destruiu a minha chance de…”
“Ser reconhecido?” Mayck completou a frase de Arthur que havia se exaltado e elevado a voz. “Ouça bem. Eu sei o que você quer, mas você tem certeza de que quer me entregar assim sem mais nem menos?”
“Se eu fizer isso, eles vão me ver como alguém mais útil.”
“E o que garante que você será reconhecido?”
O objetivo de Mayck era fazer Arthur duvidar de seus desejos e questionar a forma como queria realizá-los. Mas, Arthur nem sequer soube como responder. Ele ficou em silêncio após gaguejar algumas palavras isoladas.
“Você não sabe, não é? Escuta, mesmo que você faça o que eles mandaram e me entregue, você só estará fazendo o que eles mandaram, ou seja, tudo o que você podia fazer.”
Se Arthur continuasse com o plano deles, não seria mais do que um lacaio seguindo ordens que estão dentro de seu limite. Ele nunca seria visto como alguém que poderia fazer muito mais.
“Mas… isso…”
Arthur começou a se questionar.
É isso mesmo? Eu não passo de uma peça descartável no jogo deles?
“Se continuar assim, Arthur, você não será nada mais que um mero objeto para eles. Até Manuela e Lorena, que são as mais novas, têm mais valor que você.”
Arthur tremeu. Aquelas palavras lhe fizeram refletir o quanto era verdade. Manuela tinha o ultrapassado desde que eram pequenos. Ela era mais esperta, mais rápida, mais… útil.
“Por que não faz algo maior? Que obrigue eles a calarem a boca e não ter outra escolha a não ser ver você como alguém totalmente necessário. Você não quer isso?”
“Eu…”
“Não quer ouví-los dizer que nada pode ser feito sem você?”
“Eu… quero…”
Ele caiu na armadilha. O garoto se entregou totalmente aos seus desejos de ser reconhecido. E isso causou sua derrota.
“Então… colabore comigo e eu faço você ser reconhecido por todos. Não vale a pena seguir ordens deles e, no fim, ser descartado como uma espinha de peixe.”
“Está bem. O que você quer que eu faça? O que vai me dar por isso?”
“Calma, calma. Eu vou lutar com você e vou perder de propósito, assim você me entrega para eles e eles vão te reconhecer.”
“Assim mesmo? Então, onde vamos lutar?” O garoto se animou com a ideia. Aquela foi a luz de esperança que ele enxergou após anos de desprezo que sofreu ao ser esmagado por sua irmã mais nova.
“Mas…” Mayck deu ênfase nessa palavra. “Não vai dar certo se simplesmente lutarmos. Nós precisamos que eles tenham dificuldades em seus planos. Isso vai te garantir seu reconhecimento. Até mais que isso.”
“Entendi. Então nós vamos fazê-los passar por dificuldades… Que tipo de dificuldades?”
“Hmm… Quem sabe, talvez se eles perdessem suas armas do nada?”
“Ah, entendi. Eles só precisam perder as armas, não é? Certo, deixe comigo”, Arthur afirmou. Sua confiança havia sido elevada em vários níveis por conta de seu trato com Mayck.
Ele caiu como um peixe na rede. Sua mente fraca e obcecada foram as culpadas por seu declínio.
“Sabia que você era digno disso. Estou contando com você, Arthur. Ah, e não se esqueça, eles não podem saber de nada.”
“Entendido.”
O garoto deu uma resposta positiva. Imediatamente após desligar seu telefone, Arthur saiu de casa e só voltou alguns minutos antes do sol nascer, antes que a casa acordasse.
|×××|
Eugênio se levantou cedo, assim como o restante da família e se dirigiram para sua base de operações, localizada um pouco longe da cidade. A manhã se iniciou como sempre, porém, com os preparativos para a luta que estava vindo.
Chegaram no local e desceram para o subsolo, porém, o que encontraram lá os deixou em choque. O desespero foi estampado em seus olhos — eles mal podiam acreditar no que estavam vendo.
“Mas… o que houve aqui?” Abismado e desamparado, Bruno levantou sua voz.
“Está tudo destruído…” Célia caminhou pelo local, observando toda aquela bagunça. As armas estavam quebradas, todos os frascos que continham os líquidos extraídos de Lorena foram estourados no chão e os cacos de vidro se espalharam por toda a parte.
Aquela visão também foi aterrorizadora para Eugênio. Ele estava vendo todos os seus anos de esforços escapando por seus dedos lentamente. Manuela e Arthur também estavam sem reação, embora um deles não estivesse tão surpreso.
“Quem fez isso?!” Eugênio gritou. Dentre todos ali ele era o mais chocado.
Ninguém tinha nada a dizer, portanto permaneceram em silêncio.
Eugênio foi até o grande monitor, que estava aos pedaços e se apoiou nele.
“Eu vou perguntar de novo.” Dessa vez, seu tom ficou mais calmo e ele apertou no meio dos olhos. “Quem foi que fez essa merda?”
Mesmo que ele perguntasse, não importava quantas vezes, ele nunca teria uma resposta e tinha ciência disso. Não havia outra escolha a não ser procurar o culpado por si mesmo.
“Muito bem. Vamos para a sala de metal.”
Ao aordenar, ele saiu de cena e o restante o seguiu para a sala de metal. Essa sala era um tanto quanto especial, nela, como disse o nome, era feita puramente de metal, além de ser completamente preta. Uma mesa que parecia ser uma deformação do chão era a única coisa nessa sala, assim como as cadeiras. Havia também uma lâmpada grande que clareava apenas aquelas assentado à mesa.
Todos se sentaram em suas respectivas cadeiras e engoliram a seco, prevendo o tópico que seria discutido ali. Após alguns minutos de reflexão, Eugênio abriu a boca.
“Além de nós, não há ninguém que saiba sobre está sala, com exceção de Alexander. No entanto, não é como se ele pudesse vir até aqui livremente, visto que precisa de uma certa condição para entrar aqui.”
A tal condição era a digital ou a retina daquele que pretendia adentrar a instalação. Se Alexander não podia ter acesso, então só restava uma opção — alguém de dentro havia causado aquilo.
“Célia, vá buscar Jade.”
Lendo o clima e a gravidade da situação, Célia não questionou, apenas assentiu e saiu da sala, deixando apenas Eugênio, Bruno, Arthur, Manuela, Ronaldo e Mizael.
Eugênio suspirou e falou outra vez.
“Então, eu daria uma chance para se entregar. Se eu tiver que investigar, então a punição será pior.” Mesmo após ameaçar e esperar mais algum tempo para que o traidor se revelasse, não houve resposta de nenhum dos participantes.
“Eugênio, eu não acho que ele vá se entregar assim. O melhor vai ser se nós procurarmos através dos fatos.”
Bruno pensava em quem teria motivos para fazer isso, mas notou que era em vão. Não havia outra forma de descobrir quem era o autor de tal feito.
“Você tem razão. No entanto, todos aqui são suspeitos. Isso porque, além de mim, vocês são os únicos que têm acesso aqui.”
Esse era um fato irrefutável. Naquele círculo, qualquer um estava sob suspeita de traição e Eugênio iria fazer o que fosse necessário para encontrá-lo, mesmo que precisasse usar a força.
“A julgar por como as coisas estão, não parece que foi feito há muito tempo. Portanto, eu quero ouvir detalhadamente o que vocês estavam fazendo durante a noite.”
Eugênio decidiu seguir pela forma mais simples, que era ouvir o depoimento de cada um dos suspeitos. Não era um método ruim, mas se o verdadeiro culpado apenas criasse uma mentira, seria muito inconveniente.
Começando pelo segundo mais velho, Bruno descreveu sobre o que fez desde o término do almoço da noite anterior. Ele havia passado algum tempo lendo livros e depois havia aproveitado a noite com sua esposa antes de dormir. Detalhes a parte, todos foram capazes de compreender esse relato.
Em seguida, foi a vez de Ronaldo. Durante a noite, ele havia estudado alguns assuntos de física quântica, mas foi dormir pouco tempo depois. Mizael afirmou que estava cansado dos exercícios diários e também se deitou cedo.
Manuela relatou que, após ver alguns filmes, ela havia se deitado cedo.
Chegou a vez de Arthur, mas ele não sabia o que dizer, então seguiu a mesma linha de pensamento de Manuela e afirmou ter assistido algumas séries antes que caísse no sono.
Eugênio suspirou e apoiou sua cabeça nas mãos, encarando todos ali. Alguma coisa se passava em sua mente. Talvez ele estivesse processando o relato de cada um e procurando o menos persuasivo.
A sala ficou em um silêncio perturbador. Apenas se ouvia os ponteiros do relógio de parede que havia ali.
Depois de muito tempo, Eugênio falou:
“Então, Arthur, por que você fez isso?”
“Quê?! Do que você está falando? Eu não fiz nada.”
“Apenas admita. Eu pedi que vocês dissessem em detalhes o que haviam feito depois do jantar. O que você falou foi que havia assistido séries até dormir, mas… e quanto a sua tarefa? Por que não a executou?”
“Isso… eu me esqueci. Acabei caindo no sono e me esqueci completamente. Foi isso.”
“Se esqueceu? Você sabe o que acontece quando alguém esquece suas obrigações?”
“Eu…”
“Você está mentindo.”
“Eu não estou!”
“Está sim!”
Em resposta a voz elevada de Arthur, Eugênio se levantou em bateu na mesa com força, mandando uma vibração inteira por toda a estrutura de metal. Arthur se assustou e ficou em silêncio. Ele começou a suar frio, com medo de que suas ações foram descobertas.
Não. Não tinha dúvidas. Seu avô já sabia a verdade. Era inútil continuar mentindo. Aquele velho homem era perspicaz e um mero garoto não conseguiria enganá-lo.
Arthur se viu em um beco sem saída. Suas mãos começaram a tremer e sua consciência tentava traí-lo, dizendo-lhe para se entregar — qualquer tentativa de ser esquivar seria fútil.
“Manuela também mentiu.” Sem pensar, ele se levantou a tentou tirar a culpa de si, jogando-a para sua irmã mais nova.
“O que? Do que você está falando?” Ela perguntou surpresa, por não estar esperando por aquilo.
“Vovô, Manuela mentiu para a senhor. Ela disse que havia dormido cedo, mas ela me mandou realizar meu trabalho pela madrugada e…” Quando percebeu que estava se entregando de bandeja ele se calou. Mas já era tarde demais.
“Oh… ela te alertou? E por que você não fez seu trabalho?”
“Isso é mentira. Eu não alertei ninguém sobre nada. Cada um aqui tem a responsabilidade de realizar suas próprias tarefas.”
Manuela se defendeu, dando ênfase no ponto de que ela não tinha tido contato com Arthur desde o fim do jantar. Porém, isso foi desnecessário. Eugênio não duvidava da garota, até porque dentre todos ali, ela era quem mais tinha taxa de sucesso ao cumprir suas ordens.
Então, no momento em que abriu a boca, Arthur já estava fadado a perder.
“Vamos, Arthur, diga de uma vez”, Bruno o instruiu.
Todos na sala mantiveram suas atenções no garoto, que estava quase tendo um ataque nervoso. Seu corpo tremia e seus olhos corriam por todos os cantos do ambiente. O tic-tac incansável do relógio começava a parecer o martelo do juiz dando o seu veredicto.
Não havia mais saída.
“Foi ele… Mayck me disse que se eu fizesse isso, eu ganharia reconhecimento. Isso não é culpa minha é culpa dele. Ele falou que iria se entregar depois…”
“Eu não me interesso pelo que você deseja. Além do mais, Mayck? Como ele poderia te manipular se ele nem ao menos sabe o que estamos fazendo?”
“Eu estou falando a verdade! Foi Mayck quem me obrigou a fazer isso.” Arthur levantou a voz e seus olhos delatavam que ele estava caindo em desespero.
Para Eugênio, seu neto estava apenas criando mentiras convenientes para escapar de sua punição, culpando um e outro.
“Já sei. Foi Jade. Jade mandou ele me enganar. É tudo culpa dela. Por causa daquele vaganbunda eu fiz isso. Você deve punir ela, vovô. Faça justiça com aquele cachorra que não sabe reconhecer o seu lugar.”
Arthur estava a beira da loucura. Suas palavras eram as de quem não sabia mais o que fazer e tudo o que saísse de sua boca seria usado contra ele. Em outras palavras, ele era um réu de si mesmo.
Mediante a gritaria de Arthur, Eugênio moveu sua mão em direção ao garoto e, surgindo do nada, uma corrente se prendeu em Arthur e o prendeu no chão.
Eugênio havia se cansado de ouvir as acusações nojentas dele, então decidiu calá-lo de um modo eficiente. Aquela ação fez Arthur refletir que não ganharia e mesmo que ele continuasse a falar a verdade, ninguém acreditaria. Ele olhou para todos na sala, buscando por socorro, no entanto, todos viraram seus rostos.
Aah… então acabou pra mim… Ninguém vai me reconhecer… Ninguém quer enxergar meu valor. Mesmo eu dizendo a verdade, eles não acreditarão e tudo é culpa dele. Mayck, você vai pagar por isso.
Se agarrando aos seus pensamentos, Arthur viu que estava em um beco sem saída e jurou vingança contra Mayck.
“Arthur, você será punido de acordo com as regras. Bruno, qual o nosso código sobre traição?”
“Sim, o código indica que uma traição será paga pelo tamanho dela.”
O código criado por Eugênio procurava manter a ordem e a disciplina entre os membros da família. Uma traição seria punida de acordo com o tamanho dela, ou seja, seria uma punição do mesmo nível de problemas que a traição causou. No caso de Arthur, suas ações trouxeram a falha do plano que vinha sendo aprimorado por anos. No pior dos casos, ele seria torturado, assim com Ryan foi.
Jade foi chamada repentinamente por Célia e foi levada de carro para um lugar longe de casa, no entanto, os vidros escuros do carro não permitiram que ela visse o trajeto.
Chegando na base, Célia a conduziu para uma sala escura, separada do restante da instalação onde ficava o laboratório de Eugênio.
Nesta sala, estavam reunidos todos os membros envolvidos. O clima não estava amigável, todos mantinham uma pose séria e não demonstravam que seria uma conversa de família.
Assim que Jade entrou na sala, Célia fechou a grande porta metálica e apenas uma luz branca brilhava acima da mesa onde estavam sentados. Ao correr os olhos rapidamente pelo local, ela notou Arthur acorrentado em um canto.
Ao mando de Eugênio, Jade se sentou em uma das cadeiras e manteve a cabeça baixa, desde que não tinha permissão para olhá-los nos olhos ou mesmo agir como um membro da família.
“Jade, eu tenho uma pergunta pra você”, Eugênio iniciou.
“Si-sim.” Prontamente, Jade respondeu.
“Mayck está sob seu controle, não está?”
“Sim. Eu tenho absoluta certeza disso. Me certifiquei de que tudo estaria nos conformes.”
“Ótimo.” Ele parecia não ter mais perguntas e se calou. Notando esse comportamento estranho de seu avô, Jade olhou para ele discretamente, mas no momento em que fez isso ele tornou a falar.
“Jade, você sabia sobre essa instalação?”
“Não, senhor.”
Jade foi sincera em sua resposta. Ela não fazia ideia de que um lugar como aquele existia. Eugênio perguntou apenas para ter certeza.
“A-aconteceu alguma coisa?” Hesitante, Jade arriscou perguntar, mesmo tendo certeza que não seria respondida e seria ordenada a ficar calada. As coisas sempre foram assim.
“Nossos equipamentos foram destruídos”, Bruno falou.
A garota ficou surpresa.
Mayck quem tinha feito isso? Não. Ele não parece ser do tipo que faria tudo diretamente.
“E quem fez isso?”
“Você não precisa de uma resposta, precisa?”
De fato, Jade não precisava pensar muito sobre isso. As circunstâncias já diziam por si mesmas. Além do mais, ela já tinha uma ideia de quem havia causado tal comoção.
Na noite anterior, Mayck mandou mensagens para Jade e a instruiu a várias coisas. Uma delas era dar um empurrão em Arthur para que ele realizasse sua tarefa. Além disso, ela não tinha ideia do que aconteceu, mas se lembra de ouvir o toque do celular de seu irmão mais novo.
O que será que Mayck fez? Ele convenceu o Arthur a fazer isso… mas como?
Com esse pensamento, Jade sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Talvez Mayck fosse mais assustador do que ele pensava. No entanto, também sentiu um pouco mais de confiança.
Não importa. Se ele está fazendo a parte dele, então eu vou confiar e fazer a minha.
Eugênio voltou sua atenção para Arthur e falou outra vez. Parecia que ele havia decidido a punição do garoto.
“Arthur, eu estou te afastando da operação. Você vai ficar em cativo na sala de metal até que ela termine. Sem receber nada além de água”, ele sentenciou sem um pingo de hesitação em sua voz.
Apesar de ser desesperador para o garoto, que tentou lutar e convencer seu avô de que ele estava errado, no fim, ele apenas aceitou. Não havia o que fazer. Eugênio teve piedade do garoto ao indicar essa sentença. As coisas poderiam ter sido piores. Todos ali aceitaram sem demonstrar nenhuma objeção.
Eugênio se levantou e ordenou que todos se movessem para outra base. Sim, havia outra base. O velho também era um homem precavido. Ele pensou em situações como essa e criou uma instalação secundária, embora tenha utilizado menos recurso nela do que na instalação principal.
Ao largarem Arthur, acorrentado e desesperado, na sala de metal, Célia foi ordenada a selar a porta.
Sua ID consistia em criar um tipo de selo que tornava as coisas inacessíveis. Era uma habilidade conveniente para punições e Eugênio se aproveitou dela.
Estando na segunda instalação, eles reiniciaram os preparativos. No entanto, algo ainda incomodava Eugênio. Ele olhou para Jade com um olhar cauteloso. Aparentemente, o que o incomodava eram as palavras ditas por Arthur anteriormente. Ele imaginava que as chances eram baixas, mas ainda existia a possibilidade.
Jade deu ordens para Mayck enganá-lo…? Será que isso é possível? Até porque Jade não faria algo tão arriscado como nos trair. Ela sabe o que pode acontecer com Lorena.
Eugênio estava confiante de que sua neta havia sido intimidada e ameaçada o suficiente para que ela não cogitasse abandoná-los. Entretanto, ele decidiu manter os olhos nela.
|×××|
Pela manhã, antes da família sair de casa, Mayck retornou para a casa de seus avós. Ele deixou Jade instruída a relatar o que acontecia na casa com a ausência dele.
O dia inteiro não houve nada sério, mas Jade relatou sobre a mudança de instalação e falou sobre os efeitos que os planos de Mayck surtiram sobre Arthur.
Mayck imaginou que, como irmã mais velha, talvez ela ficasse ressentida pelo que ele causou ao seu irmão mais novo. Embora ela não mostrasse isso em suas mensagens de texto, era possível que alguma coisa tivesse emergido das profundezas de seu coração.
De uma forma ou de outra, ele também precisava ser cauteloso com Jade. Mesmo trabalhando juntos, Mayck deveria esconder certas informações da garota evitando, assim, uma possível traição.
Porém, o maior problema era Eugênio. De acordo com o relatório de Jade, ele descobriu rapidamente quem havia destruído a instalação e aplicou uma punição. Esse era um homem mais perigoso que Kihon.
Eu vou precisar de medidas para evitá-lo ao máximo. Não quero ser pego tão rapidamente e ter que ir para a violência.
Foi uma sabia decisão. Ainda não tinha as informações necessárias para efetuar um ataque direto e também não era o momento para essa ação. Tinha que ser paciente. Um movimento errado e tudo iria por água abaixo.
“Eu vou fazer isso, mas antes…” Mayck pulou da cama e trocou de roupa. Ele teve a vontade repentina de sair de casa por se sentir um pouco entediado. Embora não tivesse ideia do que faria em seguida. “Vou só andar pela rua. Não é como se eu tivesse algo que eu queria muito fazer.”
Seus avós estavam na sala, sentados no sofá e vendo uma novela que passava naquela tarde. Eles estavam parecendo um jovem casal apaixonado.
Mayck achou que seria melhor não atrapalhar aquele momento dos dois. Essa foi uma das causas que reforçaram sua ideia de sair para dar uma volta. Além do mais, se ele se trancasse em casa não iria ser capaz de bolar diferentes planos sem uma mudança de ar.
Passeando pelas calçadas ele se sentiu nostálgico de novo. Era o clima perfeito para organizar seus pensamentos. O sol não brilhava tão forte e também não estava muito calor, Mayck poderia andar uns cinco quilômetros com esse clima sem reclamar. No entanto, essa não era sua ideia, longe dele fazer tal coisa.
Na noite anterior, ele falou para Jade apenas pôr lenha na fogueira e apressar Arthur, depois de fazer isso, ela deveria mandar uma mensagem confirmando a conclusão. Como ele estaria com bastante sono, não iria tentar reconhecer a voz que o atormentava, já que ficaria um pouco irritado e assumiria que era Manuela quem estava lhe perturbando. Essa foi a única tarefa de Jade naquele noite.
Antes que Arthur acordasse, Mayck pegou alguns cobertores sobressalentes no armário e colocou em sua cama. Saiu de escada em seguida e procurou por Alexander.
Essa parte não foi tão difícil. A julgar pela reação de Alexander ao ser traído, era claro que nasceu uma pontada de ódio no coração do homem e Mayck pensou que poderia colocar esse ódio ao seu lado.
Como Mayck imaginou, ele encontrou Alexander andando pela rua enquanto remoia a traição que sofreu. O garoto não hesitou em falar com ele.
“Ei, eu quero ter um papo com você.” Mayck o abordou.
“Hã? Você de novo? O que foi? Não quebrou de vez?” Ele falou em tom sarcástico, querendo descontar suas frustrações no garoto.
“Vamos deixar minha situação de lado agora. Além do mais, você parece estar pior do que eu.”
“Eu? Pior que você? Não brinque comigo. Eu sou um profissional. Sei lidar com esse tipo de coisa.”
“Oh… Então posso presumir que você tem um plano para se vingar?”
“Isso é…”
“Ah, se é assim tudo bem. Eu gostaria de te ajudar com isso, mas se você já tem tudo planejado então eu não posso me envolver. É uma pena, já que eu tenho informações preciosas. Mas dizê-las agora só te atrapalharia.” Mayck deu as costas e falou ironicamente. “Bem, eu vou indo então.”
Assim com ele falou, começou a caminhar na direção oposta. Ele tinha esperança de que Alexander o impedisse, se ele o fizesse era uma vitória na certa.
“Espere. Eu vou de dar a oportunidade de me dizer mais sobre isso.” O tom e o modo de falar de Alexander mudaram repentinamente. Ele provavelmente pensou que se continuasse agindo de forma hostil perderia sua chance.
“Então você não tem nada planejado?”
“… Não importa. Apenas me diga.”
“Okay. Se não tem um plano, então eu não me importo em te falar. Mas… eu tenho uma condição.”
“Huh? Condição?” O homem do chapéu de côco ficou um pouco agressivo ao ver que ainda tinha obstáculos entre ele e sua vingança.
No entanto, isso era necessário para que Alexander não tirasse vantagem de Mayck. O garoto pensou que se entregasse as informações facilmente, ele iria se recusar a ajudá-lo, afirmando que não tinha a obrigação. Claro, tal problema provavelmente poderia ser resolvido com dinheiro, mas Mayck não estava interessado em gastar mais do que seu tempo com Eugênio.
“Minha condição é: você terá que fazer o que eu disser e não vai fazer nada que atrapalhe meus planos.”
“É só isso o que você quer? Que ignorante. Eu não vou prometer nada.”
“Não, você vai. Caso seus objetivos cruzem meu caminho… Eu vou ser obrigado a me livrar de você.”
Diferente dos outros encontros entre os dois, Alexander sentiu que o garoto tinha uma presença mais poderosa. Era mais intimidadora que antes e, por um momento, ele pensou que estava prestes a ser eliminado ali mesmo e acabou dando um passo para trás.
“Não tente me ameaçar. Eu sou um assassino profissional e você é só um pirralho.”
Esse moleque… me deixou com medo?! Ele mordeu os lábios enquanto era perturbado por esse pensamento.
“É você que sabe. Se essa é sua imagem de mim, eu aconselho que fique mais atento. Porém, isso não importa agora. Você vai aceitar minha condições ou não?”
“Argh… Que seja. Vamos logo ao ponto.”
Após coçar sua nuca com força, a ponto de bagunçar seu chapéu, ele cedeu.
Mayck sugeriu que saíssem de lá, pois não era um lugar apropriado para esse tipo de conversa. Alexander não teve objeções e os dois seguiram para outro lugar — o mesmo parque dos outros encontros.
Mayck explicou a situação, mas não toda. Ele escondeu alguns detalhes e relatou apenas o que julgou que Alexander deveria saber. Seria tolice revelar tudo e perder para um aliado no final. Entregou informações sobre as IDs e a situação de Jade sem entrar em detalhes. Além disso, contou o que estava prestes a fazer.
Depois de terminar sua explicação e conseguir o apoio de Alexander, ele recebeu uma mensagem.
“Pronto. Parece que é isso. Você pode ficar aqui e fazer o que eu te instruir, ou você pode me dar as costas e me atrapalhar, no entanto, se sua decisão for esta, já sabe o que terei que fazer.”
“Aff… Pode ser vai. Vamos logo com isso.”
Em seguida, Mayck ligou para Arthur. Após o término da ligação, os dois se apressaram e correram para as proximidades da casa da família Ferreira. O garoto mandou Alexander seguir Arthur, que saiu de casa, e que relatasse o que veria.
Com as peças posicionadas, Mayck deu início ao seu jogo com Eugênio.
Isso foi tudo o que Mayck fez sem o conhecimento de Jade. Ele não falou nada por não confiar nela. Ele apenas ficou quieto porque sabia que se ela tivesse ciência de tudo, seu desempenho poderia cair por excesso de confiança.
A missão de Alexander era se infiltrar em suas bases e observá-los de lá sem ser visto.
Bom… se ele for pego, de qualquer forma, eu só vou perder mais uma peça.
Mayck não se importava de perder Alexander. Até porque ele não estava totalmente dentro de seus cálculos. O único motivo para ter entrado em contato com ele foi para segurá-lo e mantê-lo fora do caminho.
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