Índice de Capítulo

    Ao sair pela cidade, Mayck encontrou algumas coisas interessantes, em maior parte comida. Ele aproveitou que sua carteira não estava completamente vazia e comprou alguns lanches simples e refrigerante. 

    No geral, isso foi o mais interessante que ele encontrou para fazer. Enquanto andava pela rua, viu pessoas trabalhando arduamente para ganhar a vida e pensou que algum dia, talvez, estaria igual a elas. Isso era, dependendo de como ele viveria mantendo sua ID em segredo. 

    Era possível que alguém desse com a língua nos dentes, ou então algum problema de grande escala se alastrasse, tornando impossível guardar segredo das pessoas comuns que estavam vivendo para seus próprios propósitos. 

    Isso seria ruim. 

    No entanto, enquanto isso não acontecia, Mayck iria se concentrar em mantê-las em segredo e resolver cada situação da maneira mais discreta possível. Evitando, até mesmo, um combate. 

    Por onde um portador passava, destruição ele deixava. Principalmente quando Ninkais estavam envolvidos. O que era para ser uma caçada para proteger os civis das ameaças que eles nem sequer imaginavam, se tornou um emprego, onde os caçadores disputavam suas presas por dinheiro. 

    O garoto se perguntava até onde isso iria. 

    O sol que raiava através de nuvens foi coberto totalmente de um minuto para o outro. Um vento gelado e forte bateu, trazendo indícios de uma provável chuva. Quando notou isso, Mayck estava passando em frente a um restaurante, mas desistiu da ideia de entrar lá.

    “É melhor ir para casa, antes que chova. Não tô afim de pegar um resfriado.”

    Mesmo que a oferta para comer uma comida saborosa fosse tentadora, ele tinha consciência das consequências de ficar exposto ao frio. Não que ele estivesse sem roupas ou com roupas finas demais. 

    Em todo o caso, ele deu meia volta e retornou para casa. Não foi por muito tempo, mas foi o suficiente para ele espairecer e relaxar por conta da situação que estava enfrentando. Manter a cabeça no lugar era essencial para lidar com tudo aquilo. Especialmente quando se estava jogando contra a própria família. 

    De volta a sua casa, Mayck pegou seu celular e checou se havia alguma novidade. Não importava se era de Jade, Alexander ou até de seus amigos no Japão, ele só estava esperando. 

    Apareceram algumas mensagens de Haruki, Chika e Takashi. Nada além disso. Mesmo que fosse um pouco decepcionante para um adolescente que estava na puberdade, era, ainda assim, uma boa notícia saber que nada estava acontecendo. Mas, por outro lado, isso também poderia ser uma situação preocupante. 

    Mayck fez questão de checar, indiretamente, se estava tudo bem mesmo. Ele recebeu a confirmação e Haruki também não mencionou nada sobre o que havia comentado anteriormente, sobre a Ascension estar em movimento. Era algo igualmente preocupante, então Mayck esperava resolver todo esse problema durante suas férias e confirmar por si mesmo tais rumores. 

    Se bem que Nikkie e Zero são competentes o suficiente para lidar com isso. Não que minha presença seja tão necessária assim. Além do mais, a Strike Down está na ativa também, então… É. Acho que não preciso me preocupar tanto. 

    Seria ótimo se pudesse resolver todos esses contratempos com um estalar de dedos. Porém, a vida não deixaria que um ser humano passasse por ela com a felicidade na palma da mão. Ainda mais pessoas que possuiam poderes que iam além da realidade limitada que os seres humanos conheciam. 

    Invariavelmente, o primeiro passo foi dado. Era importante saber como Eugênio responderia ao ataque fatal que recebeu. Ele certamente não ficaria quieto ao ver seus planos desmoronando em sua frente. Mayck estava preparado para um contra-ataque, mas não sabia de onde ele viria. 

    Eu sei que Eugênio está atrás de mim. Mais precisamente, atrás da Chave. Aparentemente seu objetivo é igual ao de Yang… O que eu quero descobrir é como ele sabe sobre tudo isso e o que quer com o ‘THF’. Er… Espero não estar errado em supor que ele foi um dos responsáveis pelo experimento que Kihon falou. 

    As chances de isso estar correto eram enormes. A relação de Yang e Eugênio estava longe de ser uma utopia, muito longe. Se Mayck encontrasse Eugênio e lhe perguntasse diretamente, era improvável que ele o respondesse com honestidade, já que estava fazendo tudo aquilo para encurralar o garoto. 

    Se é assim, então eu farei o mesmo. Vou encurralar ele e fazê-lo me contar tudo. Mas, por ora, vou deixá-lo pensar que eu sou a presa. 

    Mayck fechou os olhos e se estirou na cama para relaxar, mas acabou sendo interrompido por um toque de celular. 

    “Hm? Quem é?” 

    Na tela estava a mensagem que afirmava que o número era desconhecido. Então ele não podia dizer quem era que estava o contatando. 

    “Que estranho… Talvez seja trote…” Ele direcionou seu dedo para o ícone de chamada vermelho, buscando rejeitar a ligação. No entanto, ele se lembrou de algo e parou, mudando sua direção para o ícone verde e o arrastando para cima. 

    “O que foi?” Ele se lembrou de que Alexander iria entrar em contato com ele uma hora ou outra por causa do acordo entre os dois. 

    [Olhe para fora. Agora.] A voz de Alexander parecia cansada e assutada. Deu para perceber que ele estava com bastante pressa pelo tom de sua voz. 

    “Lá fora? O que tem lá?”

    Ele apenas apressou o garoto, que não teve escolha e foi até a varanda. Ele perguntou o que havia lá, mas Alexander o repreendeu dizendo que Mayck não conseguiria ver a menos que estivesse em um ponto com uma boa visão da cidade e bem alto. 

    O garoto ficou desanimado ao ver que seria forçado a sair na chuva, que havia ficado mais forte de repente. Contudo, sua expressão e opinião mudou após uma pressão assustadora vir sobre ele — parecia que uma enorme corrente elétrica passou por seu corpo, o paralosando. 

    “Eu já estou indo.” 

    Sem pensar duas vezes, ele saltou da varanda e correu pela rua. A chuva estava mais forte que alguns minutos antes e vinha acompanhada de fortes relâmpagos e trovões. A cada passo, a água da rua alagada respingava em suas roupas e era um grande incômodo — mas nada tão preocupante, afinal,  estava sem guarda-chuva.

    Como Alexander afirmou que ele só poderia ver de um lugar alto, Mayck balançou sua mão e um pequeno dispositivo surgiu, preso em seu pulso com um relógio. Havia uma linha que saia do dispositivo e prendia uma faca na ponta. 

    Mayck usou bastante força e arremessou a faca para o topo de um prédio. Como sua força não seria o suficiente, ele fez questão de focalizar um pouco de eletricidade no objeto. 

    Ao confirmar que tinha funcionado, puxou o fio extremamente fino e foi levado até o topo do prédio como se tivesse usado um arpão. 

    Ao aterrissar no prédio, o fio retornou para o dispositivo automaticamente, que desapareceu em seguida. 

    Mayck percebeu que havia derrubado o celular na varanda quando saltou, mas não era importante naquele momento. Olhou ao redor e procurou o que Alexander queria que ele visse. 

    Seus olhos se arregalaram, tomados pelo temor. Um calafrio ridículo percorreu seu corpo e ele sentiu como se tivesse sido abandonado pela sua consciência por um momento. Em meio ao choque e pavor seus lábios se moveram lentamente. 

    “O que… é aquilo…?!”

    A cada relâmpago que se mostrava, eles traziam uma imagem coberta pelas nuvens de tempestade. Era uma silhueta imensa, que fazia a linha do horizonte parecer um rabisco. Sua forma colossal poderia engolir milhares de aviões e ainda assim seu estômago não estaria cheio. Era algo completamente fora do que Mayck já tinha presenciado — totalmente fora de sua imaginação. 

    Tudo parecia minúsculo diante daquele presença extraordinária. 

    Não vai me dizer que esse é o plano ‘b’ daquele cara? 

    Embora não quisesse acreditar nisso, não conseguia descartar a possibilidade. 

    Como eu não percebi algo desse tamanho antes? Não tinha como não notar.

    Aquela coisa não era só imensa. A energia que transbordava de seu corpo trazia uma sensação terrível de medo e angústia. Uma sensação que beirava a loucura ou até passava dela. Mas não era necessário nem perceber essa energia para tremer diante daquilo. Qualquer ser vivo não ousaria levantar a cabeça para enfrentar aquele ser. 

    O que Mayck sentia, era uma vontade muito específica… ele sentia uma grande vontade de morrer. Sua mente foi tomada por insegurança e um senso de inferioridade caía sobre ele como uma barra de metal. 

    Não tem como vencer isso. Não mesmo. 

    Aquele aparição trazia um ar épico, mas não no bom sentido. 

    A criatura vagava pelo céu, como se estivesse em uma patrulha. Ela não dava sinais de que iria atacar e o garoto nem queria que ela o fizesse. Ele apenas desejava que ela fosse embora. 

    Passando-se o terrível momento que Mayck experimentou pela primeira vez em toda a sua vida, ele ficou rondando pelas ruas sem rumo. O choque havia sido grande demais para ele processar e voltar a si rapidamente. 

    É contra essas coisas que eu estou lutando? O que é isso? Aquilo deveria mesmo existir nesse mundo?

    Perdido em pensamentos, Mayck estava quase desistindo de tudo. A ideia de não poder vencer aquela criatura e a pressão que ela fazia o esmagava sem piedade. E, mais uma vez, ele percebeu que a vida não estava para brincadeiras. 

    “Ei, moleque.” Alexander se aproximou repentinamente, vindo de um telhado. Ele parecia ter procurado Mayck por um bom tempo. “Ei, que coisa era aquela? Você não me falou sobre ela.”

    O garoto permaneceu em silêncio, sem saber o que responder. Alexander, porém, continuou insistindo, elevando seu tom de voz, querendo uma explicação clara e segurou os ombros de Mayck que mantinha a cabeça baixa. Isso acabou irritando Mayck que também elevou sua voz. 

    “Eu não sei, tá bom?! Eu não sei que merda era aquela. Nem fazia ideia de que uma coisa como aquilo existia.”

    “Não sabia?”

    “É. Não sabia. Também me pegou de surpresa.” Mayck deu as costas a ele. 

    “E o que vai fazer sobre isso? Já tem algo em mente?”

    Ao invés de fazê-lo refletir, essas palavras incenderam a ira do garoto ainda mais, no entanto, sua voz não se elevou ainda mais. Pelo contrário, ela ficou mais baixa, porém, mais assustadora. 

    “Você é idiota? Acha que temos alguma chance contra aquilo? Você viu o tamanho daquele monstro, sentiu pressão dele e ainda pensa que tem uma chance de derrotá-la?”

    Inesperadamente, Alexander não respondeu. Ele abaixou a cabeça e começou a pensar. Enquanto isso, Mayck começou a andar, se afastando dele. 

    Para o garoto, tudo já estava perdido. Se fosse mesmo um plano de Eugênio, ele já podia declarar derrota e levantar a bandeira branca em rendição. 

    Mas, Alexander não parecia que iria desistir. A ideia de ser derrotado duas vezes não entrava em sua mente e não o conforta de modo algum. O seu orgulho acabou falando mais alto e ele deixou de se importar com sua honra como mercenário, assassino ou o que fosse. Ele apenas não queria ser traído e jogado na sarjeta em seguida. 

    “Talvez eu não possa…” Ele levantou a voz e apertou os punhos. “… mas você pode.” 

    Mayck não parou de andar. Ele já está quebrado, pensou. Não importava o quanto o garoto pensasse, ele não conseguia encontrar uma única faísca de esperança de derrotar aquela coisa. Alexander estava louco. 

    “Quando me contrataram para ir atrás de você, eles me deram um alerta”, Alexander continuou. “Eles disseram que existiam vários segredos acerca de você. Um deles foi sobre algo que estava adormecido dentro de você. Um tal ‘chave’. Então, se puder controlar esse poder, você pode ter uma chance. Essa chave que eles mencionaram tem uma gigantesca quantidade de energia. Explodir um monstro daqueles com ela não vai ser tão difícil.”

    Em outras palavras, se Mayck tomasse posse da grande energia contida na chave ele poderia derrotar a criatura ao liberá-la de uma única vez. 

    Mayck cessou seus passos e suspirou profundamente, como se tivesse escutado o maior absurdo de sua vida. 

    “Cara… como você é egoísta. É só isso o que sua mente pequena e ridícula conseguiu pensar? Mesmo que eu liberasse uma energia tão grande e acabasse com o monstro, isso também destruiria a cidade e milhares de pessoas morreriam no processo.” 

    Mesmo em total desânimo ele conseguiu calcular isso. 

    “Além do mais, a chave que você está procurando, está adormecida após perder toda essa energia.”

    “O que?! O que você quer dizer com isso?”

    Aparentemente, Alexander não estava esperando por isso. Sua mente estava tentando processar aquelas palavras como se estivesse tentando desfazer um novelo. Mas não demorou muito tempo para que ele voltasse a si. Quando o fez, saltou sobre Mayck e o derrubou no chão. 

    “O que você tá pensando?” Mayck perguntou enquanto tinha a mão de Alexander em seu pescoço e o joelho dele pressionando sua barriga. 

    “Você veio todo confiante dizendo que ia me ajudar e desistiu só por causa de um monstrinho? E o que quis dizer com toda a energia foi perdida?”

    “Eu não preciso te dizer. Isso não é da sua conta, afiinal seu contrato foi anulado.”

    “Isso é verdade. Mas não quer dizer que eu apenas vou embora quando tem um monstro daqueles a solta. Eu também quero acreditar que você não é tão covarde a ponto de simplesmente abandonar aquelas pessoas inocentes mesmo possuindo o poder para ajudá-las. Quem é você para me chamar de egoísta?”

    “O poder para ajudá-las? Como você mesmo diz, eu sou apenas um ‘moleque’, que não sabe o que tem que fazer para salvar todo mundo. Eu já estou perto do meu limite. Não consigo me lembrar de nenhuma habilidade poderosa o suficiente que possa derrubar aquela coisa.”

    “É esse o problema?”

    “Sim. É esse o problema.”

    Alexander aliviou seu aperto e suspirou. 

    “Então isso já está resolvido. Pra resumir, você não sabe o que fazer apenas por não ter o poder necessário para ganhar, certo?”

    De certa forma, ele não estava errado. Até por que quando ele mencionou isso, Mayck sentiu como se tivesse tirado um peso de sua consciência. 

    “Acho que sim…”

    “Então isso é ótimo.” Alexander puxou o garoto pelo colarinho e o pôs de pé. “Eu vou te ensinar sobre evolução de habilidade.”

    “… Hã?”

    Depois disso, os dois seguiram para outro lugar, procurando um local onde ninguém os visse, longe da cidade. 

    |×××|

    A evolução de habilidade era um tipo de desenvolvimento dos poderes do portador, onde ele liberava todos os usos e o poder de uma determinada habilidade. 

    Quando uma ID atingia certos requisitos, ela evoluía e passava a ser mais poderosa. No entanto, tais requisitos não eram os mesmo para ninguém, portanto, era difícil ter vários portadores com habilidades evoluídas. 

    Não se sabia muito sobre tal evolução, mas era um fato que ela existia e podia ser confirmada pelo próprio Alexander, pois ele já havia passado por uma evolução.

    “Não se sabe o momento certo em que as habilidades evoluem e pode ser que não seja a habilidade que você queira evoluir. Pela minha experiência, bastou treinar por anos, incansavelmente, e eu consegui a evolução da minha ID.”

    “Só pra mim ter uma base… Qual foi a evolução que você sofreu?”

    “A minha ID me permite manipular livremente objetos pontiagudos, além de causar rachaduras no tecido espaço tempo.”

    “Rachaduras…? Então foi por isso que aquele meu ataque não te acertou?” Mayck se lembrou do primeiro confronto com Alexander, no qual ele o atacou com uma esfera elétrica e ela foi anulada sem mais nem menos e mesmo que a arma fosse feita de metal, ele não sofreu danos. 

    “Exatamente.” Alexander retirou de seu sobretudo as duas agulhas e as moveu em uma velocidade alucinante de cima para baixo, formando um traço branco que permaneceu no ar por alguns segundos e desapareceu. 

    “Então isso foi…”

    “Sim. Foi uma rachadura no espaço tempo. Com isso, mesmo que eu não perfure algo, eu posso rasgá-lo sem problemas.”

    Em outras palavras, se Mayck tivesse sido pego por um desses ataques ele estaria em maus lençóis. A batalha teria sido finalizada sem muitos problemas. 

    “Se você pode fazer isso, então porque não usou e acabou comigo logo?”

    “Foi puro capricho. Eu te subestimei. Pensei que você não valia o esforço, sem contar que para usar essa habilidade muita energia é necessária. Então eu só posso usar, no máximo, sete vezes antes de me desgastar.”

    “… Que fraco.” 

    “Quem é você pra me falar isso?!” Alexander gritou ao ouvir os pensamentos mais profundos do garoto. 

    “De qualquer forma, se você quiser passar por uma evolução, você vai ter que descobrir um jeito sozinho. Isso não é algo que possa ser ensinado a você.”

    “Eu já entendi. Mas não é como se eu tivesse me empolgado tanto com a ideia.”

    Quer dizer… eu posso perguntar isso para Nikkie, Zero ou até a Chave. Eles devem ter alguma ideia sobre isso. 

    “O que você me falou é útil, porém não é o que eu preciso agora. O que eu quero, é um meio para derrotar aquela coisa.” 

    Mayck abordou o tópico mais relevante do momento. Apesar de ser algo interessante, a evolução de habilidade não era algo que ele quisesse se concentrar, no entanto. Do que adiantaria gastar tempo pensando em algo incerto e deixar um monstro, que poderia acabar com uma cidade em um sopro, de lado?

    “Falar é fácil. Eu odeio ter que admitir, mas o que você falou está certo. Não é como se tivéssemos alguma chance”, Alexander apontou com firmeza. “Nós precisamos de aliados.”

    O que ele queria dizer era que talvez um maior número de portadores aumentariam as chances de vitória contra a criatura. Mayck, porém, achou que era uma ideia um pouco complicada. Mesmo que eles tivessem um grande número de aliados poderosos e mesmo que derrotassem a criatura, os danos aos civis e à cidade seriam incontroláveis e os portadores iriam se revelar para as pessoas gratuitamente. Não que um monstro daqueles em plena luz do dia não fosse chamar a atenção. 

    Talvez ninguém tivesse notado ainda por conta da forte chuva que os prendia em casa. Mas era só questão de tempo até que as cortinas caíssem. 

    A segurança dos civis deveria ser um prioridade. 

    “Aliás, Alexander, existe alguma organização por aqui?”

    “Organização?”

    “Sim. Como a Strike Down. Eu ouvi que eles operam no mundo inteiro, então presumi que havia uma instalação deles por aqui.”

    Alexander coçou o queixo e cruzou os braços. 

    “Bom… Se bem que há uma sim. Mas eu não sei exatamente onde fica.”

    “Não sabe exatamente… mas tem uma ideia, né?”

    Alexander balançou a cabeça em confirmação. Ele sabia mais ou menos onde ficava, mas não sabia com clareza o suficiente para apontar um determinado local. 

    “Hmm… Então pode ser que…” Mayck interrompeu sua linha de pensamento para dar atenção a um outro ponto que apareceu de repente. 

    Peraí. Se tem uma base da Strike Down aqui, então como Eugênio faria uma coisa daquelas sem chamar a atenção deles? Não, como aquela coisa passaria despercebida pelos sensores de energia? 

    Algo estranho acabou de aparecer para o garoto. O que ele havia pensado ser um truque de Eugênio, algo como um plano ‘b’, começou a não fazer sentido. 

    Em primeiro lugar, se o plano ‘b’ fosse algo tão chamativo, então por que ele usaria meios tão indiretos para me capturar? Poderia ser que ele só estivesse fazendo as coisas em segredo para evitar que a base se intrometesse, mas, mesmo assim…

    Se Eugênio não queria chamar a atenção, ele não traria um monstro para acabar com uma cidade inteira apenas para capturar uma única pessoa. E também não era como se ele estivesse em apuros para recorrer a algo tão problemático. 

    Se não foi ele, então… Quer dizer que aquela coisa apareceu naturalmente? Digo, todos os Ninkais são frutos de experimentos, então… Não teria como Eugênio manter algo como aquilo escondido.

    Eugênio sabia sobre a existência daquela criatura e estava esperando o momento certo para usá-la. Foi isso o que Mayck concluiu antes, porém algo nesse nível era inviável para ser feito sozinho. 

    O garoto não estava subestimando seus inimigos nem nada, mas ele tinha certeza que o máximo que Eugênio e seu grupo pudessem fazer era o atacarem imediatamente. Portanto, se ele estivesse por trás daquele Ninkai, então queria dizer que ele não estava sozinho.

    Ele está recebendo ajuda de mais pessoas?

    “Ei, Alexander, você já viu essa base em atividade?”

    “Não. Eu nunca os vi.”

    “Você tem certeza que há uma por aqui?”

    “Hã? É claro que…” Alexander parou de falar de repente. Era como se algo tivesse acabado de aparecer em sua memória e o fizesse engasgar em suas próprias palavras. “Agora que você falou, os portadores sempre fizeram o que bem queriam nesse país e nunca houve intervenção da base. Quer dizer, não tudo o que queriam…”

    Mayck mordeu os lábios. Alguma coisa não estava fazendo sentido. Eugênio estava trazendo algo tão chamativo e não havia interferência da base. E, também, como Alexander mencionou, os portadores faziam qualquer coisa mas não eram impedidos. 

    A Strike Down atuava no mundo todo. E mesmo que não tivesse uma sede no Brasil como tinha em outros lugares, eles não iriam ignorar algo que pudesse causar problemas aos civis. 

    “Você acha que…” Alexander parecia ter chegado em uma conclusão. 

    “Sim. É possível que a base esteja ativa, mas desempenhando outro papel.”

    Eles concluíram que havia a possibilidade de que a base sediada no país estivesse acobertando tudo o que acontecia por lá, evitando que qualquer informação vazasse para outras sedes. Essa seria uma das poucas explicações para não ter interferência nem mesmo uma investigação em cima de Eugênio. 

    “Desembucha. Me conte tudo sobre o seu contrato”, Mayck ordenou. 

    Foi traído e humilhado. Não havia mais como pisar no orgulho desse mercenário solitário. Ele também não tinha mais motivos para recusar. 

    No dia em que Alexander foi contratado, uma pessoa agiu como intermediário entre ele e Eugênio. A pessoa não quis se identificar e apenas repassou as palavras do contratante. Para evitar uma armadilha, desconfiado, Alexander pediu um encontro direto entre ele e Eugênio. Seu pedido foi aceito e o encontro foi realizado no mesmo dia. 

    Como formalidade em todos os negócios, Alexander exigiu uma explicação de todas as tarefas que teria que realizar, além de todas as informações sobre o seu alvo e os motivos para o serviço. Nenhuma dessas informações havia sido mantida no escuro. 

    “E se esse intermediário que entrou em contato com você era membro da sede? Existe uma chance, não é?”

    “Mas não faz tanto sentido. Afinal, poderia ter sido um dos outros companheiros dele. Você mesmo me contou sobre os outros cúmplices.”

    “Sim, eu sei. Mas a situação muda se a gente pensar que nenhum deles conhecia sua identidade. Não acho que você saia anunciando pela cidade quem é.”

    Alexander não correria o risco e nem era tão estúpido ao ponto de gritar pelas ruas seu nome e o tipo de trabalho que fazia. Além de fazer as pessoas pensarem que ele era louco e terem medo dele, ainda poderia ser pego pela polícia. 

    “É um bom argumento. Eu realmente não ficava em lugares fáceis de ser encontrado e meu nome nem é verdadeiro. Poucas pessoas eram capazes de achar pistas e chegarem até mim.”

    “Mas isso seria fácil se você tivesse olhos por toda a cidade.”

    Se toda a base estivesse envolvida em uma conspiração, era impossível que essa informação não chegasse a outros lugares se fosse negligenciado. Uma forma de prevenir isso, era manter todos aqueles que pudessem vazar essas informações em monitoramento constante. Isso tornaria inevitável que Alexander se mantivesse em total sigilo. 

    “Espera mas se é assim, então tudo o que nós estamos falando está sendo monitorado.”

    “É uma possibilidade. Isso quer dizer que, a essa altura, todos os meus planos foram pisoteados.”

    Se essa teoria fosse real, então tudo o que Mayck havia feito e dito, já havia chegado aos ouvidos daqueles que se espreitavam pelas sombras e tomavam o cuidado necessário para evitar que qualquer um fizesse coisas desnecessárias. 

    “Ah, que droga. Eu sinto que tudo o que eu fiz foi uma completa perda de tempo”, Alexander se lamentou. “Isso quer dizer que é o nosso fim?”

    “Eu quero acreditar que não. Até porque se eles já estivessem cientes da nossa presença, teriam nos atacado antes, ao invés de nos deixarem chegar tão perto da verdade. É claro, assumindo que toda essa teoria seja verdade. Bom, mesmo que não seja real, vamos redobrar nossos cuidados.”

    “Sim. Seria ótimo se nos encontrássemos com menos frequência. Não vai ser bom se formos pegos no pulo.”

    “Você tem razão.” Mayck concordou. “Vamos encerrar aqui por hoje. Tente não fazer besteira.”

    “Calado”, Alexander resmungou. “Eu vou investigar isso mais a fundo. Quando tiver informações, eu entro em contato.”

    Mayck tentou alertá-lo para tomar cuidado, mas não foi possível, pois Alexander deixou o local rapidamente, como se sua vida dependesse disso. Não havia motivo para preocupações. Alexander tinha seus próprios contatos e inúmeros meios de conseguir informações.

    Já não tendo mais nada para fazer naquele local, o garoto também se retirou. Ele tinha até esquecido que estava no meio da chuva e que pegar um resfriado seria inevitável. 

    Enquanto tomava um banho após chegar em casa, Mayck se viu pensando e reformulando suas teorias sobre a possível conspiração. Em um certo momento, ele pensou que talvez deveria entrar em contato com a Black Room e pedir apoio. Mesmo que Nikkie o repreendesse, ela não iria fazer vista grossa sobre esse tipo de assunto. 

    Por outro lado, não era uma boa ideia fazer isso, já que o assunto estava diretamente relacionado a Strike Down…

    Mas em que momento ele mencionou a Strike Down…? Hmm… Bom, tanto faz. Independente de quem seja, não vai mudar a minha forma de agir. Além do mais, eu preciso ficar atento àquele monstro. Não faço ideia de quando ele pode atacar. 

    Desligou o chuveiro e trocou de roupa após se secar, indo para o quarto em seguida. 

    Mesmo que ele quisesse relaxar pelo menos um pouco, sua mente insistia em continuar em busca de meios para prevenir danos em grandes escalas que podiam ser causados pelo monstro. A partir de algum momento, Mayck percebeu que havia ficado obcecado por isso. Tal obsessão poderia fazê-lo perder o rumo no trabalho para encurralar Eugênio e isso não era nada bom. 

    Aaah… Já sei. Primeiro eu vou precisar confirmar se eles estão ligados ao Ninkai. Se não estiverem, ótimo. Posso colocar esse assunto pra depois e me concentrar nos outros primeiro. 

    Foi a decisão mais benéfica naquela hora. Não valia a pena quebrar a cabeça em várias coisas de uma só vez, era como tentar cozinhar coisas distintas numa mesma panela, sem muito tempo sobrando. Até porque Alexander estaria reunindo informações do outro lado. 

    Mas não é como se eu confiasse tanto assim nele. E por isso… eu vou me mover também.

    Fazer isso poderia ser um tiro pela culatra, mas ficar parado, esperando que alguém que ele nem conhecia direito fizesse tudo por ele poderia ser pior. No pior dos casos, ele poderia ser apunhalado pelas costas até mesmo por Jade. 

    Nessa hora, Mayck se deu conta de que, mesmo que ele tivesse garantido e mostrado a Jade que ela poderia confiar nele, a arma mais poderosa era aquela com cem por cento de chances de funcionar e essa arma estava nas mãos de Eugênio. Se ele tinha companhia nas sombras, então Lorena não era o único nem o último recurso que ele possuía em mãos. 

    Mais dor de cabeça… Pelo menos eu sinto que estou caminhando mesmo parado. 

    Ele tinha a mão na testa enquanto balançava a cabeça de um lado para o outro, ao perceber que cada vez mais possibilidades e caminhos apareciam e que, boa parte deles, poderia virar o jogo e seguir para um desfecho ruim. 

    Eu não posso, mesmo, ficar de braços cruzados, ele concluiu. 

    Alguns segundos depois, Tomoko chamou por ele, anunciando o hora da janta. 

    Depois que ele voltou para casa todo encharcado, encontrou seus avós esperando por ele na sala. Eles se assustaram com a condição do garoto e o instruíram, em um alarde, a tomar um banho para que não pegasse um resfriado. Algo muito atencioso e comum da parte deles — Mayck se sentia grato por isso. 

    Durante o jantar calmo e delicioso com seus avós, Mayck recebeu a notícia de que Jade e Lorena estariam de volta no dia seguinte. Aparentemente, a chuva as impediu de voltar e tiveram que passar a noite na casa dos pais dela. Quando ouviu isso, o garoto pensou que talvez as duas garotas tivessem se mudado para lá sem perceberem, mas isso era uma questão à parte e que não precisava ser respondida. 

    Assim que a noite podia ser considerada noite para os brasileiros, cerca de 23h, Mayck verificou se seus avós já haviam caído no sono e saiu de casa outra vez. Ele disse a si mesmo que estava saindo demais naquelas férias. 

    Portanto, seu objetivo era investigar, de verdade, a noite daquela pacata cidade. Toda a bagunça que vinha acontecendo até esse dia estava tudo concentrado em sua família. Ele não tinha visto nada fora de casa, o que poderia ser uma situação preocupante em alguns casos. 

    No entanto, havia um contraste na cabeça de Mayck. Ele não queria sair pulando de telhado em telhado, mas também não queria sair andando pela rua com uma máscara e uma roupa que seria considerada estranha pelas pessoas que ainda estivessem transitando por lá. 

    Ou eu deixo a preguiça de lado e faço como sempre fiz ou eu corro o risco de encontrar uma viatura e ser abordado por ela. 

    Entre as duas opções era óbvio a mais correta a se fazer. Ele saiu andando normalmente pela rua sem equipar seu traje de batalha. 

    “Isso não deve dar problema.” 

    Se encontrasse alguma coisa suspeita, ele só precisava se esconder rapidamente e não seria difícil fazer algo assim. 

    A chuva havia passado e só restava o céu nublado e o clima frio. Por conta disso, as pessoas acharam melhor ficar dentro de casa — era uma coisa idiota sair pelas ruas naquela hora. Mas isso só se aplicava a quem não tinha o que fazer do lado de fora. 

    Como Mayck esperava, não havia ninguem transitando naquele horário, o que chegava a ser um pouco perturbador. Em alguns casos, ele acharia ótimo o silêncio e a tranquilidade, mas, dada as circunstâncias, não deveria ser daquele jeito. 

    Depois de um tempo caminhando, um barulho repentino fez o garoto parar de se mover e redobrar sua atenção. 

    Finalmemte algo aconteceu. Na cabeça de Mayck isso era um grande alívio. 

    Ao se virar se costas, apareceu um ser de quatro patas, como seu corpo totalmente negro e seus olhos puramente brancos não deixava a impressão de ser algo bom. Era impossível ver sua forma, pois sua cor completamente preta tornava extremamente difícil ver qualquer curva de seu corpo — parecia até um simples piche em uma parede. 

    Sem dar qualquer aviso, a criatura saltou sobre Mayck, que se esquivou rapidamente. 

    Está aqui, hein. Pelo menos esse lugar não é tão vazio afinal. 

    A criatura repetiu o processo várias vezes e o garoto se esquivava com facilidade. Era como se eles estivessem brincando. No entanto, aquela brincadeira não podia durar muito tempo. 

    Mayck invocou sua espada e a manejou em um movimento rápido demais para os olhos acompanharem e, em questão de milésimos de segundos, a criatura foi dividida ao meio e seu sangue se espalhou pela rua, se juntando às poças de água que foram deixadas após a chuva.  

    “Não deu nem pro gasto. Isso é o que? Um Opposite? Eu pensei que fosse mais forte por causa do nome. Parece que é como dizem: não julgue um livro pela capa.”

    Mayck moveu a espada para a bainha, na intenção de guardá-la, porém, a puxou novamente e interceptou um ataque feito com uma clava. Ao mesmo tempo, ele equipou seu manto e a máscara para não revelar sua identidade. 

    O agressor se afastou ao ter seu ataque impedido. 

    “Tsk, merda. Eu queria que você morresse em um só golpe.” 

    Um homem carrancudo e com roupas que remetiam a uma era em que os delinquentes andavam de motos e portavam grossas correntes em seus pescoços fazendo baderna por onde passavam, apareceu. Seu tom de voz deixava claro que ele tinha uma personalidade um tanto selvagem e o que ele falou também não deixava dúvidas. 

    “Eu não sei porque você quer matar, mas eu acho que é errado fazer isso com quem você nem ao menos conhece”, Mayck falou calmamente. 

    “Ha, e o que tem isso? Eu vi você matar esse Ninkai. Saber que você tem poderes é motivo o suficiente para te matar.”

    “… Que lógica ridícula.” 

    Foi menos de 1 minuto de conversa e Mayck já conseguia ver o quão problemática era aquela pessoa. A vontade de ir embora e se manter longe dela era maior do que de costume. 

    A estatura dele poderia rivalizar com Keize, embora não fosse tão forte assim. No entanto, seus músculos exageradamente a mostra poderia deixar qualquer marmanjo que se autodenominava perigoso, com medo. 

    “Então… amigo, se vai me matar, poderia me dizer seu nome, não acha? É um pouco injusto morrer sem nem ao menos saber quem te matou.”

    “Gwahahahaha, eu não me importo se é injusto ou não. Eu só tô aqui para me divertir e mostrar quem manda nessa parada.”

    Que saco… cara chato. 

    Mayck não tinha tempo para gastar com ele. Só de tal homem surgir em sua frente que clareou algumas das dúvidas que tinha em sua cabeça. Apesar dos pesares, não era tão difícil arrancar informações de alguém como ele. Um pouco de pressão psicológica funcionária, exceto se o argumento usado fosse totalmente mentira — e nem sempre falhava, mesmo não sendo verdade. 

    “Escuta, eles não vão achar ruim que você faça bagunça a essa hora?”

    “Hã? Do que tá falando?”

    “Daqueles que controlam tudo por aqui. Você sabe que se acabar interferindo nos planos deles, eles não irão hesitar em te tirar do mapa.”

    O homem engoliu a seco e recuou um passo. Aparentemente ele sabia do que se tratava. 

    Não é surpresa que exista alguém que possa fazer ele se sentir inferior. Todo ser humano é assim, eles temem aquilo que não conhecem e se rebaixam diante de uma força maior. 

    “Mas se você quiser continuar com isso, eu não me importo. Faço questão de te colocar em seu lugar.”

    Essa frase serviu como um pequena faísca em um pavio embebido de gasolina. 

    “Moleque idiota. Acha mesmo que tem uma chance de me vencer? Mesmo que eles estejam vigiando tudo, nós temos liberdade para fazer o que quisermos. Eu sou aquele que derrubou dezenas de líderes de grupos de babacas que se achavam os fodões. Todos tem medo quando escutam o nome ‘Ceifador da clava’.”

    ‘Ceifador da clava’? Que nome ridículo. Nem preciso pensar no motivo para um nome tão besta. Bom… pelo menos ele me confirmou que existe alguém que controla tudo por aqui. 

    “Agora eu vou te dar uma surra e você vai implorar para morrer e eu vou rir da sua cara enquanto a minha clava perfura o seu abdômen.”

    “Que seja. Já ouviu aquele ditado: cão que ladra não morde?”

    “Seu desgraçado…!”

    O gatilho foi apertado e, em fúria, o homem correu e balançou sua clava para atingir Mayck na cabeça. Apesar do peso da arma, ele conseguia utilizá-la com bastante maestria, porém…

    Você precisa ser mais rápido do que eu. 

    Perto o suficiente do oponente, Mayck se abaixou e energizou seu punho com eletricidade, direcionando um soco no abdômen do agressor. A força do impacto fez o estômago dele revirar e ele foi atirado para longe. 

    “Será que eu devia ter usado a eletricidade para paralisá-lo?” Mayck havia utilizado apenas o impulso da eletricidade e socado como uma ‘railgun’. 

    Por causa disso, o homem se levantou ainda mais irritado. Suas veias estavam saltadas por todo o seu corpo e ele estava com sangue nos olhos. Era a reação de alguém que nunca havia levado um soco de alguém menor do que ele. 

    Gritando de pura raiva, ele saltou outra vez. Sua clava emanou um brilho arroxeado e um cheiro exalou dela. Mayck teve um mau pressentimento. 

    Essa coisa não pode me acertar. 

    O agressor balançava a clava como se fosse um brinquedo, desferindo vários e vários golpes extremamente rápidos em Mayck, que, por sua vez, desviava de forma magnífica e eficiente. 

    De acordo com os jogos de fantasia ou outros que possuiam poderes, cada elemento ou habilidade possuía uma cor determinada e roxo sempre remetia a veneno. O garoto manteve isso em mente e se cuidou para não ser atingido. Era provável que até mesmo um único arranhão fosse o suficiente para dar game over. 

    Derrotar um oponente que confiava totalmente em sua força bruta não era difícil por si só. No entanto, Mayck esperava acabar aquela luta sem fazer um grande alarde, mas ele sabia que seu oponente também não estava disposto a negociar. Se suas palavras não chegavam até ele, então não havia outra escolha que não fosse lutar da mesma forma, indo com tudo. 

    Um pouco de barulho não parece ser um grande problema. 

    Ao se esquivar de um ataque contra a sua barriga dando um passo para o lado, Mayck ativou a [manipulação de alma] e manteve seu agressor estático, como se ele estivesse fazendo uma mímica e teve sua coluna travada. 

    Em meio a isso, ele começou a gritar furioso. 

    “Seu desgraçado! O que você fez?!”

    “Não interessa. Eu quero que você fique quieto e me responda algumas coisas.”

    “Até parece que eu vou conversar com você. Lute como um homem, maldito.”

    “Ah… Como quiser.”

    Com um movimento das mãos, Mayck forçou seu oponente contra o chão. O efeito parecia ser de um ataque de gravidade, mas não era isso. Neste momento, a alma do indivíduo, que estava batalhando contra Mayck, e seu corpo eram uma coisa só. O garoto podia controlar livremente os movimentos da Alma de seus inimigos, tornando qualquer forma de fuga impossível. Caso uma fuga fosse realizada, mesmo com teletransporte, a alma seria arrancada do corpo. 

    Movendo a mão outra vez, Mayck arremessou seu inimigo para cima e para vários lados, o chocando contra a parede e o chão inúmeras vezes. 

    Seu objetivo era fazer seu oponente perder a vontade de lutar. 

    Após ser atacado muitas vezes, o sangue do homem de clava escorria por seu corpo musculoso e dava sinais de estar exausto. Porém, mesmo que parecesse que ele ia se entregar, ele começou a gritar e se atirou para o ataque novamente. 

    Ele é muito insistente… e isso me irrita muito.

    Em um estalar de dedos, um círculo azul surgiu acima do homem, no momento em que ele deu um salto para realizar um golpe mortal. Era como morrer na praia. O poderoso laser o espremeu contra o chão e o deixou inconsciente. 

    “Agradeça por eu ainda ter a capacidade de te manter vivo”, Mayck falou com indiferença, observando o corpo sujo de sangue no chão. 

    Em seguida, o garoto pegou o celular em seu bolso e mandou uma mensagem para Alexander, o mandando buscar o corpo estirado. O homem ainda estava vivo, mas não iria acordar por algum tempo. Ele seria mantido preso até que acordasse e falasse o que Mayck queria saber. 

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